Mason
— Eu não quero isso — digo convicto.
O fato da minha mãe, Gemma, estar andando de um lado para o outro há alguns minutos, estava começando a me irritar. Parecia que aquele era o modo dela em manter os nervos controlados, enquanto eu, preferia uma bebida forte e que queimasse minha garganta ao ser engolida.
— Você não está em posição de escolher, querido — diz sem parar de andar — É o único filho dele.
— Não sou filho dele — digo entre dentes.
Ela para de andar por um segundo, me olhando nos olhos, antes de continuar seu pescoço.
Se eu fosse esperto, não tentaria contraria-la novamente.
Gemma era casada com Otto desde quando eu tinha dez anos, Otto era amigo do meu pai e depois da morte dele acabou se envolvendo com a minha mãe, pouco tempo depois a Delaney Enterprises foi criada e comandada por Otto até três atrás, antes da saúde ficar debilitada o suficiente para se quer conseguir sair de casa.
Os médicos receitavam repouso, acreditando que dentre algumas semanas, ele estaria bem o suficiente para voltar a rotina do trabalho. Contudo, Gemma via diante de si a oportunidade de aposentadoria de Otto e a chance de eu tomar a presidência.
Obviamente que eu não queria isso.
Tinha outros planos, além de aparecer na primeira manchete de revistas e tablóides em algum escândalo e, sem dúvida não envolvia se tornar presidente de uma empresa que eu mal conhecia, além do faturamento bilionário por ano.
A última coisa que queria, era ficar preso a uma empresa e todos os problemas que ela poderia me acarretar.
— Eles nunca vão permitir isto — murmuro, dando um gole na bebida, para só então a encarar — Você sabe, os sócios. Acionistas.
— Sabem que você é a melhor escolha.
— E se eu não for?
— Terá que provar para eles — diz com a voz firme — Pode até não ter o sangue de Otto correndo em suas veias, mas mostrará para eles que isto não significa nada e que é capaz.
Quando batidas na porta ressoam no então escritório de Otto, Gemma para de andar. A porta abre em seguida e a secretária aparece segurando um copo de água.
— Estão esperando na sala de reuniões — Gemma se aparece em passos largos, pegando o copo da mão dela e bebendo todo o líquido de uma vez, o devolvendo vazio.
— Vamos, Mason — Tomo o restante do líquido no copo em minha mão, antes de levantar e a seguir.
Estou fechando o paletó cinza que vestia, quando meu olhar vai para o elevador cujas portas se fechavam, tendo um rápido vislumbre de uma mulher em seu interior, antes de me concentrar em acompanhar Gemma.
As paredes brancas adornadas com quadros brilhantes e gráficos refletem o sucesso da empresa. Uma mesa retangular ocupa o centro do espaço, ladeada por cadeiras estofadas, com apenas três delas ocupadas pelos sócios.
A luz natural entra suavemente pelas janelas, iluminando o ambiente e destacando a imponência da sala. No centro da mesa, uma fileira de canetas alinhadas meticulosamente, prontas para serem utilizadas durante as discussões.
No lado oposto da sala, uma grande tela de projeção aguarda para ser ativada, pronta para exibir gráficos e apresentações que auxiliarão nas decisões a serem tomadas. Ao redor da mesa, tomadas estrategicamente posicionadas garantem que todos os dispositivos eletrônicos estejam prontos para uso.
O ar condicionado mantém a temperatura agradável, o silêncio que paira no ambiente é quebrado apenas pelo som suave do zumbido dos equipamentos eletrônicos e o ocasional ranger de uma cadeira sendo movida.
Pelas expressões dos sócio s, não estavam nem um pouco feliz com o afastamento de Otto.
— Espero que já tenham uma resposta — diz Gemma, sentando-se em uma das cadeiras em frente aos três sócios.
— Não esperávamos ter que lidar com isto tão cedo — diz um deles.
— Certamente nenhum de nós estava esperando que Otto fosse obrigado a se afastar — Um leve sorriso surge no rosto de Gemma — Mas todos nós sabemos que a presidência deve ficar na família.
— Estamos em dúvida se esta é a melhor decisão — diz o outro da ponta.
— Foi isto que os acionistas disseram?
— Todos nós temos acesso ás notícias e Mason... — O do meio fixa o olhar em mim — está sempre envolvido em algum escândalo. Como acha que isto ficaria para nós, quando ele for associado à empresa? E os investidores?
Olho para a minha mãe e depois para a mesa em minha frente, ciente de que tinham razão. Não era a melhor pessoa para assumir aquele cargo, sabia disso, Gemma só não queria admitir.
— O que ele precisa fazer? — A voz de Gemma soa séria, fria.
