Capítulo Três

Mellory Bragança.

"Acordo de mau humor e sem vontade de ir para o trabalho. Não acredito que terei que aturar o filho insuportável da minha chefe pelos próximos três meses. O pior de tudo é que terei que transformá-lo em alguém que pelo menos tenha interesse em saber como a empresa funciona, já que ele herdará tudo um dia. Tomo meu café na minha Starbucks favorita quando meu celular toca.

“Oi, gata, excelente dia para você. Quer sair comigo mais tarde?” Wilian não perde a chance de tentar ficar sozinho comigo.

“Will, não vai rolar. Mas no sábado vou sair com a May e a Cel. Tá afim de ir?” Pergunto a ele, que demora um pouco para responder.

“Vamos sim. Só me manda o endereço e horário.”

“Pode deixar. Peço para a May te mandar. Beijos.”

Travo meu celular e vou para o meu carro. Ligo o rádio e está tocando Sorriso Maroto, um grupo de pagode que comecei a gostar na adolescência. Chegando no trabalho, cumprimento todos como sempre faço. Ao chegar em minha sala, minha secretária me intercepta e avisa que há alguém esperando por mim. Assim que abro a porta, encontro Raylon sentado em minha cadeira.

“Bom dia, Mellory. Você está linda neste vestido preto e justinho” Ele diz passando a língua pelos lábios.

“Nem vem. Já te falei que o que aconteceu no passado não se repetirá nunca mais” Raylon cruza os braços e se inclina.

“Nunca diga nunca, Melzinha.”

Sabia que isso não daria certo. Raylon é insuportável e nada discreto.

“Você pode me dar licença, por favor? Preciso me sentar” Peço com toda a educação que aprendi com meus pais.

“Por que sairei se aqui está tão confortável? - Ele se ajeita na cadeira. Parece que estou no colegial.” Se quiser tanto se sentar, vem me tirar.

“Não posso fazer isso. Vou acabar gastando meu réu primário com você.”

“Vamos fazer outra coisa mais interessante, então” Ele diz sugestivo. Se é assim que ele quer, tudo bem. Eu também sei jogar.

" E o que você gostaria de fazer?" - Digo aproximando meu rosto do dele.

"Que tal usarmos essa mesa aqui para fazermos algo interessante." - Ele diz e me encostei na mesa.

"Hum! E o que você quer de mim?" - Ele me pergunta e me aproximo do seu ouvido de maneira bem sexy.

"Por que não começa tirando essa blusa."

Passo a mão levemente pelo seu braço e quando vejo que ele está completamente excitado o jogo no chão. Raylon começa a xingar e eu não consigo parar de rir.

"Sua vaca, megera." - Ele diz irritado.

"Nós vamos trabalhar juntos e espero que essa parceria seja ao menos tolerável para ambos."

“Eu ainda terei você gemendo meu nome nessa mesa ou não me chamo Raylon Peres.” Ele estava me olhando seriamente, realmente Raylon ficou com raiva de mim. Digo a ele que isso aconteceria em seus sonhos e me ajeitei na mesa.

Raylon se levanta sorrindo e logo em seguida se retira. Será que foi se queixar com a mãe dele? Me sento e começo a trabalhar. Estava encerrando uma chamada quando ouço um burburinho do lado de fora e saio para saber o que estava acontecendo.

Vejo Raylon auxiliando dois rapazes que estão carregando uma mesa, enquanto Valentina avisa que não pode passar. Acho que agora ele endoidou de vez. Pergunto onde ele quer pôr a mesa e ele diz que se vamos trabalhar, temos que trabalhar juntinhos. Raylon estava zombeteiro e juro que precisei contar até dez para não dar uma joelhada em suas partes íntimas.

"Você não vai querer comprar briga comigo", o olhei com severidade ainda de braços cruzados.

"Eu só quero paz", ele sorri debochando de mim. Ele está mexendo com a garota errada.

Dou espaço para que os rapazes passem, ele sorri achando que venceu, mas mal sabe que vou transformar a vida dele em um inferno. Assim que se acomodou, olhei para ele com um sorriso angelical e pedi para que buscasse os rolos de tecido.

Ele me perguntou por que eu precisava dos rolos inteiros se tínhamos pequenas amostras. Eu disse a ele que precisava verificar a uniformidade das tonalidades, uma mentira descarada.

"Isso é algo que sua mãe pede para eu fazer pessoalmente." Raylon olhou para mim sem acreditar.

