Louis BeaumontO pouso na Filadélfia foi tranquilo, mas minha mente estava inquieta. Não era comum para mim sentir algo tão próximo da ansiedade, mas ali estava eu, a quilômetros de casa, entrando em território desconhecido, com uma única certeza: queria que tudo fosse perfeito para Carolina.Ao sairmos do jatinho, um carro preto já nos esperava, exatamente como eu havia planejado. O motorista entregou as chaves para mim, e eu acenei em agradecimento antes de abrir a porta para Carolina. Ela parecia nervosa e animada ao mesmo tempo, e isso me fazia sorrir. Ela tinha esse jeito adorável de reagir às coisas, que sempre me surpreendia.Assim que nos acomodamos no carro, liguei o motor e esperei que ela me passasse o endereço.— Fica no bairro de Chestnut Hill. Vou te guiando — disse ela, enquanto ajustava o cinto.Conduzi pelas ruas da cidade seguindo suas orientações. Filadélfia era diferente de Paris, mas carregava um charme próprio. As ruas largas, o estilo das casas, as árvores que m
Carolina SmithO relógio na cozinha marcava pouco mais de seis da manhã quando desci as escadas com minha mala, tentando fazer o mínimo de barulho possível. O aroma de café recém-passado preenchia o ar, indicando que minha mãe já estava acordada. Não demorou muito para que ela aparecesse na sala, sorrindo com aquele olhar meio triste de despedida que sempre dava quando eu precisava partir.— Tem certeza de que não quer ficar mais alguns dias? — perguntou ela, com uma xícara de café em mãos.Sorri, caminhando até ela e a abraçando.— Eu adoraria, mas o curso me espera. E Louis também.Ela suspirou, apertando-me nos braços.— Só não esqueça que aqui sempre será sua casa, não importa onde você esteja.— Eu sei, mãe.Meu pai surgiu logo depois, coçando a barba e com a mesma expressão saudosa. Ele não era de muitas palavras em momentos como esse, mas o abraço apertado que me deu foi o suficiente para transmitir tudo o que sentia.Louis apareceu em seguida, carregando nossas malas com aquel
Carolina SmithO aroma irresistível de ervas frescas, alho dourando no azeite e molhos encorpados dominava o ar, criando uma sinfonia olfativa que parecia convidar cada cliente a se demorar mais um pouco. As conversas animadas misturavam-se ao som suave de talheres encontrando porcelana, enquanto risadas discretas ecoavam pelas paredes de pedra claras, carregando o charme parisiense. Meu restaurante não estava apenas cheio; estava pulsando de vida. Era como se cada canto, cada mesa, carregasse um pedaço do meu sonho, agora realizado.Hoje era a inauguração do Le Petit Rêve, meu restaurante em Paris. Um nome que traduzia toda a trajetória que me trouxe até aqui: um pequeno sonho, gestado em silêncio, que agora tinha tomado uma forma grandiosa. Olhei ao redor, absorvendo cada detalhe do salão elegantemente decorado. As luminárias douradas pendiam como gotas de luz, lançando reflexos quentes sobre as mesas de madeira refinada. As cadeiras de veludo azul marinho contrastavam perfeitamente
Carolina SmithAlgumas pessoas dizem que a vida pode mudar de um dia para o outro. Eu costumava achar isso um exagero... até aquele dia. Tudo começou como uma manhã comum, a mesma rotina de sempre. Acordei com o som irritante do alarme, tomei um café apressado e saí para o trabalho. Nada fora do normal. Até que foi.Assim que pisei no escritório, o clima parecia estranho, pesado. Algo me dizia que aquele não seria um dia fácil. Passei direto pela recepção, tentando ignorar a sensação de que algo estava prestes a desmoronar. Não demorou muito para que eu fosse chamada à sala do gerente. Quando ouvi meu nome sendo chamado, meu estômago se revirou.— Carolina, pode entrar. — disse ele, com um sorriso tenso.A porta se fechou atrás de mim, e eu soube. Antes mesmo de ele começar a falar, eu sabia o que viria. Desculpas vagas, explicações sobre a economia e cortes orçamentários. Palavras que, por mais que tentassem suavizar o golpe, não conseguiam esconder a verdade: eu estava demitida.Saí
