Carolina SmithDeixei o restaurante ao final do turno com uma mistura de sentimentos que parecia difícil de decifrar. A presença inesperada de Ethan havia despertado lembranças que eu pensava estar enterradas no passado. Mesmo com tantas dúvidas sobre meu futuro e meu relacionamento com Louis, o reencontro com Ethan adicionou ainda mais camadas a essa confusão que eu sentia.Era final da tarde, e o clima em Paris estava agradável, com uma leve brisa que balançava as folhas das árvores. Decidi não voltar diretamente para casa. Sentia uma necessidade de clarear a mente, e nada melhor do que fazer isso em uma das minhas cafeterias favoritas, próxima à Torre Eiffel. Caminhei pelas ruas da cidade, observando os turistas que se maravilhavam com cada canto de Paris. A cidade tinha esse jeito mágico de encantar qualquer um, inclusive a mim.Cheguei à cafeteria, pedi um cappuccino e um croissant, e me sentei em uma mesa do lado de fora, de onde podia avistar a torre ao longe. Paris estava viva
Louis BeumontO silêncio dela era como uma sombra que se estendia pelo carro. Carolina estava sentada ao meu lado, olhando para a janela, mas claramente perdida em pensamentos. Eu mantinha uma das mãos no volante, tentando não olhar para ela diretamente. Respeitei aquele momento de introspecção, mas a verdade é que o silêncio dela estava começando a me incomodar.Não era o silêncio habitual de cansaço ou relaxamento. Era outro tipo, um silêncio carregado de algo que eu não conseguia decifrar. E, pior ainda, na minha mente, eu não parava de pensar no que meu soldado havia me dito mais cedo. Coloquei dois para cuidarem dela a distância, mas não esperava pela notícia."— Senhor, vimos a senhorita Smith em uma cafeteria próxima à Torre Eiffel. Ela estava acompanhada de um homem."Aquela frase ficou ecoando na minha cabeça. Quem era ele? Um amigo? Alguém do curso dela? Ou algo mais? A ideia de que Carolina pudesse estar com outro homem, rindo e conversando como fazia comigo, era suficiente
Carolina SmithEu estava deitada no tapete da sala do apartamento da Jenifer, sentindo as fibras ásperas contra minha pele enquanto olhava para o teto. A luz amarelada do abajur deixava o ambiente acolhedor, mas minha mente estava um caos. Jenifer estava no sofá, com as pernas cruzadas e uma taça de vinho na mão, me observando com aquele olhar analítico de melhor amiga que sempre sabia mais do que eu estava disposta a admitir.— Certo, amiga. Chega de silêncio, me fala o que você pensa em fazer. — ela disse, interrompendo o silêncio que havia pairado entre nós por alguns minutos.Suspirei, fechando os olhos por um momento antes de abrir.— Eu não sei o que fazer, Jen. — Minha voz saiu baixa, quase como um desabafo. — Eu amo o Louis, mas... tenho tanto medo do que o futuro pode trazer pra gente.Jenifer não respondeu imediatamente. Ela deu um gole no vinho, me dando espaço para continuar.— É tudo tão intenso, sabe? Ele é maravilhoso, mas o mundo dele... Não sei se eu consigo lidar com
Louis BeaumontA noite em Paris estava perfeita para um jantar a dois. As luzes da cidade iluminavam as ruas com aquele charme inconfundível, e o ar fresco carregava consigo uma tranquilidade que parecia ser feita sob medida para momentos como este. Estacionei o carro em frente ao restaurante que acabara de abrir e desci rapidamente para abrir a porta para Carolina. Ela desceu com um sorriso tímido, mas seus olhos ainda estavam distantes, como se algo pesado estivesse ocupando sua mente.O restaurante estava lotado, como esperado, mas a reserva que eu havia feito garantiu uma mesa perfeita: próxima à janela, com uma vista incrível da rua iluminada. Caminhamos pelo salão até a nossa mesa, e eu percebi como ela olhava ao redor, observando cada detalhe do lugar. Carolina sempre teve um olhar crítico para essas coisas, e era fascinante ver como ela absorvia tudo.Puxei a cadeira para ela e me sentei em seguida. Assim que o garçom se aproximou, pedi duas taças de vinho.— Você escolhe os pr
