Olivia acordou assustada. Sentou-se sobre a cama, ofegante, esfregando as mãos sobre o próprio rosto, tentando livrar-se dos pensamentos torturantes que a consumiam.
Por sete dias consecutivos ela acordou desse mesmo jeito. Atordoada, desconcertada, com vergonha e muito calor.
Ao fechar os olhos, conseguia lembrar nitidamente do sonho realista que havia tido quase todos os dias por uma semana. Lembrava-se da intensidade dos toques, do cheiro dele, das sensações avassaladoras que a consumiam ao permitir-se ter um gosto do que poderia viver, caso não fosse tão… medrosa.
Era assim que se sentia toda vez que o via.
Lucas, seu melhor amigo da faculdade. O menino popular que é o sonho de todas as garotas do ensino médio, mas que, diferente dos que conheceu durante a época do colégio, era bonito, gentil, e inteligente.
Por isso, Olivia acreditava que deveria ser uma armadilha. Algo Lucas deveria esconder atrás de todas as coisas boas que permitia que os outros vissem sobre si.
Um comportamento tóxico, uma mania irritante, algum mau hábito de higiene, algo que não o fizesse ser tão… perfeito.
Porém, em um ano de convivência, Olivia nunca encontrou nada. Nada que fizesse as borboletas em seu estômago desaparecerem, que cortassem de vez o sentimento pungente que surge toda vez que o vê em sua frente.
E isso era frustrante para ela. Não porque queria descobrir algo ruim sobre ele para prejudicá-lo, mas porque queria se livrar da sensação de impotência que sentia ao não conseguir ser honesta sobre seus sentimentos.
Não era apenas uma questão de covardia. Olivia simplesmente sentia que não podia contá-lo sobre estar provavelmente apaixonada. Achava que ele poderia rir dela, caçoar, ou algo pior.
Era difícil não acreditar que, como sempre, sua aparência atrapalharia tudo.
Seu irmão fez um ótimo trabalho ao fazê-la acreditar que alguém nunca a acharia minimamente bonita, ainda que, para muitos, Olivia fosse uma das meninas mais bonita da classe, independente de não ser um manequim 38.
Sempre com vestidos que valorizavam suas curvas exuberantes, em sua maioria de tecidos em tons pastéis, como amava, cheios de laços e renda, em um estilo clássico e romântico ao mesmo tempo, ela costumava chamar atenção de todos.
Porém, os resquícios de um comportamento abusivo deixam marcas às vezes impossíveis de apagar.
E, durante o dia, enquanto se preparava para a festa de 24 anos de Lucas, todas essas questões criaram raízes na mente de Olivia.
Paixão, insegurança, coragem, tudo se embolava em um ciclo interminável, onde a solução estava única a exclusivamente nas mãos da jovem mulher que se olhava em frente o espelho.A porta do quarto se abriu e Olivia se assustou, dando um pequeno salto para trás. Sua colega de quarto a olhou de cima a baixo, boquiaberta.
— Uau, Liv! — Exclamou Natália. — Se eu fosse solteira, poderia pensar em te dar uma chance. — Piscou ao brincar com Olivia, que sorriu envergonhada.
Tinha dificuldade de aceitar elogios, ainda que os ouvisse com frequência.
— Acha que exagerei? — Olivia deslizou a mão sobre o vestido de veludo preto, tirando alguns amassados. Ele tinha uma fenda na lateral da coxa direita, com um belo decote no busto.
— Pelo que sabemos dos Salvatore, acho que talvez esteja arrumada de menos. — Natalia retirou um cigarro da carteira surrada e a jogou sobre a cama, apoiando-se sobre a janela do dormitório.
Olivia franziu o cenho, preocupada ao ouvi-la, mas Natalia continuou a falar: — Você está ótima, de verdade. Eles que são exagerados. Quer dizer, a mãe do Lucas que dizem ser bem esquisitona.
— Todo mundo fala isso, ainda acho que pode ser um exagero. — Olivia vestiu o salto alto preto, colocando uma tiara que combinava com o vestido no topo da cabeça.
Liv não sabia o que pensar de qualquer pessoa da família de Lucas, afinal, não tinha conhecido nenhum deles. Ao contrário de muitas famílias ricas, eles eram reservados até demais.
Não saíam em manchetes, não havia escândalos ou a mínima fofoca que seja. Seriam anônimos, se não fossem praticamente donos da faculdade pela quantia exorbitante que doavam anualmente.
E esse era um dos motivos pela ansiedade de Olivia em ir nessa festa. Isso, e o fato de ter escolhido esse dia como a oportunidade que teria para declarar seus sentimentos para Lucas.
Por isso se preparou quase durante o dia inteiro. Vestiu sua melhor roupa, e fez questão de ensaiar mentalmente tudo o que deveria dizer quando tivesse chance.
