Eu andava tão estressada ultimamente que precisava urgentemente sair e fazer algo novo. Foi então que vi um anúncio na entrada do condomínio sobre uma viagem para Paraty de dois dias. Pensei que seria uma ótima oportunidade para espairecer um pouco. Comprei a viagem e pedi folga do serviço. Já se passavam semanas desde o ocorrido com Miguel; nós tínhamos aprendido a nos suportar, mas ele ainda insistia em me chamar de "surda" de vez em quando, e eu fingia que não queria matá-lo.
No dia da viagem, peguei um Uber até o local onde o ônibus estaria estacionado. Tudo parecia lindo, perfeito, até que cheguei à minha poltrona.
— Só pode ser brincadeira! — disse ao ver Miguel sentado ali.
— Ah, Deus do céu, o que foi que eu fiz na vida passada? Taquei pedra na cruz, no mínimo! — ele comentou, olhando para mim com uma expressão de desespero.
— O que você está fazendo aí? — perguntei, irritada.
— Sentado. E você? — ele respondeu, sorrindo.
— Bati nele com a minha passagem, e ele riu. — Eu vou viajar, criatura de Vênus! Posso? Ou preciso da sua autorização? — O olhei com raiva.
— Eu sei, isso não me importa. Quero saber por que está sentado na minha poltrona! — ele me olhou, confuso.
— Essa é a minha! — disse, e eu bufei.
— A minha é 20, onde você está sentada! — Ele revirou os olhos.
— A minha é a 21, da janela! — Minha carranca piorou.
— Nos colocaram juntos? Sério? Eu vou matar alguém! — ele revirou os olhos novamente.
— Vai em frente, faz seu barraco. Mas eu vou ficar bem onde estou! — Eu o olhei bem no fundo dos olhos. Não ia aguentar isso por quatro horas e pouco com esse homem do meu lado. Voltei, batendo os pés até onde a moça marcava nossos nomes.
— Moça, me dá licença? — ela se virou para mim.
— Fui colocada para sentar com um moço. — Ela assentiu. — Você sabe quem colocou ele comigo? — Ela deu ombros.
— Como é seu nome? — perguntou.
— Clarisse! — disse, e ela assentiu.
— Ah... aqui tá como casal! — Eu arregalei os olhos.
— Oxe, quem diabos colocou isso? — perguntei, e ela deu ombros.
— Sei lá! — Eu a olhei com raiva.
— E essa vai ser sua resposta? — perguntei, e ela deu ombros novamente.
— Olha, tia, você pode ir com ele ou sei lá. O ônibus está lotado, e todos são casal; ninguém vai querer trocar. — “Tia”? Era só o que me faltava. Eu não ia discutir com essa besta quadrada. Dei o meu melhor sorriso e voltei.
— E aí, gritou com alguém? — perguntou Miguel, sorrindo.
Com toda a raiva do mundo, guardei minha mala.
— Vai ficar no corredor mesmo? — perguntei, e ele deu ombros.
— Sabe que tenho que ficar no corredor. — Revirei os olhos.
— Pode me dar licença? — perguntei, e ele sorriu, se levantando e me deixando sentar na janela. Contra minha vontade, me acomodei no banco. Era tudo o que eu precisava: quatro horas com o insuportável do Miguel.
**Narração do Miguel**
Deus, eu ia matá-la! Duas horas de viagem e ela já estava me irritando.
— Clarisse, pelo amor de Deus, por que você não para de mexer? — Ela se virou para mim, incomodada. Estava murmurando sobre alguma coisa, se virando no banco, tirando e colocando fones.
— Não consigo dormir! — reclamou, e eu a olhei com espanto.
— Olha, você deve ter problemas graves mentais, viu? Quem é que precisa de barulho para dormir? — Ela mordeu o lábio, e eu segui o gesto dela com o olhar.
— Eu preciso, ué! Cada um tem sua mania, me deixa com a minha! — Revirei os olhos.
— Bem, a minha mania é dormir em silêncio, então você está atrapalhando a minha! Agora coloca esse seu rock no último volume e vai dormir! — Ela me olhou emburrada.