"Por que você não vai ao estoque para fazer isso?" Continuei digitando e ele esperou minha resposta.

"O problema é que vou estar em uma videoconferência em breve e o cliente quer ver o tecido no vídeo."

"Você está brincando comigo, não está?" Ele perguntou, e eu neguei. "Onde ficam os tecidos?" Ele perguntou, e chamei Valentina, que ficou surpresa com o meu pedido, mas entendeu o meu gesto.

Não demorou muito e ele voltou com um rolo. Pedi mais três rolos de cores diferentes. Ele já estava cansado por conta do peso. Perguntei se ele se sentia fraco e se quisesse ajuda, mas ele queria me mostrar que era capaz, então disse que estava tudo bem.

Resumindo, fiz ele descer doze rolos de tecido e depois levar tudo de volta. Ray reclamou, mas fez tudo o que pedi. Um tempo depois, ele voltou completamente exausto. Se sentir pena dele? Óbvio que não.

Pergunto a ele se está cansado e ele olha para mim de cara fechada. Raylon sai e volta com três garrafas de água e as toma todas. Na hora do almoço, fui encontrar Celina, que trabalha em uma empresa próxima à minha.

Durante o nosso almoço, contei a ela sobre tudo o que aconteceu e ela começou a rir.

“Menina, você é péssima. Coitado do cara.” Ela diz, tomando um gole generoso do seu suco.

“Coitado nada, ninguém mandou ele mexer comigo.” Digo a ela, que me olha de uma maneira estranha.

“Já se deu conta de que o seu lado de quinta série só aflora perto desse tal de Raylon? Acho que o que vocês têm é tesão reprimido.” Peço a ela para parar de falar coisas sem sentido e explico que não tenho nenhuma paixão por Raylon. Assim que digo isso, ela sorri e diz que não havia falado sobre paixão. E eu explico a ela que tesão nada mais é do que paixão. Chamo o garçom e peço um café.

“Ainda vou ter notícias de que vocês estão se pegando.”

As pessoas ao meu redor são mais loucas do que eu. Raylon e eu não dariamos certo. Ele é um idiota de marca maior e eu sou a mulher que fica com um cara apenas uma noite. Ele já foi contemplado com duas noites, está de bom tamanho. Minha amiga pergunta se eu estou pensando em como fico fofa ao lado de Raylon e lhe dou o dedo, meio arrancando sua risada.

“Estou pensando que tenho muita coisa para fazer hoje e não posso me dar ao luxo de ficar aqui conversando com você sobre suas neuroses.” Me levanto e vou para o meu carro. Chegando lá, meu celular apita.

“Mel, desculpa te pedir mais um favor. É que eu trouxe o Raylon de carro para que ele não fugisse. Será que teria a possibilidade de você dar uma carona a ele? Vou para casa porque não estou me sentindo bem.” – Era só o que me faltava, agora vou virar Uber.

“Tudo bem, Meridiana, mas o que você tem?” Ela está estranha ultimamente. Tenho certeza de que está escondendo algo.

“Apenas uma dor de cabeça, nada mais.”

“Se cuida, até amanhã."

Ela me envia vários emojis, travo meu telefone e volto para a empresa. Chegando lá, Raylon está falando animadamente com alguém ao telefone e assim que me vê, desliga.

“O que foi?” Ele pergunta quando o estou encarando.

“Namorada?” Nem sei por que perguntei. Acho que foi curiosidade, por não vê-lo conversando com a pessoa.

Raylon perguntou se eu estava com ciúmes dele, mas eu disse que apenas estava curiosa. Avisei a ele que sua mãe pediu que eu lhe desse uma carona e ele perguntou se aconteceu algo com ela. Respondi que a única coisa que ela disse foi que estava com dor de cabeça. "Que estranho, ela nunca deixou uma dor de cabeça abatê-la", ele falou a verdade. Nos cinco anos que o conheço, nunca a vi abatida por nada. Por que justo uma dor de cabeça?

Deixei as preocupações de lado e comecei a explicar a Raylon o que ele precisaria fazer. Mostrei-lhe as agendas de contatos e associados, e disse a ele que se tivesse qualquer dúvida, não hesitasse em perguntar. Ray fez suas gracinhas como sempre, mas eu o cortei e logo voltamos ao trabalho. No final do expediente, o levei para casa e depois fui para a minha. Durante o trajeto, pensei em toda a loucura que foi esse dia e sinceramente espero que os próximos sejam mais tranquilos.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo