Tara
Ao adentrar no pequeno apartamento, libero um suspiro pesado e descontente, jogando minha bolsa descuidadamente sobre o sofá antes de andar em direção à cozinha, após remover os saltos são prontamente perto da porta, libertando meus pés de sua prisão desconfortável.
A mente minha fervilha de pensamentos negativos, e as palavras ásperas ecoavam em minha cabeça.
Aquele idiota, xingo mentalmente, enquanto me movo com passos largos em direção ao armário onde guardo uma garrafa de conhaque.
Não é a primeira vez que me socorro na bebida, que descobri ter um gosto peculiar há alguns meses. Uma herança não tão bem-vinda da minha mãe, cujo hábito de beber excessivamente sempre me causou angústia.
No entanto, o conhaque se tornou um refúgio, uma maneira de escapar temporariamente da pressão e da dor que parecem sufocar cada aspecto da minha vida.
Enquanto sirvo um pouco da bebida âmbar em um copo, sinto um certo alívio se infiltrar em minha alma inquieta. É como se cada gole fosse uma pequena luz em meio à escuridão, clareando minha mente turva quando meus pensamentos se recusam a cooperar.
Então, com o calor do conhaque acariciando minha garganta, permito-me um momento de pausa, deixando que as preocupações do dia se dissolvam, pelo menos temporariamente, enquanto me entrego ao conforto momentâneo que a bebida proporciona.
Contudo, quando meu celular começa a tocar na minha bolsa, dou uma pausa neste momento para pegar o aparelho.
— Oi, mãe — digo ao atender, após ver sua foto no visor.
— Finalmente, estava preocupada com você. Não respondia as mensagens de texto, nem as ligações.
Dou mais um gole na bebida.
— O celular estava no silencioso — confesso — Estava no meu primeiro dia de trabalho e último.
— Último? — pergunta confusa.
— Não se quero continuar trabalhando lá.
— Mas estava tão animada.
— Tenho certeza que meu chefe é um tarado — digo com toda certeza.
O olhar penetrante de Mason Teller, o intruso em meu caminho, me atravessa como uma lâmina afiada. Não sou ingênua o suficiente para cair em sua armadilha, e sua expressão diz tudo — ele está ciente de que arruinou meus planos.
Não havia mais razão para permanecer naquela empresa. Meu plano, meticulosamente elaborado, desmoronou diante dos meus olhos, e agora me vejo diante de uma encruzilhada.
Não vejo motivos para prolongar minha estadia em um lugar onde não seria bem-vinda, não havia sentido em lutar contra uma batalha perdida, e é melhor seguir em frente antes que mais danos fossem causados.
— Pensei que quisesse morar em Nova York.
— E eu quero — digo sem pensar, lembrando que nem toda a verdade havia sido dita para minha mãe, quando decidi de “uma hora para outra” sair do Texas — Só... preciso de um tempo — Afago a lateral da minha cabeça, desfazendo o coque do meu cabelo, permitindo que o mesmo caísse sobre meus ombros.
— Sabe que por mim, estaria aqui comigo, não sabe? — Abro meu notebook em minha frente, hesitante por um momento na página de pesquisa, antes dos meus dedos deslizarem sob o teclado e digitar: Mason Teller.
— Precisava sair do ninho, mãe — As palavras saem da minha garganta no automático, quando uma fotografia de Mason surge, seguida por um breve texto do Wikipédia.
O som da campainha ressoando pelo apartamento, faz com que encare a porta, enquanto minha mãe continuava a falar algo referente a uma das vizinhas.
Ainda com sua voz ao fundo, caminho em direção da porta e olho pelo olho-mágico, encontrando o corredor vazio. Inspirando o ar, destranco a porta e a abro, encontrando um buquê de rosas Juliet, desenvolvidas em laboratório, na cor pêssego.
Pego o buquê do chão com o cartão, estreitando os olhos ao encontrar um breve recado: “Espero que pense melhor e descarte o pedido de demissão, não é o que quero e não deveria ser o que quer. M. Teller”.
Amasso o bilhete, batendo a porta ao voltar para dentro do apartamento, encontrando minha mãe ainda falando sozinha. Novamente em frente ao notebook, meus olhos percorrem sobre as palavras expostas e sinto como se minha mente clareasse ao ler cada vez mais.
À medida que as peças do quebra-cabeça se encaixam, a presença de Mason Teller na empresa assume uma nova camada de complexidade.
Ele não é apenas uma pedra no meu caminho, é o enteado do próprio Otto, o que explica em parte sua impunidade e seu comportamento indulgente.
É conhecido por sua vida imprudente, envolvendo-se em situações duvidosas e frequentemente visto na companhia de mulheres. Sua lista de relacionamentos é tão volátil quanto sua própria personalidade, incapaz de manter qualquer compromisso sério. No entanto, é o incidente quase fatal que permanece como um ponto de referência sombrio em sua história.