— Não sabia que dava para ouvir! — eu a olhei sério.
— Que você é surda, isso não é novidade. Agora, sonsa, é! — Ela me bateu, e eu ri baixo. Ela acabou deixando escapar um sorriso.
— Você é um idiota, sabia? — Ela se jogou na poltrona e cobriu o rosto com o cobertor.
— Bem, sou um idiota com sono regulado, então cale a boca e vá dormir! — Ela resmungou algo, e então finalmente ficou quieta. Logo consegui pegar no sono.
Acordei de sobressalto. Merda, eu dormi pesado, e isso me deixava em alerta. Por mais que eu não estivesse fardado, não poderia dormir assim.
— Fica tranquilo, eu estava acordada — disse Clarisse ao meu lado. Eu a olhei, e ela estava sentada, olhando pela janela.
— Não tive um pesadelo — me expliquei.
— Eu sei, você acordou assustado porque dormiu pesado. Quando eu e meus irmãos viajávamos juntos, nós nos revezávamos para ficar acordados. Foi aí que adquiri a aversão a dormir em silêncio. — Ela estava comendo algo e ainda olhava atentamente para a estrada.
— Bem... seu irmão e seu pai, então, devem ser do mesmo jeito. — Ela deu ombros.
— Meu pai era — ela usou o termo "era". Então, quer dizer que ou ele se aposentou e a sua mania se aposentou junto ou ele morreu.
— Ele morreu. — Eu a olhei surpreso.
— Você é uma pessoa que deixa a pergunta bem visível no rosto. — Ela finalmente se virou para mim.
— E você é uma pessoa completamente enigmática. — Ela deu ombros.
— Só não gosto de falar sobre a minha vida. — Disse e a olhei.
— Por que? — perguntei, e ela suspirou.
— Gosta de falar sobre a sua vida? — Ela perguntou, e eu dei ombros.
— Sou o caçula, tenho duas irmãs mais velhas. A do meio é minha gêmea e é cinco minutos mais velha do que eu. Meu pai morreu quando eu tinha cinco anos, e bem, sou policial. Não há nada demais na minha vida que eu precise esconder. — Ela sorriu de modo cansado.
— Morou com três mulheres? Isso explica muita coisa! — Eu a olhei curioso.
— Explica o quê? — perguntei.
— A aversão a barulho. Mulheres, mesmo que silenciosas, são barulhentas. — Me lembrei da Nala, minha gêmea. Ela era terrível, barulhenta e escandalosa. E Lisa, por mais que eu tenha morado pouco com ela, lembro que era muito calma, mas ouvia rock nas alturas. Minha mãe? Bem, ela é tranquila e serena, mas quando se juntava com minhas irmãs ou com as amigas, sua risada ultrapassava as dimensões do tempo e espaço, de tão alta e aguda que era.
— Só prefiro o silêncio — me defendi, e ela sorriu.
— Você revelou o básico da sua vida. Isso eu não tenho problemas em revelar. Sou a mais velha de quatro irmãos. Na verdade, os outros dois são primos, mas foram criados como se fossem meus irmãos. Meu pai morreu há dois anos de infarto, e meu irmão é tenente da marinha. Meu outro irmão é engenheiro elétrico, e minha irmã é chefe de cozinha. Sou formada e enfermeira há quatro anos, e tenho pós-graduação e mestrado com honras. Viu, te dei o básico da minha vida! — Realmente, ela falou como se não fosse um enigma.
— Então por que, quando é questionada sobre isso, você é tão reclusa? — Ela sorriu de modo desdenhoso.
— Porque a minha base pode te dar curiosidade. — Neguei.
— Não acha isso? — Ela sorriu.
— Não mesmo! — Perguntou, e eu assenti, confiante.
— Posso te fazer uma pergunta básica? — Assenti novamente.
— Quantos anos você tem? — Perguntou.
— 29, faço 30 daqui a alguns meses. — Respondi, sem dificuldade, e me orgulhei disso.
