Carolina Smith
Acordei com o sol entrando pela janela, iluminando meu quarto de uma forma que parecia mágica. Era o dia da minha viagem para Paris. O tempo passou tão rápido que mal consegui acreditar que finalmente estava prestes a embarcar. A adrenalina misturada com uma pitada de nervosismo me acompanhou enquanto eu me vestia. Escolhi uma roupa confortável: um jeans leve, uma blusa branca e uma jaqueta de couro que eu sabia que daria um toque europeu ao meu visual. Chegando ao aeroporto, a atmosfera estava repleta de movimentação. O som das malas sendo arrastadas, os anúncios das partidas e chegadas, e o cheiro de café fresco deixavam tudo mais emocionante. Meus pais estavam ao meu lado, com sorrisos nervosos. Eu podia ver o orgulho nos olhos deles, mas também um toque de preocupação. — Mãe, está tudo bem — eu disse, tentando confortá-la. — Eu vou ficar bem. — Eu sei, querida. É só que, você sabe, é uma nova fase, e estamos tão felizes por você — ela me abraçou com força, e eu senti suas lágrimas quentes em meu ombro. Meu pai, sempre mais contido, colocou a mão em meu ombro. — Estamos aqui, sempre que você precisar — ele disse, a voz um pouco embargada. — E você pode nos ligar a qualquer momento. Depois de me despedir deles, meu coração disparou ao olhar para o portão de embarque. A ideia de deixar tudo para trás e começar do zero em uma cidade que sempre sonhei me fazia sentir como se estivesse prestes a saltar de um penhasco, mas com um paraquedas que eu sabia que funcionaria. Era uma mistura de emoção e medo que me fazia sentir viva. Passei pela segurança, meus pés batendo no chão frio do aeroporto, enquanto seguia para o portão de embarque. Em alguns minutos, eu estaria a caminho de uma nova vida. Olhei para trás, vendo meus pais se afastarem, ainda acenando e sorrindo. Eles eram minha base, meu porto seguro, e agora eu estava prestes a navegar em águas desconhecidas. Enquanto esperava pelo embarque, aproveitei para pensar no que estava por vir. Paris. O nome da cidade ressoava em minha mente como uma melodia suave. Era o lugar onde eu poderia finalmente realizar meu sonho de estudar gastronomia, onde a culinária e a arte se entrelaçavam em cada esquina. Pensei nas aulas que me esperavam, nas experiências que iria viver e nas pessoas que encontraria. Será que eu faria amigos? Pensei em todas as coisas que queria fazer. Caminhar pelas ruas de paralelepípedos, perder-me nas pequenas boulangeries, experimentar cada croissant e macarons que encontrasse. Queria explorar o Louvre, ver a Torre Eiffel de perto e, claro, experimentar a verdadeira culinária francesa. E, mais importante, queria me redescobrir. Depois de tantos altos e baixos, era hora de me permitir ser feliz, de me libertar do peso do passado. O embarque foi anunciado, e meu coração disparou mais uma vez. Era hora de entrar no avião. Respirei fundo, passei a mão pelo cabelo e me dirigi para a entrada, meus passos firmes. Assim que coloquei os pés na aeronave, um frio na barriga me acometeu, mas era diferente. Era uma mistura de ansiedade e empolgação, como se eu estivesse prestes a embarcar na melhor aventura da minha vida. Enquanto o avião taxava na pista, eu olhei pela janela e vi o aeroporto se afastando. O cenário se tornava menor, e eu estava prestes a cruzar o oceano em direção ao desconhecido. Fechei os olhos por um momento e, em meu coração, fiz um pedido: que essa nova jornada me trouxesse não apenas experiências, mas também a coragem de me permitir viver intensamente cada instante. Embarquei naquela aventura, determinada a fazer de Paris o meu novo lar e a me permitir sonhar novamente. O futuro era incerto, mas estava pronta para enfrentar tudo o que viesse pela frente. O voo foi longo, mas, assim que o avião começou a descer, uma onda de excitação me tomou. Olhei pela janela e vi as nuvens se dissiparem, revelando uma vista deslumbrante de Paris. A cidade estava envolta por um véu de luz dourada, e eu mal podia esperar para pisar naquela terra que sempre sonhei. Quando finalmente aterrissamos, o coração acelerou com a adrenalina. Após passar pela imigração e pegar minha mala, procurei pela mulher da agência de intercâmbio que deveria me encontrar. Quando a avistei, acenei animada. Ela era uma