Mary levantou bem cedo e preparou o café da manhã para seu primo. Fez outro curativo, certificando-se de que seu ferimento estava com um aspecto bem melhor. Avisou ao curandeiro do Vilarejo para vir visitar seu primo em sua ausência para fazer-lhe os curativos. Terminou de arrumar a mala que iria levar, assim não precisaria voltar. Se preparou para a longa caminhada até a Mansão do Conde. Se iniciasse imediatamente sua caminhada à Mansão, calculava que chegaria mais ou menos ao entardecer. Pensou em pedir o cavalo do primo, achou melhor deixar com ele, que se encontrava machucado. Sua bagagem não era pesada, o que pesava mais era o Baú com o tesouro do Conde. Enrolou bem uma manta em torno do Baú para não chamar atenção, se preocupando com sua segurança, nunca se sabe qual a intenção do próximo. Colocou o baú bem no meio de sua mala e os vestidos distribuídos em sua volta, assim seria mais fácil carregar. E não ocuparia as duas mãos. Arrumou algo para comer no caminho e colocou água em uma garrafa para levar em sua caminhada. Despediu-se de seu primo, que desejou boa sorte a ela, e partiu rumo à Mansão do Conde. A esperança de que o Conde a ajudaria era tanta que não ponderou que estava saindo da Casa Paroquial rumo ao desconhecido. E que não teria como voltar para casa se o Conde não quisesse contratar seus serviços. Mary, munida de toda coragem e honestidade, pediria a benevolência do Conde a seu favor e seria eternamente grata se ele a ajudasse. Ao chegar aos arredores da Mansão, sentiu o perfume das flores que nasciam naquela floresta, que a enchia de esperança. Seu perfume inebriava encantadoramente, deixando um cheiro mágico no ar. Pássaros cantavam, lhe dando boas-vindas. O festival de cores era tão magnífico que achava que sua ida à Mansão era a mais acertada para garantir seu futuro. Chegou a um imenso portão que ostentava o brasão do Conde, uma cruz vermelha com uma meia-lua prateada no centro da Cruz Vermelha, e achou o brasão lindo. Foi até o portão e o empurrou somente o suficiente para que ela conseguisse entrar com sua mala. Ficou um pouco receosa de encontrar algum animal por perto. Ela tinha medo de animais domésticos que não conhecia. O jardim da mansão se encontrava totalmente abandonado, com ervas daninhas por todo lado, apesar das flores enfeitarem todo aquele caos. Se o Conde a contratasse, ela teria muito trabalho a fazer. Seus dias seriam bem ocupados. A fachada da Mansão era magnífica, mas perdera muito de seu esplendor esperando por uma reforma e pintura. Dava para notar que era uma construção muito resistente, mesmo com todo aquele abandono, que permanecia em pé, ostentando sua oponência. Ao chegar à entrada da Mansão, encontrou a porta entreaberta e entrou chamando para chamar a atenção do Conde com a esperança de que ele a atendesse. Notou que o rol de entrada estava em péssimo estado, como a sala que se seguia ao interior da Mansão. Esperou por mais de meia hora e ninguém apareceu, fazendo com que Mary achasse que a casa estava abandonada. Temerosa e sabendo que teria que passar a noite na Mansão, sozinha, caminhou até o centro do solário e analisou toda aquela decadência. O local estava empoeirado, com papel de parede, velhos desgastados e rasgados em vários locais se encontravam pendurados. O sofá estava com alguns furos e rasgados na lateral. Mary começou a ter falta de ar devido à quantidade de poeira no local. Para espirrar, era questão de pouco tempo. Já com a certeza de que não havia ninguém morando na Mansão. E que teria que pernoitar sozinha na Mansão, porque o sol estava se pondo. Sem dúvida, a Mansão precisava de uma boa reforma e o Conde precisava de alguém para cuidar de tudo, mesmo