Carolina Smith No dia seguinte à notícia que mudaria completamente minha vida, a ficha ainda não havia caído por completo. Estava em Paris – não literalmente, mas tão perto que já podia imaginar. Após um dia inteiro de devaneios sobre a cidade que tanto sonhei, sabia que era hora de contar aos meus pais sobre a mudança repentina nos meus planos. Eles mereciam saber.Respirei fundo e disquei o número da minha mãe. Não tinha falado nada sobre o que aconteceu no último dia, então essa seria uma conversa longa.— Oi, filha! Que surpresa boa, como você está? — Minha mãe atendeu com a animação de sempre, sem fazer ideia da bomba que estava prestes a receber.— Oi, mãe. Eu... estou bem agora, mas tenho algumas novidades para te contar. Senta, porque é muita coisa.— Ah, meu Deus, o que houve?Suspirei. — Fui demitida do meu emprego anteontem, terminei com o Daniel e ainda fui despejada do apartamento.Do outro lado da linha, o silêncio foi imediato. Minha mãe, sempre tão prestativa e protet
Carolina Smith Acordei com o sol entrando pela janela, iluminando meu quarto de uma forma que parecia mágica. Era o dia da minha viagem para Paris. O tempo passou tão rápido que mal consegui acreditar que finalmente estava prestes a embarcar. A adrenalina misturada com uma pitada de nervosismo me acompanhou enquanto eu me vestia. Escolhi uma roupa confortável: um jeans leve, uma blusa branca e uma jaqueta de couro que eu sabia que daria um toque europeu ao meu visual.Chegando ao aeroporto, a atmosfera estava repleta de movimentação. O som das malas sendo arrastadas, os anúncios das partidas e chegadas, e o cheiro de café fresco deixavam tudo mais emocionante. Meus pais estavam ao meu lado, com sorrisos nervosos. Eu podia ver o orgulho nos olhos deles, mas também um toque de preocupação.— Mãe, está tudo bem — eu disse, tentando confortá-la. — Eu vou ficar bem.— Eu sei, querida. É só que, você sabe, é uma nova fase, e estamos tão felizes por você — ela me abraçou com força, e eu sen
Louis BeaumontMeus passos ecoavam pelo piso de mármore enquanto eu avançava em direção ao elevador, cada batida dos sapatos refletia o peso que sentia no peito. Ao entrar, me deparei com Alexandre, que estava casualmente encostado em um canto, segurando uma pasta. Ele me olhou de soslaio, os lábios se curvando em um sorriso de provocação.— Que cara é essa? Parece até que caiu da cama essa noite — meu amigo riu, mas o som logo morreu quando cruzei seu olhar. Frio. A tensão entre nós tornou-se palpável.— Se eu fosse você, ficaria quieto até que eu saísse deste elevador — murmurei, a voz carregada de ameaça. Alexandre levantou as mãos em rendição, o sorriso se desvanecendo, como se finalmente tivesse entendido a gravidade do momento.Eu sentia a veia na minha testa latejar, como um tambor que ecoava na minha cabeça, aumentando o desconforto. Meu pai havia me ligado poucos minutos antes, com uma notícia que eu preferia nunca ter recebido. Na próxima semana, ele me anunciaria como o nov
Carolina SmithHoje faz exatamente uma semana desde que cheguei em Paris, e, apesar de todas as mudanças e dos imprevistos que caíram no meu colo, eu estava gostando do rumo que as coisas estavam tomando. A rotina ainda era novidade: manhãs de aulas intensas de gastronomia, tardes no trabalho para garantir minha permanência aqui e, à noite, a chance de caminhar pela cidade como se eu fosse parte dela.Hoje não era diferente, saí da faculdade e fui direto para o restaurante, pronta para mais uma tarde de correria. Assim que cheguei, notei que o ambiente estava mais agitado que o normal. Os chefs conversavam rápido, os garçons entravam e saíam da cozinha em um ritmo frenético, e senti que algo importante estava para acontecer.— Carolina! — chamou minha chefe, Camille, ao me ver.Ela era uma mulher elegante, com uma postura firme, mas um jeito direto e justo de tratar a equipe. Sorri ao me aproximar, mas percebi pela expressão dela que tinha algo a mais ali.— Hoje à noite teremos um gr