Olho mais uma vez para ela, franzindo o cenho. Um sócio no meio, solta o ar dos pulmões, olhando para mim e depois para ela.
— Se em seis meses, Mason estiver estável e quando digo estável, é com uma esposa e filhos, a presidência é dele, caso o contrário, encontraremos alguém que seja apto para isto.
— Seis meses?! Isto é impossível! — Gemma os encara incrédula.
— Em seis meses ele conseguiu ser mais alvo de escândalos do que posso contar — diz o sócio da outra ponta, me olhando com atenção — Não acho que fazer a coisa certa uma vez seja difícil.
Quando sinto meus olhos queimarem e meu maxilar tencionar com força, levanto abruptamente, deixando a sala.
A última coisa que queria, além daquela presidência, era ocupar um lugar que um dia esteve ocupado, permitir que pessoas que mal me conheciam, ditar as regras e dizer o que deveria fazer ou não. Mas estava correndo um grande risco de Gemma garantir pessoalmente que faria tudo o que me dissessem, até mesmo casar com um pessoa que nem conhecia e que a engravidasse na primeira oportunidade que tivesse.
E ela sabia muito bem como conseguir o que quer.
TaraEm frente ao espelho, fecho o último botão da minha blusa social branca, deslizando em seguida as mãos pela saia lápis que realçava minhas curvas.Meu cabelo estava preso em um coque quase perfeito, assim como a maquiagem suave daquela manhã. Após mais uma olhada no espelho, me afastei dele, pegando minha bolsa. Eu sabia que não estava esquecendo nada, o que significava que para enfrentar o trânsito caótico de Nova York.Minutos mais tarde, atravesso o amplo saguão da empresa em direção ao elevador. O ambiente estava impregnado com uma atmosfera de seriedade, as pessoas movendo-se com determinação e foco em mais um dia de trabalho.Entro no elevador com outras pessoas, e o silêncio reina enquanto o ascensor sobe, andar por andar, em seu ritmo tranquilo. É como se cada andar fosse um pequeno intervalo de tempo, onde as pessoas são deixadas em seus destinos específicos.À medida que avançamos, somos reduzidos a apenas dois: eu e outro homem. Quando as portas se abrem finalmente, el
Mason Deixei de ser racional no momento em que entrei na sala que agora me pertencia e me deparei com uma bela de uma bunda inclinada na minha direção.A saia que a vestia, parecia ser justa, o tecido bom, pois não conseguia ver o formato da calcinha que a mulher na minha frente usava ou se não usava.Não quis imaginar o tipo de calcinha, pois não queria no primeiro dia sendo presidente da empresa ser acusado de assedio, mas pude olhar com atenção a medida que me aproximava e quando estava perto o bastante, inalei profundamente o perfume que seu corpo exalava; diferente da maioria das mulheres que conhecia, não era um perfume doce ou que lembrava alguma flor que não fazia ideia de qual era o nome.O aroma que me envolve é como uma brisa fresca em uma manhã de outono, sutil e intrigante.Não é doce nem floral, mas sim uma mistura de notas amadeiradas e cítricas que dançam delicadamente ao meu redor.Quando ela se vira de repente na minha direção, nossos corpos ficam separados por pou
TaraAo adentrar no pequeno apartamento, libero um suspiro pesado e descontente, jogando minha bolsa descuidadamente sobre o sofá antes de andar em direção à cozinha, após remover os saltos são prontamente perto da porta, libertando meus pés de sua prisão desconfortável.A mente minha fervilha de pensamentos negativos, e as palavras ásperas ecoavam em minha cabeça.Aquele idiota, xingo mentalmente, enquanto me movo com passos largos em direção ao armário onde guardo uma garrafa de conhaque.Não é a primeira vez que me socorro na bebida, que descobri ter um gosto peculiar há alguns meses. Uma herança não tão bem-vinda da minha mãe, cujo hábito de beber excessivamente sempre me causou angústia.No entanto, o conhaque se tornou um refúgio, uma maneira de escapar temporariamente da pressão e da dor que parecem sufocar cada aspecto da minha vida.Enquanto sirvo um pouco da bebida âmbar em um copo, sinto um certo alívio se infiltrar em minha alma inquieta. É como se cada gole fosse uma peq
