O Conde ficou curioso com o objeto embrulhado em uma manta com bordados coloridos que Mary segurava firmemente em suas mãos. E começou a observar sentado de sua confortável poltrona. Era uma moça bem vestida para os padrões locais, muito bonita e se expressava bem, tinha traquejo social. Sua beleza natural deixaria muitas beldades de Londres com inveja. Tinha a pele clara, mas não pálida, olhos de um verde cristalino que ele nunca verá igual, sua boca era carnuda, mas pequena, um convite para beijar, seus cabelos dourados eram bem tratados e bem penteados, emoldurando um rosto muito bonito e delicado. Ele mesmo o repreendeu, mas tinha que admitir que ela o atraiu no momento em que a viu e sua reação a ele fez seu lobo enlouquecer de desejo.
Onofre era seu, faz tudo na Mansão no momento. Era também seu Beta. Ele se aproximou, tentando descobrir o que o Conde pretendia com aquela ingênua e jovem humana, e recebeu uma ordem direta. ___ Onofre poderia servir o jantar. E nos deixe sozinhos. ___Sim, Milorde. ___Milady, espero que me acompanhe no jantar. Depois veremos isso. Apontou para o objeto embrulhado com a manta colorida. ___ Deixe-o em cima dessa mesa. Mary o acompanhou até uma varanda que dava acesso a um lindo jardim bem cuidado. E estava disposta uma mesa para duas pessoas. Assim que se sentaram, Onofre apareceu trazendo o primeiro prato, que estava com uma aparência apetitosa. Mary ficou constrangida, o Conde parecia que queria devorá-la com os olhos. Mas tentava disfarçar ao máximo. Onofre serviu a Mary e ao Conde um prato de cordeiro assado com legumes regado a molho de coalhada e hortelã. E serviu um vinho doce delicioso. Por estar perto do Conde, ficou com vergonha de recusar o vinho por não ter o hábito de tomar bebida alcoólica. Tentou não tomar muito do vinho, mas a comida estava tão deliciosa e o vinho também. O conde puxou assuntos sobre o vilarejo e seus habitantes e disse que tinha curiosidade de ir ao Vilarejo, mas nunca foi desde que chegou, andou ocupado com a Mansão e tinha muitas coisas para fazer no local. Seu tio não cuidou muito do Condado como um todo. ___Mary concordou. Mas disse que não poderia condená-lo. Sem dinheiro, não há muita coisa a fazer. ___O Conde concordou. E ficou curioso para saber como ela sabia que seu tio não tinha dinheiro. ___Eu mesmo nunca o conheci. Mas os mais velhos do Vilarejo comentavam que o Conde anterior mandou todos embora por não ter dinheiro para pagá-los. ___ Qual é o seu nome? Conde perguntou. ___ Mary Tiley ___ Conde Asta Chancellor, muito prazer. E estendeu a mão para ela, que ao pegá-la, uma eletricidade subiu pela sua perna e foi deixando-a toda arrepiada. Um pouco mais relaxada pelo vinho tomado, a conversa entre o Conde e Mary seguiu. O Conde confessou que não gostava de ser chamado por títulos, preferia que Mary o chamasse pelo seu nome, Asta. O Conde perguntou por que ela precisava de trabalho, se ela demonstrava ser uma pessoa bem relacionada. Mary explicou o que aconteceu com seus pais. E como era difícil conseguir trabalho próximo. Os habitantes do Vilarejo se encontravam muito pobres. A ponto dela mesmo não conseguir um trabalho no Vilarejo, a única saída era pedir trabalho na Mansão, mesmo que o Conde não tivesse como pagá-la. Ela trocaria o trabalho por um local para ficar e comida, até conseguir se estabilizar no Vilarejo. O Conde ouviu calado todo o relato e seu lobo implorou para ele aceitar tão ingênua oferta. ___ O que é aquele objeto que você protegeu tanto com aquela manta colorida? O Conde perguntou, curioso. Nesse momento, o Onofre entrou para servir uma sobremesa de frutas deliciosas. Perguntou se precisávamos de mais alguma coisa e comunicou ao Conde que iria se recolher junto com sua esposa. O Conde concordou. E Onofre partiu. ___Mary ficou apreensiva, porque ela entendeu que havia dois funcionários na Mansão. E ficou triste, não seria contratada. O conde a observou, tentando entender por que ela ficou tão triste de repente. Mary levantou os olhos e se deparou com o Conde a observando e ficou ruborizada de vergonha. Talvez tenha sido o excesso de vinho que ela tomou. ___ E o objeto? O Conde perguntou. ___ Mary suspirou e explicou o que aconteceu com seu primo Dirceu e como eles decidiram devolver o Tesouro do Conde, uma vez que não lhe pertencia de direito, pois entendia que o Conde também precisava de dinheiro. Seu lobo uivou de felicidade. Em Londres, jamais encontraria uma dama que chegue aos pés de Mary, honesta, humilde, bonita e generosa. Em vez de pensar nela, que precisava tanto, pensou nele, que tinha muito dinheiro. A ponto de ter que se isolar neste lugar para não ser perseguido por