Dante não a respondeu, mantendo o suspense sobre sua identidade. Apenas sorriu, o mesmo sorriso largo e bonito que a fez vacilar no primeiro instante em que se conheceram.
— Seu sorriso é bonito, mas não vai ser o suficiente para evitar que eu faça mais perguntas. — Olivia disparou, o pegando de surpresa. — Se o meu sorriso não for o suficiente, posso tentar te dissuadir de outras formas. — Ele ajeitou uma mecha do cabelo de Olivia, a colocando atrás da orelha. Aproveitou para perdurar o toque ao alisar seu lóbulo da orelha, deslizando o dedo até seu pescoço, seguindo até a nuca. Olivia ficou surpresa de muitas formas ao sentir o toque de Dante sobre si novamente, agora, de forma mais íntima. — O que você viu em mim? — Ela deixou o pensamento escapar. Odiava se sentir assim, insuficiente. Mas basta ver o próprio reflexo em alguma superfície para essa sensação retornar. Lidar com o próprio peso nunca foi nada fácil para Olivia, e agora, na vida adulta, sentia essa insegurança respingar em diversos aspectos de sua vida. — Acho que eu não entendi sua pergunta, Olivia. — Dante franziu o cenho, ainda mantendo a mão no pescoço de Olivia, alisando a pele delicada com o polegar. — Não tem como eu dizer de outra forma. Eu queria entender o motivo de ter me trazido até aqui, de eu ter cativado sua atenção a ponto de praticamente me sequestrar para me mostrar essas coisas. — Ela sorriu ao dizer a última parte, se lembrando de como tudo correu de forma inusitada. — Sendo sincera, acredito que eu não seja o seu tipo. Dante desfez a expressão confusa, parecendo entender o questionamento de Olivia. — Tem razão. Não costumo raptar mulheres tão jovens assim. — Ele brincou, a fazendo rir. — Costumo flertar com mulheres da minha faixa etária, então, entendo sua pergunta. Ao dizer isso, Olivia entendeu que ele não estava pensando no mesmo que ela. — Não é sobre idade, Dante. — Ela se sentiu tola ao dizer em voz alta. — Eu… eu não sou o padrão que homens como você costumam gostar, e posso não ser experiente nisso, mas vejo no seu olhar o que quer de mim. Então, serei sincera… você não se importa de eu ser… gorda? E no momento em que ousou dizer isso, em que Olivia se permitiu ser sincera sobre seus sentimentos, se arrependeu no mesmo instante em que enxergou no rosto de Dante o que mais odiava ver em alguém quando falava sobre si. Pena. E ao perceber isso, Olivia se virou, andando rápido em direção ao elevador, querendo sair dali desesperadamente. Dante a seguiu, confuso, sem entender o motivo da jovem nem sequer ter ouvido sua resposta. — Espera! — correu, se esforçando para seus passos a alcançarem. — Olivia! — gritou, fazendo Olivia se assustar. E só então ela parou, ainda de costas, com o corpo virado em direção ao elevador. Ela não queria encará-lo, não queria ver em seu rosto a expressão penosa que tanto odiava receber ao expor suas inseguranças. Porém, Dante queria que Olivia o olhasse. Queria que ela enxergasse em seus olhos a verdade que tentaria expressar em suas palavras. Por isso, ele se aproximou dela com delicadeza. Encostou a ponta do nariz em seus cabelos, sentindo o cheiro doce e agradável que exalava das madeixas castanhas. Ele levou as mãos até a cintura alheia, sentindo a textura macia do vestido com tecido semelhante a veludo que usava. Ele aguardou um sinal, qualquer orientação que lhe desse permissão para prosseguir. E então, Olivia se virou, ainda de cabeça abaixada, mas segurando as mãos de Dante sobre sua cintura. Ele removeu a mão direita dali, a levando até o queixo de Olivia, buscando trazer o olhar da morena em sua direção. — Sabe o que vi naquele salão, Olivia? — questionou. Sua voz grave e sussurrante ditando o tom da conversa. — Vi uma mulher bem vestida, elegante, interessada em artes, e o mais importante, se me permite dizer… — Dante se aproximou bem rente ao rosto de Olivia, quase roçando seus lábios contra a orelha alheia. — … uma das mulheres mais gostosas que já vi. Naquele instante, a jovem encontrou novamente a coragem que buscava para enfrentá-lo. Seus olhos se arregalaram, e ela não conseguiu esconder a surpresa ao ouvi-lo dizer tais palavras. Olivia estava tão presa as próprias inseguranças que ignorava o quanto sua beleza alcançava outras pessoas. Afinal, não era invisível como imaginava. — Gosto do que sinto quando diz essas coisas… — Ela assumiu, exibindo um sorriso ladino em seu rosto. — Você é perigoso, Dante. É muito bom com as palavras. Ele riu baixo, sua voz rouca e abafada. Olivia sentia o hálito quente contra sua pele, ainda exalando o leve aroma de melancia do chiclete que mascou no caminho. Ambos