Durante o caminho, continuou tentando não esquecer as palavras perfeitamente escolhidas para o momento. Porém, no instante em que o carro do motorista de aplicativo chegou no portão da residência Salvatore, foi como se Olivia tivesse entrado em um estado de dormência.
Os seguranças verificaram o nome de Olivia na lista, e a indicaram o caminho que faria andando até a casa. Por um momento, ela acreditou que aquele fosse um segundo campus de tão grande.
Alguns minutos foram necessários para percorrer o caminho de pedras, que, por sinal, não era nada fácil de caminhar usando um salto fino.
E assim que o som da música agitada encontrou sua audição, ela soube que havia chegado.
Em uma entrada alternativa, diferente da porta principal da mansão, havia alguns empregados para recepcionar os convidados. Naquele momento, Olivia entendeu o que Natalia quis dizer.
Era tudo… extravagante demais. Cores fortes, lustres e objetos exagerados, até mesmo um tanto exóticos. Formas geométricas irregulares e quadros com pinturas artísticas um tanto ousadas. No entanto, eram tão bonitos que destoavam do restante da decoração, chamando a atenção de Olivia por um longo tempo, a mantendo presa nas cores um tanto ofuscadas pela iluminação intensa, mas ainda transmitindo a paixão vibrante nos traços.
Olivia ficou completamente imersa nas obras expostas sem pudor algum, exibindo o amor entre um casal em sua forma mais crua.
O ambiente abafado se enchia de mais convidados a cada segundo. Olivia se sentia deslocada em meio a tantos rostos desconhecidos, aguardando ansiosa para encontrar quem havia esperado o dia inteiro, até que ela o viu.
Majestosamente posicionado em meio as luzes azuis e rosa, junto de alguns amigos que Olivia reconheceu da faculdade, ele sorria, evidentemente feliz e confortável em sua própria pele, como sempre demonstrava ser. Até mesmo o jeito como se movia parecia perfeito. Ao menos, era o que Olivia achava. Tudo em Lucas era encantador. E sob o intenso olhar de sua amiga, ele se virou e a viu, retribuindo a intensidade da qual era observado ao fitá-la. Franziu as sobrancelhas, seguido de uma expressão surpresa, caminhando imediatamente em direção a ela. Olivia sentiu seu corpo todo estremecer, parecia estar prestes a colapsar a qualquer momento. Suas mãos tensas pressionando a pequena bolsa que carregava, ao mesmo tempo que sentia o suor tornando o material escorregadio quando em contato com suas digitais. Ela respirou fundo e tentou se manter sã ao vê-lo caminhar tão belo quanto uma miragem, quase andando em câmera lenta em sua direção. — Olivia Fernandes! — Ele segurou a mão dela com deli
A frustração que sentiu durou menos de um milésimo de segundo, tempo o suficiente para processar a imagem estática diante de seus olhos. E, pela segunda vez naquela a noite, Olivia se encontrou sem palavras. Seus olhos percorreram por todo o corpo dele, passando pelo braço estendido com as mãos segurando o volante em um toque firme e quase palpável. As veias salientes e marcadas em todo o antebraço, subindo para o bíceps visivelmente definido sob a manga da blusa levemente úmida.Viu o peitoral marcado com a camisa branca social igualmente molhada, algumas gotas marcando sua clavícula, e os óculos um tanto embaçados. A barba por fazer e o cabelo preto molhado, com alguns poucos fios grisalhos indicando sua maturidade. Olivia pensou que ele facilmente poderia ter saído de um filme. Durante os primeiros segundos, só conseguiu observá-lo. Queria de alguma forma gravar a imagem do homem a sua frente, como se ele pudesse desaparecer a qualquer momento. Precisava se lembrar daquele ros
Dante acelerou o carro, exibindo um sorriso em seu rosto. Parecia se divertir ao fazer manobras arriscadas, utilizando a estrada vazia como seu parque de diversões ao ar livre. Era um mix de sensações confusas e inquietantes que se misturavam dentro de Olivia, e acreditando que essa seria sua maior loucura e permitindo-se ser imprudente pela primeira vez na vida, ela decidiu confiar na sensação curiosa que surgiu no pouco tempo em que esteve na presença dele. Olivia não saberia descrever, afinal, nunca tinha sentido nada parecido. Mas, o que a tomou ao sentir as digitais de Dante sobre sua pele, definitivamente não parecia como uma sensação ruim. — Desistiu de resistir? — Ele perguntou, curioso ao notar sua tranquilidade diante da situação. — Seria uma perda de energia, não é mesmo? — Olivia afirmou.— Certamente. — Ele sorriu ladino, ajeitando os óculos novamente, antes de pegar mais um chiclete. — Acho que não vai se importar em fazer uma pequena viagem, então. Olivia arregalou