mulher simpática, com um sorriso caloroso e um sotaque francês que me fez sentir um pouco mais em casa. — Bonjour, Carolina! Sou Sophie, da agência. Estou aqui para te ajudar a se instalar — ela disse, segurando uma placa com meu nome. — Bonjour, Sophie! Estou tão animada! — respondi, tentando controlar a excitação na minha voz. Entramos em um carro que nos esperava, e logo estávamos a caminho da faculdade. Enquanto dirigíamos, não conseguia deixar de olhar pela janela, absorvendo cada detalhe da cidade. As ruas de paralelepípedos, as fachadas antigas dos prédios, as árvores alinhadas ao longo das avenidas. Paris estava viva, e a atmosfera era elétrica. Sophie apontava para alguns pontos turísticos enquanto dirigía. — Ali está o Arco do Triunfo! E você verá a Torre Eiffel logo mais à frente. Eu só conseguia sorrir, maravilhada. Cada esquina parecia contar uma história, e eu mal podia esperar para fazer parte delas. Após alguns minutos, chegamos à faculdade. Era um prédio imponente, com uma arquitetura clássica que refletia a rica história da cidade. Sophie me conduziu até a recepção, onde assinei alguns papéis. A cada assinatura, sentia-me um pouco mais próxima do meu novo futuro. — Aqui está o seu horário de aulas — Sophie disse, entregando-me um envelope. — Você terá aulas de culinária, francês e algumas disciplinas práticas. — Obrigada! — respondi, ansiosa para começar. Ela então me entregou a chave do meu quarto. — Agora vamos levar suas coisas até lá. Subimos as escadas e, ao abrir a porta do meu quarto, uma mistura de emoções me invadiu. Era simples, mas tinha tudo o que eu precisava. Uma cama de solteiro coberta por um lençol branco, um pequeno frigobar no canto, uma mesa de estudos iluminada pela luz que entrava pela janela e um guarda-roupa para guardar minhas roupas. O banheiro, embora pequeno, tinha o básico e parecia acolhedor. — É um bom espaço para você se instalar — Sophie comentou, observando minha reação. — Lembre-se de que aqui será seu lar pelos próximos meses. Faça o melhor disso. — Eu vou fazer! — eu prometi, já imaginando como poderia personalizar o espaço com fotos e pequenas lembranças. Depois de um momento para absorver tudo, Sophie me deu algumas dicas sobre a faculdade e sobre a cidade. Fui ouvindo tudo atentamente, tentando gravar cada informação. — Agora, você pode se instalar e, se quiser, podemos sair para comer algo — sugeriu Sophie. — Seria ótimo! Estou morrendo de fome — admiti, com um sorriso. — Vamos explorar um pouco antes de você começar as aulas! E assim, saímos para as ruas de Paris. O sol estava começando a se pôr, lançando uma luz dourada sobre a cidade. Enquanto caminhava ao lado de Sophie, uma sensação de expectativa se instalou em meu peito. Paris era mais do que eu havia imaginado, e eu estava pronta para mergulhar de cabeça nesta nova aventura. A vida estava prestes a começar, e eu estava mais do que preparada para aproveitá-la ao máximo. Enquanto caminhávamos pelas ruas de Paris, o aroma de pães frescos e café preenchia o ar. Sophie sugeriu que parássemos em um restaurante charmoso com mesas ao ar livre, onde as pessoas desfrutavam do calor do fim de tarde. — Que tal aqui? — ela perguntou, apontando para um bistrô acolhedor, com toldos listrados e flores coloridas decorando as mesas. — Perfeito! — respondi, sorrindo. Entramos e escolhemos uma mesa perto da janela. O cardápio era recheado de pratos deliciosos, e logo Sophie me perguntou: — Você tem planos de trabalhar aqui enquanto estuda? — Eu gostaria muito — admiti. — Preciso de uma renda extra. Sophie acenou, satisfeita. — A agência oferece algumas oportunidades. Aliás, tem um restaurante que está precisando de garçonetes. Se você estiver interessada, posso fazer a ponte. Meu coração pulou de animação. — Eu adoraria! Isso seria perfeito. Trabalhar em um restaurante em Paris seria uma ótima experiência, principalmente para o curso. — Ótimo! — Sophie disse, pegando seu celular para anotar as informações. — Vou entrar em contato com o gerente e te passar os detalhes. Eles estão procurando alguém que comece logo, então será uma boa chance. Enquanto esperávamos nossos pratos, não pude deixar de pensar em como tudo estava se encaixando. Paris, o intercâmbio, a oportunidade de