AnaDois meses depois...Depois da nossa última briga, Marco e eu conversamos bastante. Decidimos confiar um no outro e prometi nunca mais esconder nada dele. Ele compreendeu meus medos e não me pressionou com a gravidez tão desejada. Continuo tomando meu anticoncepcional até decidir que é o meu melhor momento. Já retirei a tipóia e estou fazendo muitas seções de fisioterapias. Felizmente estou praticamente recuperada.É feriado, e por isso Marco resolveu tirar uma folga para visitar os pais. Claudio está na churrasqueira, há também alguns parentes, entre eles Bruno e sua família. Estou com Helena, ajudando com um molho especial quando de repente sinto muito mal estar, esta e a segunda vez que me sinto mal hoje, conversamos sobre o quanto fiquei enjoada no vôo, mas isso e normal, sempre passo mal ao viajar de avião, isso não muda.Helena me encara com um brilho nos olhos.— Ana, você pode estar grávida novamente! — fala empolgada.Reviro os olhos, meus sogros ao contrário de Marco não
AnaCinco meses...Desde o descobrimento da minha gravidez, precisei me afastar do trabalho presencial. Marco e eu decidimos que eu faria repouso e me cuidaria ao máximo. Então comecei a trabalhar em home office, de casa. A gestação não é de risco, porém achamos melhor nos cuidarmos, principalmente depois que a ultrassom mostrou nossos dois bebês. Marco e eu, não acreditamos quando a doutora nos disse que batiam dois corações. Ele não se conteve de emoção, chorou muito. Afinal esperou muito para ser pai novamente e agora teve esta grande surpresa. Decidimos que ele escolheria o nome da nossa bonequinha, Marco queria algo que remetesse a Melissa, então escolhemos Melina, e é claro eu não apenas aceitei como amei. Escolhi o nome de Marcio para meu menino, queria algo que homenageie minha mãe, sinto tanto sua falta, e me recordo do último sonho que tive com ela, mamãe me disse que viriam mais pessoas para eu amar e cuidar, acho que ela quis dizer sobre meus filhos. Por isso eu precisava
AnaJamais imaginei que duas crianças fossem capaz de fazer tanta bagunça. Minha rotina não é nada fácil, manter a casa em ordem, cuidar das crianças e ainda auxiliar na administração do restaurante e nas doações aos moradores de rua. Há dias em que acho que vou enlouquecer, mas confesso que nunca fui tão feliz em toda minha vida. Há dois anos larguei meu trabalho como editora no jornal, então resolvi que ficar em casa para me dedicar a minha família, seria uma boa ideia. Gosto do que faço, por isso criei coragem e me aventurei como colunista, assim não fico totalmente longe do que sempre gostei de fazer.O FontanniDuo se tornou um dos pontos forte da nossa cidade, Marco nunca esteve tão bem. Fico feliz pois conseguiu superar de vez todos seus traumas e dores do passado, nem de longe ele é aquele Marco que conheci, primitivo, arisco, mergulhado em sofrimento. Ele também me ajudou a curar algumas feridas, infelizmente adquiri uma ansiedade, por causa de tudo o que aconteceu quando per
Ana Jully Meireles Olho no espelho pela terceira vez numa ansiedade absurda. Nunca fui vaidosa, entendo muito pouco de maquiagem e moda, e com a correria do dia a dia quase não tenho tempo para isso, mas confesso que sinto vontade de mudar um pouco, talvez minha autoestima melhore.Situações como esta, me deixam um pouco perdida. Nicolas, meu amigo de trabalho, acaba de me enviar uma mensagem dizendo que está a caminho, faz alguns dias que estou revisando sua tese de mestrado, e segundo ele, precisamos discutir o assunto, hoje. Depois que ele e Laura romperam, ficamos mais próximos, e mesmo minha amiga Lili insistindo que é fruto da minha imaginação, às vezes sinto que ele me paquera. Talvez ela esteja certa, Nicolas sempre esteve ocupado com todas as mulheres que se lançam ao seus pés, para me notar. Não posso negar que me sinto muito atraída por ele, afinal se tratando de um homem tão charmoso, fica difícil não ter nenhum tipo de interesse, é do tipo alto, forte, pratica vários esp
