Olivia Fernandes
Majestosamente posicionado em meio às luzes azuis e rosa, junto de alguns amigos que eu reconhecia da faculdade, ele sorria, feliz e confortável em sua própria pele, como sempre parecia ser.
Até mesmo o jeito como ele se movia parecia perfeito. Ao menos, era o que eu achava. Tudo em Lucas era encantador.
Sob o meu olhar intenso, ele se virou e me viu, retribuindo com a mesma intensidade com a qual eu o observava. Franziu as sobrancelhas, com uma expressão surpresa, caminhando imediatamente em minha direção.
Senti meu corpo todo estremecer, como se eu estivesse prestes a colapsar a qualquer momento. Minhas mãos tensas apertavam a pequena bolsa que carregava, e o suor fazia o material parecer escorregadio nas minhas digitais.
Respirei fundo, tentando manter a sanidade enquanto o via caminhar em minha direção, tão belo quanto uma miragem, quase como se estivesse em câmera lenta.
— Olivia Fernandes! — Ele segurou minha mão com delicadeza, me fazendo girar por completo. — Preto combina muito com você, Liv. Está incrível.
As palavras se formaram na minha boca, mas o ar simplesmente não saía. Eu estava hipnotizada pelo sorriso largo de Lucas, exibindo seus dentes perfeitamente alinhados e brancos. Meus olhos vacilaram ao notar o abdômen definido sob a camisa colada, e foi como se meu fôlego desaparecesse vez ou outra.
Isso tudo parecia um sonho. Um daqueles sonhos que eu tive nos últimos dias.
Mas, nem todo sonho é só coisa boa. Alguns se tornam pesadelos. E ali, naquele momento, o sonho virou um pesadelo.
Ela surgiu. Uma mulher deslumbrante, caminhando entre a multidão como se tivesse luz própria. Seus cabelos ruivos ondulados desciam graciosamente sobre o busto farto, e o batom vermelho intenso nos lábios combinava com a cor vibrante de seu vestido.
Era como se a própria Jessica Rabbit tivesse se materializado ali, tomando para si toda a atenção do lugar. Inclusive a dele, de Lucas, que ficou paralisado, embasbacado, sem nem piscar.
E como se não pudesse piorar, ele desfez a expressão surpresa e abriu aquele lindo sorriso familiar para a mulher, que o abraçou com todo o corpo antes de lhe dar um beijo intenso, embora rápido.
O estrondo do lado de fora soou como se as minhas emoções tivessem se manifestado através da tempestade, ecoando mais alto do que a música estridente ao redor. Todos se assustaram, mas eu mal registrei o susto alheio.
— Lucas? — Foi tudo o que consegui dizer, confusa, e a decepção era nítida na minha voz.
Ele me olhou com um sorriso tímido no canto dos lábios, enquanto trazia a mulher ruiva pela cintura, colando o corpo dela ao dele.
— Olivia, essa é a Luara. Minha ex-namorada… Bom, acho que posso dizer namorada agora, não é? — falou, antes de dar outro beijo rápido nos lábios dela.
Isso só podia ser um pesadelo!
Essa palavra martelou na minha mente incontáveis vezes em um curto espaço de tempo. Nunca tinha ouvido o nome dessa mulher. Nunca soube que ele tinha tido uma namorada.
Algo não parecia certo, mas agora, não importava mais. Meu coração estava em mil pedaços, e todos os meus planos desmoronavam, escorrendo junto com a água da chuva que caía lá fora, implacável.
— É um prazer te conhecer, Luara — murmurei, tentando manter a compostura enquanto outros amigos chamavam a atenção do casal, que se despediu educadamente e seguiu em direção ao canto oposto do salão.
As vozes ao meu redor ficaram distantes, como um zumbido abafado, enquanto eu lutava para conter as lágrimas que ameaçavam escorrer pelos meus olhos. Era uma mistura de vergonha e humilhação. Parecia que todo mundo ali sabia o que tinha acabado de acontecer. Era como se tudo ao meu redor tivesse saído do controle, transformando-se no pior dos pesadelos.
Sem saber o que fazer, só conseguia pensar em uma coisa: fugir. Eu não podia gritar com ele, não podia xingá-lo, não podia explodir como queria. Tudo o que me restava era escapar dali o mais rápido possível.
Caminhei furiosa até a saída, me esquivando das pessoas bêbadas que pioravam a sensação de sufocamento que crescia dentro de mim. A cena dele, beijando aquela mulher, repetia-se sem parar na minha cabeça.
Quando finalmente cheguei à saída, ignorei completamente os olhares dos funcionários, preocupados com a minha saída apressada em meio à chuva torrencial.
Eu não me importava. Não me importava mais com nada. Nem com meu cabelo e maquiagem que levaram horas para ficar prontos, nem com o vestido impecável ou os meus pertences que a bolsa mal protegia.
