Três dias se passaram desde o incidente, e durante esse tempo, Enry se recuperava lentamente, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Seu corpo, ferido pela bala de prata, cicatrizava a passos lentos, mas sua alma estava em frangalhos. O silêncio em sua mente, onde seu lobo costumava rugir com força, era ensurdecedor. Ele estava desconectado de sua fera interior, e isso o devastava. Além da dor física, Enry se sentia traído, machucado, com raiva e, acima de tudo, confuso. Como aquilo poderia ter acontecido? Como Danika, sua companheira, poderia tê-lo ferido dessa forma?Durante esses dias de recuperação, Henrico e Hilda se revezaram cuidando dele, mantendo todos afastados. Enry havia dado ordens claras para que ninguém, além deles, pudesse entrar em seus aposentos. Vaiolet, especialmente, tentara várias vezes forçar sua entrada, discutindo furiosamente com os guardas do lado de fora, mas sempre sem sucesso.Agora, no quarto dia, Enry finalmente conseguiu se levantar sozinho, embora a
Enry saiu da masmorra com passos firmes, a tensão ainda marcando cada movimento seu. Determinado a não deixar a desordem em sua mente dominar, ele se dirigiu ao seu escritório. A questão que o inquietava precisava ser resolvida, e ele sabia que teria que tomar as rédeas da situação. Ao entrar em sua sala, ele se acomodou atrás da grande mesa de madeira escura, de onde sempre comandava a alcateia. Sua expressão estava dura, seu olhar frio e penetrante, e sua presença irradiava autoridade inquestionável. Ele chamou pelo general dos guardas, que logo entrou, reverente, mas também apreensivo diante do rei. Enry o observou por um momento antes de falar, sua voz profunda e controlada: — Onde está a arma que disparou a bala? — A pergunta soou como um comando, sem espaço para evasivas. O guarda engoliu em seco e respondeu com um tom respeitoso: — Está sob nossos cuidados, senhor. Enry assentiu levemente, mas seus olhos se estreitaram, como se calculasse os próximos passos. — E o
A noite estava pesada, envolta em tensão, quando Henrico bateu na porta do escritório de Enry. O som ecoou pelos corredores, carregado de urgência. Ele entrou sem esperar convite, preocupado com o estado emocional do irmão. Enry estava de pé, de costas, olhando pela janela, mas a fúria em seu corpo era palpável. Henrico sabia que qualquer movimento precipitado poderia levar a uma catástrofe.— "Ela confessou, Enry. Mas você conhece a Danika, algo não está certo aqui," — disse Henrico, tentando trazer um pouco de razão para a conversa.— "Confessou, mas por quê? Por que ela faria isso?" — Enry respondeu com uma voz sombria, sem desviar o olhar da escuridão do lado de fora.Henrico abriu a boca para responder, mas antes que pudesse, uma batida interrompeu a conversa. O guarda entrou, segurando um envelope em suas mãos. O resultado do teste.— "Senhor, o teste... confirma. As digitais de Danika estão na arma," — disse o guarda, sua voz hesitante, como se pressentisse o que viria a seguir
Enry correu para seus aposentos como se fugisse de si mesmo. Cada passo ecoava a angústia que corroía seu peito, a culpa o esmagando como uma montanha impossível de suportar. Ele havia ordenado aquilo. Havia assistido à punição de sua própria companheira, e agora o vazio o consumia por dentro. Fechou a porta atrás de si com brutalidade, as mãos trêmulas, os olhos ardendo. Sua mente repetia incansavelmente a imagem de Danika sendo chicoteada, seu corpo frágil e imóvel, suas esperanças sendo despedaçadas junto com sua carne. Ele sentiu o peso insuportável de sua decisão. "Foi escolha dela", repetia para si mesmo como um mantra, tentando se convencer de que não havia outra saída. O lobo dentro dele, que sempre rugia e o guiava com uma força primal, agora estava em silêncio, como se estivesse morrendo junto com ela. Os instintos que sempre o haviam mantido no controle estavam fracos, quase inexistentes. E então, pela primeira vez desde que assumira o trono, Enry permitiu que as lágr
