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O Magnata Sombrio e a Chef de Cozinha
O Magnata Sombrio e a Chef de Cozinha
Por: Tainá Costa
Capítulo 01 - O dia que tudo desmoronou.

Carolina Smith

Algumas pessoas dizem que a vida pode mudar de um dia para o outro. Eu costumava achar isso um exagero... até aquele dia. Tudo começou como uma manhã comum, a mesma rotina de sempre. Acordei com o som irritante do alarme, tomei um café apressado e saí para o trabalho. Nada fora do normal. Até que foi.

Assim que pisei no escritório, o clima parecia estranho, pesado. Algo me dizia que aquele não seria um dia fácil. Passei direto pela recepção, tentando ignorar a sensação de que algo estava prestes a desmoronar. Não demorou muito para que eu fosse chamada à sala do gerente. Quando ouvi meu nome sendo chamado, meu estômago se revirou.

— Carolina, pode entrar. — disse ele, com um sorriso tenso.

A porta se fechou atrás de mim, e eu soube. Antes mesmo de ele começar a falar, eu sabia o que viria. Desculpas vagas, explicações sobre a economia e cortes orçamentários. Palavras que, por mais que tentassem suavizar o golpe, não conseguiam esconder a verdade: eu estava demitida.

Saí do escritório meio anestesiada, tentando absorver o impacto. Desempregada. O que eu faria agora? Fui até a minha mesa e comecei a organizar minhas coisas, as pessoas vinham até mim em busca de passar um certo conforto, mas no momento eu só conseguia pensar no que faria da minha vida agora. Peguei a caixa com minhas coisas e me despedi de todos, ouvir frases como “Você vai conseguir algo melhor”, “Estou torcendo por você”. Será que vou conseguir algo melhor mesmo?

Enquanto caminhava pelas ruas, sentindo o vento frio bater no rosto, a única coisa que pensei foi em Daniel. Eu precisava vê-lo. Ele sempre conseguia me acalmar, me fazer sentir que tudo ficaria bem. Ou, pelo menos, era assim que costumava ser.

Cheguei ao apartamento dele com a esperança de que aquele dia não pudesse piorar, de que ele me daria o conforto que eu precisava. Mas o olhar que ele me deu quando abri a porta foi diferente, distante. Algo estava errado.

— Carolina, precisamos conversar.

Essas palavras. Tão clichês, mas carregadas de um peso que eu não estava pronta para enfrentar. Sentamos no sofá, e, enquanto ele falava sobre como as coisas entre nós não estavam mais funcionando, eu mal conseguia ouvir. Era como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta. Ele continuou, falando sobre precisar de espaço, sobre como éramos diferentes agora. E eu só pensava em como meu mundo estava desmoronando, peça por peça, sem que eu tivesse controle de nada.

Quando ele terminou, eu não consegui reagir. Apenas me levantei, dei um sorriso forçado e saí. Não havia o que dizer. E no fundo, talvez ele estivesse certo. Nossa relação já estava apagada há meses, e só agora eu me dava conta disso.

Voltei para casa sem saber muito bem o que pensar. Queria me jogar no sofá, esquecer de tudo por alguns minutos e deixar o tempo passar. Mas, ao chegar na porta do meu apartamento, encontrei um envelope preso na maçaneta. Um frio percorreu minha espinha enquanto o abria.

Aviso de despejo.

Claro! Porque esse dia ainda não tinha sido ruim o suficiente…

Dois meses de aluguel atrasado e, agora, eu tinha uma semana para sair. Não havia mais como ignorar a situação. O emprego que eu mal conseguia manter, o relacionamento que eu insistia em arrastar... tudo estava acabando de uma vez só.

Entrei no apartamento, que de repente parecia muito mais vazio, me joguei no sofá do pequeno apartamento. A carta de despejo estava ali, jogada na mesa de centro, como um lembrete cruel de que minha vida estava completamente fora de controle. Olhei para o teto, tentando imaginar como consertaria tudo, mas minha mente estava em branco. Eu estava prestes a pegar o celular para me distrair, quando ele começou a tocar.

O nome na tela não era familiar. Provavelmente, mais uma dessas ligações que eu costumava ignorar, mas algo me fez atender.