Tudo o que eu ouvia era o som dos meus saltos batendo no chão, enquanto caminhava pelo caminho aparentemente interminável até os portões imensos da entrada após o jardim.
Mas, antes que eu pudesse chegar aos portões, um carro começou a acompanhar meus passos, andando na mesma velocidade. Meu coração acelerou, e por um momento, pensei que fosse Lucas.
A chuva estava tão intensa que mal conseguia enxergar direito, mas aquele carro... Era igual ao dele. Para não dizer idêntico. Por mais que a tempestade dificultasse minha visão, eu tinha certeza de que era Lucas.
Por um breve momento, meu coração acelerou. Será que ele tinha percebido que saí correndo? Será que estava vindo atrás de mim para se desculpar, para tentar consertar tudo?
Me agarrei a essa esperança. Claro que era ele. Só podia ser.
Sem pensar muito, corri em direção ao carro e abri a porta, ansiosa para me livrar da chuva impetuosa e, talvez, ouvir as palavras que tanto precisava. Mas, no segundo em que me sentei no banco e olhei para frente, meu mundo desabou de novo.
Não era Lucas.
Olivia FernandesA frustração que senti durou menos de um milésimo de segundo, tempo suficiente para que meu cérebro processasse a imagem diante dos meus olhos. E, pela segunda vez naquela noite, eu fiquei sem palavras.Meus olhos percorreram o corpo dele, absorvendo cada detalhe. O braço estendido, segurando o volante com firmeza. As veias salientes no antebraço subindo até o bíceps definido sob a camisa levemente molhada. Seu peito marcado pela camisa social branca, igualmente úmida, algumas gotas descendo pela clavícula. Os óculos estavam um pouco embaçados, e o cabelo preto, com alguns fios grisalhos, estava molhado, colado à testa. A barba por fazer completava a cena. Ele parecia ter saído direto de um filme.Por alguns segundos, eu só consegui observá-lo. Queria gravar aquela imagem, como se ele fosse desaparecer a qualquer momento. Eu precisava me lembrar daquele rosto, daquela estrutura hipnotizante. Mas então, o silêncio que se formava me trouxe de volta à realidade. O que eu
Olivia FernandesDante acelerou o carro, exibindo um grande sorriso no rosto. Ele parecia se divertir fazendo manobras arriscadas, usando a estrada vazia como se fosse seu próprio parque de diversões ao ar livre.Eu sentia um misto de sensações confusas e inquietantes se revirando dentro de mim, e honestamente, eu não sabia o que fazer em relação a isso. No entanto, decidi que essa seria minha maior loucura até então. Pela primeira vez na vida, permiti-me ser imprudente e confiar minha integridade a esse homem estranho.Havia algo nele que me fazia querer confiar. Talvez fosse o jeito que suas digitais tinham tocado minha pele, me causando uma sensação completamente nova e inesperada. Não sabia explicar exatamente o que era, mas, de algum modo, não parecia ser algo ruim.— Desistiu de resistir? — Ele perguntou, notando minha tranquilidade diante da situação.— Seria uma perda de energia, não acha? — respondi, tentando soar calma.— Certamente. — Ele sorriu de lado, ajeitando os óculos
Olivia FernandesDante não me respondeu, mantendo o suspense sobre sua identidade. Apenas sorriu, o mesmo sorriso largo e bonito que me fez vacilar no primeiro instante em que o conheci. — Seu sorriso é bonito, mas não vai ser o suficiente para evitar que eu faça mais perguntas — disparei, pegando-o de surpresa.— Se o meu sorriso não for o suficiente, posso tentar te dissuadir de outras formas — ele respondeu, ajeitando uma mecha do meu cabelo e a colocando atrás da minha orelha. O toque perdurou, como se ele quisesse prolongar aquele momento, deslizando o dedo pelo meu lóbulo, até alcançar meu pescoço e, finalmente, a minha nuca. Meu corpo reagiu ao toque de Dante de uma forma que eu não esperava. Aquilo não era só um toque. Era íntimo, quase possessivo. O tipo de toque que me fazia sentir exposta, mas curiosamente segura.Antes que pudesse me controlar, as palavras escaparam:— O que você viu em mim?Eu odiava a forma como me sentia nessas horas, como se nunca fosse suficiente. E,
