Mason
— Bom dia, Sr. Teller — diz Mayra, assim que passo por sua mesa. Acabo por a cumprimentar com um sorriso, sem parar de andar, entendendo finalmente o por quê Otto escolheu estar cercado por mulheres.
Estar cercado por mulheres perfumadas logo cedo, deixava as coisas um pouco melhores, homens não tinham graça alguma, já as mulheres... eram um bálsamo para os olhos.
Diminuo os passos ao me aproximar da mesa da minha secretária, esperando encontrá-la ali. Checo o horário no relógio do pulso andando em direção da minha sala, sendo nocauteado por um cheiro de rosas assim que passo pela porta.
Franzo o cenho ao andar devagar em direção da minha mesa, notando diversos pedaços de pétalas de cor pêssego rasgadas por toda parte.
À medida que me aproximo, o coração se aperta, antecipando o que vou encontrar. E ali, mais à frente, em cima da minha mesa, está o que deveria ser o buquê que mandei na noite passada para o endereço que Jen me mandou. É como se um vendaval tivesse passado por ali, deixando apenas destroços para trás.
O buquê está todo estrupiado, suas flores despetaladas, caídas em desordem, um retrato da devastação. A mensagem no verso do cartão amassado que o acompanhava chama minha atenção, com uma letra rápida e nada feminina: “Poderia ser você em pedaços pela sala, mas achei mais conveniente ser esse buquê ridículo.”
Ridículo?!, grito na minha cabeça incrédulo. Aquelas rosas custaram 21 milhões! Será que pelo menos ela estava ciente disso?
Amasso mais uma vez o cartão, o jogando sob minha mesa, colocando minhas mãos na cintura, notando ao virar Tara na porta da minha sala, impecavelmente bonita, mas sem esboçar se quer um sorriso.
Com certeza aquela mulher não era normal.
— Poderia ter dito que não gostou — Forço um sorriso — A maioria das mulheres gostam de rosas.
— Não sou como a maioria das mulheres — Inspiro, fechando os olhos por uns segundos. Certo, mereci isso, concluo.
— Pelo menos pensou melhor.
Ela mantém os dedos cruzados das mãos em frente do corpo.
— Não pensei, por hora preciso desse emprego — Em seguida, ela gira os calcanhares, saindo meu campo de visão.
Invés de estar com raiva, só conseguia pensar: Que mulher era aquela?, com um leve sorriso no rosto.
A pedido de Tara, a moça da limpeza limpou todas as pétalas da sala, com uma expressão que deixava claro que queria saber o que havia acontecido. Seus olhos inquisitivos pareciam implorar por uma explicação, mas, em vez disso, ela apenas deixou a sala novamente limpa e saiu sem que eu percebesse. Minutos depois, Tara entra na minha sala, enumerando tudo o que tinha naquela manhã.
Enquanto ela falava, colocando papéis em minha frente para assinar, lutava para prestar atenção em suas palavras. Minha mente estava divagando, incapaz de se concentrar em qualquer coisa além das imagens do buquê destroçado e da mensagem dilacerante que havia encontrado momentos antes.
Observo seus lábios se movendo, mas as palavras parecem distantes, ecoando em minha mente enquanto tento processar o que aconteceu.
Seu corpo, os gestos delicados e o jeito como ela se movimenta pela sala, tudo parece em câmera lenta, como se o tempo estivesse se arrastando diante da minha perplexidade.
— Espero não estar interrompendo — Desvio o olhar de Tara para Gemma que entrava na sala. Tara sustenta o olhar Gemma ao passar por ela, a olhando com atenção — Sua secretária? — Gemma volta a olhar para mim, quando a porta se fecha.
— Mais bonita do que a Sra. Lars.
Sra. Lars começou a trabalhar para Otto assim que ele assumiu a presidência, dizem que ela estava em sua melhor forma, quando assumiu o cargo de secretária e que até mesmo teve um caso com o meu padrasto que, mesmo com todos ops boatos correndo pela empresa e correndo o risco de assinar o pedido de divórcio da Gemma, ela foi secretária dele até se aposentar.
— E como estão as coisas por aqui? — Ela anda devagar pela sala.
— Normais dentro do possível — digo assinando os papéis que Tara havia colocado sobre minha mesa.
Ela vira o rosto na minha direção.
— Se precisar de ajuda, não hesite em falar com Jen.
— Não acho que vou precisar — Ergo o olhar dos papéis, encontrando seus olhos — Minha secretária parece fazer o serviço completo.
— Só espero que ela não vá parar na sua cama. Essa cadeira... — Ela suspira, voltando para frente da mesa — costuma corromper as pessoas.
Um breve silêncio se instala, até que ela continua a andar, talvez sentindo falta dos porta-retratos que um dia havia colocado ali.
— E ele como está?
