Enry correu para seus aposentos como se fugisse de si mesmo. Cada passo ecoava a angústia que corroía seu peito, a culpa o esmagando como uma montanha impossível de suportar. Ele havia ordenado aquilo. Havia assistido à punição de sua própria companheira, e agora o vazio o consumia por dentro. Fechou a porta atrás de si com brutalidade, as mãos trêmulas, os olhos ardendo. Sua mente repetia incansavelmente a imagem de Danika sendo chicoteada, seu corpo frágil e imóvel, suas esperanças sendo despedaçadas junto com sua carne. Ele sentiu o peso insuportável de sua decisão. "Foi escolha dela", repetia para si mesmo como um mantra, tentando se convencer de que não havia outra saída. O lobo dentro dele, que sempre rugia e o guiava com uma força primal, agora estava em silêncio, como se estivesse morrendo junto com ela. Os instintos que sempre o haviam mantido no controle estavam fracos, quase inexistentes. E então, pela primeira vez desde que assumira o trono, Enry permitiu que as lágr
Nos corredores do castelo, Henrico caminhava com passos rápidos e decididos em direção aos seus aposentos, o peso da responsabilidade o esmagando. Ele precisava pensar em uma maneira de convencer Markus a ajudar Danika. O mago era imprevisível e, após o que havia acontecido, não seria fácil trazê-lo de volta.Perdido em seus pensamentos, ele se esbarrou em Laelia, que vinha em sua direção com um olhar desdenhoso. Ao sentir o cheiro de Danika impregnado nele, Laelia não perdeu a oportunidade de provocar.— "Estava com ela, não estava?" — disse ela, a voz carregada de desprezo. — "Posso sentir o cheiro daquela imunda em você."Henrico parou abruptamente, sua paciência já desgastada. Laelia sempre soubera como irritá-lo, e agora, naquele momento crítico, ele não queria lidar com seus joguinhos.— "O que você tem a ver com isso, Laelia?" — ele respondeu friamente, seus olhos amarelos faiscando com irritação.— "Você não deveria estar ajudando ela," — continuou Laelia, o rosto distorcido p
O dia foi passando e Enry ficou em seu escritório, imerso nos trabalhos e em seus próprios pensamentos. O peso das responsabilidades parecia maior a cada minuto, especialmente com a preocupação constante que tentava afastar de sua mente: Danika. Ele se perguntava como ela estava, se sua recuperação estava sendo rápida, mas logo afastava esses pensamentos, lembrando-se da traição.Batidas na porta interromperam seu devaneio.— "Entre" — disse ele, sem levantar os olhos dos papéis à sua frente.Um dos guardas entrou, fazendo uma leve reverência.— "Com licença, senhor, os alfas da alcateia Lunares solicitaram uma reunião com o senhor. Dizem ser a respeito de um assunto urgente."Enry suspirou, visivelmente irritado. Já tinha problemas o suficiente para lidar, e a última coisa que queria era mais uma questão territorial ou política para resolver.— "Então mande que eles venham. Estou os aguardando," — respondeu secamente.O guarda assentiu e saiu rapidamente, deixando Enry novamente sozi
Enquanto esperava, a raiva ainda queimando em seu peito, Enry não conseguia afastar a sensação de que todos os problemas estavam se acumulando de uma vez só: Danika, seu lobo ausente, a pressão de Diego, e a desconfiança crescente dentro da própria alcateia. Ele precisava encontrar uma saída, antes que tudo desmoronasse. ———————————————————————————- Hilda desceu até a masmorra com passos firmes, carregando uma bandeja de comida para Danika. Embora ela estivesse um pouco melhor fisicamente, a devastação emocional ainda era visível em seu rosto. O brilho de outrora em seus olhos parecia apagado. Ao menos, os desmaios haviam cessado, mas Danika ainda parecia frágil. — "Vamos, menina, precisa comer," — disse Hilda, tentando soar gentil, mas sua voz carregava uma certa urgência. Danika olhou para a comida, o cheiro delicioso atingindo suas narinas, mas imediatamente sentiu uma sensação de náusea. Sua bile subiu e ela precisou se conter para não vomitar. — "Hilda," — murmurou Danika, c