Olivia FernandesSe me perguntassem para me definir em uma única palavra, eu provavelmente responderia: controle. Desde muito cedo, fui ensinada a controlar todos os aspectos da minha vida. Dos detalhes mais bobos até os mais importantes. E esses, os que impactariam meu futuro, eram os que mais exigiam cautela ao tomar qualquer decisão.Eu fiz tudo certo até aqui. Fui uma boa filha, obediente, submissa, quase perfeita demais para as expectativas dos meus pais. Mas todo esse controle, essa busca pela perfeição, me custaram algo que talvez nunca consiga reparar.Qualquer um que me observasse de fora perceberia o quanto eu sofria ao tentar tomar decisões por conta própria. No meio de toda essa criação rígida e desgastante, eu perdi a capacidade de pensar por mim mesma, de saber o que realmente quero, ao invés de sempre me preocupar com o que eu deveria fazer, de acordo com meus pais ou meu irmão.Então, aos 24 anos, tomei a decisão mais importante da minha vida: me entregar a um homem.Po
Olivia FernandesA luz da lua nos envolvia em uma atmosfera quase mágica, criando um ambiente surreal enquanto eu e Dante permanecíamos parados na varanda, trocando olhares que transbordavam devoção. Ele esperava por um sinal meu. Agora, mais do que nunca, ele queria ter certeza de que o que estávamos prestes a fazer era a coisa certa.O silêncio que pairava entre nós era quase torturante. Eu guardava para mim todos os pensamentos que se atropelavam na minha cabeça. Eu o desejava com cada parte do meu ser. Queria ser a garota destemida e ousada que sempre imaginei — e invejei. Mas não sabia se conseguiria evitar a culpa esmagadora que poderia vir depois, enfrentando as consequências dos meus atos. Ainda assim, mesmo hesitante, minha mente analítica começou a pesar as possibilidades.— Nós podemos nos conhecer melhor essa noite, sem muita pressão… — Ele disse, como se pudesse ler meus pensamentos.Sorri, sentindo uma antecipação crescer em mim, mas sem ainda expressar todos os pensament
Olivia FernandesNo momento em que me vi deitada, assistindo Dante em pé à minha frente, senti como se meu coração estivesse prestes a rasgar a carne do meu peito e saltar para fora. A cada batida, parecia que ele ecoava pelo quarto, como se quisesse denunciar o frenesi que me consumia.Eu mal conseguia respirar. Meus lábios se umedeciam por reflexo, enquanto lutava para não perder a razão diante dele. Havia algo, algo inexplicável que tomava conta de mim e que eu não saberia descrever, mesmo que me perguntassem. Era mais do que desejo. Era... necessidade.— Você está bem? — Dante perguntou, ajoelhando-se diante do sofá, alcançando meus pés com uma gentileza que me fazia querer derreter.Eu apenas assenti, incapaz de pronunciar uma única palavra, vendo-o desabotoar minhas sandálias. Seus dedos percorreram meus tornozelos, subindo pela minha pele e me deixando arrepiada. Não era só o toque, era a maneira como ele me olhava, como se cada parte de mim fosse preciosa.Dante se divertia com
Olivia FernandesFoi preciso apenas um único e pequeno toque para eu sentir arrependimento. Mas, não se engane, eu não tinha arrependimento nenhum sobre Dante. Pelo menos, não ainda.O arrependimento vinha de ter esperado tanto tempo para experimentar algo assim, de ter deixado minhas inseguranças e ansiedades me impedirem. Quando o prazer intenso finalmente me atingiu, como uma tempestade, percebi que havia muito mais a descobrir.Cada nova descoberta só aumentava o meu delicioso leque de possibilidades.— Isso, Dante. Bem aí — eu tentei conter o gemido sôfrego que escapou mais alto do que o normal.— Não se contenha, por favor — ele pediu, mas eu o empurrei novamente, afundando-o no centro do meu prazer.Os beijos que trocamos me deram um gostinho de como seus lábios eram macios, assim como sua língua, que escorregava contra a minha com tanta habilidade. E toda essa habilidade foi intensificada quando ele me beijou em minha região mais íntima.Eu estava tão molhada que o lençol embai
Olivia FernandesO telefone tocou, o som alto e claro de Chopin ecoou pelo loft. Eu me assustei, e Dante estranhou o horário inoportuno para seu telefone tocar. Já era madrugada, e não era do seu costume receber telefonemas tão tarde.— Perdão, não vou demorar. — Ele deu um selo rápido nos meus lábios antes de seguir até a bancada um pouco distante do sofá onde estávamos. Pegou o celular e observou a tela com curiosidade.De longe, vi o cenho de Dante se franzir. Estava curiosa, ainda tentando assimilar tudo que tinha acontecido, lidando com o desejo intenso que corria pelo meu corpo.— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei enquanto vestia minha lingerie.Dante ergueu a mão direita, pedindo um segundo enquanto ouvia algo no celular. Naquele instante, vi sua feição mudar. Ele parecia assustado.— Precisamos ir, meu filho está com problemas — Ele falou brevemente, se aproximando de mim mais uma vez. — Sinto muito precisar interromper isso, espero que saiba que não era a minha vontade.Ele