se devoravam com apenas um olhar, perdidos um no outro, consumidos pelas possibilidades que surgiam a medida em que passavam mais tempo juntos. Mal se conheciam, mas já estavam completamente envolvidos na química intensa que os pegou desprevenidos. — Sou bom com muitas coisas, Olivia… — As palavras de Dante fizeram a morena corar. — E se você quiser, eu posso mostrá-las a você. — continuou dizendo, observando enquanto a morena amolecia cada vez mais em suas mãos. Por fim, ele fincou ambas as mãos em sua cintura novamente, pressionando o corpo de Olivia contra si mais uma vez. Apenas esse movimento foi o suficiente para fazer a universitária abandonar toda a razão existente em seu corpo. Naquele momento, nada mais importava para Olivia. Ela tinha sede, uma sede incomparável e inédita, que a fazia ansiar em descobrir o que mais aquele homem poderia proporcioná-la. Impulsivo ou não, Olivia tomou uma decisão naquela noite. — Quero que me mostre… — Ela ousou em levar suas próprias mãos até os braços dele, subindo lentamente por cada veia saliente, até chegar em seus bíceps bem definidos. E continuou, subindo ainda mais, fincando as unhas no pescoço do mais velho, o puxando para si apenas para sentir seu hálito mais de perto. — Quero que me mostre você por inteiro, Dante.Caso Olivia fosse perguntada sobre como se representar em uma única palavra, ela muito provavelmente responderia: controle. Desde muito jovem, foi ensinada a controlar todos os aspectos de sua vida. Desde os detalhes mais bobos, quanto aos mais relevantes. E esses, os que teriam impacto em sua vida em um futuro distante, eram os que mais exigiam de si algum tipo de cautela sobre quais decisões tomar. Olivia fez tudo certo durante sua vida. Foi uma boa filha, obediente, submissa, quase perfeita demais ao que se entende sobre atender as expectativas dos outros. Porém, todo esse controle e perfeição durante seu crescimento, exigiam algo de si que, talvez, fosse irreparável. Não era difícil para quem a visse de fora enxergar o quanto a universitária sofria ao precisar tomar decisões importantes por conta própria. Olivia perdeu, durante a criação dura e desgastante, a habilidade de pensar com a própria cabeça. Saber analisar o que queria, quando queria, diferente do que achava que prec
Iluminados pela luz da lua etérea, criando um ambiente lúdico e quase surreal, Dante e Olivia permaneciam parados na varanda, encarando um ao outro com um olhar de devoção em seus rostos. Dante aguardava um sinal de Olivia. Agora, mais do que nunca, queria ter certeza de que o que estavam prestes a fazer era o correto. E Olivia, em um silêncio torturante, guardava para si todos os pensamentos que a encurralavam naquela situação. Ela queria, com todo o corpo e alma, prosseguir. Queria ser a menina destemida e ousada que sempre sonhou — e invejou. Só não sabia se conseguiria evitar a culpa excessiva após ao enfrentar as consequências de seus atos. Porém, ainda que hesitante sobre um todo, sua mente analítica passou a pensar em possibilidades. — Podemos nos conhecer melhor essa noite, sem muita pressão… — Dante disse, quase como se pudesse ler os pensamentos de Olivia. Ela sorriu com antecipação, sem ainda dizer todos os pensamentos sórdidos que a entorpeceram no instante em
O momento em que se viu deitada, assistindo Dante em pé em sua direção, Olivia sentiu como se o seu coração estivesse prestes a rasgar a carne do seu peito e saltar para fora.A palpitação quase podia ser ouvida, e o frenesi que a consumiu no instante em que o assistiu tirar a camisa que vestia, a dopou.Mal conseguia respirar. Umedecia os lábios a cada segundo, buscando em si forças para resistir à sensação estranha que lhe tirava a resistência. Não sabia explicar, era algo que ia muito além do que poderia imaginar caso fosse perguntada. — Você está bem? — Ele se ajoelhou perante o sofá, alcançando os pés de Olivia.Ela assentiu, o respondendo, sem ainda dizer palavra alguma ao assisti-lo desabotoar suas sandálias com gentileza. Ele acariciou o tornozelo da morena ao repousar seus pés no chão novamente, subindo com suas digitais através da pele surpreendentemente macia. Dante se divertia ao perceber a excitação tão nítida na face de Olivia. Cada expressão entregando mais o quant
