A noite estava pesada, envolta em tensão, quando Henrico bateu na porta do escritório de Enry. O som ecoou pelos corredores, carregado de urgência. Ele entrou sem esperar convite, preocupado com o estado emocional do irmão. Enry estava de pé, de costas, olhando pela janela, mas a fúria em seu corpo era palpável. Henrico sabia que qualquer movimento precipitado poderia levar a uma catástrofe.— "Ela confessou, Enry. Mas você conhece a Danika, algo não está certo aqui," — disse Henrico, tentando trazer um pouco de razão para a conversa.— "Confessou, mas por quê? Por que ela faria isso?" — Enry respondeu com uma voz sombria, sem desviar o olhar da escuridão do lado de fora.Henrico abriu a boca para responder, mas antes que pudesse, uma batida interrompeu a conversa. O guarda entrou, segurando um envelope em suas mãos. O resultado do teste.— "Senhor, o teste... confirma. As digitais de Danika estão na arma," — disse o guarda, sua voz hesitante, como se pressentisse o que viria a seguir
Enry correu para seus aposentos como se fugisse de si mesmo. Cada passo ecoava a angústia que corroía seu peito, a culpa o esmagando como uma montanha impossível de suportar. Ele havia ordenado aquilo. Havia assistido à punição de sua própria companheira, e agora o vazio o consumia por dentro. Fechou a porta atrás de si com brutalidade, as mãos trêmulas, os olhos ardendo. Sua mente repetia incansavelmente a imagem de Danika sendo chicoteada, seu corpo frágil e imóvel, suas esperanças sendo despedaçadas junto com sua carne. Ele sentiu o peso insuportável de sua decisão. "Foi escolha dela", repetia para si mesmo como um mantra, tentando se convencer de que não havia outra saída. O lobo dentro dele, que sempre rugia e o guiava com uma força primal, agora estava em silêncio, como se estivesse morrendo junto com ela. Os instintos que sempre o haviam mantido no controle estavam fracos, quase inexistentes. E então, pela primeira vez desde que assumira o trono, Enry permitiu que as lágr
Nos corredores do castelo, Henrico caminhava com passos rápidos e decididos em direção aos seus aposentos, o peso da responsabilidade o esmagando. Ele precisava pensar em uma maneira de convencer Markus a ajudar Danika. O mago era imprevisível e, após o que havia acontecido, não seria fácil trazê-lo de volta.Perdido em seus pensamentos, ele se esbarrou em Laelia, que vinha em sua direção com um olhar desdenhoso. Ao sentir o cheiro de Danika impregnado nele, Laelia não perdeu a oportunidade de provocar.— "Estava com ela, não estava?" — disse ela, a voz carregada de desprezo. — "Posso sentir o cheiro daquela imunda em você."Henrico parou abruptamente, sua paciência já desgastada. Laelia sempre soubera como irritá-lo, e agora, naquele momento crítico, ele não queria lidar com seus joguinhos.— "O que você tem a ver com isso, Laelia?" — ele respondeu friamente, seus olhos amarelos faiscando com irritação.— "Você não deveria estar ajudando ela," — continuou Laelia, o rosto distorcido p
O dia foi passando e Enry ficou em seu escritório, imerso nos trabalhos e em seus próprios pensamentos. O peso das responsabilidades parecia maior a cada minuto, especialmente com a preocupação constante que tentava afastar de sua mente: Danika. Ele se perguntava como ela estava, se sua recuperação estava sendo rápida, mas logo afastava esses pensamentos, lembrando-se da traição.Batidas na porta interromperam seu devaneio.— "Entre" — disse ele, sem levantar os olhos dos papéis à sua frente.Um dos guardas entrou, fazendo uma leve reverência.— "Com licença, senhor, os alfas da alcateia Lunares solicitaram uma reunião com o senhor. Dizem ser a respeito de um assunto urgente."Enry suspirou, visivelmente irritado. Já tinha problemas o suficiente para lidar, e a última coisa que queria era mais uma questão territorial ou política para resolver.— "Então mande que eles venham. Estou os aguardando," — respondeu secamente.O guarda assentiu e saiu rapidamente, deixando Enry novamente sozi