— E por que um homem de quase 30 anos não é casado ou namora? — Perguntou, e eu fiquei sem reação. Um sorriso ardiloso surgiu nos lábios dela.
— Você em seguida responderia que é uma opção sua, ou que se sente melhor sozinho, ou até mesmo que tem planos, como carreira e estudo, e que um relacionamento não é de seu interesse no momento. Pode até ter um pouco de verdade, mas eu sei que é mentira. Toda pessoa na nossa idade que não tem um relacionamento ou que o evita é porque teve um passado trágico com questões amorosas, ou no mínimo desastrosas. Isso gera um bloqueio, mesmo que seja algo que você não controla. — A olhei abismado. Ela era mais inteligente do que eu pensava. Na verdade, não tinha essa visão tão lógica que ela tinha. Ela era perspicaz, com raciocínio óbvio e rápido.
— Como você tem certeza que eu não namoro ou que tenho encontros casuais? — Ela sorriu, sem se abalar.
— Moro há meses ao seu lado e nunca ouvi uma voz feminina no seu apartamento. E você está todos os dias em casa, nem se quer sai, principalmente nas quartas, que é o dia em que você chega quase correndo quando é seu plantão! — Comecei a ficar nervoso. Ela era mais observadora do que eu, e pelo jeito prestava bem atenção na minha rotina.
— Nas quartas tem futebol! — Ela sorriu de modo venenoso.
— Você não gosta de futebol, Miguel! Nas quartas é quando postam vídeo novo no canal do MasterChef, e você não perde um episódio! — Agora eu estava nervoso. Essa louca estava me espionando?
— Como sabe que eu não gosto de futebol? — Ela se sentou mais animada na cadeira.
— Era um palpite, e pelo visto acertei. Você não anda com shorts esportivos ou camisetas de time; suas roupas são básicas e não demonstram afeição por esportes! — A olhei completamente perplexo, e ela sorriu.
— Você esquece que eu sou filha de militar? Assim como você é desconfiado, eu sou o dobro! Você disse que gosta de saber como é a pessoa que mora do seu lado, e bem, eu também sou assim. — Ela era barulhenta, mas era silenciosa; era perspicaz e observadora. Ela era perigosa, e ninguém desconfiaria disso. Era genial.
— Devo admitir que estou surpreso. Você é inteligente! — Ela sorriu de lado, não de modo convencido, mas gostou do elogio.
— Essa é a intenção! — Ela se arrumou, voltando a olhar para a janela.
— Isso comprova o que eu disse: não revelo minha base porque gera perguntas sobre a duplicação da base. Por isso sou tão reservado quanto à minha vida! — Nunca tinha ficado tão preso a uma conversa como estava naquela.
— Duplicação da base! — murmurei, refletindo.
— Sim, por exemplo: por que seus primos foram criados pelo seu pai? Quando seu pai morreu? Qual sua idade? Por que não está casado? Não tem medo de ficar sozinha? — Realmente, ela tinha razão. As informações básicas geravam curiosidade, e o raciocínio tinha lógica.
— Tem medo de ficar sozinha? — perguntei de forma inconsciente, e ela se virou para mim, me olhando.
— Você tem medo? — Perguntou, de volta.
— Tenho! — Fui sincero, e ela sorriu de modo triste, suspirando enquanto olhava para a janela.
— Eu também! — Admitiu, e então ficamos em silêncio pelo resto da viagem.
