Capítulo 5 
Os Xavier lideravam os Quatro Grandes em Cansington. E era um dia de festa para eles. O Grupo Megatron, um de seus muitos negócios, tinha assinado um acordo a Celestial e agora eram seus maiores parceiros de negócios. Em outras palavras, a influência dos Xavier seria ainda mais ampla, graças a esse acordo.

Além disso, o patriarca da família, Warren Xavier, completava 80 anos.

Do lado de fora da mansão dos Xavier, uma frota de carros luxuosos se reunia e todas as celebridades e famílias poderosas da cidade estavam lá para a dupla comemoração.

― Esta é uma garrafa de vinho Retrouve, presenteada pelos Frasier. Eles desejam muitas felicidades ao Senhor, Warren Xavier! ―

― Os Wilson trouxeram uma pintura, The Black Thorn de Jacqui en Blanc, e desejam boa sorte aos Xavier. ―

― Os Zimmerman presentearam com um relógio Froit Mi e desejam vida longa ao Senhor Warren. ―

Vestindo um terno azul, feito à mão, com abotoaduras de diamante, embora fosse seu aniversário de 80 anos, Warren Xavier mantinha uma postura ereta e elegante, enquanto recebia os presentes de seus convidados, mantendo um sorriso no rosto.

Até mesmo os Callahan que, apesar de sua riqueza, ainda não possuíam prestígio entre os grandes, por serem emergentes, tinham sido convidados para a celebração e em uma tentativa de bajular Warren, Lex Callahan tinha, até mesmo, gastado uma pequena fortuna escolhendo um presente que pudesse fazê-lo ser notado. Mas, aquilo era comum. Naquele tipo de evento, todos estavam ocupados tentando fazer suas próprias conexões e expandir suas redes.

Do lado de fora da propriedade, vestindo um casaco marrom e uma máscara no rosto, um homem se aproximava, carregando um caixão. Apesar de ser feito de madeira maciça, o homem sustentava a carga sem dificuldade.

James tinha alimentado sua sede de vingança, por dez anos e, finalmente, era chegado o momento de começar. Entretanto, aquele não era o momento de ser reconhecido, pois como tinha se casado com Thea, não queria causar problemas para sua companheira. Por isso, usava a máscara preta.

Um estrondo retumbou e todos olharam em direção à porta de entrada. James tinha arremessado o caixão com toda a força, quebrando a porta e deslizando até o centro do salão de festa da mansão. Todos ficaram chocados com a invasão repentina e o barulho das conversas parou abruptamente. Estava tão quieto que dava para ouvir um alfinete cair.

Ninguém sabia o que estava acontecendo. Era o aniversário de 80 anos de Warren e aparecer com um caixão era uma ousada piada de péssimo gosto.

Warren conversava com os outros chefes de família quando o caixão chegou. Sua expressão se tornou sombria e ele gritou:

― O que é isso? Onde estão os seguranças? O que eles estão fazendo? Quem trouxe isso? Leve embora, de uma vez. ―

Entretanto, o homem de máscara preta e casaco marrom, abria caminho, cruzando as portas arrombadas e passando pelos convidados, com um andar elegante e determinado, enquanto falava:

― Warren Xavier, posso apresentar este caixão como seu presente de aniversário? Hoje é seu octogésimo aniversário, mas venho para anunciar a sua morte. ―

― Quem é você? ― Warren encarou James. Ele era o homem mais importante de Cansington. Quem teria coragem de invadir sua casa, no meio de uma celebração tão importante, apenas para causar problemas?

― Eu sou o homem que vai tirar sua vida. ―

A voz fria cortou o espaço. Com a máscara negra de fantasma no rosto, James caminhou até Warren.

― Não. Você não vai fazer isso ― Um homem, na casa dos vinte anos, se aproximou e apontou para James ― não me importa quem é você. Aqui você não é ninguém. Vá embora ― era William Xavier, neto de Warren que, se aproximando de James, tentou remover sua máscara, dizendo ― você é um covarde por se esconder atrás de uma máscara. Vamos ver quem você é.

Entretanto, James atacou. Ele agarrou o braço de William, jogou o jovem ao chão, pisou em seu peito e puxou, arrancando o braço do corpo e fazendo com que sangue jorrasse por toda parte. William urrava em agonia.

Alguns convidados corriam, fugindo, enquanto outros ficaram em choque. Como eram pessoas de status e viviam em paz, nunca haviam visto tanto sangue ou violência. Muitos deles se espremiam contra as paredes, temendo que fossem o próximo alvo.

Parecendo um deus da guerra, um Ares moderno, James jogou o braço para longe, descuidadamente. Ele tinha um ar confiante e agressivo, e os Xavier tremiam, recuando o máximo que podiam.

Até Warren andava para trás, mantendo o braço atrás das costas, escondendo uma arma, pronto para matar o invasor se ele se aproximasse. Urros de dor e lamentação ecoavam pelo salão, enquanto James andava calmamente em direção ao idoso.

O som era angustiante, mas, quando William finalmente desmaiou, incapaz de suportar a dor, o ambiente silencioso se tornou mais angustiante ainda, pois os passos de James ecoavam, soando como o prenúncio da desgraça.

― Ajoelhe-se ― a ordem de James soou clara como um sino.

James era extremamente imponente. Sua aura era o resultado de uma vida de lutas e até mesmo assassinatos. Sob seu olhar mordaz, todos estavam assustados, até mesmo os seguranças que, tendo visto a facilidade com que o braço de William tinha sido arrancado, não ousavam se aproximar ou, até mesmo, dizer uma palavra que fosse.