trabalhar em um restaurante… era exatamente o que eu precisava. — Obrigada por me ajudar, Sophie — falei, sentindo-me grata. — É para isso que estou aqui! — ela respondeu com um sorriso, e em seus olhos havia um brilho de cumplicidade. Nossos pratos chegaram, e ao dar a primeira garfada, percebi que a comida era tão deliciosa quanto eu imaginava. Enquanto saboreávamos os pratos, falávamos sobre nossos planos e sonhos. A energia era contagiante, e eu sabia que esta era apenas a primeira de muitas aventuras que eu teria em Paris.Louis BeaumontMeus passos ecoavam pelo piso de mármore enquanto eu avançava em direção ao elevador, cada batida dos sapatos refletia o peso que sentia no peito. Ao entrar, me deparei com Alexandre, que estava casualmente encostado em um canto, segurando uma pasta. Ele me olhou de soslaio, os lábios se curvando em um sorriso de provocação.— Que cara é essa? Parece até que caiu da cama essa noite — meu amigo riu, mas o som logo morreu quando cruzei seu olhar. Frio. A tensão entre nós tornou-se palpável.— Se eu fosse você, ficaria quieto até que eu saísse deste elevador — murmurei, a voz carregada de ameaça. Alexandre levantou as mãos em rendição, o sorriso se desvanecendo, como se finalmente tivesse entendido a gravidade do momento.Eu sentia a veia na minha testa latejar, como um tambor que ecoava na minha cabeça, aumentando o desconforto. Meu pai havia me ligado poucos minutos antes, com uma notícia que eu preferia nunca ter recebido. Na próxima semana, ele me anunciaria como o nov
Carolina SmithHoje faz exatamente uma semana desde que cheguei em Paris, e, apesar de todas as mudanças e dos imprevistos que caíram no meu colo, eu estava gostando do rumo que as coisas estavam tomando. A rotina ainda era novidade: manhãs de aulas intensas de gastronomia, tardes no trabalho para garantir minha permanência aqui e, à noite, a chance de caminhar pela cidade como se eu fosse parte dela.Hoje não era diferente, saí da faculdade e fui direto para o restaurante, pronta para mais uma tarde de correria. Assim que cheguei, notei que o ambiente estava mais agitado que o normal. Os chefs conversavam rápido, os garçons entravam e saíam da cozinha em um ritmo frenético, e senti que algo importante estava para acontecer.— Carolina! — chamou minha chefe, Camille, ao me ver.Ela era uma mulher elegante, com uma postura firme, mas um jeito direto e justo de tratar a equipe. Sorri ao me aproximar, mas percebi pela expressão dela que tinha algo a mais ali.— Hoje à noite teremos um gr
Louis Beaumont Não posso dizer que estou entusiasmado para essa festa. Pelo contrário. Esses eventos são uma perda de tempo, mas eles parecem sempre encontrar um motivo para uma celebração. Hoje, a desculpa é “a chegada de um novo líder”. Mal sabem eles que a única coisa que estou assumindo é uma fachada. Eu sei o que está por trás dessa festa e o que esperam de mim. Só que eu não vim aqui para agradar ninguém.Respiro fundo e entro no salão, escondendo o aborrecimento com um sorriso. Cumprimento rostos conhecidos e aperto mãos com o máximo de entusiasmo que consigo fingir. Para a maioria aqui, essa é uma noite de negócios e alianças, mas, para mim, é apenas um jogo de aparências.Enquanto caminho pelo salão, um rosto no meio da multidão me faz parar. Ela está em pé, segurando uma bandeja, e, pela primeira vez na noite, meu sorriso não é falso. Ela é... impressionante. Loira, com um coque elegante, maquiagem sutil e um vestido que parece feito para ela. A postura impecável, mas os ol
Carolina Smith Depois do discurso dele, eu me peguei pensando demais naquilo. O jeito como Louis me olhou... não era só um olhar de quem analisa uma pessoa no meio de uma multidão. Havia algo ali, uma intensidade que fez um friozinho percorrer minha espinha. Confesso que não esperava, e muito menos conseguia entender por que estava me sentindo tão... inquieta.Balancei a cabeça, tentando tirar aquilo da mente. Logo Camille apareceu ao meu lado, com um olhar sério.— Carolina, preciso que vá até a cozinha buscar algumas bandejas de petiscos. Temos várias mesas para servir — disse ela, me apressando.— Claro! Já estou indo.Segui até a cozinha, coloquei as bandejas nas mãos e respirei fundo antes de voltar para o salão. O evento estava em pleno vapor, as pessoas pareciam cada vez mais à vontade, conversando, rindo e enchendo os copos. Fui de mesa em mesa, oferecendo as entradas, e de vez em quando recebia um elogio pela aparência ou um sorriso simpático. Apesar de tudo, o trabalho era