Consegui dar alguns cochilos durante a viagem, mas estava exausta. Chegamos em Paraty às 3:00 da manhã, e eu tinha tempo suficiente para dormir no quarto até as 7:00. Desci primeiro que Miguel, que ficou incrivelmente em silêncio o resto da viagem após nossa conversa profunda. Fui fazer o check-in no hotel enquanto ele ficou quase no final da fila.— Bom dia, moça. Clarisse Maia — disse para a atendente, que logo digitou rapidamente e assentiu.— Cadê o seu acompanhante? — perguntou ela, e eu franzi a testa.— Acompanhante? — perguntei, confusa.— Sim, aqui diz que é quarto para casal. — Olhei para ela, ainda confusa.— Moça, acho que há alguma confusão. — Ela negou com a cabeça.— Aqui está: Clarisse Maia e Miguel Galvão. — Só podia ser brincadeira.— Só pode ser brincadeira! — suspirei, sentindo a frustração subir.— Olha, se for confusão, temos um problema. Estamos em alta temporada e não temos quartos separados. — Apertei os lábios e fechei os olhos. — Posso te recomendar outros h
Sentei-me na cama com uma sensação estranha, quase... excitada? Que merda era essa? Ainda bem que Miguel estava no banheiro, tomando banho, porque seria muito estranho acordar assim ao lado dele. Passei a mão na nuca, tentando me livrar daquela sensação, mas acabei me arrepiando de novo. Fui até minha mala e peguei minhas coisas para tomar banho. Finalmente, depois de uns longos 20 minutos, Miguel saiu do banheiro.— Nossa, finalmente! — exaltei, ao vê-lo sair com a toalha enrolada na cintura. Deus do céu, aquele fogo voltou de novo. A visão do cabelo molhado e do corpo dele exposto era um ato de maldade contra meus hormônios.— Bom dia para você também! — disse ele, com um sorriso travesso, e eu revirei os olhos.— Você não tem roupa, não? — perguntei, passando por ele.— Para que me vestir se eu posso ver esse seu rostinho sedento logo de manhã? — Ignorando o comentário dele, fui direto para o chuveiro. Coloquei meu biquíni e minha saída de praia, mas então tive uma ideia infantil.
-Migueel, abre essa porta logo- reclamei com a língua enrolada.-Calma casseeetee ta tudo rodando aqui- ele disse mais bambo do que eu e isso me fez rir.-Eu vou fazer xixi- disse apertando as pernas.-Porra de novo? – finalmente ele conseguiu abrir a porta e eu entrei cambaleando , e consegui lembrar onde era o banheiro , fiz xixi e comecei a rir, meu deus eu e o Miguel estávamos fazendo competição de bebida e acabou que os dois idiotas beberam mais do que podia, no final das contas os dois acabaram bêbados, e quase não conseguimos voltar para o hotel de tão chapado que a gente ficou. Aproveitei que estava no banheiro e tomei um banho para tirar a areia do corpo, esperei um pouco para ver se a cachaça saia mais parece que piorou, me enrolei na toalha e sai para o quarto.-Ai meu deus até que em fim- disse o Miguel entrando no banheiro, pensei que era para vomitar mais era para fazer xixi, comecei a rir.-Vai o mijão- gritei na porta e ele me xingou de volta o que me fez rir ,ouvi ele
Era a primeira vez em anos que eu dava um sorriso sincero. É estranho pensar que, por tanto tempo, eu não me permiti essa alegria. Lembro-me das brigas com minha mãe, sempre me cobrando por estar tão distante, tão fechada. Meu sorriso havia se tornado uma máscara, uma obrigação. Sinceramente, eu não me via motivada a sorrir. Um sorriso alegre, afinal, depende de um motivo alegre, não é mesmo? Mas hoje, eu tinha um motivo.Dois anos atrás, assinei a escritura do meu apartamento e, finalmente, estava aqui, dentro dele, exatamente como sempre sonhei. No entanto, havia um buraco no meu coração, e ele parecia se abrir ainda mais quando olhava para a porta e via aquele porta-chaves que dizia: “E viveram felizes para sempre”. Eu deveria me livrar daquilo, eu sei. Mas gostava de tê-lo ali, era a última lembrança de um tempo bom, de uma época em que eu era feliz e sorria sem pensar que estava sendo obrigada a isso por educação. Lembro-me de como eu não era hostil nem antipática, apenas eu mesm