— Tentando aceitar que nunca mais sentará nessa cadeira — Ela para atrás da minha cadeira, massageando meus ombros, pouco antes se inclinar sobre mim — No fundo ele sabe que você é a melhor opção para a empresa e que merece uma segunda chance.
Não me sentia o mesmo desde o acidente. Cada momento era uma luta contra as memórias dolorosas que insistiam em assombrar meus pensamentos.
Parecia que uma névoa densa havia se instalado em minha mente, obscurecendo qualquer vislumbre de esperança ou fé no futuro. Por causa disso, uma voz interior insistente repetia que eu não merecia uma segunda chance.
Gemma, no entanto, deixava claro o contrário. Com sua presença constante e seu apoio inabalável, tentava me mostrar que havia luz além da escuridão em eu estava imerso. Mesmo que não quisesse estar ali, mesmo que cada célula do meu ser clamasse por isolamento e solidão.
Enquanto ela falava, tentando me envolver em conversas cotidianas ou em questões de trabalho, minha mente vagava para além da sala, para além daquele momento presente. Eu me encontrava perdido em um turbilhão de pensamentos conflitantes, lutando para encontrar uma saída desse labirinto emocional em que me via aprisionado.
— Vai ficar tudo bem, querido — diz depositando um beijo em minha bochecha, antes de andar em direção da porta — E não vou mais ocupar seu tempo.
Encaro os papéis em minha frente, o olhar fixo em um ponto invisível, enquanto movia lentamente a caneta em minha mão, antes de suspirar e voltar ao trabalho, voltando para a minha ansiedade que consistia em esperar Tara entrar na minha sala.
Era hora do almoço e poderia ignorar Mason, colocar uma distância segura entre nós, sem que perdesse a cabeça e acabasse sendo presa antes do tempo.Aperto o botão do térreo, quando o vi sair de sua sala.— Segura o elevador! — Inclino a cabeça para o lado, sem mover um músculo se quer, o observando correr e entrar no último segundo no espaço. Sorrindo, ele me olha, respirando pelos lábios entre aberto — Vai almoçar com alguém?— Não é da sua conta — digo encarando o visor dos andares.— Se importa se almoçasse com você? — Viro o rosto em sua direção, estreitando os olhos — Poderíamos almoçar juntos, como bons colegas de trabalho.Fecho meus olhos, massageando as pálpebras, tencionando meu maxilar. O único momento de paz que tinha além do final do expediente, Mason queria estragar com sua presença insuportável.Ainda assim, se quisesse minha vingança, teria que continuar fazendo pequenos sacrifícios.— Tudo bem — digo quando as portas do elevador se abrem.— Sério? — Ele pergunta sem
MasonTara não entrou em minha sala até o final do expediente, me deixando sem saber se ela havia mais uma vez interpretado mal a situação ou se simplesmente estava mantendo uma distância segura.A incerteza pairava no ar, mas no fundo, não importava muito. Não estava disposto a desistir tão facilmente.Estava me preparando para ir embora, pouco tempo depois do final do expediente, ciente de que Tara já deveria ter ido embora, quando a porta da sala abre.— Ainda aqui? — digo ao ver Jen andando em minha direção.— Estava esperando todos irem.— Por quê?— Mason — diz sorrindo, só então ergo o olhar e percebo que já havia desabotoando os primeiros botões da blusa social que vestia.— O que está fazendo? — pergunto sério.— O que acha que estou fazendo? — Ela morde o lábio inferior, tentando ser sexy.Solto o ar dos pulmões.— Estou sem tempo para isso.— O quê?Jen era uma mulher legal, sem dúvida. Ela tinha um jeito cativante e uma personalidade encantadora.No entanto, nunca a enxer
TaraEnquanto termino meu jantar, me movo de um lado para o outro na cozinha, desfrutando da sensação familiar e reconfortante de preparar uma refeição.Cozinhar sempre foi mais do que apenas uma tarefa para mim — era uma forma de expressão, uma maneira de conectar-me com minhas raízes e com as memórias preciosas que compartilhei com minha mãe.Desde que os problemas de saúde dela se tornaram mais persistentes, fui forçada a assumir o controle da situação, e isso incluía assumir as rédeas da cozinha.Me lembro vividamente dos dias em que minha mãe, confinada a uma cadeira de rodas, me ensinava os segredos da culinária enquanto ainda era apenas um pré-adolescente.Quando queria trazer um sorriso ao rosto dela, preparava seu prato favorito, recriando os sabores e aromas que tanto a confortavam.Com o aroma reconfortante do macarrão com molho branco preenchendo o ar, me acomodo diante do balcão da cozinha, ansiosa para saborear a refeição que preparei com tanto cuidado.Cada garfada é u
