Majestosamente posicionado em meio as luzes azuis e rosa, junto de alguns amigos que Olivia reconheceu da faculdade, ele sorria, evidentemente feliz e confortável em sua própria pele, como sempre demonstrava ser.
Até mesmo o jeito como se movia parecia perfeito. Ao menos, era o que Olivia achava. Tudo em Lucas era encantador.
E sob o intenso olhar de sua amiga, ele se virou e a viu, retribuindo a intensidade da qual era observado ao fitá-la. Franziu as sobrancelhas, seguido de uma expressão surpresa, caminhando imediatamente em direção a ela.
Olivia sentiu seu corpo todo estremecer, parecia estar prestes a colapsar a qualquer momento. Suas mãos tensas pressionando a pequena bolsa que carregava, ao mesmo tempo que sentia o suor tornando o material escorregadio quando em contato com suas digitais.
Ela respirou fundo e tentou se manter sã ao vê-lo caminhar tão belo quanto uma miragem, quase andando em câmera lenta em sua direção.
— Olivia Fernandes! — Ele segurou a mão dela com delicadeza, a fazendo dar um giro completo. — Preto combina muito bem com você, Liv. Está incrível.
As palavras da universitária se formaram em sua boca, mas o ar simplesmente não saía. Ela estava focada no sorriso largo de Lucas em sua direção, exibindo os dentes alinhados e perfeitamente brancos. Vacilou algumas vezes em notar o abdome definido sob a camisa colada, buscando de volta o fôlego que desaparecia vez ou outra.
Parecia um sonho. Tudo aquilo parecia um sonho dos que havia tido durante os últimos dias.
Porém, nem todo sonho é composto apenas por partes boas. Alguns se tornam pesadelos, e naquele momento, foi o que virou para Olivia. Um grande pesadelo.
Uma mulher deslumbrante surgiu, caminhando entre a multidão como se tivesse luz própria. Cabelos ruivos ondulados enfeitavam o busto farto, nos lábios, um batom vermelho intenso assim como a cor de seu vestido.
Era como se a própria Jessica Rabbit tivesse se materializado naquele espaço, tomando para si toda a atenção do local. Inclusive a de Lucas, que embasbacado, nem sequer piscou ao vê-la.
E como se não pudesse piorar, Lucas desfez a feição surpresa, abrindo o mesmo lindo sorriso familiar em direção à mulher misteriosa, que o abraçou com todo o corpo, antes de lhe dar um beijo intenso, embora rápido.
O estrondo que fez do lado de fora soou como se as emoções de Olivia se manifestassem através da tempestade, ultrapassando até mesmo a barreira do som estridente da música no local, assustando todos ao redor.
— Lucas? — Foi tudo o que Olivia conseguiu dizer. Uma pergunta confusa, a decepção nítida em sua voz.
Ele a fitou com um sorriso tímido no canto dos lábios, trazendo a mulher ruiva pela cintura, colando o corpo no dela.
— Olivia, essa é a Luara. Minha ex-namorada… Bom, acho que posso dizer namorada agora, não é? — Falou ao dar outro selo rápido nos lábios da então namorada.
Isso só poderia ser um pesadelo!
Olivia deve ter repetido a tal palavra milhares de vezes em um curto período de tempo. Nunca tinha ouvido o nome dessa mulher, muito menos sabia sobre ele ter tido uma namorada.
Algo não parecia certo, mas agora, não importava. O coração de Olivia estava partido em mil pedaços, e todos os seus planos se desfizeram, escoando junto da água da chuva que caía lá fora, intensa e impiedosa.
— É um prazer te conhecer, Luara. — Olivia falou, antes de outros amigos chamarem a atenção do casal, que se despediu educadamente antes de irem em direção ao canto oposto do salão.
As vozes das pessoas ao redor tornaram-se distantes como um zumbido, enquanto ela se esforçava para conter as lágrimas que se forçavam a sair de seus olhos.
Era uma mistura de vergonha e humilhação, como se todos ao redor soubessem o que havia acontecido no exato momento. Tudo deu errado da pior forma possível, e nada que Olivia pudesse imaginar chegaria aos pes de tal tragédia.
Perdida e sem saber como agir diante de tal situação, Olivia só enxergava uma solução para o momento: fugir.
Por não poder gritar com Lucas, espernear, xingá-lo com todos os palavrões possíveis, era a melhor saída diante de algo tão torturante.
A universitária caminhou, furiosa, até a saída, se desvencilhando das pessoas já bêbadas ao redor, piorando a sensação de sufocamento que aumentava conforme as cenas de seu melhor amigo se repetiam em sua cabeça.
Tudo estava fora do controle, e para Olivia, isso era como o pior de seus pesadelos.