que fosse apenas uma pessoa. A Mansão era lindíssima se não tivesse sido negligenciada durante tantos anos. Seria a Mansão mais linda que Mary já viu na vida. Era mais bonita do que muitas Mansões que viu ao visitar Londres quando era criança. Mary aproveitou que não tinha ninguém e começou a explorar o local, já pensando em encontrar algum lugar onde pudesse descansar e também comer alguma coisa. Mary tinha resolvido não parar no caminho para almoçar, porque queria chegar logo a seu destino, receosa de que o Conde se recolhesse cedo. Os habitantes do Vilarejo não se interessavam em ir até a Mansão porque não havia trabalho para eles. Muitos pais de família iam para Condados um pouco distantes que tinham nobres que os empregavam. Mary amava o campo e o caminho até a Mansão a acalmou e fez renascer uma esperança. Ao virar em um corredor, se deparou com uma porta gigantesca e a abriu, mas notou que o local era limpo e arejado. Seu coração disparou. O Conde vive ali, ela pensou. Mal teve tempo de se recompor do susto e um magnífico homem bem vestido caminhou em sua direção com um olhar magnético de um profundo azul, um corpo escultural e bem definido com roupas da última moda londrina que já havia visto em algumas revistas que sua mãe assinava para ficar bem informada sobre o que ocorria na sociedade. Tudo nele era pura elegância, até mesmo seu andar, e o contraste imediato com a decadência que ela viu na entrada da Mansão não combinava. Essa parte da mansão não era igual, estava tudo muito bem cuidado. Duvidava que, mesmo nas revistas, tivesse visto um homem tão bonito como este. Suas pernas tremeram com sua aproximação, seu corpo todo tremia e seu coração batia descompassadamente em um ritmo alucinante, até mesmo ela ouvia suas batidas.
___ Milady, em que posso ajudar? Lançando um sorriso irresistível. ___Desculpe, Milorde, minha invasão, chamei, mas tudo do outro lado está bem diferente do que encontrei desse lado; pensei que não morava mais ninguém na Mansão. O Conde olhou para a mala dela e perguntou. ___E por isso invadiu? ___Não vim lhe devolver algo que é seu por direito. ___Não pense mal de mim, por gentileza! ___Entre, vamos conversar. O conde convidou-a, intrigado sobre o que essa linda moça tinha para lhe entregar e que era do direito dele receber. ___ Onofre, leve a mala da Milady para o quarto de hóspedes na Ala Sul. ___Não precisa, Milorde, eu posso ficar em qualquer canto. Não quero incomodar. ___Já é tarde e não vou deixar uma linda moça como você ficar ao relento. Se está aqui, aceite minha hospitalidade. ___Obrigada, mas eu vim pedir emprego ao senhor, por isso acho que as acomodações dos empregados estejam boas para mim. ___Não, ficará no quarto de hóspedes. O mordomo Onofre caminhou para pegar a mala de sua mão. Mary pediu para esperar um pouco, abriu a mala e retirou um objeto enrolado em uma manta muito bonita, bordada em cores vivas. A expectativa do Conde era grande e fazia tempo que não se divertia tanto. Mas ficou sério, observando aquela linda moça que visivelmente estava desconcertada com toda aquela situação.O Conde ficou curioso com o objeto embrulhado em uma manta com bordados coloridos que Mary segurava firmemente em suas mãos. E começou a observar sentado de sua confortável poltrona. Era uma moça bem vestida para os padrões locais, muito bonita e se expressava bem, tinha traquejo social. Sua beleza natural deixaria muitas beldades de Londres com inveja. Tinha a pele clara, mas não pálida, olhos de um verde cristalino que ele nunca verá igual, sua boca era carnuda, mas pequena, um convite para beijar, seus cabelos dourados eram bem tratados e bem penteados, emoldurando um rosto muito