A mão de Warren, que segurava a arma, escondida em suas costas, tremia tanto que se tornava inútil. Ele se esqueceu de lutar e seus joelhos dobraram. Com um baque. O idoso foi ao chão. Prostrado.

Ao ver isso, os convidados ficaram atordoadas.

Warren Xavier, o patriarca da família e líder dos Quatro Grandes, em Cansington, estava ajoelhado no chão.

James segurava um fio na mão. Era um objeto estranho, com várias juntas. Após uma inspeção mais detalhada, poder-se-ia dizer que tinha sido feito de inúmeras lâminas.

― Warren Xavier, você se importa em admitir seus pecados? ―

Somente então, Warren percebeu que estava ajoelhado e, embora não soubesse porquê, suor escorria por sua espinha.

Ele queria se levantar, mas não tinha mais forças.

― Rapaz, você sabe com quem está falando? ― Mesmo que não pudesse ficar de pé, Warren ainda parecia forte e ainda mantinha a mão atrás das costas, pronto para atacar, a qualquer momento.

Os outros Xavier nem mesmo tentaram proteger Warren, temendo serem feridos.

― Se você não quer admitir, então, posso eu mesmo te contar o motivo. Dez anos atrás, um incêndio destruiu Flora Lakeside. A propriedade queimou por um dia inteiro e trinta e oito vidas foram perdidas. Estou aqui para coletar as almas responsáveis pelo incidente. ―

A voz fria e impiedosa ecoou pelo salão.

James se moveu e, num piscar de olhos, apareceu atrás de Warren, enrolou o fio prateado, feito de lâminas, em volta do pescoço de Warren e puxou. Sangue jorrou e a cabeça de Warren caiu no chão.

Com medo, os convidados começaram a correr para a saída, em profusão, gritando e caindo no chão, todas tremendo de medo. Após a morte de Warren, os Xavier não sabiam o que fazer, petrificados pela exasperação e pelo medo.

Tranquilamente, James pegou uma bolsa preta, guardada no interior de seu casaco, pegou a cabeça de Warren e se virou para sair.

Muito tempo depois que ele partiu, a mansão dos Xavier permaneceu silenciosa. Todos choravam, e seguravam as cabeças entre as mãos. O cadáver decapitado de Warren permanecia intocado no salão.

James se aproximou do túmulo de Thomas Caden e encostou a bolsa preta na lápide. Com um gesto cerimonioso, pegou um cantil, deu um longo trago e derrubou o restante da bebida na frente do túmulo, dizendo:

― Vovô, não se preocupe. Vou garantir que toda a nossa família descanse em paz. Também vou pegar o Moonlit Flowers em Cliffside's Edge, de volta. ―

Dizendo isso, se levantou e saiu.

Quando voltou para a Casa da Realeza, tomou banho e relaxou.

Na mansão dos Xavier, todos os convidados tinham ido embora, restando apenas os familiares, o cadáver e o caixão sinistro, no meio do salão.

William, que havia perdido um braço, tinha sido levado para o hospital.

Todos os Xavier estavam ajoelhados diante do cadáver de Warren.

Em posição de liderança, havia uma linda mulher, usando um vestido de festa, cinza e negro. Ela era a filha mais nova de Warren, Rowena.

A mesma Rowena que tinha destruído os Caden e ela estava de péssimo humor.

― Alguém ligou para Trent? ―

Seu rugido ecoou pelo saguão silencioso.

― S-sim. Ligamos para ele. ―

― Deixe tudo como está. Vamos esperar que ele volte. ―

Era uma noite tranquila. Na região militar da cidade, alguns helicópteros pintados com as palavras ‘Fronteira Ocidental’ pousaram e um homem de meia-idade, vestido com um uniforme militar e com uma expressão fria no rosto, saiu de um deles.

Do lado de fora, uma fileira de soldados armados estava em fila saudando o homem. Um jipe apareceu e o homem entrou nele, indo direto para a mansão dos Xavier.

Ao chegar, ele avaliou a situação e viu o cadáver decapitado de Warren.

O militar tirou o chapéu e caiu de joelhos.

― Pai, desculpe o atraso. Juro que vou levar o culpado à justiça, não importa quem ele seja. ―

Sua voz, cheia de raiva, ecoou pela casa.

― Trent ― Rowena apareceu, de repente.

O homem era o quarto filho de Warren.

Trent estava inexpressivo e seu rosto sombrio:

― Quero as imagens das câmeras de segurança. ―

― Vou pegar, agora mesmo ― Rowena assentiu e repassou a ordem para o chefe de segurança da mansão.

Trent se levantou e inspecionou o ferimento de Warren, antes de assistir ao vídeo. Ele viu todo o processo de James matando Warren.

Friamente, ele perguntou:

― O que ele disse, antes de matar nosso pai? ―

Rowena disse:

― Dez anos atrás, um incêndio destruiu Flora Lakeside. A propriedade queimou por um dia inteiro e trinta e oito vidas foram perdidas. Estou aqui para coletar as almas responsáveis pelo incidente. ―

Trent cerrou os punhos ao ouvir isso e sua expressão endureceu:

― Um sobrevivente dos Caden? ―

― Só pode ser. ―

Trent pressionou as palmas das mãos contra o rosto e acenou para Rowena. ― Enterre o pai. Faça uma cerimônia simples. Vou fazer uma viagem para a Capital e perguntar ao grandalhão de lá sobre possíveis sobreviventes da família Caden.
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