LUZ NARRANDO

Eu sempre sonhei com esse momento.

Desde criança, imaginava como seria quando o homem da minha vida se ajoelhasse diante de mim e me pedisse em casamento. Eu nunca fui o tipo de garota obcecada com contos de fadas, mas acreditava no amor. Acreditava na conexão entre duas pessoas, na força de um sentimento capaz de superar qualquer obstáculo.

E com Anderson, tudo parecia certo.

Naquela noite, ele me levou para um jantar surpresa. Eu achei estranho no início, porque ele não era do tipo romântico. Mas, ao mesmo tempo, estava feliz por ele ter pensado em algo especial.

— Você está nervoso? — perguntei, enquanto caminhávamos para o terraço do restaurante.

Ele soltou uma risada forçada, ajeitando a gola da camisa.

— Um pouco.

— Anderson, é só um jantar. — Brinquei, sem fazer ideia do que estava por vir.

Mas então vi o cenário à nossa frente e meu coração disparou.

A mesa estava perfeitamente decorada, velas iluminavam o ambiente, pétalas de rosas estavam espalhadas pelo chão. Tudo parecia saído de um sonho.

Me virei para ele, surpresa.

— O que é isso?

Anderson respirou fundo, pegando minhas mãos. Seu olhar estava diferente.

— Luz, desde o dia em que te conheci, minha vida nunca mais foi a mesma. Você trouxe calma para o meu caos, me ensinou que amar não é fraqueza, é força.

Meu peito apertou.

— Anderson…

Ele soltou uma risada nervosa, se ajoelhando diante de mim e tirando uma caixinha do bolso.

— Eu nunca fui bom com palavras, mas se tem uma coisa que eu sei é que eu não quero passar um único dia da minha vida sem você.

Minhas mãos tremeram.

— Luz, você aceita se casar comigo?

O tempo pareceu parar.

Eu deveria estar explodindo de felicidade. Esse era o momento que sempre sonhei, que esperei desde que me apaixonei por Anderson.

Mas, por algum motivo, um frio estranho percorreu minha espinha.

Ignorei o sentimento, me jogando nos braços dele.

— Sim! Mil vezes, sim!

Aplausos ecoaram ao nosso redor, mas eu só conseguia ouvir as batidas aceleradas do meu coração

A noite parecia tirada de um conto de fadas.

Após o pedido de casamento, Anderson me levantou suavemente, seus braços me envolvendo com uma força protetora. Ele me beijou com intensidade, como se aquela fosse a única coisa que importasse no mundo, e naquele momento, parecia que realmente era.

Os olhos dele estavam brilhando, uma mistura de felicidade e algo que eu não conseguia identificar, mas que me envolvia de maneira inexplicável. Ele me guiou até a mesa, onde o jantar estava servido. As velas lançavam uma luz suave, iluminando os rostos de forma quase mágica. Eu podia sentir a tensão no ar, mas não queria pensar em nada além daquele instante.

A comida era deliciosa, mas as palavras entre nós fluíam mais do que qualquer prato. Falávamos sobre o futuro, sobre a nossa vida juntos, como seria nossa casa, nossos filhos… Eu não conseguia deixar de sorrir. Não poderia ser mais feliz.

— Você ainda está em choque, não está? — Anderson perguntou, a voz suave, como se quisesse desarmar qualquer hesitação minha.

— Um pouco. — Sorri, tentando disfarçar a insegurança que, de repente, me invadiu. Mas eu não queria pensar sobre isso. Não agora. Não nesse momento tão perfeito.

O vinho que ele escolheu combinava perfeitamente com a noite. Nosso brinde estava cheio de promessas silenciosas, e os segundos pareciam se esticar para nos permitir saborear a magia do que acabara de acontecer.

Anderson pegou minha mão sobre a mesa, seus dedos firmes e quentes entrelaçados com os meus. Ele me observava com um olhar tão atento que me fazia sentir como se o resto do mundo desaparecesse, como se fôssemos apenas nós dois, e mais ninguém.

De repente, ele se levantou e foi até a música suave que começava a tocar ao fundo. Seus passos eram tranquilos, mas eu sabia que ele estava preparando algo. Ele se aproximou de mim, estendeu a mão e, com um sorriso encantador, disse:

— Vamos dançar?

Meu coração acelerou ao ouvir aquelas palavras. Eu nunca imaginei que ele fosse tão… romântico. Era como se ele tivesse se transformado na pessoa que sempre sonhei, aquela capaz de fazer tudo parecer perfeito, como nas histórias de amor.

Levantei-me, sentindo uma onda de felicidade me invadir, e coloquei minha mão sobre a dele. Anderson me puxou para mais perto, seus braços me envolvendo com facilidade, e eu me senti segura, amada, completa.

Dançamos devagar, nossos corpos se movendo em harmonia com a música suave. A noite estava perfeita, o ar fresco da varanda acariciando nossos rostos, e a luz suave das estrelas parecia nos envolver em um feitiço de felicidade.

Não havia mais dúvidas, mais medos, nem inseguranças. O que importava era a nossa conexão, o amor que sentíamos um pelo outro. E naquele momento, eu queria que o tempo parasse, que a noite nunca acabasse.

