Olivia Fernandes
Dante não me respondeu, mantendo o suspense sobre sua identidade. Apenas sorriu, o mesmo sorriso largo e bonito que me fez vacilar no primeiro instante em que o conheci.
— Seu sorriso é bonito, mas não vai ser o suficiente para evitar que eu faça mais perguntas — disparei, pegando-o de surpresa.
— Se o meu sorriso não for o suficiente, posso tentar te dissuadir de outras formas — ele respondeu, ajeitando uma mecha do meu cabelo e a colocando atrás da minha orelha. O toque perdurou, como se ele quisesse prolongar aquele momento, deslizando o dedo pelo meu lóbulo, até alcançar meu pescoço e, finalmente, a minha nuca.
Meu corpo reagiu ao toque de Dante de uma forma que eu não esperava. Aquilo não era só um toque. Era íntimo, quase possessivo. O tipo de toque que me fazia sentir exposta, mas curiosamente segura.
Antes que pudesse me controlar, as palavras escaparam:
— O que você viu em mim?
Eu odiava a forma como me sentia nessas horas, como se nunca fosse suficiente. E, por mais que eu tentasse me afastar desses pensamentos, bastava ver meu reflexo em qualquer superfície para que as inseguranças voltassem. Lidar com isso nunca foi fácil, e, agora, na vida adulta, parecia ainda pior.
Ele franziu o cenho, confuso, mas ainda mantinha a mão no meu pescoço, acariciando minha pele com o polegar.
— Acho que não entendi sua pergunta, Olivia.
Suspirei, sentindo uma mistura de frustração e vergonha.
— Não tem como eu dizer de outra forma. Eu queria entender por que me trouxe até aqui, por que eu cativei sua atenção a ponto de você praticamente me sequestrar para me mostrar essas coisas — sorri ao lembrar de como tudo parecia inusitado. — Sendo sincera, acho que eu não sou o seu tipo.
O rosto de Dante relaxou, como se finalmente entendesse o que eu queria dizer.
— Tem razão. Não costumo raptar mulheres tão jovens assim — ele brincou, me fazendo rir. — Costumo flertar com mulheres da minha faixa etária, então entendo sua pergunta.
Ele não estava entendendo.
— Não é sobre idade, Dante — me senti tola ao ter que explicar. — Eu… eu não sou o padrão que homens como você costumam gostar, e… posso não ser experiente nisso, mas eu vejo no seu olhar o que você quer de mim. Então, vou ser sincera… você não se importa de eu ser… gorda?
Assim que as palavras saíram da minha boca, me arrependi imediatamente. Odiava ser tão vulnerável, e, naquele instante, o que eu mais temia aconteceu: vi a expressão de Dante mudar. Pena. Ele sentia pena de mim.
Virei-me de costas, andando rapidamente em direção ao elevador, querendo desesperadamente sair dali. Não queria ouvir qualquer resposta que ele pudesse me dar. Não queria que aquele sentimento de pena se solidificasse.
— Espera! — ele gritou, me fazendo parar no meio do caminho, ainda de costas.
Eu não queria encará-lo. Não queria ver aquele olhar de novo.
Senti ele se aproximar devagar, e logo senti o toque suave de seu nariz nos meus cabelos, inalando o perfume que usava. As mãos dele deslizaram até minha cintura, e eu quase cedi ali mesmo.
De repente, me virei, mas ainda mantive o olhar baixo, segurando as mãos dele sobre a minha cintura. Ele, por sua vez, levou a mão até o meu queixo, tentando erguer meu rosto, como se quisesse que eu visse o que ele tinha para dizer.
— Sabe o que eu vi naquele salão, Olivia? — a voz dele era baixa, mas grave o suficiente para arrepiar minha pele. — Vi uma mulher bem vestida, elegante, interessada em arte, e o mais importante, se me permite dizer… — ele se aproximou mais, o suficiente para que seus lábios quase tocassem minha orelha. — … uma das mulheres mais gostosas que já vi.
Minhas pernas fraquejaram. Meu coração disparou, e eu não pude conter o choque ao ouvir aquelas palavras saírem da boca de Dante. Era impossível ele estar falando de mim. Mas, por algum motivo, ele estava.
— Gosto do que sinto quando você diz essas coisas… — admiti, com um sorriso que eu mesma não sabia de onde tinha vindo. — Você é perigoso, Dante. É muito bom com as palavras.
Ele riu, uma risada baixa, quase provocadora, enquanto o hálito quente dele tocava minha pele, com o leve cheiro de melancia, o mesmo do chiclete que ele mascava minutos antes.
