RETALIAÇÃOCloe ficou o tempo todo no portão de Layla esperando a volta de Túlio.— Minha querida, imagine como minha vida tem sido desde que esse menino tinha doze anos! – Layla se aproximou dela no portão, pôs a mão no ombro da jovem, solidária, ela entendia a preocupação de Cloe, pois a garota amava seu neto assim como ela. – Meu neto é como meu filho, e filhos, é como ter o coração batendo fora do peito constantemente, ainda mais com a vida que ele tem.Cloe acenou em concordância, imaginava como não deveria ser fácil para a senhora avó dele.Quando viu a moto dele subir para sua casa e ele não tendo avisado-a de que estava chegando, beijou Layla no rosto e subiu a rua para sua casa. Ela estava quase chegando em casa quando uma van preta passou a todo vapor por ela, os vidros escuros não permitia que ela visse quem estava no interior. Mais à frente desceu um brutamontes da frente e abriu a porta corrediça da van e Sopapo, Canibal e Gringo desceram. Um saco preto cobria a cabeça do
Ela ouviu quando um automóvel se aproximou, tinha visto quando os homens de Túlio tinham se camuflado no mato à beira da pista e imaginou, quando o automóvel que ouvia parou, que os homens tinham se apresentado no meio da pista e impedido-o de seguir. Ouviu a voz de Jânio e gritos.Ela não ia conseguir ficar escondida. Abriu a porta da van e o que viu a deixou em choque. Era uma van que interceptaram e tão lotada de homens quanto a deles. Ouviu o comando de Túlio em alto e bom som, avisando Jânio de que seria mão a mão.Socos, murros e pontapés. Ela via tudo sem acreditar. Um deles e ela não sabia se eram os homens de Túlio ou não, tinha ido ao chão por um gancho que levou no queixo e lá permaneceu desacordado. Ela viu Túlio e Jânio engalfinhados e tremeu. Como Túlio tinha coragem de enfrentar aquele homem?! Paus, pedras, tchaco e tantas outras coisas voavam, estavam suando tudo que tinham a mão para atacarem o oponente.Ela deu um passo atrás quando viu que Sopapo fora atingido por u
UM BOM MÉDICOPegou seu celular, uma voz atendeu com um forte sotaque, ao que ele pediu:“ O senhor pode vir à casa de minha vó?” – e desligou.Na próxima meia hora que aguardavam a chegada do tal doutor, Layla despejou uma litania no neto, indiferente aos ferimentos dele, ou acostumada a isso, já que ele vivia, como ela mesmo dizia, enfiado em brigas. Layla estava enfurecida por ele ter levado Cloe com ele em uma de suas brigas. Cloe o defendeu e disse à senhora que ela quisera ir, que brigara com ele e o ameaçara se não a levassem.— Coitadinho dele, né? Foi ameaçado por uma garota quinze centímetros mais baixa que ele, que não pesa cinquenta e cinco quilos – Layla falava irritada e não aceitando a defesa da moça. – Já brigou com mafiosos, já escapou de balas nem sei quantas vezes, já brigou com homens, e mais de um! Homens assustadores e com sangue nos olhos, e foi convencido por você a levá-lo em uma briga?!Túlio ouvia da avó verdades que ele mesmo já sabia, para seu alívio, um
E acabaram fazendo amor após essa conversa.Estavam errados os dois a respeito de Gringo, pois pela manhã ele estava sentado na sala-varanda deles quando abriram a porta.— Chefe, estou indo para Manguai com Milla – foi o bom dia dele e Túlio e Cloe deram uma risada alta ao ouvi-lo dizer isso de supetão. – Qual a graça? — Nada, Gringo, só que Cloe e eu estávamos falando sobre a dureza do coração dos homens, não é, amor? – Túlio olhou para ela que ainda ria e ela acenou a cabeça em concordância. Era obrigada a concordar com ele que estava errada em seu julgamento sobre os sentimentos dos homens.No sábado seguinte um grande churrasco foi feito em homenagem à Milla e Gringo que partiriam na segunda para Manguai. Amigos em peso compareceram na casa do casal. Música alta tocou até quase o amanhecer. Milla ensinava passos de danças mais ousados para Cloe e meio bêbadas, riam demais ao ver as tentativas de Cloe de descer até o chão. Homens da gangue que ela ainda não conhecia também esta