Dante não a respondeu, mantendo o suspense sobre sua identidade. Apenas sorriu, o mesmo sorriso largo e bonito que a fez vacilar no primeiro instante em que se conheceram. — Seu sorriso é bonito, mas não vai ser o suficiente para evitar que eu faça mais perguntas. — Olivia disparou, o pegando de surpresa. — Se o meu sorriso não for o suficiente, posso tentar te dissuadir de outras formas. — Ele ajeitou uma mecha do cabelo de Olivia, a colocando atrás da orelha. Aproveitou para perdurar o toque ao alisar seu lóbulo da orelha, deslizando o dedo até seu pescoço, seguindo até a nuca.Olivia ficou surpresa de muitas formas ao sentir o toque de Dante sobre si novamente, agora, de forma mais íntima. — O que você viu em mim? — Ela deixou o pensamento escapar. Odiava se sentir assim, insuficiente. Mas basta ver o próprio reflexo em alguma superfície para essa sensação retornar. Lidar com o próprio peso nunca foi nada fácil para Olivia, e agora, na vida adulta, sentia essa insegurança respi
Caso Olivia fosse perguntada sobre como se representar em uma única palavra, ela muito provavelmente responderia: controle. Desde muito jovem, foi ensinada a controlar todos os aspectos de sua vida. Desde os detalhes mais bobos, quanto aos mais relevantes. E esses, os que teriam impacto em sua vida em um futuro distante, eram os que mais exigiam de si algum tipo de cautela sobre quais decisões tomar. Olivia fez tudo certo durante sua vida. Foi uma boa filha, obediente, submissa, quase perfeita demais ao que se entende sobre atender as expectativas dos outros. Porém, todo esse controle e perfeição durante seu crescimento, exigiam algo de si que, talvez, fosse irreparável. Não era difícil para quem a visse de fora enxergar o quanto a universitária sofria ao precisar tomar decisões importantes por conta própria. Olivia perdeu, durante a criação dura e desgastante, a habilidade de pensar com a própria cabeça. Saber analisar o que queria, quando queria, diferente do que achava que prec
Iluminados pela luz da lua etérea, criando um ambiente lúdico e quase surreal, Dante e Olivia permaneciam parados na varanda, encarando um ao outro com um olhar de devoção em seus rostos. Dante aguardava um sinal de Olivia. Agora, mais do que nunca, queria ter certeza de que o que estavam prestes a fazer era o correto. E Olivia, em um silêncio torturante, guardava para si todos os pensamentos que a encurralavam naquela situação. Ela queria, com todo o corpo e alma, prosseguir. Queria ser a menina destemida e ousada que sempre sonhou — e invejou. Só não sabia se conseguiria evitar a culpa excessiva após ao enfrentar as consequências de seus atos. Porém, ainda que hesitante sobre um todo, sua mente analítica passou a pensar em possibilidades. — Podemos nos conhecer melhor essa noite, sem muita pressão… — Dante disse, quase como se pudesse ler os pensamentos de Olivia. Ela sorriu com antecipação, sem ainda dizer todos os pensamentos sórdidos que a entorpeceram no instante em
O momento em que se viu deitada, assistindo Dante em pé em sua direção, Olivia sentiu como se o seu coração estivesse prestes a rasgar a carne do seu peito e saltar para fora.A palpitação quase podia ser ouvida, e o frenesi que a consumiu no instante em que o assistiu tirar a camisa que vestia, a dopou.Mal conseguia respirar. Umedecia os lábios a cada segundo, buscando em si forças para resistir à sensação estranha que lhe tirava a resistência. Não sabia explicar, era algo que ia muito além do que poderia imaginar caso fosse perguntada. — Você está bem? — Ele se ajoelhou perante o sofá, alcançando os pés de Olivia.Ela assentiu, o respondendo, sem ainda dizer palavra alguma ao assisti-lo desabotoar suas sandálias com gentileza. Ele acariciou o tornozelo da morena ao repousar seus pés no chão novamente, subindo com suas digitais através da pele surpreendentemente macia. Dante se divertia ao perceber a excitação tão nítida na face de Olivia. Cada expressão entregando mais o quant
Um toque. Foi preciso apenas de um único e pequeno toque para Olivia sentir arrependimento. Mas não se engane, ela não tinha arrependimento nenhum sobre Dante. Pelo menos não ainda. Ela se arrependeu por nunca ter feito isso antes, por esperar tempo demais enquanto estava perdida em suas inseguranças e ansiedades. Quando finalmente sentiu o prazer intenso lhe atingir como uma tempestade, Olivia percebeu que ainda havia muito a descobrir. E cada descoberta nova que fazia aumentava seu delicioso leque de possibilidades. — Isso, Dante. Bem aí — Olivia tentou conter o gemido sôfrego que escapou mais alto que o normal. — Não se contenha, por favor — Dante cessou seus movimentos ao fazer o pedido, mas Olivia o empurrou novamente, o afundando no centro de seu prazer. Os beijos que trocou com Dante deram a Olivia um gosto de como seus lábios eram macios, assim como sua língua, que escorregava contra a sua com habilidade. E toda essa habilidade foi reforçada no instante em que ele a