05: Decisão

Dante não a respondeu, mantendo o suspense sobre sua identidade. Apenas sorriu, o mesmo sorriso largo e bonito que a fez vacilar no primeiro instante em que se conheceram.

— Seu sorriso é bonito, mas não vai ser o suficiente para evitar que eu faça mais perguntas. — Olivia disparou, o pegando de surpresa.

— Se o meu sorriso não for o suficiente, posso tentar te dissuadir de outras formas. — Ele ajeitou uma mecha do cabelo de Olivia, a colocando atrás da orelha. Aproveitou para perdurar o toque ao alisar seu lóbulo da orelha, deslizando o dedo até seu pescoço, seguindo até a nuca.

Olivia ficou surpresa de muitas formas ao sentir o toque de Dante sobre si novamente, agora, de forma mais íntima.

— O que você viu em mim? — Ela deixou o pensamento escapar. Odiava se sentir assim, insuficiente. Mas basta ver o próprio reflexo em alguma superfície para essa sensação retornar.

Lidar com o próprio peso nunca foi nada fácil para Olivia, e agora, na vida adulta, sentia essa insegurança respingar em diversos aspectos de sua vida.

— Acho que eu não entendi sua pergunta, Olivia. — Dante franziu o cenho, ainda mantendo a mão no pescoço de Olivia, alisando a pele delicada com o polegar.

— Não tem como eu dizer de outra forma. Eu queria entender o motivo de ter me trazido até aqui, de eu ter cativado sua atenção a ponto de praticamente me sequestrar para me mostrar essas coisas. — Ela sorriu ao dizer a última parte, se lembrando de como tudo correu de forma inusitada. — Sendo sincera, acredito que eu não seja o seu tipo.

Dante desfez a expressão confusa, parecendo entender o questionamento de Olivia.

— Tem razão. Não costumo raptar mulheres tão jovens assim. — Ele brincou, a fazendo rir. — Costumo flertar com mulheres da minha faixa etária, então, entendo sua pergunta.

Ao dizer isso, Olivia entendeu que ele não estava pensando no mesmo que ela.

— Não é sobre idade, Dante. — Ela se sentiu tola ao dizer em voz alta. — Eu… eu não sou o padrão que homens como você costumam gostar, e posso não ser experiente nisso, mas vejo no seu olhar o que quer de mim. Então, serei sincera… você não se importa de eu ser… gorda?

E no momento em que ousou dizer isso, em que Olivia se permitiu ser sincera sobre seus sentimentos, se arrependeu no mesmo instante em que enxergou no rosto de Dante o que mais odiava ver em alguém quando falava sobre si.

Pena.

E ao perceber isso, Olivia se virou, andando rápido em direção ao elevador, querendo sair dali desesperadamente. Dante a seguiu, confuso, sem entender o motivo da jovem nem sequer ter ouvido sua resposta.

— Espera! — correu, se esforçando para seus passos a alcançarem. — Olivia! — gritou, fazendo Olivia se assustar.

E só então ela parou, ainda de costas, com o corpo virado em direção ao elevador. Ela não queria encará-lo, não queria ver em seu rosto a expressão penosa que tanto odiava receber ao expor suas inseguranças.

Porém, Dante queria que Olivia o olhasse. Queria que ela enxergasse em seus olhos a verdade que tentaria expressar em suas palavras.

Por isso, ele se aproximou dela com delicadeza. Encostou a ponta do nariz em seus cabelos, sentindo o cheiro doce e agradável que exalava das madeixas castanhas. Ele levou as mãos até a cintura alheia, sentindo a textura macia do vestido com tecido semelhante a veludo que usava.

Ele aguardou um sinal, qualquer orientação que lhe desse permissão para prosseguir. E então, Olivia se virou, ainda de cabeça abaixada, mas segurando as mãos de Dante sobre sua cintura.

Ele removeu a mão direita dali, a levando até o queixo de Olivia, buscando trazer o olhar da morena em sua direção.

— Sabe o que vi naquele salão, Olivia? — questionou. Sua voz grave e sussurrante ditando o tom da conversa. — Vi uma mulher bem vestida, elegante, interessada em artes, e o mais importante, se me permite dizer… — Dante se aproximou bem rente ao rosto de Olivia, quase roçando seus lábios contra a orelha alheia. — … uma das mulheres mais gostosas que já vi.

Naquele instante, a jovem encontrou novamente a coragem que buscava para enfrentá-lo. Seus olhos se arregalaram, e ela não conseguiu esconder a surpresa ao ouvi-lo dizer tais palavras.

Olivia estava tão presa as próprias inseguranças que ignorava o quanto sua beleza alcançava outras pessoas. Afinal, não era invisível como imaginava.

— Gosto do que sinto quando diz essas coisas… — Ela assumiu, exibindo um sorriso ladino em seu rosto. — Você é perigoso, Dante. É muito bom com as palavras.

Ele riu baixo, sua voz rouca e abafada. Olivia sentia o hálito quente contra sua pele, ainda exalando o leve aroma de melancia do chiclete que mascou no caminho.

Ambos se devoravam com apenas um olhar, perdidos um no outro, consumidos pelas possibilidades que surgiam a medida em que passavam mais tempo juntos.

Mal se conheciam, mas já estavam completamente envolvidos na química intensa que os pegou desprevenidos.

— Sou bom com muitas coisas, Olivia… — As palavras de Dante fizeram a morena corar. — E se você quiser, eu posso mostrá-las a você. — continuou dizendo, observando enquanto a morena amolecia cada vez mais em suas mãos.

Por fim, ele fincou ambas as mãos em sua cintura novamente, pressionando o corpo de Olivia contra si mais uma vez. Apenas esse movimento foi o suficiente para fazer a universitária abandonar toda a razão existente em seu corpo.

Naquele momento, nada mais importava para Olivia. Ela tinha sede, uma sede incomparável e inédita, que a fazia ansiar em descobrir o que mais aquele homem poderia proporcioná-la.

Impulsivo ou não, Olivia tomou uma decisão naquela noite.

— Quero que me mostre… — Ela ousou em levar suas próprias mãos até os braços dele, subindo lentamente por cada veia saliente, até chegar em seus bíceps bem definidos. E continuou, subindo ainda mais, fincando as unhas no pescoço do mais velho, o puxando para si apenas para sentir seu hálito mais de perto. — Quero que me mostre você por inteiro, Dante.

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