Um toque. Foi preciso apenas de um único e pequeno toque para Olivia sentir arrependimento. Mas não se engane, ela não tinha arrependimento nenhum sobre Dante. Pelo menos não ainda. Ela se arrependeu por nunca ter feito isso antes, por esperar tempo demais enquanto estava perdida em suas inseguranças e ansiedades. Quando finalmente sentiu o prazer intenso lhe atingir como uma tempestade, Olivia percebeu que ainda havia muito a descobrir. E cada descoberta nova que fazia aumentava seu delicioso leque de possibilidades. — Isso, Dante. Bem aí — Olivia tentou conter o gemido sôfrego que escapou mais alto que o normal. — Não se contenha, por favor — Dante cessou seus movimentos ao fazer o pedido, mas Olivia o empurrou novamente, o afundando no centro de seu prazer. Os beijos que trocou com Dante deram a Olivia um gosto de como seus lábios eram macios, assim como sua língua, que escorregava contra a sua com habilidade. E toda essa habilidade foi reforçada no instante em que ele a
O telefone tocou, o som alto e claro de Chopin ecoou pelo loft.Olivia se assustou, e Dante estranhou o horário inoportuno para seu telefone tocar.Já era madrugada, e não era do seu costume receber telefonemas tão tarde. — Perdão, não vou demorar. — Ele deu um selo rápido nos lábios da morena, seguindo até a bancada um pouco distante do sofá onde estavam. Pegou o celular e observou a tela com curiosidade.Olivia, de longe, viu o cenho de Dante se franzir. Estava curiosa, ainda tentando assimilar tudo que tinha acontecido, lidando com o desejo intenso que corria em seu corpo.— Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou enquanto vestia sua lingerie. Dante ergueu a mão direita, pedindo um segundo enquanto ouvia algo no celular. Naquele instante, ela viu sua feição mudar. Ele parecia assustado.— Precisamos ir, meu filho está com problemas — Ele falou brevemente, se aproximando de Olivia mais uma vez. — Sinto muito precisar interromper isso, espero que saiba que não era a minha vontade.
Olivia ficou estática por minutos. Não conseguia fazer nada que não fosse abrir e fechar sua boca, sem conseguir dizer palavra alguma. Estava absorta em seus pensamentos, convicta de que aquilo tudo não passava de um terrível pesadelo. Sabia que não tinha culpa por não saber que Dante era o pai de Lucas, afinal, ela nunca viu uma foto dele sequer, e sobre seu nome, sempre ouvia todos o chamarem de Senhor Salvatore.Parecia praticamente impossível e contra todas as possibilidades que aquilo tivesse acontecido justamente com Olivia, que era apaixonada por Lucas desde o primeiro ano da faculdade. De repente, parecia que tudo estava desmoronando. Desde o momento em que encontrou Lucas acompanhado de Luara, até o instante em que ela descobriu que Dante, o homem que passou a noite o conhecendo, era o pai de seu melhor amigo. — Isso só pode ser um pesadelo! — Quase gritou dentro do carro abafado, ainda esperando Dante liberar Lucas da delegacia para irem embora. E então, quando parecia
Olivia sentiu o pânico crescer dentro de si quando viu a foto de Lucas piscando na tela de seu celular. Sem pensar duas vezes, ela rapidamente pegou o telefone e desligou a chamada, colocando-o no modo silencioso em seguida. Seu coração batia forte e suas mãos tremiam. — Tudo bem? — Dante perguntou novamente, claramente preocupado com o comportamento estranho de Olivia. — Sim, está tudo bem. — Ela tentou sorrir, mas foi um sorriso forçado. Dante franziu o cenho, mas decidiu não pressionar mais. Continuou dirigindo em silêncio, enquanto Olivia tentava controlar sua respiração e pensamentos. Cada segundo parecia uma eternidade. Ela precisava pensar em algo, qualquer coisa, para sair daquela situação. — Sabe, meu filho mencionou uma pessoa especial recentemente, mas, como sempre, não deu detalhes. Às vezes é difícil ter uma simples conversa com ele. — Dante começou, tentando quebrar o silêncio. — Desculpe, Olivia, não quero ser esquisito falando do meu filho com você. O comentário d
Enquanto caminhava pelo campus com passos lentos e pensativos, aproveitando a noite calma e bonita, deixou-se sentir o cheiro de Dante ainda impregnado em si. Podia senti-lo ainda presente em cada centímetro de sua pele, e isso fazia seu rosto ferver.Podia comparar estar em um dos dramas literários que passava a noite em claro lendo, mas agora, como a protagonista de uma história confusa e perturbadora, não apenas no mal sentido. Sentia-se afetada em seu íntimo, como se estivesse refém de Dante no quarto que criou em sua memória, onde deixou especialmente para lembrar-se dos detalhes sórdidos que se referiam a ele. Enquanto andava, recordava cada momento daquela noite. Como chegou àquele ponto? O que fazer agora? A imagem de Lucas vinha à mente de Olivia, dividindo e piorando sua confusão. Céus, ele era pai de Lucas, como poderia prever?Tentou lembrar-se, naquele momento, de todos os detalhes que construíam o rosto de Dante. E, pensando bem, podia encontrar certa semelhança, mas