Ao conseguir chegar na saída, ignorou completamente o amparo dos funcionários, que ficaram preocupados com a jovem saindo tão atordoada mesmo em meio a chuva estrondosa que caía.
Olivia não se importou. Havia deixado de se importar com tudo naquele momento. Seu cabelo e maquiagem que duraram horas para ficarem prontos, seu vestido impecável e seus pertences que a bolsa pouco protegia.
Só conseguia ouvir o barulho de seu salto se chocando contra o chão conforme fazia o caminho que parecia infinito até os portões imensos da entrada após o jardim.
Porém, antes que pudesse finalizar seu trajeto, um carro passou a acompanhá-la na mesma velocidade de seus passos. Olivia reparou, e ao constatar qual carro seria, teve esperança de que fosse Lucas.
Era um carro similar ao que ele usava, para não dizer idêntico. Mas a chuva era intensa e não facilitava para que Olivia observasse com atenção.
Então, confiante de que ele havia percebido sua ausência, ela teve certeza de que era ele em uma tentativa de redenção.
Por isso, ao abrir a porta do carro e finalmente se livrar da tempestade impetuosa, as expectativas de Olivia foram quebradas no momento em que viu outra pessoa diante de si.
A frustração que sentiu durou menos de um milésimo de segundo, tempo o suficiente para processar a imagem estática diante de seus olhos. E, pela segunda vez naquela a noite, Olivia se encontrou sem palavras. Seus olhos percorreram por todo o corpo dele, passando pelo braço estendido com as mãos segurando o volante em um toque firme e quase palpável. As veias salientes e marcadas em todo o antebraço, subindo para o bíceps visivelmente definido sob a manga da blusa levemente úmida.Viu o peitoral marcado com a camisa branca social igualmente molhada, algumas gotas marcando sua clavícula, e os óculos um tanto embaçados. A barba por fazer e o cabelo preto molhado, com alguns poucos fios grisalhos indicando sua maturidade. Olivia pensou que ele facilmente poderia ter saído de um filme. Durante os primeiros segundos, só conseguiu observá-lo. Queria de alguma forma gravar a imagem do homem a sua frente, como se ele pudesse desaparecer a qualquer momento. Precisava se lembrar daquele ros
Dante acelerou o carro, exibindo um sorriso em seu rosto. Parecia se divertir ao fazer manobras arriscadas, utilizando a estrada vazia como seu parque de diversões ao ar livre. Era um mix de sensações confusas e inquietantes que se misturavam dentro de Olivia, e acreditando que essa seria sua maior loucura e permitindo-se ser imprudente pela primeira vez na vida, ela decidiu confiar na sensação curiosa que surgiu no pouco tempo em que esteve na presença dele. Olivia não saberia descrever, afinal, nunca tinha sentido nada parecido. Mas, o que a tomou ao sentir as digitais de Dante sobre sua pele, definitivamente não parecia como uma sensação ruim. — Desistiu de resistir? — Ele perguntou, curioso ao notar sua tranquilidade diante da situação. — Seria uma perda de energia, não é mesmo? — Olivia afirmou.— Certamente. — Ele sorriu ladino, ajeitando os óculos novamente, antes de pegar mais um chiclete. — Acho que não vai se importar em fazer uma pequena viagem, então. Olivia arregalou
Dante não a respondeu, mantendo o suspense sobre sua identidade. Apenas sorriu, o mesmo sorriso largo e bonito que a fez vacilar no primeiro instante em que se conheceram. — Seu sorriso é bonito, mas não vai ser o suficiente para evitar que eu faça mais perguntas. — Olivia disparou, o pegando de surpresa. — Se o meu sorriso não for o suficiente, posso tentar te dissuadir de outras formas. — Ele ajeitou uma mecha do cabelo de Olivia, a colocando atrás da orelha. Aproveitou para perdurar o toque ao alisar seu lóbulo da orelha, deslizando o dedo até seu pescoço, seguindo até a nuca.Olivia ficou surpresa de muitas formas ao sentir o toque de Dante sobre si novamente, agora, de forma mais íntima. — O que você viu em mim? — Ela deixou o pensamento escapar. Odiava se sentir assim, insuficiente. Mas basta ver o próprio reflexo em alguma superfície para essa sensação retornar. Lidar com o próprio peso nunca foi nada fácil para Olivia, e agora, na vida adulta, sentia essa insegurança respi
