jovens se puserem a descer a montanha o mais rápido que eram capazes enquanto os filhos da Luz preparavam suas piras a fim de cremar seus irmãos falecidos na batalha daquele dia. Acalypha se encarregou do discurso que precedeu a cerimônia, como eles puderam ver ao passo em que desciam. As chamas cresceram grandiosas naquele dia, sabendo que cada soldado que dera sua vida estava se dirigindo para o Salão Dourado após tornar Cylch um lugar melhor. O dever do Filho do Outono era fazer com que essas cinzas que se elevaram aos céus sob as Montanhas Tempestuosas se orgulhassem de terem lutado ao seu lado, e que fossem lembradas até o fim dos tempos. Ainda que todos estivessem felizes com a vitória, havia de se lamentar a perda dessas vidas, assim como Samhain lhe dissera no Santuário, que se entregaram buscando um propósito. Logo os dois alcançaram a areia branca da praia, exauridos pela longa caminhada e ainda sem muitas forças no corpo. A espada de Gale estava muito mais pesada que se
A Lua selvagem iluminava aquela noite estrelada na ilha do Pai das Estações. Os dois das centenas de seres ali presentes, nenhum entendeu de onde surgira aquele homem alto e de cabelos cacheados que trazia consigo folhas secas à sua volta, muito menos quem viria a ser ele. Os três sentinelas levaram alguns poucos instantes para conceber a ideia de estarem em frente ao deus filho de Luxord, porém se ajoelharam mesmo boquiabertos. Tentavam encontrar palavras para dizer, mas suas línguas pareciam terem sido arrancadas por uma lâmina cega. — Gostei da pedra, garota. Ela é tão bonita quando você — Outono disse a Helena, que não dobrara seus joelhos para ele e carregava sua pedra de Embaixadora, o que o fazia gostar dela duas vezes. — E olhem só para vocês, que vergonha! Querendo arrumar confusão logo com o meu garoto triste! Tem sorte de serem amigos de Kyria, senão já teria os mandado para a perdição! Os sentinelas mantiveram suas cabeças abaixadas, temendo a punição que poderiam sofrer
— Imagino que devamos nos reunir para um conselho, a fim de montar uma estratégia de como iremos operar a partir de então — declarou Acalypha, que sorria de canto. — Mas não hoje, caro Gale — aliviou-o.— E também precisamos encontrar um jeito de fazer os sacerdotes a nos apoiarem — o Filho do Inverno disse preocupado.— Que se danem os sacerdotes, Alastair! — Helena exclamou enquanto voltava para as festividades.— Gosto dela. — Gaheris sentiu que era a hora de uma taça de vinho. Talvez duas. — Tratem de ficar bem. Resistam e Incandesçam.— Também irei me retirar, foi um dia complicado. — Acalypha abraçou Gale com cautela. — Kyria estaria orgulhosa de você. Resista e Incandesça, irmão.— Se quiser apostar algumas estrelas, fale com o Durant. É um anão da quarta brigada. — O Sentinela do Inverno piscou para ele. — Mas eu não te disse nada disso, certo? Ah! Mais tarde vamos ter uma corrida de pégasos, se quiser participar com aquela coisa dali… — Apontou para Lucy, que comia grande par
A Lua permanecia cheia nos céus, atraindo os olhares dos quatro que ficaram em silêncio por um longo tempo até que este se tornasse desconfortável. A festa estava bem longe de acabar, talvez durasse mais de um dia caso os anões não tomassem toda a bebida nas próximas horas, então ainda poderiam aproveitar a companhia uns dos outros por mais tempo. — O que faremos agora? — o dyninse indagou inquieto. — Podemos tentar convencer Lucy a entrar na corrida de pégasos. — Gale parecia animado. — Quem é Lucy? — A garota não fazia ideia do que conversavam. — O dragão. — O Sentinela apontou para o monte tempestuoso, onde a criatura repousava satisfeita após a refeição. — Quem é o idiota que batiza um dragão de Lucy? — Yew se revoltou em saber o nome da criatura que até agora chamava de “dragão”. — Samhain. — Imaginei. — Vocês sabem que ela está dormindo agora, certo? — Alabaster não sabia ao certo o quão longe poderia ir à insanidade daqueles dois. — E que a pessoa que controlava ela vir
