Dante acelerou o carro, exibindo um sorriso em seu rosto. Parecia se divertir ao fazer manobras arriscadas, utilizando a estrada vazia como seu parque de diversões ao ar livre.
Era um mix de sensações confusas e inquietantes que se misturavam dentro de Olivia, e acreditando que essa seria sua maior loucura e permitindo-se ser imprudente pela primeira vez na vida, ela decidiu confiar na sensação curiosa que surgiu no pouco tempo em que esteve na presença dele.
Olivia não saberia descrever, afinal, nunca tinha sentido nada parecido. Mas, o que a tomou ao sentir as digitais de Dante sobre sua pele, definitivamente não parecia como uma sensação ruim.
— Desistiu de resistir? — Ele perguntou, curioso ao notar sua tranquilidade diante da situação.
— Seria uma perda de energia, não é mesmo? — Olivia afirmou.
— Certamente. — Ele sorriu ladino, ajeitando os óculos novamente, antes de pegar mais um chiclete. — Acho que não vai se importar em fazer uma pequena viagem, então.
Olivia arregalou os olhos ao fitá-lo, surpresa ao enxergar a placa que dizia que estavam saindo da cidade de Vale Dália.
— O que faremos em Caliandra a essa hora? — Ela perguntou, curiosa.
— Confie em mim, Olivia. — Dante pediu, a fitando seriamente.
— Não disse que seria burrice eu fazer isso? — Ela rebateu.
— Você é esperta, mas, apenas dessa vez, confie em mim. Deixe-me guiá-la por uma noite.
— Certo, Dante. — Olivia gostou da forma que o nome dele soava ao sair de sua boca. — Me guie, apenas por uma noite.
A chuva cessou instantes após entrarem na cidade de Caliandra. Estavam deixando o interior e adentrando na cidade grande.
Já podiam ver os prédios altos e a pouca vegetação característica, junto das inúmeras luzes em conjunto.Caliandra era lotada de casas noturnas, assim como rica em eventos culturais. Era o lugar perfeito para quem gostava de socializar, o que não era o caso de Olivia.
Desde que se mudou para Vale Dália, só visitou Caliandra uma única vez, acompanhada de Lucas.
Foram em uma boate aleatória onde Lucas passou a noite tentando arranjar caras para Olivia, sem perceber que ele era o único homem que já havia despertado seu interesse.
Bom, pelo menos até ela conhecer Dante.
Ela não sabia nada sobre esse homem. Qual era sua idade, embora fosse visivelmente mais velho que Olivia, ou qual era seu emprego, seus interesses, se era casado — esperava que a resposta para esse último questionamento fosse um não.
Não sabia absolutamente nada. E na mesma medida em que isso a aterrorizava, por estar vulnerável no carro de um estranho, isso também a intrigava.
Ela queria conhecê-lo, por mais que a situação em que estivesse junto dele não fosse nada convencional. Seu jeito misterioso, imponente e um tanto impulsivo a cativou. E quando Olivia ficava fascinada com algo, se tornava quase uma obsessão.Ela apoiou o braço direito sobre a janela agora aberta, sentindo a brisa gelada encontrar sua pele. Olhou-se no retrovisor, preocupada com sua aparência, que, por sorte, estava intacta embora tivesse ficado praticamente encharcada.
Olivia apoiou a cabeça em seu próprio braço, fechando os olhos enquanto aproveitava.
E em uma deliciosa contradição, ela se sentiu livre naquele momento.
— Chegamos. — Ele avisou, aproveitando de alguns instantes em silêncio para admirá-la.
— E onde estamos, exatamente?
— Você já vai saber. — Ele estacionou o carro em frente a um prédio escuro. Não parecia nada seguro estar ali, mas, seguindo sua intuição — e torcendo para ela estar certa — Olivia saiu do carro e o seguiu.
Caminharam até a parte de trás do prédio, entrando por uma passagem alternativa que os levou até uma porta verde, que dava para o elevador.
Dante pressionou o botão e as portas abriram rapidamente, nem dando tempo para Olivia questioná-lo para onde ele iria levá-la. Ele deu um passo a frente, ficando de frente para ela, estendendo sua mão até ela.
Ela hesitou por um instante, e quando ergueu sua mão para encontrar a dele, as portas do elevador ameaçaram se fechar. Dante então se inclinou para frente, e em um mento ágil a puxou, chocando o corpo de Olivia contra o dele com brutalidade.
As portas se fecharam apenas um segundo após isso, e ambos ficaram a sós na máquina que subia até o quinto andar.
Ele segurava a mão de Olivia contra a cintura, na parte das costas, enquanto o outro braço a prendia para que ela não perdesse o equilíbrio. Estavam completamente colados, e apesar do ar fresco, o calor que tomou conta de ambos foi quase insuportável;
Olivia o olhou de baixo para cima, observando o olhar profundo daquele homem que a dominava, checando cada detalhe do seu rosto. E, céus, como ele era bonito.
