Capitulo Nove

Raylon Peres

Cheguei em casa depois de mais um dia de trabalho na empresa e vi minha mãe conversando com Dadá. Assim que elas me viram, se calaram e ergui a sobrancelha, mas resolvi deixar as indagações para depois. Minha mãe estava um pouco abatida e perguntei se ela tinha ido ao médico. Ela disse que o doutor foi examiná-la e que eu não deveria me preocupar.

“A Mellory conseguiu fechar o contrato para expandir a empresa para o exterior. Você deveria ligar para ela e parabenizá-la”, disse minha mãe.

“Me esqueci completamente desse compromisso.”

“Não acredito que Meridiana Peres esqueceu um compromisso. Acho que o mundo deve estar prestes a acabar”, brincou minha mãe. “Por que não me contou sobre a expansão da empresa? Fiz papel de palhaço perto da Mellory.”

“Você nunca se interessou pelos assuntos da empresa. Seu negócio sempre foi ir para festas e se divertir”, lembrou Mellory. As palavras dela voltaram à minha mente. Até minha própria mãe me via como um cara fútil. Acho que já estou velho demais para agir como um adolescente.

“Mas a partir de hoje quero saber de tudo. Afinal, a empresa será minha futuramente.”

“Milagres existem de verdade! Quem diria que ouviria isso de você, filho? Não sabe como fico feliz por isso. Vá descansar, você merece”, disse minha mãe. Dei um beijo em minha mãe e depois em Dadá e fui para meu quarto. Assim que saí do banho, Joca me avisou que tínhamos uma festa para ir. Perguntei a ele em qual casa era e ele me disse que era na casa da amiga da ficante dele. Nem sabia que ele estava ficando com alguém.

Combinamos que ele me buscaria às dezoito horas. Aproveitei para dormir um pouco e estar preparado para a tal festa. Assim que ouvi meu amigo buzinar, desci as escadas. Minha mãe estava na sala lendo alguma coisa e, quando me viu, parou de ler e perguntou se eu iria sair. Eu disse que sim. Ela me perguntou como voltaria para casa e tranquilizei-a, dizendo que iria com o Joca e, se tivesse como voltar, daria um jeito de dormir por lá mesmo.

“Filho, você não acha que deveria voltar para a terapia? Você já é adulto”, perguntou ela. Por que ela sempre tenta me fazer voltar para aquilo?

“Depois conversamos sobre isso”, respondi. Dei um beijo em sua testa e ela sorriu. Entrei no carro do meu amigo e ele me cumprimentou.

“E aí, amigo, pelo que fiquei sabendo, as amigas da minha ficante são gostosas.”

“Essa sua ficante tem nome não?”

“É Celina, mas as amigas dela a chamam de Cel.” Lembrei-me de que Mellory tem uma amiga com esse nome, mas tenho certeza de que não é a mesma pessoa. “Vou passar na casa dela para poder levá-la conosco, não seja um babaca.” Meu amigo pediu, e nunca o vi ficar assim por uma ficante. Eu disse a ele para ficar tranquilo.

Durante o trajeto, fomos conversando, e ele me atualizou sobre como era trabalhar para o seu pai. Meu amigo disse que era muito desafiador ter alguém no seu pé como se fosse uma babá e que não tinha confiança nele, mas pelo menos Mellory tinha confiança em mim, às vezes até mais do que eu mesmo.

Chegamos à casa da menina, e quando a vi, soltei uma gargalhada. Ela me olhou de cara fechada e revirou os olhos.

“A Mel vai me matar.” Enquanto ela se amaldiçoava e só sabia rir.

“O que houve, Celina?” Meu amigo perguntou, e olhamos para ele.

“Ela é uma das amigas da Mellory.”