Ana MeirelesDepois daquele dia em meu apartamento, ainda tivemos alguns encontros, não sei que tipo de relacionamento temos, mas Liliane insiste em me dizer que encontros apenas a noite e em meu apartamento, sem assumir publicamente, não se trata de nenhum tipo de relacionamento. Eu a ignoro, afinal, ela nunca gostou de Nicolas.Lili e eu, passamos no Café Mix, o nosso preferido, ela paga nossas bebidas, e o atendente nos entrega dois cafés. Se trata de um homem aparentemente tímido por trás de seus belos olhos claros, mas é visível que ele nutre algum interesse por minha amiga, mas nunca entendi o motivo de Liliane fingir não notar, as vezes ele coloca gotas de chocolate em formato de coração no capuccino dela, ou tenta puxar algum assunto que minha amiga ignora, mas já a peguei olhando para ele antes de sair.Já estamos na saída do café seguindo para a redação, eu seguro meu café com uma mão fazendo um esforço enorme para não me queimar enquanto com a outra mão estou conferindo min
AnaPrecisei de alguns minutos no café mix sentada e completamente desolada para me recompor. Aquele atendente, o mesmo que paquera minha amiga, está alí, gentil e simpático com todos os clientes, sempre sorridente e educado. Talvez Liliane esteja errada, nem todos os homens são iguais, apenas não tivemos a sorte de encontrar um que não seja canalha ou que nos use apenas com interesses pessoais ou sexuais.Minha amiga me envia várias mensagens, ela está bastante preocupada, em uma delas, Liliane me avisa que o casal top não estava mais na redação. Então consigo retornar mais tranquila e me esforço para voltar ao trabalho.O dia se arrasta, durante um intervalo, decido fazer algo que já deveria ter feito, crio uma conta no Instagram. A princípio é muito mais fácil do que imaginava, em instantes Liliane já está me mandando mensagem histérica quando descobre, e é a primeira a me seguir. A sigo de volta e logo o algoritmo me sugere várias contas que estão vinculadas a minha amiga e a pri
Ana Enquanto passo pela cidade fico dando voltas a fim de não voltar pra casa, afinal, Nicolas disse que passaria lá. Então sigo por um caminho diferente, quase nunca passo por aqui. Ainda estou refletindo acerca da droga que minha vida se tormou. Trabalho a cinco anos no jornal, sou bem sucedida em minha carreira profissional, mas não tenho muitos amigos, e nem tempo pra fazer novos. Tenho pouco mais de vinte cinco anos, não tenho filhos, nem um relacionamento estável, talvez um cachorro tenha mais vida social do que eu.Já é tarde, confesso que estou exausta, preciso de um bom banho e comer algo. Vejo que há pouco movimento na rua. Está muito frio e me arrependo pela segunda vez por não ter trazido uma blusa mais grossa.Meu carro para de repente.— Droga! Era só o que me faltava.Desço e abraço meu próprio corpo por causa do ar gélido. Na semana passada tive problemas com a parte elétrica, talvez seja o mesmo problema, não pude deixar o carro na oficina, o mecânico me avisou que f
Ana Faz quase duas horas que estou no hospital, sentada na recepção aguardando notícias do homem que me salvou.Liguei para Lili assim que cheguei aqui, a pobrezinha estava desesperada atrás de notícias minha, afinal desapareci o dia todo. Conto a ela parte do que aconteceu e como boa amiga que é, sem pensar duas vezes disse que está a caminho. Não tenho muitos amigos, e Lili é mais que especial.Os médicos me chamam para dar notícias do homem internado, estou angustiada por informações dele. - Senhorita, Ana Meireles.Me levanto para falar com o doutor.- Sim, sou eu.Ele analisa a prancheta em suas mãos e se vira para mim novamente.- Bom, o homem que a polícia trouxe, não tem nome, nem endereço... Não conseguimos nenhum contato de familiar pra avisar sobre a briga. O quadro dele é estável. Fizemos um raio x, todos os exames necessários, ele teve muitas escoriações e... Uma entorse de tornozelo grave. Vai ficar em observação por vinte e quatro horas. Mas o que nos preocupa é sobre