04: Livre

Dante acelerou o carro, exibindo um sorriso em seu rosto. Parecia se divertir ao fazer manobras arriscadas, utilizando a estrada vazia como seu parque de diversões ao ar livre. 

Era um mix de sensações confusas e inquietantes que se misturavam dentro de Olivia, e acreditando que essa seria sua maior loucura e permitindo-se ser imprudente pela primeira vez na vida, ela decidiu confiar na sensação curiosa que surgiu no pouco tempo em que esteve na presença dele.

Olivia não saberia descrever, afinal, nunca tinha sentido nada parecido. Mas, o que a tomou ao sentir as digitais de Dante sobre sua pele, definitivamente não parecia como uma sensação ruim. 

— Desistiu de resistir? — Ele perguntou, curioso ao notar sua tranquilidade diante da situação. 

— Seria uma perda de energia, não é mesmo? — Olivia afirmou.

— Certamente. — Ele sorriu ladino, ajeitando os óculos novamente, antes de pegar mais um chiclete. — Acho que não vai se importar em fazer uma pequena viagem, então. 

Olivia arregalou os olhos ao fitá-lo, surpresa ao enxergar a placa que dizia que estavam saindo da cidade de Vale Dália. 

— O que faremos em Caliandra a essa hora? — Ela perguntou, curiosa. 

— Confie em mim, Olivia. — Dante pediu, a fitando seriamente.

— Não disse que seria burrice eu fazer isso? — Ela rebateu. 

— Você é esperta, mas, apenas dessa vez, confie em mim. Deixe-me guiá-la por uma noite. 

— Certo, Dante. — Olivia gostou da forma que o nome dele soava ao sair de sua boca. — Me guie, apenas por uma noite. 

A chuva cessou instantes após entrarem na cidade de Caliandra. Estavam deixando o interior e adentrando na cidade grande.

Já podiam ver os prédios altos e a pouca vegetação característica, junto das inúmeras luzes em conjunto. 

Caliandra era lotada de casas noturnas, assim como rica em eventos culturais. Era o lugar perfeito para quem gostava de socializar, o que não era o caso de Olivia. 

Desde que se mudou para Vale Dália, só visitou Caliandra uma única vez, acompanhada de Lucas. 

Foram em uma boate aleatória onde Lucas passou a noite tentando arranjar caras para Olivia, sem perceber que ele era o único homem que já havia despertado seu interesse. 

Bom, pelo menos até ela conhecer Dante. 

Ela não sabia nada sobre esse homem. Qual era sua idade, embora fosse visivelmente mais velho que Olivia, ou qual era seu emprego, seus interesses, se era casado — esperava que a resposta para esse último questionamento fosse um não. 

Não sabia absolutamente nada. E na mesma medida em que isso a aterrorizava, por estar vulnerável no carro de um estranho, isso também a intrigava.

Ela queria conhecê-lo, por mais que a situação em que estivesse junto dele não fosse nada convencional. Seu jeito misterioso, imponente e um tanto impulsivo a cativou. E quando Olivia ficava fascinada com algo, se tornava quase uma obsessão. 

Ela apoiou o braço direito sobre a janela agora aberta, sentindo a brisa gelada encontrar sua pele. Olhou-se no retrovisor, preocupada com sua aparência, que, por sorte, estava intacta embora tivesse ficado praticamente encharcada. 

Olivia apoiou a cabeça em seu próprio braço, fechando os olhos enquanto aproveitava. 

E em uma deliciosa contradição, ela se sentiu livre naquele momento. 

— Chegamos. — Ele avisou, aproveitando de alguns instantes em silêncio para admirá-la. 

— E onde estamos, exatamente?

— Você já vai saber. — Ele estacionou o carro em frente a um prédio escuro. Não parecia nada seguro estar ali, mas, seguindo sua intuição — e torcendo para ela estar certa — Olivia saiu do carro e o seguiu. 

Caminharam até a parte de trás do prédio, entrando por uma passagem alternativa que os levou até uma porta verde, que dava para o elevador. 

Dante pressionou o botão e as portas abriram rapidamente, nem dando tempo para Olivia questioná-lo para onde ele iria levá-la. Ele deu um passo a frente, ficando de frente para ela, estendendo sua mão até ela. 

Ela hesitou por um instante, e quando ergueu sua mão para encontrar a dele, as portas do elevador ameaçaram se fechar. Dante então se inclinou para frente, e em um mento ágil a puxou, chocando o corpo de Olivia contra o dele com brutalidade. 

As portas se fecharam apenas um segundo após isso, e ambos ficaram a sós na máquina que subia até o quinto andar. 

Ele segurava a mão de Olivia contra a cintura, na parte das costas, enquanto o outro braço a prendia para que ela não perdesse o equilíbrio. Estavam completamente colados, e apesar do ar fresco, o calor que tomou conta de ambos foi quase insuportável; 

Olivia o olhou de baixo para cima, observando o olhar profundo daquele homem que a dominava, checando cada detalhe do seu rosto. E, céus, como ele era bonito. 

Dante, da mesma forma, apreciou cada detalhe do rosto delicado de Olivia, se sentindo extremamente fascinado pela beleza característica de sua pele cor oliva e seus olhos esverdeados. 

Dante a soltou com delicadeza, embora lutasse internamente contra o sentimento de mantê-la para si o máximo de tempo possível. 

E Olivia, bem, estava determinada a deixá-lo fazer o que quisesse naquele momento. E esse sentimento, foi o mais assustador que ela já sentiu. 

A sensação de vulnerabilidade extrema, ao mesmo tempo que desejou se entregar para alguém pela primeira vez, foi aterradora para a jovem, que pensou estar enlouquecendo para ter tais atitudes. 

Quando Olivia se virou, seguindo Dante até o interior do lugar, se deparou com um lindo loft com pinturas espalhadas pelo lugar. 

E então, reconheceu ser o mesmo artista exposto na casa de Lucas. 

Eram as mesmas artes sensuais e provocativas, com um lindo jogo de luzes e cores bem definidas. 

— Elas são lindas. 

— Vi como você as observou na festa. — Dante comentou, se aproximando da jovem. — Você parecia fascinada, e isso me cativou. 

Olivia permitiu-se desprender a atenção das obras e voltar o olhar para Dante, que observava atento ao quadro com duas silhuetas nuas em cores intensas. 

— Eu não te vi lá dentro. — Comentou, tentando se lembrar de todos os detalhes antes de sair da festa. — Quem é você, afinal? 

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