Mason— Bom dia, Sr. Teller — diz Mayra, assim que passo por sua mesa. Acabo por a cumprimentar com um sorriso, sem parar de andar, entendendo finalmente o por quê Otto escolheu estar cercado por mulheres.Estar cercado por mulheres perfumadas logo cedo, deixava as coisas um pouco melhores, homens não tinham graça alguma, já as mulheres... eram um bálsamo para os olhos.Diminuo os passos ao me aproximar da mesa da minha secretária, esperando encontrá-la ali. Checo o horário no relógio do pulso andando em direção da minha sala, sendo nocauteado por um cheiro de rosas assim que passo pela porta.Franzo o cenho ao andar devagar em direção da minha mesa, notando diversos pedaços de pétalas de cor pêssego rasgadas por toda parte. À medida que me aproximo, o coração se aperta, antecipando o que vou encontrar. E ali, mais à frente, em cima da minha mesa, está o que deveria ser o buquê que mandei na noite passada para o endereço que Jen me mandou. É como se um vendaval tivesse passado por a
Era hora do almoço e poderia ignorar Mason, colocar uma distância segura entre nós, sem que perdesse a cabeça e acabasse sendo presa antes do tempo.Aperto o botão do térreo, quando o vi sair de sua sala.— Segura o elevador! — Inclino a cabeça para o lado, sem mover um músculo se quer, o observando correr e entrar no último segundo no espaço. Sorrindo, ele me olha, respirando pelos lábios entre aberto — Vai almoçar com alguém?— Não é da sua conta — digo encarando o visor dos andares.— Se importa se almoçasse com você? — Viro o rosto em sua direção, estreitando os olhos — Poderíamos almoçar juntos, como bons colegas de trabalho.Fecho meus olhos, massageando as pálpebras, tencionando meu maxilar. O único momento de paz que tinha além do final do expediente, Mason queria estragar com sua presença insuportável.Ainda assim, se quisesse minha vingança, teria que continuar fazendo pequenos sacrifícios.— Tudo bem — digo quando as portas do elevador se abrem.— Sério? — Ele pergunta sem
MasonTara não entrou em minha sala até o final do expediente, me deixando sem saber se ela havia mais uma vez interpretado mal a situação ou se simplesmente estava mantendo uma distância segura.A incerteza pairava no ar, mas no fundo, não importava muito. Não estava disposto a desistir tão facilmente.Estava me preparando para ir embora, pouco tempo depois do final do expediente, ciente de que Tara já deveria ter ido embora, quando a porta da sala abre.— Ainda aqui? — digo ao ver Jen andando em minha direção.— Estava esperando todos irem.— Por quê?— Mason — diz sorrindo, só então ergo o olhar e percebo que já havia desabotoando os primeiros botões da blusa social que vestia.— O que está fazendo? — pergunto sério.— O que acha que estou fazendo? — Ela morde o lábio inferior, tentando ser sexy.Solto o ar dos pulmões.— Estou sem tempo para isso.— O quê?Jen era uma mulher legal, sem dúvida. Ela tinha um jeito cativante e uma personalidade encantadora.No entanto, nunca a enxer
TaraEnquanto termino meu jantar, me movo de um lado para o outro na cozinha, desfrutando da sensação familiar e reconfortante de preparar uma refeição.Cozinhar sempre foi mais do que apenas uma tarefa para mim — era uma forma de expressão, uma maneira de conectar-me com minhas raízes e com as memórias preciosas que compartilhei com minha mãe.Desde que os problemas de saúde dela se tornaram mais persistentes, fui forçada a assumir o controle da situação, e isso incluía assumir as rédeas da cozinha.Me lembro vividamente dos dias em que minha mãe, confinada a uma cadeira de rodas, me ensinava os segredos da culinária enquanto ainda era apenas um pré-adolescente.Quando queria trazer um sorriso ao rosto dela, preparava seu prato favorito, recriando os sabores e aromas que tanto a confortavam.Com o aroma reconfortante do macarrão com molho branco preenchendo o ar, me acomodo diante do balcão da cozinha, ansiosa para saborear a refeição que preparei com tanto cuidado.Cada garfada é u
MasonPermaneço em um canto da sala de estar, observando silenciosamente a pequena agitação ao meu redor.Gemma, com sua habilidade natural para socializar, divide sua atenção entre os convidados, mantendo um sorriso gracioso no rosto.Minha tia, junto com seu marido e seus dois filhos adolescentes, está presente, contudo a atenção dos filhos está em outro lugar, entretidos com os dispositivos eletrônicos em suas mãos. Enquanto isso, uma amiga íntima da minha mãe se envolve em uma conversa animada com Gemma, compartilhando risadas e confidências.Do outro lado da sala, vejo Otto, com seus cabelos brancos característicos, envolvido em uma conversa com o marido da minha tia.A expressão séria em seus rostos sugere que o assunto provavelmente gira em torno de negócios, talvez até mesmo sobre ações, considerando o histórico de Otto no mundo financeiro.Enquanto os observo, me sinto um tanto deslocado, como se estivesse à margem daquela realidade social. Minha mente vagueia para longe, bus