bonito e delicado. Ele mesmo o repreendeu, mas tinha que admitir que ela o atraiu no momento em que a viu e sua reação a ele fez seu lobo enlouquecer de desejo. Onofre era seu, faz tudo na Mansão no momento. Era também seu Beta. Ele se aproximou, tentando descobrir o que o Conde pretendia com aquela ingênua e jovem humana, e recebeu uma ordem direta. ___ Onofre poderia servir o jantar. E nos deixe sozinho
Mary levantou e se sentiu um pouco zonza e culpou o vinho, que não estava acostumada a tomar. Olhou para o Conde e percebeu que ele continuava a analisar as barras de ouro com escritas em relevo. Agora que tinha cumprido com sua obrigação e entregue o Tesouro ao Conde, percebeu que estava cansada e que queria se recolher. Fez um pequeno barulho, chamando a atenção do Conde. E agradeceu. ___Obrigada pelo delicioso jantar, mas se não se importar, gostaria de me recolher. O Conde levantou e ofereceu seu braço para que Mary o segurasse. ___Eu que agradeço, há muito tempo não tenho um jantar tão agradável na companhia de uma dama tão linda. Deu seu melhor sorriso. Mary ficou com as pernas ainda mais bambas diante de um homem tão magnífico e bonito. ___Quero lhe fazer um convite. ___ Gostaria que ficasse aqui na Mansão, por quanto tempo quiser ou precisar. Essa Mansão é gigante e cabe nos dois. E também será bom ter com quem conversar. E depois tê-la aqui comigo é o mínimo que posso
O Conde Asta estava em seu escritório lendo um manuscrito antigo que falava sobre as Runas dos Lobisomens. Tesouro lendário desejado pelas maiores alcateias da terra. Suas descrições levariam a encontrar o tesouro mais cobiçado por todas as alcateias da Terra. A localização do Shangrilã dos Lobisomens com o Tesouro mais cobiçado, o amuleto da Lua, que permitia ao Lobisomem que o possuísse se transformar, quando quisesse, até mesmo na lua cheia. Mary havia trazido para ele o mais cobiçado dos tesouros dos lobisomens, muitos matariam para tê-lo, ainda bem que os humanos ignoravam seu valor. Agora precisava encontrar com o primo da Mary e fazê-lo prometer, lógico que com uma boa doação para a Igreja, que não revelasse a mais ninguém sobre o Tesouro, para não atrair forasteiros às terras dele, buscando por ouro. Tenho certeza de que ele vai concordar. Caso sentisse que não, ele poderia visitar um paroquiano e não voltar mais. Esperava não ter que chegar a esse desfecho. Não queria ver Mary
Mary agradeceu a Deus pelo fato do Conde não ter nem demonstrado alguma perturbação pelo ocorrido referente ao beijo da noite anterior. Assim, ela teria a possibilidade de corrigir qualquer ofensa a ele. E poder ficar na Mansão em sua companhia e ajudar no escritório. Sem falar que passear por esses jardins nessa parte da Mansão era muito agradável. Mary não estava acostumada com luxo, mas desde que levantou essa manhã naquele quarto deslumbrante e aconchegante, luxuoso e deparou-se com aquele imenso banheiro luxuoso, percebeu que o Conde foi muito generoso com ela. Onofre entrou trazendo pratos deliciosos e dessa vez serviu suco de fruta como bebida de acompanhamento, que por sinal estava delicioso. A fruta cítrica escolhida para o suco combinava perfeitamente com os pratos servidos. De sobremesa, um doce de pêssego com creme branco. ___Mary, você acha que seu primo guardaria segredo sobre o Tesouro? ___Sim, ele sabe que se falar poderá atrair ladrões para cá e será discreto, não v