Caso Olivia fosse perguntada sobre como se representar em uma única palavra, ela muito provavelmente responderia: controle. Desde muito jovem, foi ensinada a controlar todos os aspectos de sua vida. Desde os detalhes mais bobos, quanto aos mais relevantes. E esses, os que teriam impacto em sua vida em um futuro distante, eram os que mais exigiam de si algum tipo de cautela sobre quais decisões tomar. Olivia fez tudo certo durante sua vida. Foi uma boa filha, obediente, submissa, quase perfeita demais ao que se entende sobre atender as expectativas dos outros. Porém, todo esse controle e perfeição durante seu crescimento, exigiam algo de si que, talvez, fosse irreparável. Não era difícil para quem a visse de fora enxergar o quanto a universitária sofria ao precisar tomar decisões importantes por conta própria. Olivia perdeu, durante a criação dura e desgastante, a habilidade de pensar com a própria cabeça. Saber analisar o que queria, quando queria, diferente do que achava que prec
Iluminados pela luz da lua etérea, criando um ambiente lúdico e quase surreal, Dante e Olivia permaneciam parados na varanda, encarando um ao outro com um olhar de devoção em seus rostos. Dante aguardava um sinal de Olivia. Agora, mais do que nunca, queria ter certeza de que o que estavam prestes a fazer era o correto. E Olivia, em um silêncio torturante, guardava para si todos os pensamentos que a encurralavam naquela situação. Ela queria, com todo o corpo e alma, prosseguir. Queria ser a menina destemida e ousada que sempre sonhou — e invejou. Só não sabia se conseguiria evitar a culpa excessiva após ao enfrentar as consequências de seus atos. Porém, ainda que hesitante sobre um todo, sua mente analítica passou a pensar em possibilidades. — Podemos nos conhecer melhor essa noite, sem muita pressão… — Dante disse, quase como se pudesse ler os pensamentos de Olivia. Ela sorriu com antecipação, sem ainda dizer todos os pensamentos sórdidos que a entorpeceram no instante em
O momento em que se viu deitada, assistindo Dante em pé em sua direção, Olivia sentiu como se o seu coração estivesse prestes a rasgar a carne do seu peito e saltar para fora.A palpitação quase podia ser ouvida, e o frenesi que a consumiu no instante em que o assistiu tirar a camisa que vestia, a dopou.Mal conseguia respirar. Umedecia os lábios a cada segundo, buscando em si forças para resistir à sensação estranha que lhe tirava a resistência. Não sabia explicar, era algo que ia muito além do que poderia imaginar caso fosse perguntada. — Você está bem? — Ele se ajoelhou perante o sofá, alcançando os pés de Olivia.Ela assentiu, o respondendo, sem ainda dizer palavra alguma ao assisti-lo desabotoar suas sandálias com gentileza. Ele acariciou o tornozelo da morena ao repousar seus pés no chão novamente, subindo com suas digitais através da pele surpreendentemente macia. Dante se divertia ao perceber a excitação tão nítida na face de Olivia. Cada expressão entregando mais o quant
Um toque. Foi preciso apenas de um único e pequeno toque para Olivia sentir arrependimento. Mas não se engane, ela não tinha arrependimento nenhum sobre Dante. Pelo menos não ainda. Ela se arrependeu por nunca ter feito isso antes, por esperar tempo demais enquanto estava perdida em suas inseguranças e ansiedades. Quando finalmente sentiu o prazer intenso lhe atingir como uma tempestade, Olivia percebeu que ainda havia muito a descobrir. E cada descoberta nova que fazia aumentava seu delicioso leque de possibilidades. — Isso, Dante. Bem aí — Olivia tentou conter o gemido sôfrego que escapou mais alto que o normal. — Não se contenha, por favor — Dante cessou seus movimentos ao fazer o pedido, mas Olivia o empurrou novamente, o afundando no centro de seu prazer. Os beijos que trocou com Dante deram a Olivia um gosto de como seus lábios eram macios, assim como sua língua, que escorregava contra a sua com habilidade. E toda essa habilidade foi reforçada no instante em que ele a
O telefone tocou, o som alto e claro de Chopin ecoou pelo loft.Olivia se assustou, e Dante estranhou o horário inoportuno para seu telefone tocar.Já era madrugada, e não era do seu costume receber telefonemas tão tarde. — Perdão, não vou demorar. — Ele deu um selo rápido nos lábios da morena, seguindo até a bancada um pouco distante do sofá onde estavam. Pegou o celular e observou a tela com curiosidade.Olivia, de longe, viu o cenho de Dante se franzir. Estava curiosa, ainda tentando assimilar tudo que tinha acontecido, lidando com o desejo intenso que corria em seu corpo.— Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou enquanto vestia sua lingerie. Dante ergueu a mão direita, pedindo um segundo enquanto ouvia algo no celular. Naquele instante, ela viu sua feição mudar. Ele parecia assustado.— Precisamos ir, meu filho está com problemas — Ele falou brevemente, se aproximando de Olivia mais uma vez. — Sinto muito precisar interromper isso, espero que saiba que não era a minha vontade.