— Sou bom em muitas coisas, Olivia… — suas palavras me fizeram corar. — E, se você quiser, eu posso mostrar para você.
Eu estava completamente perdida nele. Suas mãos se apertaram contra minha cintura, me puxando para mais perto, e, naquele instante, eu sabia que a razão já tinha me abandonado.
Não havia mais o que pensar. Eu queria. Eu queria descobrir tudo o que Dante poderia me oferecer.
— Quero que me mostre… — sussurrei, levando minhas mãos pelos braços dele, sentindo cada músculo, cada veia sob minha pele. Continuei até alcançar os bíceps, e então o pescoço, onde finquei as unhas levemente, o puxando para ainda mais perto. — Quero que me mostre você por inteiro, Dante.
Ele sorriu, um sorriso de quem sabia exatamente o que eu estava pedindo.
Olivia FernandesSe me perguntassem para me definir em uma única palavra, eu provavelmente responderia: controle. Desde muito cedo, fui ensinada a controlar todos os aspectos da minha vida. Dos detalhes mais bobos até os mais importantes. E esses, os que impactariam meu futuro, eram os que mais exigiam cautela ao tomar qualquer decisão.Eu fiz tudo certo até aqui. Fui uma boa filha, obediente, submissa, quase perfeita demais para as expectativas dos meus pais. Mas todo esse controle, essa busca pela perfeição, me custaram algo que talvez nunca consiga reparar.Qualquer um que me observasse de fora perceberia o quanto eu sofria ao tentar tomar decisões por conta própria. No meio de toda essa criação rígida e desgastante, eu perdi a capacidade de pensar por mim mesma, de saber o que realmente quero, ao invés de sempre me preocupar com o que eu deveria fazer, de acordo com meus pais ou meu irmão.Então, aos 24 anos, tomei a decisão mais importante da minha vida: me entregar a um homem.Po
Olivia FernandesA luz da lua nos envolvia em uma atmosfera quase mágica, criando um ambiente surreal enquanto eu e Dante permanecíamos parados na varanda, trocando olhares que transbordavam devoção. Ele esperava por um sinal meu. Agora, mais do que nunca, ele queria ter certeza de que o que estávamos prestes a fazer era a coisa certa.O silêncio que pairava entre nós era quase torturante. Eu guardava para mim todos os pensamentos que se atropelavam na minha cabeça. Eu o desejava com cada parte do meu ser. Queria ser a garota destemida e ousada que sempre imaginei — e invejei. Mas não sabia se conseguiria evitar a culpa esmagadora que poderia vir depois, enfrentando as consequências dos meus atos. Ainda assim, mesmo hesitante, minha mente analítica começou a pesar as possibilidades.— Nós podemos nos conhecer melhor essa noite, sem muita pressão… — Ele disse, como se pudesse ler meus pensamentos.Sorri, sentindo uma antecipação crescer em mim, mas sem ainda expressar todos os pensament
Olivia FernandesNo momento em que me vi deitada, assistindo Dante em pé à minha frente, senti como se meu coração estivesse prestes a rasgar a carne do meu peito e saltar para fora. A cada batida, parecia que ele ecoava pelo quarto, como se quisesse denunciar o frenesi que me consumia.Eu mal conseguia respirar. Meus lábios se umedeciam por reflexo, enquanto lutava para não perder a razão diante dele. Havia algo, algo inexplicável que tomava conta de mim e que eu não saberia descrever, mesmo que me perguntassem. Era mais do que desejo. Era... necessidade.— Você está bem? — Dante perguntou, ajoelhando-se diante do sofá, alcançando meus pés com uma gentileza que me fazia querer derreter.Eu apenas assenti, incapaz de pronunciar uma única palavra, vendo-o desabotoar minhas sandálias. Seus dedos percorreram meus tornozelos, subindo pela minha pele e me deixando arrepiada. Não era só o toque, era a maneira como ele me olhava, como se cada parte de mim fosse preciosa.Dante se divertia com
Olivia FernandesFoi preciso apenas um único e pequeno toque para eu sentir arrependimento. Mas, não se engane, eu não tinha arrependimento nenhum sobre Dante. Pelo menos, não ainda.O arrependimento vinha de ter esperado tanto tempo para experimentar algo assim, de ter deixado minhas inseguranças e ansiedades me impedirem. Quando o prazer intenso finalmente me atingiu, como uma tempestade, percebi que havia muito mais a descobrir.Cada nova descoberta só aumentava o meu delicioso leque de possibilidades.— Isso, Dante. Bem aí — eu tentei conter o gemido sôfrego que escapou mais alto do que o normal.— Não se contenha, por favor — ele pediu, mas eu o empurrei novamente, afundando-o no centro do meu prazer.Os beijos que trocamos me deram um gostinho de como seus lábios eram macios, assim como sua língua, que escorregava contra a minha com tanta habilidade. E toda essa habilidade foi intensificada quando ele me beijou em minha região mais íntima.Eu estava tão molhada que o lençol embai
