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O Filho do Outono
O Filho do Outono
Por: Bernardo Reis
Introdução - O Arauto da Liberdade

Em um mundo onde a magia era tão natural quanto o ar que nos rodeia, reinavam três irmãos: Gallag, Wintanag e Luxord.

Os Senhores da Verdade, como eram conhecidos, acabaram por assistir o prosperar de seu povo ser apagado pelo grande poder da tão pouco conhecida entidade nomeada de Abismo, um ser incorpóreo e, ao mesmo tempo, dono de seu próprio mundo. Ou mundos. A força se alimentava de lugares com magia, devorando toda a potência da terra a deixando definhar até que restasse somente um vácuo, um vazio. O reino cheio de vida passou a murchar, o desespero se tornou o elemento que regia os seres espirituais impossibilitados de fugir das trevas que assolavam as terras que um dia foram feitas do puro poder mágico.

Gallag, o mais velho dos três reis, descobriu uma terra imaculada, um lugar onde o Abismo ainda não havia chegado. A grande Cylch era encantadora aos olhos de qualquer um que a avistasse, abastada pela belíssima criação que transbordava esperança para o povo do desesperado rei espiritual. Até mesmo o modo como as ondas fluíam por aquele espaço era fabuloso, não havia presente melhor para dar a seus súditos do que um novo mundo repleto de vida e esperanças.

A única diferença visível desta terra recém-descoberta para o lar dos espíritos em colapso era a existência de uma raça completamente intrigante: humanos.

Seres que não conheciam as naturezas da magia, viviam em paz e ainda não haviam sido corrompidos pela tal.

O grande rei então alertou com alegria aos irmãos sobre seu grande achado coberto pelas nuvens. Wintanag logo protestou, pois pensava que os humanos seriam um problema para adaptação de seus filhos sobre a terra, enquanto Luxord acreditava que os espíritos e os humanos poderiam conviver em harmonia. Entretanto, Gallag já tinha visões, com sua solução, para o impasse com a raça humana: dizimá-la.

Assim, veio o primeiro tremor.

A partir de uma fenda aberta no céu, desceram à Cylch, Gallag e seus filhos, corrompidos pela força daquela criatura gerada pelas trevas mais profundas. Assim, teve início o processo de purificação da terra.

Os humanos, que nem ao menos conheciam a arte do combate, foram subjugados pela grande força dos espíritos, quais nomearam estas criaturas fantásticas como hud, e não enxergavam outra escolha a esconder-se longe da vista destes seres, no subterrâneo e em cavernas.

Com isso, veio o segundo tremor.

Wintanag não tardou a seguir seu irmão mais velho e consigo trouxe todo o povo de seu reino, preenchendo a vasta terra com as mais diversas raças de hud, as quais possuíam suas próprias formas, tribos e vontades.

Quando traçou seu caminho até a grande Cylch, Wintanag também fora corrompido pelas trevas do Abismo e se aliou ao irmão na missão de aniquilar a raça humana, porém, a força que usavam contra aqueles que agora estavam longe de seu alcance, se voltou para o próprio povo.

Então, veio o terceiro tremor.

Luxord, o mais novo dos três Senhores da Verdade, materializou-se na terra junto de seus quatro filhos: Ostara, Litha, Samhain e Yule. O grande e justo rei estendeu a mão para seus súditos que sofriam e abraçou os humanos como se também fossem parte de seu povo. Para eles, ensinou-lhes a como se defender e a arte da magia, que àquela altura, se alastrava pelo ar.

Os humanos batizaram o rei como “Senhor da Luz”, aquele que seria responsável por lhes dar novamente a liberdade.

Profundamente grato ele marchou ao lado de humanos e hud até o campo de batalha junto de seus filhos, determinado a vencer seus dois irmãos e as criaturas que também aceitaram o Abismo.

O combate perdurou por mil noites e mil e um dias.

Ao final, Luxord se encontrava encurralado junto de sua descendência e seus seguidores. Como em um movimento desesperado e lotado de sofrimento, o Senhor da Luz usou sua essência para transformar a alma de seus filhos nas quatro armas mais poderosas que já foram banhadas pelo Sol, espadas que foram dadas aos quatro humanos cuja lealdade se mostrara inabalável com o propósito de unificar o poder dos homens e hud em um só ideal.

Então, portando as filhas de Luxord, os guerreiros foram capazes de enfrentar Gallag e Wintanag e bani-los para um lugar onde o tempo não corre, entre a profunda noite e o amanhecer. Dentro do próprio Abismo.

Luxord, que esgotou todo o poder que um dia ousou possuir, e sua essência etérea, voou ao horizonte até um local desconhecido pelas almas mortais onde pudesse se recuperar pelas próximas eras.

Com suas vidas presas em espadas, os quatro irmãos buscaram trazer o equilíbrio para o novo mundo mágico no formato de Estações: períodos onde um filho da Luz se sobressaía e servia como catalizador de magia para manter as ondas espirituais em ordem e a terra com vida. Os espíritos (ou hud) que desceram dos céus e eram pacíficos foram permitidos de viver na nova terra de Cylch, assim gerando novas raças e criaturas mágicas pelos reinos que ascenderam com prosperidade após a horrenda guerra contra os que tardiamente foram batizados de Senhores das Trevas.

Os campeões escolhidos pelas espadas tiveram papel fundamental na reestruturação da humanidade. Esses guiaram os cursos da magia e controlaram as Estações através dos séculos. Uma religião em torno de Luxord foi gerada, qual aguarda ansiosamente seu retorno às terras banhadas pelo Sol. Os campeões, chamados agora de sentinelas, construíram o Santuário da Luz: um refúgio para as espadas sagradas, com brumas mágicas em sua volta, que o esconde de olhos normais, onde somente os batizados de filhos da Luz podem adentrar.

Os protetores, o exército de Luxord comandado pelos sentinelas, são criados desde pequenos dentro do Santuário, a cada renovação de ano esses serão selecionados e trazidos de vilarejos próximos que cultuam a figura do Senhor da Luz para serem treinados e protegerem seus filhos.

A cada duas gerações os sentinelas passam seu poder adiante para um próximo campeão e se entregam às cinzas, que marcam a pele do próximo defensor da vida e da criação.

Pela benção do Senhor da Luz, o Pai das Estações, o Arauto da Liberdade, Luxord.

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