“Olha, como o mundo é pequeno! Quem diria que ela é amiga da sua ficante.” Dei um tapa na cabeça do meu amigo, que protestou. “Por que você me bateu, maluco?” Ele perguntou, e eu olhei para ele de cara fechada. Lembrei-lhe que não tenho ficante, sou um bicho solto. Celina olhou para mim, e em sua testa estava escrito a palavra idiota.

“Sei.” Meu amigo ria feito um idiota. “O que será que Mellory fará quando te ver chegando?”

“Cala a boca e dirige”, digo, virando os olhos.

Chegamos ao apartamento de Mellory, Celina e eu descemos do carro e ficamos esperando Joca estacionar. Nós dois nos encaramos sem dizer uma palavra. Meu amigo chegou, e mesmo percebendo o clima estranho, não disse nada. Tocamos a campainha, e quando Mellory atendeu, olhou para sua amiga.

“Juro que não sabia.” Ela ergueu as mãos como quem se desculpa.

“Tudo bem, amiga. Eu que devo ter dançado pole dance na cruz de calcinha e sutiã.” Sua amiga riu, e eu fiquei sem entender o que ela quis dizer, mas sei que seria uma visão maravilhosa.

"Você é estranha, Melzinha. Aqui trouxe as bebidas", disse alguém enquanto quase passava as sacolas para as mãos dela. Um cara se aproximou e pegou as sacolas, dizendo "Oi, eu sou William", e apertando a mão dela com força excessiva. Mel olhou para mim e revirou os olhos, pegando as sacolas de volta e dizendo que poderia muito bem dar conta delas. Ele não gostou muito, mas foi para o outro canto da sala.

Celina encontrou sua amiga Mary e as duas começaram a arrumar as bebidas no gelo. Um tempo depois, mais pessoas chegaram e meia hora depois estávamos todos conversando como se fôssemos amigos de longa data.

Depois de várias rodadas de bebidas, começamos a brincar de vira-vira. Formamos times de homens contra times de mulheres, e nós pensamos que a vitória estava garantida. Mas para a nossa surpresa, perdemos feio. As mulheres bebiam muito mais do que nós. "Vocês bebem mais do que carro velho", disse Joca a elas, que sorriram e estenderam a mão para pegar nosso dinheiro.

"Elas levaram praticamente todo o meu dinheiro. Vamos fazer outra brincadeira que não me deixe tão pobre", disse um dos amigos de Mel. O outro deu a sugestão de formarmos pares para brincar de mímica, e todos concordaram. Eu agarrei Mellory como minha parceira, deixando William irritado.

"Sou bem competitiva", disse Mel no meu ouvido.

"Eu também. Por isso, formamos o casal perfeito", eu disse a ela, que sorriu e pela primeira vez não me xingou.

Vencemos todas as rodadas, e todos ficaram admirados com a nossa sincronia. Depois jogamos Banco Imobiliário, e eu nunca havia jogado antes. As meninas colocaram músicas e começaram a dançar. Todos já estavam alterados, e Joca e Celina haviam sumido. Mary estava completamente bêbada, chorando suas amarguras, e eu puxei Mel para voltarmos a dançar.

No dia seguinte, só me lembro de ter acordado ao lado de Mellory em sua cama. Não me lembro de nada que aconteceu, mas pelas camisinhas descartadas e pelos arranhões em meu braço e peito, a noite foi frenética e deliciosa. Fiquei deitado olhando para Mellory, que dormia tranquilamente. De repente, ela abriu os olhos e quando me viu, deu um pulo da cama.

"Puta merda! Não acredito", ela colocou a mão no rosto. "O que aconteceu ontem?"

"Estou na mesma, não lembro de nada."

"Não... Não... Não, isso não podia ter acontecido de novo", disse Mel enquanto vestia sua roupa.

"Você disse que figurinha repetida não completa álbum, mas parece que sou sua figurinha favorita."

"Cala a boca, Raylon. Minha cabeça parece que vai explodir, e ouvindo você grasnar, ela vai mesmo".

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