REGRAS SÃO REGRAS— Você não pode estar falando sério! – Cloe largava uma rama que estava enfiando sobre um vaso de terra e olhava a amiga. – Mas o que fiz para ela?— Ela queria seu lugar, sempre quis. Antes de você vir para cá, ela queria ser a mulher de Túlio. Se dizia que seria a Lady Máfia e você ter aparecido, atrapalhou os planos dela.— Meu Deus, eu não imaginava.Cloe passou o resto do dia pensativa. No meio da tarde, resolveu levar o assunto para outro lado com a amiga:— Você e Gringo não estão bem? Não os tenho visto mais juntos.Demorou para Milla responder, afundava uma muda de tomate em um vaso de plástico e quando olhou para Cloe, sorria amigavelmente, antes de responder:— Sabe o que gostei em você, Cloe, sabe porque me aproximei de você depois de quase tê-la espancado no primeira vez que nos falamos e a ameacei?— Não.— Sua pureza. Não me entenda mal, sei o quanto é forte e a admiro por ser até mais forte do que eu.— Não diga isso, amiga, eu é quem a admiro e desej
MALDADEO doutor Zaquim já estava tratando de Túlio, mas Clara ao entrar no consultório e vê-lo desacordado deitado na maca, o carmesim do sangue dele encharcando o papel onde estava deitado, a desfalecer.Gringo e Milla a acompaharam até ali e foram seu suporte, uma de cada lado para que ela não caísse.— Túlio… – ela gemeu, suas pernas fraquejaram e os amigos a ampara, fazendo-a sentar.Ela estava tão perto dele, a alguns passos apenas, mas não conseguia chegar até ele. Gringo a segurava forte.— Deixe-os cuidar dele – pediu Gringo baixinho.Flora, a enfermeira e esposa do dr Zaquim cuidavam de Túlio. Cloe olhava para ele ali desacordado sem acreditar que o homem forte e imponente estivesse assim tão frágil e a mercê de dois pares de mãos que o espetavam, viravam de lado, acudiam-no e tentavam ajudá-lo.Flora falava com o dr no idioma deles e poucas coisas dava para serem entendidas. A enfermeira seguia o que o médico lhe indicava, com uma tesoura rasgou a camiseta de Túlio e jogou
Ele estendeu a mão para ela e ela apertou, os olhos dele eram estranhos, como se ele quisesse descobrir a alma do interlocutor.— Ele já está bem – foi a resposta dela e se sentou, não queria ficar conversando, sua cabeça estava a mil e queria ver Túlio. Percebendo que o rapaz queria esticar a conversa e se sentindo mal por não estar afim, pois certamente conhecia Túlio e queria notícias dele, ela se afastou e foi até a recepção.— Sei como são essas esperas – ele tinha pressa, precisava agir logo antes que algum dos caras do boy aparecesse. O corredor estava vazio. – Tome um café para mantê-la mais ativa, comprei um para mim também.Ele ofereceu-lhe um copo de isopor com tampa, estava quente ainda. Comprara o no bar da esquina e temia ela não aceitar. Teria que improvisar se ela não aceitasse. Usando o método que tinha o costume de usar com mulheres, que era não encará-las nos olhos e mostrar certa timidez, ele se sentou e estendeu o copo como se não se importasse se ela aceitaria ou
CHAMAS!Gringo chegou ao chalé com os pneus da caminhonete que usaram para chegar até lá levantando cascalhos no chão e nem desligou-a ao descer correndo. Voltou à caminhonete e deu ordem aos três caras que tinha levado. – Quero-os longe daqui, entrem na mata, andem por aí, mas não fiquem por perto por pelo menos uma hora! – E quando um deles fez menção a falar algo, os três não entendiam como ele poderia querer ficar só com Calo, ele fez uma cara de ódio que os assustou. – Vão!Arrancando o trinta e oito da cintura, ele nem bateu na porta, com um chute ao meio da madeira, ele arrancou-a do batente, mais um chute e a porta estava no chão. Ia subir ao andar de cima, mas Ruben vinha nu descendo as escadas, assustado por ter sido encontrado e pelo barulho. Um lençol amarrado à cintura e o tiro no joelho o fez gritar e cair.Gringo chegou até ela com sangue nos olhos, os dentes trincando, o maxilar cerrado. A poça de sangue já empoçava debaixo dele, molhando a madeira, o lençol esquecido