Carolina Smith Sábado de manhã em Paris. Acordei com o sol já brilhando forte lá fora, iluminando o quarto de um jeito que só um dia quente prometia fazer. Depois do evento de ontem, com toda aquela correria e tensão, hoje eu só queria um tempo para mim, passear pela cidade e me sentir realmente aqui, de verdade, como se Paris fosse minha.Levantei-me e fui direto para o banho, sentindo a água morna relaxar meus músculos cansados. Lavei o cabelo com calma, aproveitando o momento de paz e tentando afastar as lembranças da noite passada, principalmente, de certo sorriso cafajeste que insistia em aparecer na minha mente. Saí do banho e me sequei devagar, escolhendo um vestido leve e fresco que combinava perfeitamente com o clima quente lá fora. Era uma peça confortável, solta, com um tom de azul suave que me deixava ainda mais animada para o dia.Coloquei alguns acessórios delicados e deixei o cabelo solto, ainda com aquele aroma refrescante de shampoo. Olhei no espelho e sorri, gostand
Carolina Smith Depois de uma manhã cheia de compras e passeios, caminhamos pelas ruas, aproveitando o charme de Paris e rindo das nossas próprias piadas. O calor estava leve, e o clima perfeito para um almoço em um dos muitos bistrôs da cidade. Jenifer me levou a um restaurante bem famoso, daqueles que tem sempre uma fila de espera e onde as pessoas fazem questão de ser vistas, mas com um toque despretensioso que a tornava ainda mais especial.Quando entramos, o lugar estava elegante e cheio de energia. Jenifer falou animadamente sobre o menu, enquanto eu olhava ao redor, maravilhada. O ambiente era moderno, mas com aquele charme parisiense clássico, e as mesas de fora eram perfeitas para o tipo de dia que estávamos tendo. Foi então que, ao passar pelo salão principal, eu reconheci uma silhueta familiar — Louis.Ele estava em uma mesa no canto, bem no centro do restaurante, com um homem ao seu lado, e um sorriso genuíno no rosto, parecia bem próximo do homem que estava com ele, e ele
Carolina SmithA animação estava estampada no rosto de Jenifer enquanto ela vasculhava o guarda-roupa, tentando escolher um vestido que combinasse com o tema do luau. Já eu, sentada na cama dela com uma toalha enrolada nos cabelos ainda molhados do banho, não conseguia evitar um sorriso. Era bom sentir isso de novo. Amizade, cumplicidade. Fazia tempo que eu não tinha uma amiga tão próxima, e Jenifer parecia determinada a compensar os anos de distância.— O que acha desse? — perguntou ela, segurando um vestido leve, branco, com detalhes em renda.— Perfeito para você — respondi. — É fresco e combina com o tema da festa.Jenifer sorriu satisfeita e o colocou sobre a cama antes de voltar para a busca, agora em uma pilha de acessórios. Enquanto ela se concentrava, eu me levantei para abrir a bolsa que havia trazido e tirei meu vestido. Era simples, mas bonito: em um tom de azul-claro, com alças finas e o comprimento ideal para uma festa descontraída. Ao prová-lo, percebi que havia feito a
Carolina Smith Depois de dançar por um bom tempo e terminar minha bebida, percebi que precisava ir ao banheiro. Avisei Jenifer, que acenou distraída, entretida demais conversando com alguém que havia acabado de conhecer.O caminho até o banheiro era um pouco afastado, e as luzes mais baixas da área davam um ar mais reservado ao ambiente. Estava quase alcançando a porta quando senti uma presença atrás de mim. Antes que eu pudesse me virar completamente, ouvi uma voz baixa e rouca que já reconhecia:— Fugindo da festa ou só precisando de um momento longe de toda aquela agitação?Eu me virei, e lá estava ele. Louis Beaumont, com aquele sorriso meio inclinado que fazia meu estômago dar voltas. Ele estava próximo, talvez mais perto do que o necessário, e seu olhar, como sempre, parecia me ler completamente.— Acho que não devo explicações para você, devo? — retruquei, tentando soar confiante, mas sentindo minha voz trair a leve ansiedade que a proximidade dele causava.Ele arqueou uma sob