Dante, da mesma forma, apreciou cada detalhe do rosto delicado de Olivia, se sentindo extremamente fascinado pela beleza característica de sua pele cor oliva e seus olhos esverdeados.
Dante a soltou com delicadeza, embora lutasse internamente contra o sentimento de mantê-la para si o máximo de tempo possível.
E Olivia, bem, estava determinada a deixá-lo fazer o que quisesse naquele momento. E esse sentimento, foi o mais assustador que ela já sentiu.
A sensação de vulnerabilidade extrema, ao mesmo tempo que desejou se entregar para alguém pela primeira vez, foi aterradora para a jovem, que pensou estar enlouquecendo para ter tais atitudes.
Quando Olivia se virou, seguindo Dante até o interior do lugar, se deparou com um lindo loft com pinturas espalhadas pelo lugar.
E então, reconheceu ser o mesmo artista exposto na casa de Lucas.
Eram as mesmas artes sensuais e provocativas, com um lindo jogo de luzes e cores bem definidas.
— Elas são lindas.
— Vi como você as observou na festa. — Dante comentou, se aproximando da jovem. — Você parecia fascinada, e isso me cativou.
Olivia permitiu-se desprender a atenção das obras e voltar o olhar para Dante, que observava atento ao quadro com duas silhuetas nuas em cores intensas.
— Eu não te vi lá dentro. — Comentou, tentando se lembrar de todos os detalhes antes de sair da festa. — Quem é você, afinal?
Dante não a respondeu, mantendo o suspense sobre sua identidade. Apenas sorriu, o mesmo sorriso largo e bonito que a fez vacilar no primeiro instante em que se conheceram. — Seu sorriso é bonito, mas não vai ser o suficiente para evitar que eu faça mais perguntas. — Olivia disparou, o pegando de surpresa. — Se o meu sorriso não for o suficiente, posso tentar te dissuadir de outras formas. — Ele ajeitou uma mecha do cabelo de Olivia, a colocando atrás da orelha. Aproveitou para perdurar o toque ao alisar seu lóbulo da orelha, deslizando o dedo até seu pescoço, seguindo até a nuca.Olivia ficou surpresa de muitas formas ao sentir o toque de Dante sobre si novamente, agora, de forma mais íntima. — O que você viu em mim? — Ela deixou o pensamento escapar. Odiava se sentir assim, insuficiente. Mas basta ver o próprio reflexo em alguma superfície para essa sensação retornar. Lidar com o próprio peso nunca foi nada fácil para Olivia, e agora, na vida adulta, sentia essa insegurança respi
Caso Olivia fosse perguntada sobre como se representar em uma única palavra, ela muito provavelmente responderia: controle. Desde muito jovem, foi ensinada a controlar todos os aspectos de sua vida. Desde os detalhes mais bobos, quanto aos mais relevantes. E esses, os que teriam impacto em sua vida em um futuro distante, eram os que mais exigiam de si algum tipo de cautela sobre quais decisões tomar. Olivia fez tudo certo durante sua vida. Foi uma boa filha, obediente, submissa, quase perfeita demais ao que se entende sobre atender as expectativas dos outros. Porém, todo esse controle e perfeição durante seu crescimento, exigiam algo de si que, talvez, fosse irreparável. Não era difícil para quem a visse de fora enxergar o quanto a universitária sofria ao precisar tomar decisões importantes por conta própria. Olivia perdeu, durante a criação dura e desgastante, a habilidade de pensar com a própria cabeça. Saber analisar o que queria, quando queria, diferente do que achava que prec
Iluminados pela luz da lua etérea, criando um ambiente lúdico e quase surreal, Dante e Olivia permaneciam parados na varanda, encarando um ao outro com um olhar de devoção em seus rostos. Dante aguardava um sinal de Olivia. Agora, mais do que nunca, queria ter certeza de que o que estavam prestes a fazer era o correto. E Olivia, em um silêncio torturante, guardava para si todos os pensamentos que a encurralavam naquela situação. Ela queria, com todo o corpo e alma, prosseguir. Queria ser a menina destemida e ousada que sempre sonhou — e invejou. Só não sabia se conseguiria evitar a culpa excessiva após ao enfrentar as consequências de seus atos. Porém, ainda que hesitante sobre um todo, sua mente analítica passou a pensar em possibilidades. — Podemos nos conhecer melhor essa noite, sem muita pressão… — Dante disse, quase como se pudesse ler os pensamentos de Olivia. Ela sorriu com antecipação, sem ainda dizer todos os pensamentos sórdidos que a entorpeceram no instante em