damas inescrupulosas. Realmente, encontrar uma dama como Mary era muito raro nestes dias. Por isso, de agora em diante, Mary era somente sua e de mais ninguém. Ela seria sua companheira. Seu lobo concordou perfeitamente com ele. Mary se levantou, foi até a mesa e retirou a manta que estava protegendo o Baú e levou o baú para o Conde Asta. O Conde viu seu Brasão no Baú, entendendo por que ela achou que pertencia a ele. Abriu curioso para saber o que tinha dentro e visualizou algo surpreendente: era mesmo um tesouro, mas o seu significado era maior do que Mary supunha. ___Mary, poderia me levar à caverna onde encontrou esse Baú? ___Acho que posso, meu primo fez esse mapa para localizar bem o local. Pediu para te entregar. Um sorriso radiante se formou nos lábios do Conde. Mary voltou a tremer novamente diante daquele homem magnífico. ___ Seu primo faz o que no Vilarejo? O conde perguntou. ___Ele é Pastor, sucessor do meu pai. Mary respondeu. __Seu pai era o Pastor anterior do Vilarejo? Acho que eu o conheci quando cheguei neste Condado. Era um bom homem, sinto muito por sua perda. Mary agradeceu. E reparou que o Conde não ligou para a quantidade de ouro no baú, ele quis saber onde foi encontrado. O Conde pegou uma barra de ouro onde Mary percebeu que tinha uns símbolos em relevo e quis saber o que significava, mas ficou com vergonha de perguntar.Mary levantou e se sentiu um pouco zonza e culpou o vinho, que não estava acostumada a tomar. Olhou para o Conde e percebeu que ele continuava a analisar as barras de ouro com escritas em relevo. Agora que tinha cumprido com sua obrigação e entregue o Tesouro ao Conde, percebeu que estava cansada e que queria se recolher. Fez um pequeno barulho, chamando a atenção do Conde. E agradeceu. ___Obrigada pelo delicioso jantar, mas se não se importar, gostaria de me recolher. O Conde levantou e ofereceu seu braço para que Mary o segurasse. ___Eu que agradeço, há muito tempo não tenho um jantar tão agradável na companhia de uma dama tão linda. Deu seu melhor sorriso. Mary ficou com as pernas ainda mais bambas diante de um homem tão magnífico e bonito. ___Quero lhe fazer um convite. ___ Gostaria que ficasse aqui na Mansão, por quanto tempo quiser ou precisar. Essa Mansão é gigante e cabe nos dois. E também será bom ter com quem conversar. E depois tê-la aqui comigo é o mínimo que posso
O Conde Asta estava em seu escritório lendo um manuscrito antigo que falava sobre as Runas dos Lobisomens. Tesouro lendário desejado pelas maiores alcateias da terra. Suas descrições levariam a encontrar o tesouro mais cobiçado por todas as alcateias da Terra. A localização do Shangrilã dos Lobisomens com o Tesouro mais cobiçado, o amuleto da Lua, que permitia ao Lobisomem que o possuísse se transformar, quando quisesse, até mesmo na lua cheia. Mary havia trazido para ele o mais cobiçado dos tesouros dos lobisomens, muitos matariam para tê-lo, ainda bem que os humanos ignoravam seu valor. Agora precisava encontrar com o primo da Mary e fazê-lo prometer, lógico que com uma boa doação para a Igreja, que não revelasse a mais ninguém sobre o Tesouro, para não atrair forasteiros às terras dele, buscando por ouro. Tenho certeza de que ele vai concordar. Caso sentisse que não, ele poderia visitar um paroquiano e não voltar mais. Esperava não ter que chegar a esse desfecho. Não queria ver Mary
Mary agradeceu a Deus pelo fato do Conde não ter nem demonstrado alguma perturbação pelo ocorrido referente ao beijo da noite anterior. Assim, ela teria a possibilidade de corrigir qualquer ofensa a ele. E poder ficar na Mansão em sua companhia e ajudar no escritório. Sem falar que passear por esses jardins nessa parte da Mansão era muito agradável. Mary não estava acostumada com luxo, mas desde que levantou essa manhã naquele quarto deslumbrante e aconchegante, luxuoso e deparou-se com aquele imenso banheiro luxuoso, percebeu que o Conde foi muito generoso com ela. Onofre entrou trazendo pratos deliciosos e dessa vez serviu suco de fruta como bebida de acompanhamento, que por sinal estava delicioso. A fruta cítrica escolhida para o suco combinava perfeitamente com os pratos servidos. De sobremesa, um doce de pêssego com creme branco. ___Mary, você acha que seu primo guardaria segredo sobre o Tesouro? ___Sim, ele sabe que se falar poderá atrair ladrões para cá e será discreto, não v