Seus escândalos constantes, envolvimentos com mulheres e situações duvidosas agora fazem mais sentido. Ele é um caso perdido, um espírito indomável que parece viver à margem das regras que governam o restante de nós. Sua falta de relacionamentos sérios e a quase prisão por homicídio culposo, devido ao acidente de carro sob influência do álcool, são apenas evidências adicionais de sua vida tumultuada e desregrada.
— Espero que esteja se alimentando direito e não comendo qualquer coisa que aparece em sua frente — A voz da minha mãe chega de repente aos meus ouvidos.
— Estou comendo legumes e verduras, não se preocupe — digo impedindo que prolongasse ainda mais aquela conversa — Vou tomar um banho, estou cansada, nos falamos amanhã.
— Vou esperar sua ligação.
Quando ela desliga, leio novamente, dessa vez em voz alta, tudo que acabara de ler. Aquilo ali me trazia novamente ao jogo, o que era um alívio, de uma forma ou de outra, conseguiria o que queria, iria conseguir minha vingança contra Otto e seria Mason que me ajudaria.
Só teria que fazer alguns ajustes e continuar com o plano.
O sorriso do meu rosto some, quando desvio o olhar da tela do notebook para as rosas ao lado que, por sinal exalavam um forte perfume.
Reviro os olhos, tomando o restante do conhaque, focada no que precisava ser feito.
Mason— Bom dia, Sr. Teller — diz Mayra, assim que passo por sua mesa. Acabo por a cumprimentar com um sorriso, sem parar de andar, entendendo finalmente o por quê Otto escolheu estar cercado por mulheres.Estar cercado por mulheres perfumadas logo cedo, deixava as coisas um pouco melhores, homens não tinham graça alguma, já as mulheres... eram um bálsamo para os olhos.Diminuo os passos ao me aproximar da mesa da minha secretária, esperando encontrá-la ali. Checo o horário no relógio do pulso andando em direção da minha sala, sendo nocauteado por um cheiro de rosas assim que passo pela porta.Franzo o cenho ao andar devagar em direção da minha mesa, notando diversos pedaços de pétalas de cor pêssego rasgadas por toda parte. À medida que me aproximo, o coração se aperta, antecipando o que vou encontrar. E ali, mais à frente, em cima da minha mesa, está o que deveria ser o buquê que mandei na noite passada para o endereço que Jen me mandou. É como se um vendaval tivesse passado por a
Era hora do almoço e poderia ignorar Mason, colocar uma distância segura entre nós, sem que perdesse a cabeça e acabasse sendo presa antes do tempo.Aperto o botão do térreo, quando o vi sair de sua sala.— Segura o elevador! — Inclino a cabeça para o lado, sem mover um músculo se quer, o observando correr e entrar no último segundo no espaço. Sorrindo, ele me olha, respirando pelos lábios entre aberto — Vai almoçar com alguém?— Não é da sua conta — digo encarando o visor dos andares.— Se importa se almoçasse com você? — Viro o rosto em sua direção, estreitando os olhos — Poderíamos almoçar juntos, como bons colegas de trabalho.Fecho meus olhos, massageando as pálpebras, tencionando meu maxilar. O único momento de paz que tinha além do final do expediente, Mason queria estragar com sua presença insuportável.Ainda assim, se quisesse minha vingança, teria que continuar fazendo pequenos sacrifícios.— Tudo bem — digo quando as portas do elevador se abrem.— Sério? — Ele pergunta sem
MasonTara não entrou em minha sala até o final do expediente, me deixando sem saber se ela havia mais uma vez interpretado mal a situação ou se simplesmente estava mantendo uma distância segura.A incerteza pairava no ar, mas no fundo, não importava muito. Não estava disposto a desistir tão facilmente.Estava me preparando para ir embora, pouco tempo depois do final do expediente, ciente de que Tara já deveria ter ido embora, quando a porta da sala abre.— Ainda aqui? — digo ao ver Jen andando em minha direção.— Estava esperando todos irem.— Por quê?— Mason — diz sorrindo, só então ergo o olhar e percebo que já havia desabotoando os primeiros botões da blusa social que vestia.— O que está fazendo? — pergunto sério.— O que acha que estou fazendo? — Ela morde o lábio inferior, tentando ser sexy.Solto o ar dos pulmões.— Estou sem tempo para isso.— O quê?Jen era uma mulher legal, sem dúvida. Ela tinha um jeito cativante e uma personalidade encantadora.No entanto, nunca a enxer
