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Capítulo 2. A Incerteza

Tinha que pensar seriamente na vida, arrumar um meio de poder se sustentar por conta própria, conseguir um trabalho e um local adequado para morar. Ser independente era uma questão que jamais pensará que iria ter que encarar tão cedo. Dependia de seus pais em tudo. Nunca pensei que enfrentaria o mundo desconhecido tão cedo, ainda mais sem dinheiro, sem estabilidade de um teto sobre a minha cabeça. Não tinha parentes conhecidos que pudessem ajudá-la. O único que conhecia era seu primo Dirceu que era órfão e seu pai o recolheu ainda menino. Cresceram como irmãos, mas não podia ser um peso para ele nesse momento, tão difícil para todos. Tinha que conseguir um trabalho logo. E sabia que o Bispo da paróquia não aceitaria sua permanência junto a seu primo na casa paroquial porque ambos eram solteiros. O Bispo, até sugeriu que ela fosse para um convento. Mary tinha acabado de completar 18 anos um mês antes do falecimento de seu pai e tinha o sonho de se casar e ter filhos como toda moça decente do Condado. E agora estava muito encrencada como iria pagar um aluguel se tivesse que ir embora do Vilarejo. Dirceu naquela tarde recebeu uma carta do Bispo, apesar dele saber a situação que Mary se encontrava e não ter dito nada, ela sabia que teria que ir embora da Casa Paroquial.

___ Para onde eu vou? 

Londres estava fora de cogitação, era muito longe do vilarejo e raramente tinha ido a Capital, não conhecia ninguém que pudesse hospedá-la, mesmo que por poucos dias e tinha o fator dinheiro, não tinha o suficiente para poder se manter e pagar a passagem. Mary tentou algumas lojas do Vilarejo apesar de todos quererem ajudar, eles não tinham dinheiro para poder contratá-la, se o fizessem ela seria mais um fardo do que uma solução. Poderia dar aulas aos pequenos, mas seus pais não tinham dinheiro para pagar. Sua mãe sempre dizia que se ela rezasse com fé Deus atenderia suas preces, mas até o momento suas preces tinham sido rejeitadas, ela não enxergava uma luz no fim do túnel. Apesar de ser bem instruída, não tinha diploma de professora. Mary lembrou saudosa de seu cavalo que morreu há quatro anos. Se ele tivesse vivo poderia ir até outro Vilarejo com mais recursos e tentar conseguir emprego e um lugar para ficar. Tinha que começar a arrumar a mala, não tinha muito o que levar, tinha alguns vestidos seus e outros de sua mãe. Tinha consciência que precisava se vestir bem para poder arrumar um trabalho. Por isso levaria também as vestes de sua mãe já pensando em economizar. Mary era uma moça muito bonita, seus cabelos eram de um dourado único, seus olhos grandes e verdes cristalinos e sua boca pequena dava um toque todo delicado em suas feições. Como seus pais não costumavam frequentar festas dos paroquianos, poucas pessoas perceberam que a pequena Mary era agora uma linda mulher. Muitos rapazes a olhavam, pois era uma das moças mais bonitas do Vilarejo. Talvez até mesmo do Condado. Poderia arrumar trabalhar como empregada doméstica. Mas a ideia de morar em casa de pessoas estranhas a assustava. Sabia que seus pais se virariam no túmulo por ela ter tido esse pensamento. Sua mãe nasceu em uma família de projeção social na Cidade de Londres. Mas sua família ficou muito desgostosa, por ela ter se apaixonado por um Pastor. Sua mãe disse a Mary que seu pai era o homem mais bonito que ela já tinha visto e ambos se apaixonaram um pelo outro, à primeira vista assim que se viram no culto da Igreja. Ela ia ao culto somente para vê-lo. E um dia ele tomou a iniciativa e convidou para irem juntos a um batismo na paróquia vizinha. Confessou que ela era a moça mais linda entre todas e que estava apaixonado. Em poucos dias se casaram com o protesto de seus pais. Mas que nunca se arrependeu, pois tinha encontrado o verdadeiro amor. Seus pais eram as pessoas mais felizes que conhecia na vida e às vezes achavam que eles se esqueciam dela por desejarem sempre estarem juntos até na morte um foi ao encontro do outro. Mary estava sozinha e sua tristeza dava vazão às lágrimas que escorriam pelo seu rosto neste momento. Mas o fato de se sentir deixada de lado não significava que eles não a amassem. Ambos a amavam muito. Assim como Mary os amava. Mas esse amor todo no final não adiantava nada, ela agora se sentia a mais solitária de todas as criaturas. Sentou-se automaticamente na poltrona atrás da escrivaninha de seu pai e pegou a pensar no que fazer pedindo conselhos a seu pai dizendo o que a atormentava naquele momento.

___ O que posso fazer papai? Onde devo ir e a quem devo pedir ajuda?

No momento não tenho dinheiro nem para ir ao Vilarejo mais próximo. E sem chance de ir a Londres onde poderia talvez conseguir um bom trabalho. Como não ouviu nenhum conselho, um estalo ocorreu e ela pensou no Conde sua propriedades tinha várias casas desocupadas tanto de empregados como de veraneio. Ela poderia falar com o Conde e oferecer seu trabalho em troca de moradia e comida. Assim ambos poderia conseguir o que precisava, uma vez que sabia que o Conde não tinha empregados sobre seu comando. Lógico, ela teria que ter muita coragem para oferecer seus serviços em troca de moradia e comida. Dirceu entrou mancando e com a perna em carne viva reclamando de dor. Ele passou pelas terras do Conde para ir a um paroquiano que estava enfermo, querendo oração. No caminho de volta choveu ele buscou abrigo em uma caverna como ventava muito, ele entrou mais para dentro da caverna e caiu em um buraco machucando sua perna. Do lado esquerdo de onde se encontrava ferido, encontrou um pequeno baú com o brasão do Conde cheio de barra de ouro. Trouxe para casa. Mas ao deparar com o olhar da prima em reprovação, ficou arrependido de ter pensado em ficar com o ouro, uma vez que poderia ajudar muitas pessoas.

___ Sim, ajudaria muitas pessoas, mas o dinheiro não é seu e o Conde também está precisando. Pensa assim, se você for honesto e devolver ao verdadeiro dono, todos no Vilarejo serão recompensados, porque com esse Tesouro o Conde poderá recuperar a propriedade dele, dar emprego às pessoas. E assim todos se beneficiariam.

Dirceu pensou e concordou. Mary disse a ele o que estava querendo fazer com o baú do Tesouro do Conde, com certeza conseguiria o trabalho que precisava e a moradia. Após a conversa com o primo, Mary se ocupou em fazer um curativo na perna do primo que gritava de dor.

___ Amanhã tenho que sair cedo para ir à Mansão do Conde entregar seu tesouro!

Sabendo que seu primo Dirceu não iria poder acompanhá-la.

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