Eu só queria estar com ele, para sempre.

Anderson me segurou mais forte, e eu coloquei a cabeça em seu peito, sentindo a batida do seu coração. A sensação de paz me envolveu por completo.

Ele sussurrou no meu ouvido, sua voz rouca e profunda:

— Eu te amo, Luz. E nunca vou deixar você ir.

Eu olhei para ele, e vi que aqueles olhos, tão cheios de promessas e paixão, estavam dizendo a verdade. Eu estava com o homem da minha vida. E, naquela noite, tudo parecia perfeito demais para ser real.

Cada segundo parecia ser um presente, cada suspiro, um lembrete de que aquele momento era nosso, único. A lua brilhava no céu, e o som suave da música preenchia o ar com uma melodia suave, enquanto Anderson e eu continuávamos a dançar, sem pressa, sem palavras. Apenas os nossos corações se comunicando, batendo no mesmo ritmo.

Ele me observava com um olhar intenso, como se quisesse guardar aquele instante na memória para sempre. Eu podia sentir a leveza do seu toque, a confiança em sua postura. Como se ele tivesse finalmente encontrado o seu lugar, e esse lugar fosse ao meu lado. Eu só queria ser a pessoa que ele acreditava que eu fosse.

Quando a música mudou para algo mais lento, ele me puxou para mais perto, e nossos corpos se uniram em um abraço apertado. Eu sentia o calor da pele dele contra a minha, o cheiro do perfume que ele usava, a familiaridade do seu toque que me fazia sentir em casa. Era como se o mundo todo tivesse desaparecido, e só existíssemos nós dois ali, naquele espaço mágico, naquele pequeno refúgio que construímos.

Ele sussurrou meu nome, e meu coração deu um salto dentro de mim.

— Luz… — Sua voz estava suave, mas havia algo mais nela. Algo que eu não conseguia entender, mas que fazia meu corpo responder automaticamente.

Eu olhei para ele, encontrando em seus olhos um brilho que parecia mais do que apenas amor. Era algo profundo, uma necessidade, como se ele quisesse me fazer entender o quanto eu significava para ele.

— O que foi? — perguntei, tocando suavemente seu rosto, meu dedo traçando a linha do queixo dele.

— Eu estou tão feliz que você tenha dito sim… — Ele respirou fundo, como se tentasse encontrar palavras suficientes para expressar o que estava sentindo. — Mas eu preciso que você saiba, Luz. Eu não vou deixar você ir. Eu sou o homem mais sortudo do mundo por ter você ao meu lado.

Meu estômago deu um nó, e um arrepio percorreu minha espinha. Eu sabia o quanto isso significava para ele. A intensidade de suas palavras não era só uma promessa de casamento. Era uma promessa de vida. Uma promessa de amor.

Eu sorri, tocando o peito dele com a palma da mão, sentindo o coração batendo forte, assim como o meu. Sentindo que, naquele momento, tudo estava perfeitamente alinhado.

— E eu sou a mulher mais sortuda por ter você também. — Eu disse, minha voz mais suave do que pretendia.

Ele me olhou, com a testa franzida como se estivesse avaliando minhas palavras, e então me puxou para mais perto, seus lábios descendo até minha testa. O beijo foi suave, tranquilo, mas ao mesmo tempo, cheio de promessas que ainda precisávamos cumprir.

Aquela noite parecia flutuar entre os limites da realidade e do sonho. Como se o tempo estivesse se arrastando lentamente, como se cada segundo estivesse sendo guardado com o cuidado de algo precioso demais para se perder. O universo inteiro parecia ter conspirado para criar aquele momento, aquela união.

Ele me guiou até a cadeira, onde nos sentamos, e continuamos a conversar sobre o futuro, sobre os planos que faríamos juntos, sobre como imaginávamos a vida após o casamento. Ele falava sobre a casa que íamos construir, os filhos que teríamos. Mas no fundo, por mais que tudo fosse perfeito, algo dentro de mim se agitava.

Eu olhei para ele, e, sem conseguir mais esconder, perguntei:

— Anderson, você está realmente certo disso? Que somos o que o outro precisa?

Ele me olhou surpreso, mas então sorriu com suavidade.

— Eu nunca estive tão certo de algo em toda minha vida. A gente se encaixa, Luz. Eu sei disso.

Eu respirei fundo, sentindo a resposta dele me acalmar, mas não completamente. Algo ainda me incomodava, uma dúvida que não sabia de onde vinha. Mas decidi ignorá-la, por aquela noite. Afinal, tudo estava perfeito demais para questionar.

A noite estava apenas começando. Eu estava com Anderson, e tudo o que eu poderia fazer era aproveitar o que ele me oferecia, sem medo, sem mais perguntas. Porque, no fim das contas, o amor não vinha com respostas. Ele vinha com sentimentos, com momentos como aquele.

Eu apenas o beijava novamente, me entregando ao calor de seus lábios, deixando que a dúvida se perdesse no meio da felicidade que estávamos compartilhando.