Uau! E pensar que nós dois conseguiríamos chegar até o fim dessa aventura, não é? Escrever O Filho do Outono foi o processo mais dolorido e prazeroso que pude viver nesse curto espaço da minha existência. Afinal, sempre tive vontade de contar histórias e fazer arte (Tá no sangue da família), mas nunca pensei no quão complicado isso seria. Os últimos anos foram os mais importantes para mim enquanto pessoa e artista, pois neles me descobri e redescobri diversas vezes. Posso dizer que esse sonho engavetado meu foi trazido à luz na hora certa, mas não por mim, por Gale Wintamer. É muito louco de pensar em como os personagens falam com a gente e, em determinado momento do processo criativo, você já não está mais no controle. Era um momento muito conturbado para mim, que além da pandemia do COVID-19, enfrentava todos os dramas que um jovem cursando os últimos anos do colégio pode viver, com todos os clichês escrachados e mais bobos. E então, Gale falou comigo. O chamado veio como viera
Em um mundo onde a magia era tão natural quanto o ar que nos rodeia, reinavam três irmãos: Gallag, Wintanag e Luxord.Os Senhores da Verdade, como eram conhecidos, acabaram por assistir o prosperar de seu povo ser apagado pelo grande poder da tão pouco conhecida entidade nomeada de Abismo, um ser incorpóreo e, ao mesmo tempo, dono de seu próprio mundo. Ou mundos. A força se alimentava de lugares com magia, devorando toda a potência da terra a deixando definhar até que restasse somente um vácuo, um vazio. O reino cheio de vida passou a murchar, o desespero se tornou o elemento que regia os seres espirituais impossibilitados de fugir das trevas que assolavam as terras que um dia foram feitas do puro poder mágico.Gallag, o mais velho dos três reis, descobriu uma terra imaculada, um lugar onde o Abismo ainda não havia chegado. A grande Cylch era encantadora aos olhos de qualquer um que a avistasse, abastada pela belíssima criação que transbordava esperança para o povo do desesperado rei
Gale Wintamer certamente não tinha como plano ideal uma batalha catastrófica após o café da manhã. Era o dia de sua graduação como Protetor no Santuário da Luz, tudo o que precisava fazer era derrotar seu oponente, Geralt, na Arena das Estrelas. O lugar era um grande estádio dentro do Santuário em forma da Lua crescente e com um núcleo feito para, magicamente, alterar o espaço ao redor durante os combates e treinar os aprendizes em ambientes hostis. O jovem, de dezessete anos, esperava por aquela oportunidade desde que chegara ao Santuário antes dos dez. Para ele, esse era um momento grandioso. Finalmente estava pronto para cumprir seu destino de se tornar um Protetor da Criação. O Santuário da Luz era uma cidade inteira protegida pelas brumas de Niwloedd, região mais afastada ao sul de Cylch. A névoa, fruto de uma poderosa magia, ocultavam o Santuário dos olhos de qualquer criatura que não fosse um filho da Luz. Ao atravessá-las e visualizar as muralhas do lugar, a impressão que s
Olhou ao redor. Encontrou o painel a sua direita onde estavam o escudo e a espada: Dente de Dragão. Suas armas haviam sido recolhidas na noite anterior para que fossem tratadas especialmente para aquele dia, então ele planejava somente tomá-las na hora do embate com Geralt. Correu com a arma que acabara de apanhar em punhos. Acompanhado de um grito, golpeou um soldado no caminho, depois aparou o golpe de outro e contra-atacou, perfurando a cota de malha enferrujada por baixo do corpo do inimigo naquela curta dança de espadas. Enquanto continuava correndo para atravessar o campo ia repelindo ataques e às vezes devolvia o golpe sem perder o fluxo de seus apressados passos até Dente de Dragão. A poucos metros de distância foi interrompido por um oponente muito habilidoso, qual não dava brecha para um ataque direto. Gale posicionou a espada para trás, abaixo de sua cintura, uma de suas posições favoritas com espadas de duas mãos para surpreender o inimigo. O espadachim adversário tent