O Motorista da CEO
O Motorista da CEO
Por: Laura Ivanish
Prólogo

Pablo Rodriguéz

O estrondo balança tudo ao meu redor, no mesmo instante em que abro os olhos, me sentando subitamente no sofá, sinto o suor escorrer lentamente pelo meu corpo, enquanto meu coração b**e acelerado.

Os pesadelos permanecem constantes e dormir se tornou meu martírio.

Minha cabeça está latejando e, para piorar, tem alguém quase quebrando a minha porta de tanto bater.

Me levanto e tropeço na tigela com o resto de macarrão instantâneo que está no chão. A minha sala está um lixo, vejo o resto da pizza sobre a mesinha de centro da sala e garrafas de cerveja vazias em todos os cantos.

Moro em um cubículo localizado no Bronx, o apartamento é horroroso, cheio de mofo e insetos, que parecem ter superpoderes e nada mata os malditos, mas é o que posso pagar, aliás, nem isso estou fazendo já que bebi todo o dinheiro do aluguel.

A batida agora vem mais forte, me deixando irritado, parece que o fato de não ouvir mais pelo lado esquerdo deixou meu ouvido bom mais sensível.

— Já vou, caralho! — berro, indo em direção à entrada, já pronto para mandar a merda quem estiver ali.

Abro a porta em um puxão, dando de cara com os olhos Azul s de Brenda, que me fuzilam, ela está usando uma roupa branca, que me faz pensar que ela veio direto do seu estágio.

Minha irmã conseguiu, com muito esforço, uma bolsa para cursar medicina, pelo menos alguém da família não vai ter um futuro de merda.

— Que merda você está fazendo? Não está pagando o aluguel? — pergunta arrancando o papel que estava colado na porta e empurrando-o contra meu peito com força, passando por mim e entrando.

— Aí! — reclamo, descolando o aviso impresso e lendo-o.

“Aviso de despejo.”

Eu esperava que isso acontecesse, mas não imaginei que seria tão rápido, foram só dois meses de atraso.

— Eu realmente não acredito no que estou vendo — fala olhando ao redor, com as mãos na cabeça.

O fato de ela ser baixinha faz com que Brenda fique engraçada quando está brava. Dou risada e ela vem em minha direção, acertando um murro no meu peito, ela tem um soco dolorido então esfrego o local.

— Pablo, o que eu faço com você? — pergunta.

— Não sou problema seu! — respondo, perdendo a paciência.

— Porra! Pablo, você é meu irmão, é claro que é problema meu — responde.

— O que você faz aqui?

Ela vira de costas, olhando ao redor.

— Meu Deus, Pablo, olha só isso aqui, está um lixo — fala, se abaixando e pegando a caixa de pizza que tinha acabado de pisar. — São seis horas da tarde e, pelo visto, você estava dormindo, não acredito.

— Não me respondeu ainda. — Cruzo os braços.

— Aqui está fedendo — Tampa o nariz e vem em minha direção —, meu Deus, você está fedendo! — Reviro os olhos e respiro fundo.

— Veio na minha casa para me ofender?

— Vim para ver que merda você estava fazendo, já que passei no seu trabalho e adivinha só? Você não trabalha mais lá.

Trabalhava na oficina de um velho conhecido do meu pai, até fui bem no começo, mas faltar no trabalho por estar de ressaca ou ir trabalhar bêbado fez com que eu fosse demitido e, no fundo, isso não me afeta mais, então dou de ombros.

— Qual seu problema?

— Você sabe muito bem o meu problema! — grito.

— Pablo, já faz seis anos — responde, me olhando fixamente.

— Seis anos no inferno! — torno a gritar, a fazendo encolher. Que tipo de homem eu me tornei? — Me desculpa. Você sabe que não quero que se meta na minha vida.

— É claro que vou me meter, você é meu irmão e eu amo você — fala, me fazendo baixar a guarda.

— Eu sei — respondo.

— Pablo, você está prestes a ser despejado, não conseguiu ficar nem um mês no emprego e agora a vovó...

Sinto meu sangue gelar.

— O que tem a vovó? — pergunto alarmado.

— Ela está doente, Pablo, e o que temos mal está dando para os remédios, você saberia disso se fosse nos visitar.

Eu não consigo sequer encará-los, eu sou uma vergonha, não quero que eles vejam a merda de homem que me tornei.

— O que ela tem? — questiono, sentindo um gosto amargo na boca.

— Enfisema pulmonar e, com a diabetes, tudo fica muito pior. — E agora eu me sinto um merda ainda maior ao saber que eles não estão bem e eu só estou desgraçando minha vida. — Eu ia te pedir ajuda, mas parece que você precisa mais do que nós. — Olha mais uma vez ao redor com as lágrimas escorrendo em seu rosto e eu me sinto horrível, mais ainda, se é que isso é possível. — Me dói tanto ver você assim — a voz de Brenda está embargada.

Eu perdi Clarice porque estava longe quando ela mais precisou de mim e eu não posso cometer esse erro mais uma vez, mesmo me sentindo um grande merda eu preciso tentar.

— Eu vou conseguir um emprego, vou dar um jeito — falo indo até ela e segurando seus ombros.

Por muito tempo eu não tinha tanta convicção em algo, as únicas pessoas que me restam precisam de mim.

— Volta para casa, Pablo, por favor — pede, me abraçando.

— Eu vou dar um jeito — respondo, correspondendo ao abraço.

Espero Brenda se acalmar, tentando organizar meus pensamentos, talvez eu deva voltar para a casa dos meus avós, afinal, eu estou prestes a ser despejado, mas isso significa que eu tenho que ficar longe do álcool.

Brenda está falando com alguém no telefone enquanto eu tento dar um jeito na sala, e ela tinha razão, está fedendo.

— Pablo! — Brenda grita me assustando, fazendo que eu derrube o saco com o lixo no chão.

— Hey, eu ainda tenho um ouvido bom, garota — respondo e ela ri, balançando a cabeça em negativa.

— Idiota, acho que consegui um emprego para você, mas tem uma condição. — É claro que tem. — Você vai morar com a gente! — Sabia que era isso que ela diria.

— Ok!

— Isso é um sim?

— Entenda como quiser. Onde é o emprego? Como conseguiu isso tão rápido? — pergunto desconfiado.

— A irmã de uma amiga trabalha em uma empresa de contratação e conseguiu te encaixar em uma vaga.

— Sei.

— Pablo, pelo amor de Deus, você precisa ficar nesse emprego, é uma boa grana e vai trabalhar com pessoas exigentes — me adverte.

— Isso não está me cheirando bem — verbalizo meus pensamentos.

— É um ótimo trabalho, ela vai te passar tudo por telefone. Seu número ainda é aquele? Você nunca atende...

— Não tenho telefone — respondo com a verdade, perdi meu celular há uma semana, enquanto estava chapado.

— Meu Deus, como você não tem um telefone?

— Perdi.

— E diz isso na maior naturalidade?

Dou de ombros.

— Que trabalho é esse? O que tenho que fazer? — pergunto.

— Você vai ser motorista de alguma dondoca, vou pedir para Alisson me mandar tudo, mas agora arruma suas coisas para sairmos desse chiqueiro — intima.

Eu tentaria dar uma chance para esse trabalho, mas se alguma riquinha tentasse me fazer de capacho eu daria o fora e arrumaria outra coisa.

Preciso dar um jeito na minha vida, ou pelo menos tentar, não é por mim, mas por quem ainda se importa comigo.

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