Capítulo 2

Mason

— Eu não quero isso — digo convicto.

O fato da minha mãe, Gemma, estar andando de um lado para o outro há alguns minutos, estava começando a me irritar. Parecia que aquele era o modo dela em manter os nervos controlados, enquanto eu, preferia uma bebida forte e que queimasse minha garganta ao ser engolida.

— Você não está em posição de escolher, querido — diz sem parar de andar — É o único filho dele.

— Não sou filho dele — digo entre dentes.

Ela para de andar por um segundo, me olhando nos olhos, antes de continuar seu pescoço.

Se eu fosse esperto, não tentaria contraria-la novamente.

Gemma era casada com Otto desde quando eu tinha dez anos, Otto era amigo do meu pai e depois da morte dele acabou se envolvendo com a minha mãe, pouco tempo depois a Delaney Enterprises foi criada e comandada por Otto até três atrás, antes da saúde ficar debilitada o suficiente para se quer conseguir sair de casa.

Os médicos receitavam repouso, acreditando que dentre algumas semanas, ele estaria bem o suficiente para voltar a rotina do trabalho. Contudo, Gemma via diante de si a oportunidade de aposentadoria de Otto e a chance de eu tomar a presidência.

Obviamente que eu não queria isso.

Tinha outros planos, além de aparecer na primeira manchete de revistas e tablóides em algum escândalo e, sem dúvida não envolvia se tornar presidente de uma empresa que eu mal conhecia, além do faturamento bilionário por ano.

A última coisa que queria, era ficar preso a uma empresa e todos os problemas que ela poderia me acarretar.

— Eles nunca vão permitir isto — murmuro, dando um gole na bebida, para só então a encarar — Você sabe, os sócios. Acionistas.

— Sabem que você é a melhor escolha.

— E se eu não for?

— Terá que provar para eles — diz com a voz firme — Pode até não ter o sangue de Otto correndo em suas veias, mas mostrará para eles que isto não significa nada e que é capaz.

Quando batidas na porta ressoam no então escritório de Otto, Gemma para de andar. A porta abre em seguida e a secretária aparece segurando um copo de água.

— Estão esperando na sala de reuniões — Gemma se aparece em passos largos, pegando o copo da mão dela e bebendo todo o líquido de uma vez, o devolvendo vazio.

— Vamos, Mason — Tomo o restante do líquido no copo em minha mão, antes de levantar e a seguir.

Estou fechando o paletó cinza que vestia, quando meu olhar vai para o elevador cujas portas se fechavam, tendo um rápido vislumbre de uma mulher em seu interior, antes de me concentrar em acompanhar Gemma.

As paredes brancas adornadas com quadros brilhantes e gráficos refletem o sucesso da empresa. Uma mesa retangular ocupa o centro do espaço, ladeada por cadeiras estofadas, com apenas três delas ocupadas pelos sócios.

A luz natural entra suavemente pelas janelas, iluminando o ambiente e destacando a imponência da sala. No centro da mesa, uma fileira de canetas alinhadas meticulosamente, prontas para serem utilizadas durante as discussões.

No lado oposto da sala, uma grande tela de projeção aguarda para ser ativada, pronta para exibir gráficos e apresentações que auxiliarão nas decisões a serem tomadas. Ao redor da mesa, tomadas estrategicamente posicionadas garantem que todos os dispositivos eletrônicos estejam prontos para uso.

O ar condicionado mantém a temperatura agradável, o silêncio que paira no ambiente é quebrado apenas pelo som suave do zumbido dos equipamentos eletrônicos e o ocasional ranger de uma cadeira sendo movida.

Pelas expressões dos sócio    s, não estavam nem um pouco feliz com o afastamento de Otto.

— Espero que já tenham uma resposta — diz Gemma, sentando-se em uma das cadeiras em frente aos três sócios.  

— Não esperávamos ter que lidar com isto tão cedo — diz um deles.

— Certamente nenhum de nós estava esperando que Otto fosse obrigado a se afastar — Um leve sorriso surge no rosto de Gemma — Mas todos nós sabemos que a presidência deve ficar na família.

— Estamos em dúvida se esta é a melhor decisão — diz o outro da ponta.

— Foi isto que os acionistas disseram?

— Todos nós temos acesso ás notícias e Mason... — O do meio fixa o olhar em mim — está sempre envolvido em algum escândalo.  Como acha que isto ficaria para nós, quando ele for associado à empresa? E os investidores?

Olho para a minha mãe e depois para a mesa em minha frente, ciente de que tinham razão. Não era a melhor pessoa para assumir aquele cargo, sabia disso, Gemma só não queria admitir.

— O que ele precisa fazer? — A voz de Gemma soa séria, fria.

Olho mais uma vez para ela, franzindo o cenho. Um sócio no meio, solta o ar dos pulmões, olhando para mim e depois para ela.

— Se em seis meses, Mason estiver estável e quando digo estável, é com uma esposa e filhos, a presidência é dele, caso o contrário, encontraremos alguém que seja apto para isto.

— Seis meses?! Isto é impossível! — Gemma os encara incrédula.

— Em seis meses ele conseguiu ser mais alvo de escândalos do que posso contar — diz o sócio da outra ponta, me olhando com atenção — Não acho que fazer a coisa certa uma vez seja difícil.

Quando sinto meus olhos queimarem e meu maxilar tencionar com força, levanto abruptamente, deixando a sala.

A última coisa que queria, além daquela presidência, era ocupar um lugar que um dia esteve ocupado, permitir que pessoas que mal me conheciam, ditar as regras e dizer o que deveria fazer ou não. Mas estava correndo um grande risco de Gemma garantir pessoalmente que faria tudo o que me dissessem, até mesmo casar com um pessoa que nem conhecia e que a engravidasse na primeira oportunidade que tivesse.

E ela sabia muito bem como conseguir o que quer.

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