— Imagino que devamos nos reunir para um conselho, a fim de montar uma estratégia de como iremos operar a partir de então — declarou Acalypha, que sorria de canto. — Mas não hoje, caro Gale — aliviou-o.— E também precisamos encontrar um jeito de fazer os sacerdotes a nos apoiarem — o Filho do Inverno disse preocupado.— Que se danem os sacerdotes, Alastair! — Helena exclamou enquanto voltava para as festividades.— Gosto dela. — Gaheris sentiu que era a hora de uma taça de vinho. Talvez duas. — Tratem de ficar bem. Resistam e Incandesçam.— Também irei me retirar, foi um dia complicado. — Acalypha abraçou Gale com cautela. — Kyria estaria orgulhosa de você. Resista e Incandesça, irmão.— Se quiser apostar algumas estrelas, fale com o Durant. É um anão da quarta brigada. — O Sentinela do Inverno piscou para ele. — Mas eu não te disse nada disso, certo? Ah! Mais tarde vamos ter uma corrida de pégasos, se quiser participar com aquela coisa dali… — Apontou para Lucy, que comia grande par
A Lua permanecia cheia nos céus, atraindo os olhares dos quatro que ficaram em silêncio por um longo tempo até que este se tornasse desconfortável. A festa estava bem longe de acabar, talvez durasse mais de um dia caso os anões não tomassem toda a bebida nas próximas horas, então ainda poderiam aproveitar a companhia uns dos outros por mais tempo. — O que faremos agora? — o dyninse indagou inquieto. — Podemos tentar convencer Lucy a entrar na corrida de pégasos. — Gale parecia animado. — Quem é Lucy? — A garota não fazia ideia do que conversavam. — O dragão. — O Sentinela apontou para o monte tempestuoso, onde a criatura repousava satisfeita após a refeição. — Quem é o idiota que batiza um dragão de Lucy? — Yew se revoltou em saber o nome da criatura que até agora chamava de “dragão”. — Samhain. — Imaginei. — Vocês sabem que ela está dormindo agora, certo? — Alabaster não sabia ao certo o quão longe poderia ir à insanidade daqueles dois. — E que a pessoa que controlava ela vir
Uau! E pensar que nós dois conseguiríamos chegar até o fim dessa aventura, não é? Escrever O Filho do Outono foi o processo mais dolorido e prazeroso que pude viver nesse curto espaço da minha existência. Afinal, sempre tive vontade de contar histórias e fazer arte (Tá no sangue da família), mas nunca pensei no quão complicado isso seria. Os últimos anos foram os mais importantes para mim enquanto pessoa e artista, pois neles me descobri e redescobri diversas vezes. Posso dizer que esse sonho engavetado meu foi trazido à luz na hora certa, mas não por mim, por Gale Wintamer. É muito louco de pensar em como os personagens falam com a gente e, em determinado momento do processo criativo, você já não está mais no controle. Era um momento muito conturbado para mim, que além da pandemia do COVID-19, enfrentava todos os dramas que um jovem cursando os últimos anos do colégio pode viver, com todos os clichês escrachados e mais bobos. E então, Gale falou comigo. O chamado veio como viera
Em um mundo onde a magia era tão natural quanto o ar que nos rodeia, reinavam três irmãos: Gallag, Wintanag e Luxord.Os Senhores da Verdade, como eram conhecidos, acabaram por assistir o prosperar de seu povo ser apagado pelo grande poder da tão pouco conhecida entidade nomeada de Abismo, um ser incorpóreo e, ao mesmo tempo, dono de seu próprio mundo. Ou mundos. A força se alimentava de lugares com magia, devorando toda a potência da terra a deixando definhar até que restasse somente um vácuo, um vazio. O reino cheio de vida passou a murchar, o desespero se tornou o elemento que regia os seres espirituais impossibilitados de fugir das trevas que assolavam as terras que um dia foram feitas do puro poder mágico.Gallag, o mais velho dos três reis, descobriu uma terra imaculada, um lugar onde o Abismo ainda não havia chegado. A grande Cylch era encantadora aos olhos de qualquer um que a avistasse, abastada pela belíssima criação que transbordava esperança para o povo do desesperado rei