TaraEnquanto termino meu jantar, me movo de um lado para o outro na cozinha, desfrutando da sensação familiar e reconfortante de preparar uma refeição.Cozinhar sempre foi mais do que apenas uma tarefa para mim — era uma forma de expressão, uma maneira de conectar-me com minhas raízes e com as memórias preciosas que compartilhei com minha mãe.Desde que os problemas de saúde dela se tornaram mais persistentes, fui forçada a assumir o controle da situação, e isso incluía assumir as rédeas da cozinha.Me lembro vividamente dos dias em que minha mãe, confinada a uma cadeira de rodas, me ensinava os segredos da culinária enquanto ainda era apenas um pré-adolescente.Quando queria trazer um sorriso ao rosto dela, preparava seu prato favorito, recriando os sabores e aromas que tanto a confortavam.Com o aroma reconfortante do macarrão com molho branco preenchendo o ar, me acomodo diante do balcão da cozinha, ansiosa para saborear a refeição que preparei com tanto cuidado.Cada garfada é u
MasonPermaneço em um canto da sala de estar, observando silenciosamente a pequena agitação ao meu redor.Gemma, com sua habilidade natural para socializar, divide sua atenção entre os convidados, mantendo um sorriso gracioso no rosto.Minha tia, junto com seu marido e seus dois filhos adolescentes, está presente, contudo a atenção dos filhos está em outro lugar, entretidos com os dispositivos eletrônicos em suas mãos. Enquanto isso, uma amiga íntima da minha mãe se envolve em uma conversa animada com Gemma, compartilhando risadas e confidências.Do outro lado da sala, vejo Otto, com seus cabelos brancos característicos, envolvido em uma conversa com o marido da minha tia.A expressão séria em seus rostos sugere que o assunto provavelmente gira em torno de negócios, talvez até mesmo sobre ações, considerando o histórico de Otto no mundo financeiro.Enquanto os observo, me sinto um tanto deslocado, como se estivesse à margem daquela realidade social. Minha mente vagueia para longe, bus
TaraÀ medida que o telefone sobre minha mesa insistia em tocar incessantemente.Cada vez que atendia, a mesma desculpa era dada: Mason entrará em contato em breve. No entanto, a verdade era que Mason estava atrasado há uma hora, e cada tentativa de ligação para seu celular resultava em uma chamada direcionada para a caixa-postal.Minha paciência estava chegando ao limite. Cada toque do telefone parecia uma provocação da parte de Mason, um lembrete constante da falta de compromisso e da situação cada vez mais tensa em que me encontrava. A irritação crescia dentro de mim a cada segundo que passava.Na última tentativa de ligação, minha paciência finalmente se esgotou. A voz tensa e irada transpareceu em minhas palavras enquanto exprimia minha frustração para o vazio do telefone. Com um suspiro de exasperação, desligo o telefone, resignado ao fato de que a única coisa que poderia fazer era arrastar Mason até a empresa.— Aonde você vai? — Mayra pergunta, quando passo por sua mesa.— Ach
MasonFranzo o cenho ao perceber Tara entrando na sala e começando a gesticular freneticamente. Enquanto tento manter a compostura diante do investidor do outro lado da tela, meu olhar se desvia para ela, tentando entender o que está acontecendo.— Desculpe, um momento — murmuro para o investidor, antes de desviar minha atenção totalmente para Tara — O que está acontecendo?"Tara parece ansiosa, seus olhos transmitindo urgência enquanto continua a gesticular de forma frenética. Meu coração começa a bater mais rápido, preocupado com o que poderia estar errado. Será que ela está tentando me dizer que está grávida? Justo naquele momento?!— Espere um instante — digo ao investidor antes de encerrar a chamada — O que houve, Tara? Por que você está agindo assim?— Deixaram um bebê aqui.Ergo as sobrancelhas, pego de surpresa, não esperando que ela tivesse um filho.— Seu bebê?— Não — diz devagar, séria — Seu.Sorrio, dando de ombros.— Não sou pai e não tenho um bebê.Ela revira os olho
Tara Enquanto observo o bebê à minha frente devorando avidamente a mamadeira de leite, seus pequenos olhos curiosos se mantêm fixos em mim.Mason há quarenta minutos persiste em ligar para Leanne, mantendo uma expressão tensa e frustrada estampada no rosto, e após os primeiros dez minutos, comecei a suspeitar que ele está relutante em admitir que ela simplesmente não atenderá suas chamadas.A sensação de incredulidade me envolve enquanto observo o bebê, terminando sua mamadeira com um ar de satisfação. É difícil acreditar que todos os meus esforços estão prestes a desmoronar por causa de um bebê.Um bebê cuja mãe claramente não deseja assumir a responsabilidade da maternidade, colocando em risco todos os meus planos meticulosamente elaborados.— Oh — diz Mayra de repente, aparecendo em frente da mesa — Que bebê lindo — Um amplo sorriso surge em seu rosto — É seu? — Seus olhos se fixam em mim no instante seguinte.Abro e fecho a boca, sem saber o que dizer. Se negasse, geraria