Danika estava sozinha na cela, sentindo-se cada vez mais exausta, a mente vagando em torno de Enry. Ele nunca vinha vê-la. Ela se perguntava se a situação entre eles teria mudado para sempre. Uma pontada de angústia atravessava seu peito, enquanto o silêncio da masmorra parecia sufocá-la.Enquanto isso, Hilda percorria os corredores do castelo, determinada a encontrar Henrico. O tempo estava contra eles, e a urgência em sua mente fazia seu coração disparar. Ao virar um corredor, finalmente o avistou.— "Ahh," — suspirou Hilda, visivelmente cansada. — "Finalmente o achei o senhor. Precisamos levar o mago imediatamente até Danika."Henrico franziu a testa, confuso com a urgência de Hilda.— "O que aconteceu?" — perguntou, preocupado.Hilda respirou fundo, sua expressão mostrando uma mistura de euforia e apreensão.— "Eu... eu acho que Danika está esperando o novo herdeiro, Henrico. Acho que ela está grávida."Henrico ficou pálido, os olhos arregalados em choque. A notícia o atingiu como
Enry estava no quarto, a escuridão ao seu redor refletia os pensamentos sombrios que dominavam sua mente. Ele se sentia sobrecarregado por todos os problemas que se acumulavam: Danika, sua crescente instabilidade emocional, as tensões no castelo, e o mais perturbador de tudo, o silêncio de seu lobo. Ele entrou no banheiro e ligou o chuveiro, deixando a água gelada correr sobre seu corpo, na esperança de clarear os pensamentos e acalmar os nervos. Mas mesmo enquanto a água escorria, nada parecia aliviar a pressão crescente dentro dele. Após alguns minutos, ele desligou o chuveiro e se vestiu com uma calça de moletom. O cansaço, tanto físico quanto mental, finalmente o dominou, e ele foi para a cama. Adormeceu, mas não por muito tempo. No meio da noite, Enry acordou sobressaltado, com o coração disparado. Algo estava errado. O som de um uivo ecoava em sua mente, e ele imediatamente reconheceu: seu lobo. O som era insuportavelmente alto, quase ensurdecedor. Ele colocou as mãos na c
Enry avançou sobre Vaiolet com uma fúria incontrolável. A visão de Danika caída, desmaiada no chão, sufocada e à beira da morte, fez sua fera emergir com uma violência que ele não conseguia conter. Seus olhos brilhavam em vermelho sangue, suas garras surgiram de suas mãos, e um rosnado gutural escapou de sua garganta, ecoando pelas paredes da masmorra.Vaiolet tentou se afastar, mas não foi rápido o suficiente. Enry a agarrou pelo pescoço com uma força esmagadora, levantando-a do chão com facilidade, enquanto ela se debatia desesperadamente. O medo finalmente aparecia em seus olhos, substituindo o ódio que até então ardia neles.— "Você ousa toca-lá" — Enry gritou, sua voz cheia de uma fúria primitiva. Vaiolet tentou falar, mas seu ar foi cortado pelo aperto implacável de Enry em sua garganta. Seus olhos se arregalaram, e ela lutava para respirar, suas mãos agarrando inutilmente o braço de Enry.Sem piedade, ele a lançou contra a parede da masmorra. Vaiolet bateu contra a pedra com um
Enry carregava Danika com cuidado, seus braços firmes, mas seu coração acelerado. Cada respiração dela parecia mais fraca, e o pânico crescia dentro dele, misturado à fúria que ainda queimava por dentro. Subiu as escadas das masmorras rapidamente, com Henrico logo atrás, seus passos pesados ecoando pelos corredores do castelo.Eles finalmente chegaram aos aposentos de Enry. Ele deitou Danika suavemente na cama, arrumando os travesseiros para deixá-la o mais confortável possível. A tensão em seus músculos só aumentava enquanto esperava Hilda. O ar no quarto estava pesado, carregado com o medo de perder Danika.Ele se abaixou novamente, aproximando o rosto do pescoço dela. De repente, algo mudou. Um cheiro diferente atingiu seus sentidos – algo suave, reconfortante, quase doce. Enry congelou. O aroma era forte e envolvente, e ele sentiu uma onda de bem-estar atravessá-lo, como se sua fera interior estivesse satisfeita por um breve momento.Enry franziu o cenho, confuso. Esse não era o c