Olivia FernandesO telefone tocou, o som alto e claro de Chopin ecoou pelo loft. Eu me assustei, e Dante estranhou o horário inoportuno para seu telefone tocar. Já era madrugada, e não era do seu costume receber telefonemas tão tarde.— Perdão, não vou demorar. — Ele deu um selo rápido nos meus lábios antes de seguir até a bancada um pouco distante do sofá onde estávamos. Pegou o celular e observou a tela com curiosidade.De longe, vi o cenho de Dante se franzir. Estava curiosa, ainda tentando assimilar tudo que tinha acontecido, lidando com o desejo intenso que corria pelo meu corpo.— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei enquanto vestia minha lingerie.Dante ergueu a mão direita, pedindo um segundo enquanto ouvia algo no celular. Naquele instante, vi sua feição mudar. Ele parecia assustado.— Precisamos ir, meu filho está com problemas — Ele falou brevemente, se aproximando de mim mais uma vez. — Sinto muito precisar interromper isso, espero que saiba que não era a minha vontade.Ele
Olivia FernandesFiquei estática por minutos. O mundo parecia girar ao meu redor enquanto eu tentava processar a nova e chocante revelação. Não conseguia fazer nada além de abrir e fechar minha boca, sem conseguir pronunciar uma única palavra.Estava absorta em meus pensamentos, convicta de que aquilo tudo não passava de um terrível pesadelo, daqueles que a gente deseja acordar o quanto antes. Sentia um nó na garganta e uma sensação de desamparo, como se o chão tivesse se aberto sob meus pés.Sabia que não tinha culpa por não saber que Dante era o pai de Lucas. Nunca tinha visto uma foto dele, e sempre ouvira todos chamarem-no apenas de Senhor Salvatore. Naquela noite, eu havia me deixado levar pelos sentimentos intensos que surgiram entre nós, sem imaginar que estava prestes a descobrir uma conexão tão inacreditável e devastadora.Parecia praticamente impossível que aquilo estivesse acontecendo comigo, justamente com alguém que sempre estive apaixonada desde o primeiro ano da faculdad
Olivia FernandesSenti o pânico crescer dentro de mim quando vi a foto de Lucas piscando na tela do celular de Dante. Sem pensar duas vezes, agarrei o telefone e desliguei a chamada com um movimento rápido, antes de colocar o celular no modo silencioso. Meu coração batia forte e minhas mãos estavam tremendo incontrolavelmente.— Tudo bem? — Dante perguntou novamente, claramente preocupado com meu comportamento estranho.— Sim, está tudo bem. — Tentei sorrir, mas o sorriso saiu forçado e sem vida.Dante franziu o cenho, evidentemente confuso, mas decidiu não pressionar mais. Ele continuou dirigindo em silêncio, enquanto eu lutava para controlar minha respiração e meus pensamentos. Cada segundo parecia uma eternidade. Eu precisava pensar em algo, qualquer coisa, para sair daquela situação antes que tudo fosse ainda mais longe do controle.— Sabe, meu filho mencionou uma pessoa especial recentemente, mas, como sempre, não deu detalhes. Às vezes é difícil ter uma simples conversa com ele.