Olivia FernandesO telefone tocou, o som alto e claro de Chopin ecoou pelo loft. Eu me assustei, e Dante estranhou o horário inoportuno para seu telefone tocar. Já era madrugada, e não era do seu costume receber telefonemas tão tarde.— Perdão, não vou demorar. — Ele deu um selo rápido nos meus lábios antes de seguir até a bancada um pouco distante do sofá onde estávamos. Pegou o celular e observou a tela com curiosidade.De longe, vi o cenho de Dante se franzir. Estava curiosa, ainda tentando assimilar tudo que tinha acontecido, lidando com o desejo intenso que corria pelo meu corpo.— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei enquanto vestia minha lingerie.Dante ergueu a mão direita, pedindo um segundo enquanto ouvia algo no celular. Naquele instante, vi sua feição mudar. Ele parecia assustado.— Precisamos ir, meu filho está com problemas — Ele falou brevemente, se aproximando de mim mais uma vez. — Sinto muito precisar interromper isso, espero que saiba que não era a minha vontade.Ele
Olivia FernandesFiquei estática por minutos. O mundo parecia girar ao meu redor enquanto eu tentava processar a nova e chocante revelação. Não conseguia fazer nada além de abrir e fechar minha boca, sem conseguir pronunciar uma única palavra.Estava absorta em meus pensamentos, convicta de que aquilo tudo não passava de um terrível pesadelo, daqueles que a gente deseja acordar o quanto antes. Sentia um nó na garganta e uma sensação de desamparo, como se o chão tivesse se aberto sob meus pés.Sabia que não tinha culpa por não saber que Dante era o pai de Lucas. Nunca tinha visto uma foto dele, e sempre ouvira todos chamarem-no apenas de Senhor Salvatore. Naquela noite, eu havia me deixado levar pelos sentimentos intensos que surgiram entre nós, sem imaginar que estava prestes a descobrir uma conexão tão inacreditável e devastadora.Parecia praticamente impossível que aquilo estivesse acontecendo comigo, justamente com alguém que sempre estive apaixonada desde o primeiro ano da faculdad
Olivia FernandesSenti o pânico crescer dentro de mim quando vi a foto de Lucas piscando na tela do celular de Dante. Sem pensar duas vezes, agarrei o telefone e desliguei a chamada com um movimento rápido, antes de colocar o celular no modo silencioso. Meu coração batia forte e minhas mãos estavam tremendo incontrolavelmente.— Tudo bem? — Dante perguntou novamente, claramente preocupado com meu comportamento estranho.— Sim, está tudo bem. — Tentei sorrir, mas o sorriso saiu forçado e sem vida.Dante franziu o cenho, evidentemente confuso, mas decidiu não pressionar mais. Ele continuou dirigindo em silêncio, enquanto eu lutava para controlar minha respiração e meus pensamentos. Cada segundo parecia uma eternidade. Eu precisava pensar em algo, qualquer coisa, para sair daquela situação antes que tudo fosse ainda mais longe do controle.— Sabe, meu filho mencionou uma pessoa especial recentemente, mas, como sempre, não deu detalhes. Às vezes é difícil ter uma simples conversa com ele.
Olivia FernandesEnquanto caminhava pelo campus com passos lentos e pensativos, aproveitando a noite calma e bonita, senti o cheiro de Dante ainda impregnado em mim. Era como se ele estivesse presente em cada centímetro da minha pele, e isso fazia meu rosto ferver. Eu me sentia como se estivesse em um dos dramas literários que passava as noites em claro lendo, mas agora, como a protagonista de uma história confusa e perturbadora, e não apenas no sentido negativo.Sentia-me afetada em meu íntimo, como se estivesse refém de Dante no quarto que criei em minha memória, onde deixei um espaço especial para recordar os detalhes sórdidos que se referiam a ele. Enquanto andava, recordava cada momento daquela noite. Como cheguei a esse ponto? O que fazer agora? A imagem de Lucas vinha à minha mente, dividindo e piorando minha confusão.Céus, ele era pai de Lucas, como eu poderia ter previsto isso?Tentava me lembrar de todos os detalhes que construíam o rosto de Dante. E, pensando bem, eu podia