— Alô? — minha voz saiu mais fraca do que eu esperava.

— Boa tarde, Carolina Smith? Falo da agência de intercâmbio Alliance. Você tem um momento para conversar?

Por um segundo, fiquei em silêncio, sem saber como responder. Intercâmbio? O que eles querem comigo?

— Sim, sou eu... Pode falar.

— Estamos entrando em contato para informá-la que você foi selecionada para uma bolsa de estudos em Paris. O curso é de gastronomia, e a vaga inclui todos os custos pagos, inclusive a acomodação no campus da faculdade, durante três meses.

Minha respiração ficou presa na garganta. Paris? Era algum tipo de brincadeira?

— Desculpe, acho que... tem algum engano. — Gaguejei. — Eu não me inscrevi em nenhum programa de intercâmbio recentemente.

A mulher do outro lado da linha soltou uma risadinha suave. — Na verdade, você se inscreveu sim, alguns anos atrás. Parece que a bolsa acabou de ser liberada, e, ao revisarmos os arquivos, seu perfil foi selecionado. Temos aqui sua inscrição para um curso de gastronomia, e vemos que mencionou seu sonho de estudar em Paris.

Paris. Meu coração disparou. Como eu poderia ter esquecido? Quando era mais jovem, eu vivia falando sobre isso. O sonho de estudar gastronomia na França, de andar pelas ruas de Paris, me perder em cada café, provar cada prato típico. Por anos, esse desejo foi o que me motivou. Fiz cursos, devorei livros de culinária e até aprendi francês por conta própria. Hoje, eu falava a língua com fluência, mas com o tempo, o sonho foi sendo engolido pelas dificuldades da vida.

E agora, do nada, essa chance estava bem diante de mim.

— Você ainda está aí, Carolina?

— Sim, estou! — respondi, me endireitando no sofá. — É só... isso parece bom demais para ser verdade.

— Entendo que seja inesperado. Você terá três meses de curso em uma das melhores faculdades de gastronomia de Paris, com tudo pago. A única coisa que precisa fazer é organizar a sua viagem. Nós cuidaremos do restante.

Por um segundo, me permiti imaginar. O aroma dos pães quentinhos pelas padarias, o sabor dos vinhos... as luzes da cidade à noite. E, acima de tudo, a chance de recomeçar. Um novo começo, uma oportunidade que eu jamais imaginei que voltaria a ter.

— Então... eu não pagaria nada? Nem a moradia?

— Nada. A bolsa cobre todas as suas despesas. Você vai morar no campus, que fica bem no centro da cidade. E o curso é intensivo, três meses que podem mudar a sua vida.

Três meses. Exatamente o tempo que eu precisava para me afastar do caos que minha vida tinha se tornado e, talvez, encontrar algo novo. Era como se o destino estivesse me oferecendo uma saída, uma chance para recomeçar. Eu sabia que o sonho de estudar gastronomia em Paris sempre esteve lá, quieto, escondido sob as camadas de frustração e das lutas diárias. Desde criança, sonhava em viver aquele mundo. Não só aprender a arte de cozinhar, mas viver a cultura, a tradição, tudo o que Paris tinha a oferecer.

De fato, aprendi francês aos poucos, quando ainda era uma adolescente cheia de esperanças. Passei anos praticando e, de tanto estudar, me tornei fluente, esperando que, um dia, essa habilidade me levasse para a França. E agora... agora era real.

— Então, Carolina, podemos contar com sua resposta?

Olhei em volta. O apartamento vazio. A carta de despejo. O fim do meu relacionamento. Aquele dia havia me tirado tudo, mas talvez fosse porque algo muito maior estava por vir.

— Sim! — respondi, sentindo um sorriso tímido se formar em meus lábios. — Eu aceito.

— Ótimo! Vamos enviar todos os detalhes por e-mail. Você tem um mês para se organizar. Nos falamos em breve!

Desliguei o telefone e fiquei ali, sentada no sofá, segurando o celular com força. Paris. Eu iria para Paris. Finalmente, aquele sonho, o que parecia tão distante, estava ao meu alcance.

Deixei a cabeça cair para trás, ainda incrédula. Uma nova vida estava prestes a começar.

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