Não tinha muitos amigos, e os poucos que eu tinha, às vezes, me faziam questionar se eram mesmo amigos. Giovanni estava rindo sem parar há uns dois minutos.— Isso nem sequer teve graça — respondi, tentando esconder meu mau humor.— Como você ainda consegue ter contato com o sexo feminino? Você é o próprio repelente de mulher! — Giovanni, meu capitão da polícia militar, sempre tinha um jeito de me cutucar. Como primeiro tenente, eu andava com ele para todo lado. O cara era o mais inteligente da turma, e não era surpresa que subisse de cargo mais rápido que qualquer um.— Como se você fosse um ímã para mulheres — retruquei, tentando manter a seriedade, mas ele sorriu de um jeito que achei divertido, mesmo que nunca fosse admitir.— E mesmo sendo gay, atraio mais que você, porque eu consigo sorrir para as mulheres — ele disse, com um brilho maroto nos olhos. Era verdade; Giovanni era simpático até demais para o meu gosto. Alto, musculoso, negro, com olhos castanhos claros, e sempre com
Eu estava exausta! Depois de um mês de férias em casa, acostumada a não fazer nada, o primeiro dia de trabalho sempre parecia o mais difícil. Estacionei meu carro na portaria e fui até o porta-malas pegar minhas coisas. Foi quando ouvi o rugido de uma moto estacionando ao lado do meu carro. Ao abaixar a porta, vi quem era. Bufei, pegando minhas coisas e decidindo passar por aquele insuportável sem cumprimentá-lo. Minha educação se recusava a entrar em prática com ele.— Ah, então foi você que pegou minha vaga! — ele disse, tirando o capacete com um sorriso que, para meu desagrado, era extremamente charmoso.— O que foi agora? — não iria ser educada com ele; ele nem se esforçou para ser gentil comigo.— Essa vaga é minha — apontou para o meu carro, como se isso fosse uma verdade universal.— Acha que eu estacionei aqui porque quis, seu espertalhão? — retruquei, tentando manter a calma.— Vindo de alguém tão sem noção quanto você, não é de se esperar menos — ele fez uma careta, e a irri
Nunca na minha vida uma mulher conseguiu me tirar tão do sério quanto aquela vizinha surda. Ela estava novamente ouvindo música alta, e eu já me pegava imaginando como seria fácil pegar o pescoço dela e enforcá-la umas cinco vezes. Era minha folga, e eu não queria me estressar com ela. Peguei meu lixo e, assim que abri a porta, vi que ela também estava saindo para colocar o lixo dela.— Olha só, se não é a minha vizinha surda! — comentei, não podendo conter o sarcasmo.Ela levantou o rosto, e a expressão que tinha ao me ver era como se eu fosse a última pessoa que ela quisesse encontrar.— Ah, sério que você está em casa? — perguntou, como se fosse uma grande surpresa.— E por que não estaria? — retruquei, já franzi o cenho.— Achei que estivesse trabalhando — disse, e sorri, tentando parecer mais relaxado.— Hoje é minha folga. E você, não trabalha? — Questionar isso pareceu mais que um desafio, especialmente porque parecia que ela sempre estava em casa quando eu estava.— Estou de f
O plantão estava um tédio absoluto. Eu já estava quase no fim da minha jornada, faltando apenas duas horas, quando ouvi o interfone.— Enfermeira Clarisse, por favor comparecer ao setor de urgência/emergência. Ótimo! Justo quando eu estou prestes a ir embora, a merda acontece. — Informar o código é bom nada! A Clarisse que lute para saber o que vai encontrar lá embaixo — um dos técnicos riu.— Estava reclamando agora mesmo que o plantão estava um tédio, chefe! — respondi, semi-cerrei os olhos.— Sorte que você é muito boa, se não estaria fazendo piadinhas lá no RH! — ele riu de novo, e até eu dei uma risada nervosa. Respirando fundo, desci para o PS, e aparentemente, tudo estava tranquilo. Fui até o enfermeiro responsável.— Qual é, Daniel? Não consegue dar conta do seu setor? — perguntei, e ele me olhou como se pudesse tacar a prancheta na minha cabeça.— O Dr. Lucas quer que você o auxilie em um código laranja na sala 5. Sabe que ele só gosta de você! — dei ombros, rindo.— Claris