Gale Wintamer certamente não tinha como plano ideal uma batalha catastrófica após o café da manhã. Era o dia de sua graduação como Protetor no Santuário da Luz, tudo o que precisava fazer era derrotar seu oponente, Geralt, na Arena das Estrelas. O lugar era um grande estádio dentro do Santuário em forma da Lua crescente e com um núcleo feito para, magicamente, alterar o espaço ao redor durante os combates e treinar os aprendizes em ambientes hostis. O jovem, de dezessete anos, esperava por aquela oportunidade desde que chegara ao Santuário antes dos dez. Para ele, esse era um momento grandioso. Finalmente estava pronto para cumprir seu destino de se tornar um Protetor da Criação. O Santuário da Luz era uma cidade inteira protegida pelas brumas de Niwloedd, região mais afastada ao sul de Cylch. A névoa, fruto de uma poderosa magia, ocultavam o Santuário dos olhos de qualquer criatura que não fosse um filho da Luz. Ao atravessá-las e visualizar as muralhas do lugar, a impressão que s
Olhou ao redor. Encontrou o painel a sua direita onde estavam o escudo e a espada: Dente de Dragão. Suas armas haviam sido recolhidas na noite anterior para que fossem tratadas especialmente para aquele dia, então ele planejava somente tomá-las na hora do embate com Geralt. Correu com a arma que acabara de apanhar em punhos. Acompanhado de um grito, golpeou um soldado no caminho, depois aparou o golpe de outro e contra-atacou, perfurando a cota de malha enferrujada por baixo do corpo do inimigo naquela curta dança de espadas. Enquanto continuava correndo para atravessar o campo ia repelindo ataques e às vezes devolvia o golpe sem perder o fluxo de seus apressados passos até Dente de Dragão. A poucos metros de distância foi interrompido por um oponente muito habilidoso, qual não dava brecha para um ataque direto. Gale posicionou a espada para trás, abaixo de sua cintura, uma de suas posições favoritas com espadas de duas mãos para surpreender o inimigo. O espadachim adversário tent
Gale ficou feliz de poder assistir Kyria lutar de tão perto. Ela era magnífica em combate, talvez a melhor dos quatro. A Sentinela logo o acolheu ao entrar na luta, mesmo não o conhecendo. O jovem sabia que os sentinelas possuíam tarefas mais importantes do que saber o nome dos aprendizes, mas ela era diferente, importava-se com cada soldado sob seu comando e sorriu quando apoiou suas costas nas do garoto. — Quer que eu te cubra, novato? — perguntou ela em um tom leve dada a gravidade da situação. Com a respiração pesada, a Filha do Outono usava uma armadura leve, de malha de dragão, muito rara em tons escuros como madeira de carvalho guardiano e cabelos arrepiados e cuidadosamente raspados do lado direito da cabeça da cor das folhas secas que caem das árvores antes da chegada do Inverno. Seus grandes olhos envoltos de uma pintura preta pulsavam em tons dissonantes de laranja e transmitiam inspiração ao mais infeliz e desacreditado. — S-Seria uma honra, senhora — disse o rapaz com a
O aprendiz conseguiu ver quando as lanças acertaram dois dos arqueiros. O outro se desviou, mas caiu de cima da casa. O socorro havia chegado com força. Tratava-se dos que lutavam perto do acampamento dos aprendizes, que dominaram o terreno e começaram a avançar. Liderando o avanço vinha Hêner, a General do Exército da Luz, patente mais alta do Santuário antes dos sentinelas. Tinha cabelos loiros e uma grande armadura que Gale arriscava ser de placa de dragão, mas não tinha certeza e não perguntaria. A alta mulher trazia uma espada curta e um gigante escudo branco que mais parecia uma porta, mas era esplêndido aos olhos do jovem. Ao seu lado, vinha Gaheris empunhando Litha, com sua espessa barba e tranças amarradas para trás. O guerreiro era intimidador, trajava uma armadura vermelha que mesmo de longe dava para saber que era feita de aço lofidiano pelo brilho que emanava. Gaheris era de Lofeed, reino especializado na arte da guerra e onde os habitantes possuíam a pele mais escura, em