___Você não acha que já foi muito generoso comigo? Estou acostumada com pouco, não preciso de tudo isso. Mary disse humildemente. ___Você não tem ideia do valor do tesouro que trouxe para mim, tudo que eu te der ainda será pouco. Por isso, não acho que estou sendo generoso o suficiente. O Conde disse. ___Mas o tesouro era seu, não fiz mais que minha obrigação em devolver. Mary comentou. ___Um dia vou te contar a importância desse tesouro e você vai entender o porquê sou tão grato a você. O conde comentou. ___Aceite, porque se não aceitar, vou ficar ofendido. O Conde disse, usando um tom brincalhão. ___Está bem, mas prometa que não vai exagerar, realmente não preciso de muito, só de um teto e comida. E já me deu tantas coisas. Mary disse. ___Vamos dar uma volta pelo jardim. O Conde convidou. Ruborizada, Mary aceitou, acenando com a cabeça. Andaram em silêncio, de vez em quando paravam para admirar uma flor e voltaram para a Mansão depois de uma hora andando com Mary sorrindo de o
___Pode sim, somente eu e a Mary sabemos do tesouro e, quando olhei na caverna, não achei mais nada. Dirceu respondeu. ___Mary me informou da dificuldade dos habitantes em arrumar trabalho. Encontrei uma solução, mas quero que marque uma reunião com o ancião mais velho do Viralejo, que Mary disse se chamar Túlio. Você o conhece? O Conde perguntou. ___Sim, ele trabalhou muitos anos para seu tio, sabe muitas coisas sobre esse Condado. Dirceu disse. ___Poderia marcar para mim um encontro com ele? Depois, dependendo da resposta dele, vou marcar uma reunião com a população do Vilarejo e espero poder contar com você para me ajudar. O conde disse: ___Disponha, estou às suas ordens. Dirceu respondeu. O Conde levantou, foi até a escrivaninha e pegou um saco de moeda de ouro. Voltou e entregou a Dirceu. Eu sei que a igreja precisa, espero que aceite, é o mínimo que posso fazer depois de ter me devolvido o tesouro. Obrigado. ___Dirceu sorriu nervoso. E muito dinheiro o senhor não precisa p
___Estamos indo rápido demais, há somente dois dias que nos conhecemos. O que as pessoas vão falar de nós. Eu te amo desde o momento em que te vi. Mas não quero ficar mal falada no Vilarejo. Me prometa que esse sentimento vai ficar somente entre nós. Que somente quando nos sentimos preparados vamos falar para os outros. ___Sim, Mary, você tem toda a razão, nosso amor aconteceu no momento em que nos vimos. Eu senti que havia encontrado a pessoa que sempre busquei. À medida que a gente se conhecia, eu entendi que a queria mais e mais. Meu lado possessivo já achava que tinha muita sorte em tê-la encontrado. Eu tenho a sensação de que a conheço há muitos e muitos anos. Prometo que iremos mais devagar e que assim que a Mansão estiver toda recuperada, a gente se casa. ___Mary, ainda apreensiva, queria saber mais. E sua família, será que vai aceitar que eu sou uma plebeia e sem riqueza alguma, além de minha honra e honestidade e o grande amor que sinto por você? ___E toda a riqueza de que
Mary ficou feliz por conhecer mais trabalhadores e ficou sabendo que não os via devido ao grande volume de trabalho e porque tinha pouco tempo que ela chegou à Mansão. Percebeu, feliz, que seu primo estava tranquilo ao descobrir que Mary não estava sozinha com o Conde na Mansão. Como o conde o fez pensar. Mary também achava que era somente ela e o Conde, mas os criados que conhecia, Onofre e Ofélia, se enganaram. Eram pessoas agradáveis e trabalhadoras, sentiu-se muito feliz porque iria contribuir com eles para que a Mansão fosse recuperada. Dirceu notou que o Arquiteto Robert Solly era muito renomado e requisitado pelas maiores fortunas mundiais, era o que as revistas diziam sobre ele. Deduziu que o Conde poderia ser uma dessas fortunas. E ficou sem graça o que ele disse do Tesouro, que era importante não pelo valor, mas pelo significado que tinha para sua família. Não se arrependeu de ter devolvido o saco de moedas de ouro, valiam bem mais que aquele Tesouro. Era tanto dinheiro que
___Quem vem lá? O Ancião Túlio perguntou, mais para confirmar do que para receber a resposta. Conhecia Dirceu de longa data. ___Dirceu respondeu. ___Bom dia! Ainda com dor na coluna? ___Não, hoje amanheci muito bem, sem dor. O ancião respondeu. ___Que bom, pois vim fazer um convite em nome do Conde Asta. Dirceu comunicou. ___Então foi o filho, não o velho, que herdou a Mansão? O Ancião divagou mais para si do que como resposta a Dirceu. ___Quem é o Velho? Dirceu perguntou. ___O irmão mais velho do antigo Conde Frederic e pai do atual Conde Asta, que você conheceu. O Ancião respondeu. ___Pai, nossa, não sabia. Dirceu falou, admirado em saber tão peculiar situação. ___O que o Conde quer comigo? O ancião perguntou. ___Ele quer saber tudo sobre o Condado, parece que ele quer ficar por aqui sem nenhuma imprensa o incomodando. Dirceu respondeu. ___Eu vi a revista falando que o Conde está dando a volta ao mundo. Ao contrário disso, veio se esconder nos confins da terra. Espero que n