MasonPermaneço em um canto da sala de estar, observando silenciosamente a pequena agitação ao meu redor.Gemma, com sua habilidade natural para socializar, divide sua atenção entre os convidados, mantendo um sorriso gracioso no rosto.Minha tia, junto com seu marido e seus dois filhos adolescentes, está presente, contudo a atenção dos filhos está em outro lugar, entretidos com os dispositivos eletrônicos em suas mãos. Enquanto isso, uma amiga íntima da minha mãe se envolve em uma conversa animada com Gemma, compartilhando risadas e confidências.Do outro lado da sala, vejo Otto, com seus cabelos brancos característicos, envolvido em uma conversa com o marido da minha tia.A expressão séria em seus rostos sugere que o assunto provavelmente gira em torno de negócios, talvez até mesmo sobre ações, considerando o histórico de Otto no mundo financeiro.Enquanto os observo, me sinto um tanto deslocado, como se estivesse à margem daquela realidade social. Minha mente vagueia para longe, bus
TaraÀ medida que o telefone sobre minha mesa insistia em tocar incessantemente.Cada vez que atendia, a mesma desculpa era dada: Mason entrará em contato em breve. No entanto, a verdade era que Mason estava atrasado há uma hora, e cada tentativa de ligação para seu celular resultava em uma chamada direcionada para a caixa-postal.Minha paciência estava chegando ao limite. Cada toque do telefone parecia uma provocação da parte de Mason, um lembrete constante da falta de compromisso e da situação cada vez mais tensa em que me encontrava. A irritação crescia dentro de mim a cada segundo que passava.Na última tentativa de ligação, minha paciência finalmente se esgotou. A voz tensa e irada transpareceu em minhas palavras enquanto exprimia minha frustração para o vazio do telefone. Com um suspiro de exasperação, desligo o telefone, resignado ao fato de que a única coisa que poderia fazer era arrastar Mason até a empresa.— Aonde você vai? — Mayra pergunta, quando passo por sua mesa.— Ach
MasonFranzo o cenho ao perceber Tara entrando na sala e começando a gesticular freneticamente. Enquanto tento manter a compostura diante do investidor do outro lado da tela, meu olhar se desvia para ela, tentando entender o que está acontecendo.— Desculpe, um momento — murmuro para o investidor, antes de desviar minha atenção totalmente para Tara — O que está acontecendo?"Tara parece ansiosa, seus olhos transmitindo urgência enquanto continua a gesticular de forma frenética. Meu coração começa a bater mais rápido, preocupado com o que poderia estar errado. Será que ela está tentando me dizer que está grávida? Justo naquele momento?!— Espere um instante — digo ao investidor antes de encerrar a chamada — O que houve, Tara? Por que você está agindo assim?— Deixaram um bebê aqui.Ergo as sobrancelhas, pego de surpresa, não esperando que ela tivesse um filho.— Seu bebê?— Não — diz devagar, séria — Seu.Sorrio, dando de ombros.— Não sou pai e não tenho um bebê.Ela revira os olho
Tara Enquanto observo o bebê à minha frente devorando avidamente a mamadeira de leite, seus pequenos olhos curiosos se mantêm fixos em mim.Mason há quarenta minutos persiste em ligar para Leanne, mantendo uma expressão tensa e frustrada estampada no rosto, e após os primeiros dez minutos, comecei a suspeitar que ele está relutante em admitir que ela simplesmente não atenderá suas chamadas.A sensação de incredulidade me envolve enquanto observo o bebê, terminando sua mamadeira com um ar de satisfação. É difícil acreditar que todos os meus esforços estão prestes a desmoronar por causa de um bebê.Um bebê cuja mãe claramente não deseja assumir a responsabilidade da maternidade, colocando em risco todos os meus planos meticulosamente elaborados.— Oh — diz Mayra de repente, aparecendo em frente da mesa — Que bebê lindo — Um amplo sorriso surge em seu rosto — É seu? — Seus olhos se fixam em mim no instante seguinte.Abro e fecho a boca, sem saber o que dizer. Se negasse, geraria
MasonNão me importei em estacionar o carro corretamente ao pará-lo em frente ao prédio de cinco andares onde Leanne morava.Desço do carro em passos largos, com a mente tomada pela urgência de chegar até ela. No entanto, assim que começo a caminhar em direção à porta de vidro do prédio, sou repentinamente trazido de volta à realidade ao lembrar do bebê ainda no carro.Ao passar pelo hall, onde as caixas de correio estão alinhadas, meu passo se acelera. Observo o elevador, com duas faixas amarelas fazendo um "x" sobre as portas, indicando que está em manutenção. Xingo baixo, uma onda de frustração tomando conta de mim. Meus olhos se voltam para a escada, e sem hesitação, começo a subir os degraus o mais rápido que consigo.Cada degrau sob meus pés parece um lembrete constante da corrida contra o tempo. Minha mente está em turbilhão, cheia de preocupações e ansiedades sobre Leanne e o bebê. Cada batida do meu coração parece ecoar nas paredes estreitas da escada, me impulsionando para c