O momento em que se viu deitada, assistindo Dante em pé em sua direção, Olivia sentiu como se o seu coração estivesse prestes a rasgar a carne do seu peito e saltar para fora.A palpitação quase podia ser ouvida, e o frenesi que a consumiu no instante em que o assistiu tirar a camisa que vestia, a dopou.Mal conseguia respirar. Umedecia os lábios a cada segundo, buscando em si forças para resistir à sensação estranha que lhe tirava a resistência. Não sabia explicar, era algo que ia muito além do que poderia imaginar caso fosse perguntada. — Você está bem? — Ele se ajoelhou perante o sofá, alcançando os pés de Olivia.Ela assentiu, o respondendo, sem ainda dizer palavra alguma ao assisti-lo desabotoar suas sandálias com gentileza. Ele acariciou o tornozelo da morena ao repousar seus pés no chão novamente, subindo com suas digitais através da pele surpreendentemente macia. Dante se divertia ao perceber a excitação tão nítida na face de Olivia. Cada expressão entregando mais o quant
Um toque. Foi preciso apenas de um único e pequeno toque para Olivia sentir arrependimento. Mas não se engane, ela não tinha arrependimento nenhum sobre Dante. Pelo menos não ainda. Ela se arrependeu por nunca ter feito isso antes, por esperar tempo demais enquanto estava perdida em suas inseguranças e ansiedades. Quando finalmente sentiu o prazer intenso lhe atingir como uma tempestade, Olivia percebeu que ainda havia muito a descobrir. E cada descoberta nova que fazia aumentava seu delicioso leque de possibilidades. — Isso, Dante. Bem aí — Olivia tentou conter o gemido sôfrego que escapou mais alto que o normal. — Não se contenha, por favor — Dante cessou seus movimentos ao fazer o pedido, mas Olivia o empurrou novamente, o afundando no centro de seu prazer. Os beijos que trocou com Dante deram a Olivia um gosto de como seus lábios eram macios, assim como sua língua, que escorregava contra a sua com habilidade. E toda essa habilidade foi reforçada no instante em que ele a
O telefone tocou, o som alto e claro de Chopin ecoou pelo loft.Olivia se assustou, e Dante estranhou o horário inoportuno para seu telefone tocar.Já era madrugada, e não era do seu costume receber telefonemas tão tarde. — Perdão, não vou demorar. — Ele deu um selo rápido nos lábios da morena, seguindo até a bancada um pouco distante do sofá onde estavam. Pegou o celular e observou a tela com curiosidade.Olivia, de longe, viu o cenho de Dante se franzir. Estava curiosa, ainda tentando assimilar tudo que tinha acontecido, lidando com o desejo intenso que corria em seu corpo.— Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou enquanto vestia sua lingerie. Dante ergueu a mão direita, pedindo um segundo enquanto ouvia algo no celular. Naquele instante, ela viu sua feição mudar. Ele parecia assustado.— Precisamos ir, meu filho está com problemas — Ele falou brevemente, se aproximando de Olivia mais uma vez. — Sinto muito precisar interromper isso, espero que saiba que não era a minha vontade.
Olivia ficou estática por minutos. Não conseguia fazer nada que não fosse abrir e fechar sua boca, sem conseguir dizer palavra alguma. Estava absorta em seus pensamentos, convicta de que aquilo tudo não passava de um terrível pesadelo. Sabia que não tinha culpa por não saber que Dante era o pai de Lucas, afinal, ela nunca viu uma foto dele sequer, e sobre seu nome, sempre ouvia todos o chamarem de Senhor Salvatore.Parecia praticamente impossível e contra todas as possibilidades que aquilo tivesse acontecido justamente com Olivia, que era apaixonada por Lucas desde o primeiro ano da faculdade. De repente, parecia que tudo estava desmoronando. Desde o momento em que encontrou Lucas acompanhado de Luara, até o instante em que ela descobriu que Dante, o homem que passou a noite o conhecendo, era o pai de seu melhor amigo. — Isso só pode ser um pesadelo! — Quase gritou dentro do carro abafado, ainda esperando Dante liberar Lucas da delegacia para irem embora. E então, quando parecia
Olivia sentiu o pânico crescer dentro de si quando viu a foto de Lucas piscando na tela de seu celular. Sem pensar duas vezes, ela rapidamente pegou o telefone e desligou a chamada, colocando-o no modo silencioso em seguida. Seu coração batia forte e suas mãos tremiam. — Tudo bem? — Dante perguntou novamente, claramente preocupado com o comportamento estranho de Olivia. — Sim, está tudo bem. — Ela tentou sorrir, mas foi um sorriso forçado. Dante franziu o cenho, mas decidiu não pressionar mais. Continuou dirigindo em silêncio, enquanto Olivia tentava controlar sua respiração e pensamentos. Cada segundo parecia uma eternidade. Ela precisava pensar em algo, qualquer coisa, para sair daquela situação. — Sabe, meu filho mencionou uma pessoa especial recentemente, mas, como sempre, não deu detalhes. Às vezes é difícil ter uma simples conversa com ele. — Dante começou, tentando quebrar o silêncio. — Desculpe, Olivia, não quero ser esquisito falando do meu filho com você. O comentário d