___Você não acha que já foi muito generoso comigo? Estou acostumada com pouco, não preciso de tudo isso. Mary disse humildemente. ___Você não tem ideia do valor do tesouro que trouxe para mim, tudo que eu te der ainda será pouco. Por isso, não acho que estou sendo generoso o suficiente. O Conde disse. ___Mas o tesouro era seu, não fiz mais que minha obrigação em devolver. Mary comentou. ___Um dia vou te contar a importância desse tesouro e você vai entender o porquê sou tão grato a você. O conde comentou. ___Aceite, porque se não aceitar, vou ficar ofendido. O Conde disse, usando um tom brincalhão. ___Está bem, mas prometa que não vai exagerar, realmente não preciso de muito, só de um teto e comida. E já me deu tantas coisas. Mary disse. ___Vamos dar uma volta pelo jardim. O Conde convidou. Ruborizada, Mary aceitou, acenando com a cabeça. Andaram em silêncio, de vez em quando paravam para admirar uma flor e voltaram para a Mansão depois de uma hora andando com Mary sorrindo de o
___Pode sim, somente eu e a Mary sabemos do tesouro e, quando olhei na caverna, não achei mais nada. Dirceu respondeu. ___Mary me informou da dificuldade dos habitantes em arrumar trabalho. Encontrei uma solução, mas quero que marque uma reunião com o ancião mais velho do Viralejo, que Mary disse se chamar Túlio. Você o conhece? O Conde perguntou. ___Sim, ele trabalhou muitos anos para seu tio, sabe muitas coisas sobre esse Condado. Dirceu disse. ___Poderia marcar para mim um encontro com ele? Depois, dependendo da resposta dele, vou marcar uma reunião com a população do Vilarejo e espero poder contar com você para me ajudar. O conde disse: ___Disponha, estou às suas ordens. Dirceu respondeu. O Conde levantou, foi até a escrivaninha e pegou um saco de moeda de ouro. Voltou e entregou a Dirceu. Eu sei que a igreja precisa, espero que aceite, é o mínimo que posso fazer depois de ter me devolvido o tesouro. Obrigado. ___Dirceu sorriu nervoso. E muito dinheiro o senhor não precisa p
___Estamos indo rápido demais, há somente dois dias que nos conhecemos. O que as pessoas vão falar de nós. Eu te amo desde o momento em que te vi. Mas não quero ficar mal falada no Vilarejo. Me prometa que esse sentimento vai ficar somente entre nós. Que somente quando nos sentimos preparados vamos falar para os outros. ___Sim, Mary, você tem toda a razão, nosso amor aconteceu no momento em que nos vimos. Eu senti que havia encontrado a pessoa que sempre busquei. À medida que a gente se conhecia, eu entendi que a queria mais e mais. Meu lado possessivo já achava que tinha muita sorte em tê-la encontrado. Eu tenho a sensação de que a conheço há muitos e muitos anos. Prometo que iremos mais devagar e que assim que a Mansão estiver toda recuperada, a gente se casa. ___Mary, ainda apreensiva, queria saber mais. E sua família, será que vai aceitar que eu sou uma plebeia e sem riqueza alguma, além de minha honra e honestidade e o grande amor que sinto por você? ___E toda a riqueza de q
Mary ficou feliz por conhecer mais trabalhadores e ficou sabendo que não os via devido ao grande volume de trabalho e porque tinha pouco tempo que ela chegou à Mansão. Percebeu, feliz, que seu primo estava tranquilo ao descobrir que Mary não estava sozinha com o Conde na Mansão. Como o conde o fez pensar. Mary também achava que era somente ela e o Conde, mas os criados que conhecia, Onofre e Ofélia, se enganaram. Eram pessoas agradáveis e trabalhadoras, sentiu-se muito feliz porque iria contribuir com eles para que a Mansão fosse recuperada. Dirceu notou que o Arquiteto Robert Solly era muito renomado e requisitado pelas maiores fortunas mundiais, era o que as revistas diziam sobre ele. Deduziu que o Conde poderia ser uma dessas fortunas. E ficou sem graça o que ele disse do Tesouro, que era importante não pelo valor, mas pelo significado que tinha para sua família. Não se arrependeu de ter devolvido o saco de moedas de ouro, valiam bem mais que aquele Tesouro. Era tanto dinheiro que