Olivia FernandesEnquanto caminhava pelo campus com passos lentos e pensativos, aproveitando a noite calma e bonita, senti o cheiro de Dante ainda impregnado em mim. Era como se ele estivesse presente em cada centímetro da minha pele, e isso fazia meu rosto ferver. Eu me sentia como se estivesse em um dos dramas literários que passava as noites em claro lendo, mas agora, como a protagonista de uma história confusa e perturbadora, e não apenas no sentido negativo.Sentia-me afetada em meu íntimo, como se estivesse refém de Dante no quarto que criei em minha memória, onde deixei um espaço especial para recordar os detalhes sórdidos que se referiam a ele. Enquanto andava, recordava cada momento daquela noite. Como cheguei a esse ponto? O que fazer agora? A imagem de Lucas vinha à minha mente, dividindo e piorando minha confusão.Céus, ele era pai de Lucas, como eu poderia ter previsto isso?Tentava me lembrar de todos os detalhes que construíam o rosto de Dante. E, pensando bem, eu podia
Olivia Fernandes O suor escorria pela minha testa enquanto eu encarava, incrédula, cada repost das minhas fotos nas redes sociais. Não conseguia processar que isso estava mesmo acontecendo. Como foi que deixei chegar nesse ponto?Pelo menos, as fotos não eram tão reveladoras... Eu estava de lingerie, sim, em poses provocantes, mas não era nada que ultrapassasse um certo limite. Isso, no entanto, não aliviava o aperto no meu peito ao imaginar a reação dos meus pais. E pior ainda, a do meu irmão, se eles descobrissem que eu tinha feito essas fotos.Esse pensamento me torturava, ao mesmo tempo em que sentia um gosto amargo de contradição na boca, como o sabor de um pomelo. Porque, mesmo sabendo que não podia, eu ainda queria prosseguir. Sabia da relação entre Lucas e Dante, e que isso tornava tudo errado. Mas o desejo de sentir o toque do Dante, o mais velho dos Salvatore, me consumia.E me sentia culpada. Culpada por ainda ter sentimentos tão fortes por Lucas, mesmo depois de tudo. Me
Olivia Fernandes— Planeja se esconder aqui por todo o período? — A voz de Lucas parecia distante, mesmo estando ao meu lado. Eu ainda estava perdida nos meus pensamentos, tentando processar tudo.Por um breve momento, senti-me aliviada por não precisar me envergonhar perto dele. Com Lucas, eu podia respirar, sem o medo de ser julgada. Ele era meu porto seguro, mas não para todos os meus segredos.Cheguei para o lado no banco do parque, abrindo espaço, e Lucas se acomodou ao meu lado. Ficamos em silêncio, o peso desse silêncio se acumulando entre nós, até que ele decidiu quebrá-lo.— Vamos descobrir quem fez isso, Liv — disse ele, sua voz acolhedora atingindo algo dentro de mim. Por um segundo, quis desabar. O peso que eu carregava já me sufocava como há anos não acontecia, a última vez que me senti assim foi em casa, com a minha família.— Não precisa se envolver nisso, Lucas — respondi, segurando o choro que parecia rasgar minha garganta. Passei a mão pelos cabelos, colocando-os atrá
Dante Salvatore O momento em que a toquei pela primeira vez, soube que tudo ia desmoronar.Não era nem mesmo para eu estar naquela festa. Fiz uma viagem de um mês para o Nepal, e, de repente, me vi em um lugar lotado de pessoas com a metade da minha idade. Pessoas cuja preocupação da maioria seria o quanto de doses iriam beber naquela noite, ou o quanto de bocas iriam beijar. Não sei dizer se eu estava preso em uma monotonia sutil até a conhecer, mas não via problema em me sentir em paz. E foi tranquilo, pelo menos até a tempestade começar. Como um homem que sempre teve as próprias responsabilidades e individualidade, lembrei que deixei todas as janelas do meu apartamento abertas. A chuva destruiria meus documentos sobre a mesa do escritório, assim como os desenhos e rascunhos de artes que eu queria pintar. Por isso, ao não encontrar Lucas, decidi que voltaria assim que a chuva abaixasse. Tinha acabado de me reconectar com ele, portanto, não iria simplesmente desaparecer de sua f
OliviaMeus olhos se fixaram em Dante no instante em que o vi parado majestosamente contra a luz do sol que atravessava a janela.— Como sou idiota, esqueci de te avisar que meu pai viria. — Lucas olhou em minha direção ao dizer, mantendo o braço ao redor do meu ombro. Dante me encarou enquanto meus olhos ainda seguiam em direção a ele e fez um sinal com o olhar que entendi mesmo sem o conhecer bem. Era para eu disfarçar, dentro do possível, para Lucas não perceber que nós não conhecíamos. Eu não fazia ideia se iria conseguir, mas precisava tentar.— Então esse é o seu pai? — falei com um pouco mais de surpresa na voz do que deveria. Acho que agir sobre pressão nunca foi o meu forte. Dante se virou para a janela rapidamente, e quase tive a impressão de que ele queria rir da minha falta de habilidade em atuar. Ou isso, ou ele queria chorar. Se for a segunda opção, eu entendo completamente. Antes de encontrá-lo aqui, ainda tinha dúvidas de como poderia contar isso a Lucas sem parti