Nos corredores do castelo, Henrico caminhava com passos rápidos e decididos em direção aos seus aposentos, o peso da responsabilidade o esmagando. Ele precisava pensar em uma maneira de convencer Markus a ajudar Danika. O mago era imprevisível e, após o que havia acontecido, não seria fácil trazê-lo de volta.Perdido em seus pensamentos, ele se esbarrou em Laelia, que vinha em sua direção com um olhar desdenhoso. Ao sentir o cheiro de Danika impregnado nele, Laelia não perdeu a oportunidade de provocar.— "Estava com ela, não estava?" — disse ela, a voz carregada de desprezo. — "Posso sentir o cheiro daquela imunda em você."Henrico parou abruptamente, sua paciência já desgastada. Laelia sempre soubera como irritá-lo, e agora, naquele momento crítico, ele não queria lidar com seus joguinhos.— "O que você tem a ver com isso, Laelia?" — ele respondeu friamente, seus olhos amarelos faiscando com irritação.— "Você não deveria estar ajudando ela," — continuou Laelia, o rosto distorcido p
O dia foi passando e Enry ficou em seu escritório, imerso nos trabalhos e em seus próprios pensamentos. O peso das responsabilidades parecia maior a cada minuto, especialmente com a preocupação constante que tentava afastar de sua mente: Danika. Ele se perguntava como ela estava, se sua recuperação estava sendo rápida, mas logo afastava esses pensamentos, lembrando-se da traição.Batidas na porta interromperam seu devaneio.— "Entre" — disse ele, sem levantar os olhos dos papéis à sua frente.Um dos guardas entrou, fazendo uma leve reverência.— "Com licença, senhor, os alfas da alcateia Lunares solicitaram uma reunião com o senhor. Dizem ser a respeito de um assunto urgente."Enry suspirou, visivelmente irritado. Já tinha problemas o suficiente para lidar, e a última coisa que queria era mais uma questão territorial ou política para resolver.— "Então mande que eles venham. Estou os aguardando," — respondeu secamente.O guarda assentiu e saiu rapidamente, deixando Enry novamente sozi
Enquanto esperava, a raiva ainda queimando em seu peito, Enry não conseguia afastar a sensação de que todos os problemas estavam se acumulando de uma vez só: Danika, seu lobo ausente, a pressão de Diego, e a desconfiança crescente dentro da própria alcateia. Ele precisava encontrar uma saída, antes que tudo desmoronasse. ———————————————————————————- Hilda desceu até a masmorra com passos firmes, carregando uma bandeja de comida para Danika. Embora ela estivesse um pouco melhor fisicamente, a devastação emocional ainda era visível em seu rosto. O brilho de outrora em seus olhos parecia apagado. Ao menos, os desmaios haviam cessado, mas Danika ainda parecia frágil. — "Vamos, menina, precisa comer," — disse Hilda, tentando soar gentil, mas sua voz carregava uma certa urgência. Danika olhou para a comida, o cheiro delicioso atingindo suas narinas, mas imediatamente sentiu uma sensação de náusea. Sua bile subiu e ela precisou se conter para não vomitar. — "Hilda," — murmurou Danika, c
Danika estava sozinha na cela, sentindo-se cada vez mais exausta, a mente vagando em torno de Enry. Ele nunca vinha vê-la. Ela se perguntava se a situação entre eles teria mudado para sempre. Uma pontada de angústia atravessava seu peito, enquanto o silêncio da masmorra parecia sufocá-la.Enquanto isso, Hilda percorria os corredores do castelo, determinada a encontrar Henrico. O tempo estava contra eles, e a urgência em sua mente fazia seu coração disparar. Ao virar um corredor, finalmente o avistou.— "Ahh," — suspirou Hilda, visivelmente cansada. — "Finalmente o achei o senhor. Precisamos levar o mago imediatamente até Danika."Henrico franziu a testa, confuso com a urgência de Hilda.— "O que aconteceu?" — perguntou, preocupado.Hilda respirou fundo, sua expressão mostrando uma mistura de euforia e apreensão.— "Eu... eu acho que Danika está esperando o novo herdeiro, Henrico. Acho que ela está grávida."Henrico ficou pálido, os olhos arregalados em choque. A notícia o atingiu como