Carolina SmithEu estava no quarto de Louis, que agora também era meu, com a mala aberta sobre a cama, tentando decidir quais roupas levar para uma viagem de uma semana. Ele havia me dito que eu precisaria arrumar tudo para sete dias, mas, como de costume, não deu mais detalhes. Isso era tão típico dele: enigmático, misterioso, mas sempre com um brilho travesso nos olhos que me fazia confiar que tudo seria perfeito.Enquanto dobrava uma blusa leve e a colocava na mala, meu olhar caiu sobre o celular na mesinha ao lado da cama. Ele ali me lembrou da ligação importante que eu fizera dois dias atrás. Lembrar disso trouxe um sorriso ao meu rosto.Dois dias atrás, liguei para o professor Pierre, confirmando que aceitaria a extensão do curso. Ele ficou tão feliz que parecia querer saltar pelo telefone. Falou sobre os detalhes da bolsa, os estágios em restaurantes renomados, os desafios e as possibilidades que aquilo traria para minha carreira. Quando a ligação terminou, eu estava com o cora
Louis BeaumontO pouso na Filadélfia foi tranquilo, mas minha mente estava inquieta. Não era comum para mim sentir algo tão próximo da ansiedade, mas ali estava eu, a quilômetros de casa, entrando em território desconhecido, com uma única certeza: queria que tudo fosse perfeito para Carolina.Ao sairmos do jatinho, um carro preto já nos esperava, exatamente como eu havia planejado. O motorista entregou as chaves para mim, e eu acenei em agradecimento antes de abrir a porta para Carolina. Ela parecia nervosa e animada ao mesmo tempo, e isso me fazia sorrir. Ela tinha esse jeito adorável de reagir às coisas, que sempre me surpreendia.Assim que nos acomodamos no carro, liguei o motor e esperei que ela me passasse o endereço.— Fica no bairro de Chestnut Hill. Vou te guiando — disse ela, enquanto ajustava o cinto.Conduzi pelas ruas da cidade seguindo suas orientações. Filadélfia era diferente de Paris, mas carregava um charme próprio. As ruas largas, o estilo das casas, as árvores que m
Carolina SmithO relógio na cozinha marcava pouco mais de seis da manhã quando desci as escadas com minha mala, tentando fazer o mínimo de barulho possível. O aroma de café recém-passado preenchia o ar, indicando que minha mãe já estava acordada. Não demorou muito para que ela aparecesse na sala, sorrindo com aquele olhar meio triste de despedida que sempre dava quando eu precisava partir.— Tem certeza de que não quer ficar mais alguns dias? — perguntou ela, com uma xícara de café em mãos.Sorri, caminhando até ela e a abraçando.— Eu adoraria, mas o curso me espera. E Louis também.Ela suspirou, apertando-me nos braços.— Só não esqueça que aqui sempre será sua casa, não importa onde você esteja.— Eu sei, mãe.Meu pai surgiu logo depois, coçando a barba e com a mesma expressão saudosa. Ele não era de muitas palavras em momentos como esse, mas o abraço apertado que me deu foi o suficiente para transmitir tudo o que sentia.Louis apareceu em seguida, carregando nossas malas com aquel
Carolina SmithO aroma irresistível de ervas frescas, alho dourando no azeite e molhos encorpados dominava o ar, criando uma sinfonia olfativa que parecia convidar cada cliente a se demorar mais um pouco. As conversas animadas misturavam-se ao som suave de talheres encontrando porcelana, enquanto risadas discretas ecoavam pelas paredes de pedra claras, carregando o charme parisiense. Meu restaurante não estava apenas cheio; estava pulsando de vida. Era como se cada canto, cada mesa, carregasse um pedaço do meu sonho, agora realizado.Hoje era a inauguração do Le Petit Rêve, meu restaurante em Paris. Um nome que traduzia toda a trajetória que me trouxe até aqui: um pequeno sonho, gestado em silêncio, que agora tinha tomado uma forma grandiosa. Olhei ao redor, absorvendo cada detalhe do salão elegantemente decorado. As luminárias douradas pendiam como gotas de luz, lançando reflexos quentes sobre as mesas de madeira refinada. As cadeiras de veludo azul marinho contrastavam perfeitamente