Enquanto esperava, a raiva ainda queimando em seu peito, Enry não conseguia afastar a sensação de que todos os problemas estavam se acumulando de uma vez só: Danika, seu lobo ausente, a pressão de Diego, e a desconfiança crescente dentro da própria alcateia. Ele precisava encontrar uma saída, antes que tudo desmoronasse. ———————————————————————————- Hilda desceu até a masmorra com passos firmes, carregando uma bandeja de comida para Danika. Embora ela estivesse um pouco melhor fisicamente, a devastação emocional ainda era visível em seu rosto. O brilho de outrora em seus olhos parecia apagado. Ao menos, os desmaios haviam cessado, mas Danika ainda parecia frágil. — "Vamos, menina, precisa comer," — disse Hilda, tentando soar gentil, mas sua voz carregava uma certa urgência. Danika olhou para a comida, o cheiro delicioso atingindo suas narinas, mas imediatamente sentiu uma sensação de náusea. Sua bile subiu e ela precisou se conter para não vomitar. — "Hilda," — murmurou Danika, c
Danika estava sozinha na cela, sentindo-se cada vez mais exausta, a mente vagando em torno de Enry. Ele nunca vinha vê-la. Ela se perguntava se a situação entre eles teria mudado para sempre. Uma pontada de angústia atravessava seu peito, enquanto o silêncio da masmorra parecia sufocá-la.Enquanto isso, Hilda percorria os corredores do castelo, determinada a encontrar Henrico. O tempo estava contra eles, e a urgência em sua mente fazia seu coração disparar. Ao virar um corredor, finalmente o avistou.— "Ahh," — suspirou Hilda, visivelmente cansada. — "Finalmente o achei o senhor. Precisamos levar o mago imediatamente até Danika."Henrico franziu a testa, confuso com a urgência de Hilda.— "O que aconteceu?" — perguntou, preocupado.Hilda respirou fundo, sua expressão mostrando uma mistura de euforia e apreensão.— "Eu... eu acho que Danika está esperando o novo herdeiro, Henrico. Acho que ela está grávida."Henrico ficou pálido, os olhos arregalados em choque. A notícia o atingiu como
Enry estava no quarto, a escuridão ao seu redor refletia os pensamentos sombrios que dominavam sua mente. Ele se sentia sobrecarregado por todos os problemas que se acumulavam: Danika, sua crescente instabilidade emocional, as tensões no castelo, e o mais perturbador de tudo, o silêncio de seu lobo. Ele entrou no banheiro e ligou o chuveiro, deixando a água gelada correr sobre seu corpo, na esperança de clarear os pensamentos e acalmar os nervos. Mas mesmo enquanto a água escorria, nada parecia aliviar a pressão crescente dentro dele. Após alguns minutos, ele desligou o chuveiro e se vestiu com uma calça de moletom. O cansaço, tanto físico quanto mental, finalmente o dominou, e ele foi para a cama. Adormeceu, mas não por muito tempo. No meio da noite, Enry acordou sobressaltado, com o coração disparado. Algo estava errado. O som de um uivo ecoava em sua mente, e ele imediatamente reconheceu: seu lobo. O som era insuportavelmente alto, quase ensurdecedor. Ele colocou as mãos na c
Enry avançou sobre Vaiolet com uma fúria incontrolável. A visão de Danika caída, desmaiada no chão, sufocada e à beira da morte, fez sua fera emergir com uma violência que ele não conseguia conter. Seus olhos brilhavam em vermelho sangue, suas garras surgiram de suas mãos, e um rosnado gutural escapou de sua garganta, ecoando pelas paredes da masmorra.Vaiolet tentou se afastar, mas não foi rápido o suficiente. Enry a agarrou pelo pescoço com uma força esmagadora, levantando-a do chão com facilidade, enquanto ela se debatia desesperadamente. O medo finalmente aparecia em seus olhos, substituindo o ódio que até então ardia neles.— "Você ousa toca-lá" — Enry gritou, sua voz cheia de uma fúria primitiva. Vaiolet tentou falar, mas seu ar foi cortado pelo aperto implacável de Enry em sua garganta. Seus olhos se arregalaram, e ela lutava para respirar, suas mãos agarrando inutilmente o braço de Enry.Sem piedade, ele a lançou contra a parede da masmorra. Vaiolet bateu contra a pedra com um