Capítulo Sete

Mellory Bragança

O dia de hoje foi agitado, mas muito produtivo. O melhor de tudo foi que Raylon entendeu por si só que precisa estar por dentro de tudo, já que herdará a empresa. Quando o expediente terminou, eu só queria ir para casa e dormir. Minhas amigas me convidaram para uma festa, mas optei por ficar em casa, estava cansada e só queria tomar um banho demorado, me jogar no sofá e comer besteiras. E foi exatamente o que fiz. Estava usando minha roupa velha, uma camiseta grande e rasgada que pertencia ao meu pai - eu a uso desde a adolescência - e um short minúsculo. A campainha tocou e fui correndo para atender. Nossa! O pessoal da pizzaria foi rápido desta vez, mas quando abri a porta, levei um susto ao ver Raylon parado lá.

“O que você quer, Raylon?” Droga! Esqueci que estava usando óculos de grau e os retirei rapidamente.

“Na verdade, nem eu sei.” Se nem ele sabe o que está fazendo em minha porta, o que dirá eu? O encarei, tentando entender o motivo de sua presença.

“Se você não sabe, então tchau.” Estava me preparando para fechar a porta quando ele pôs o pé na frente.

“Já que estou aqui, por que não me deixa entrar?” Ele pediu sorrindo, e eu lhe dei passagem.

Disse a ele que não queria passar minha noite em sua presença. Então, ele sorriu sarcástico e perguntou como eu gostaria de passar minha noite. Respondi que gostaria de relaxar, assistir a um filme, comer pizza e acabar com a garrafa de vinho que estava em cima da mesa. Ele sorriu e foi até minha cozinha. Quando voltou, estava animado com copos.

“Quem te disse que podia beber do meu vinho?”

“Mellorizinha, você não vai me negar uma taça de vinho.” Lembrei a ele que se bebesse, não poderia dirigir e, consequentemente, teria que dormir em minha casa.

“Pois é. Já que não posso beber e dirigir…” Revirei os olhos e enchi meu copo. Ninguém merece.

A campainha tocou e, dessa vez, era a pizza. Como Raylon decidiu ficar, pedi a ele para pagar o entregador, e assim ele o fez. Peguei um pedaço da pizza e comecei a comer.

“Eu achava que você era refinada.” Revirei os olhos.

“Estou em minha casa. Não preciso ser refinada.”

Raylon pegou um pedaço da pizza e sentou-se ao meu lado para comer. Começamos a conversar, e, apesar de sempre se mostrar um babaca, Raylon é bem legal. Ele começou a me olhar de um jeito estranho, e antes que alguma coisa acontecesse, liguei a televisão para escolher um filme. Acabei optando por "Idas e Vindas do Amor". Raylon reclamou da escolha do meu filme, dizendo que era um filme de menininha. Lembrei-o de que sou uma menina e de que ele não era um convidado e sim um intruso.

“Nossa! Que megera”, ele sorriu e dei de ombros. Passamos a noite conversando e assistindo filmes. 

Quando me vi cansada, fui para o meu quarto dormir e disse a Raylon para dormir no mesmo quarto da última vez. Já estava de olhos fechados quando meu celular apitou. 

“Amiga, a festa estava tão chata sem você”, Celina me enviou uma mensagem.

 “Pensei que estava se divertindo?”, a resposta não demorou a chegar.

 “Quem me dera, amiga. A melhor parte foi o carinha que peguei”, Celina é a pior de todas nós. 

“A Mary não estava com você?”, o que é estranho, pois as duas sempre estão juntas. Ela me disse que nossa amiga havia saído com um cara e fico feliz por ela, pois o ex-namorado é um babaca. “Ai, amiga, ela está certa. Aquele cara é um embuste, traiu ela. Tem mais é que sair mesmo. Vai ficar chorando por macho? Achei pouco ela dar um tempo. Tinha que ter terminado de vez”. 

“Você sabe que a Mary é apegada demais. Mas e você, dona Mell, vai continuar nessa de pegar sem se apegar?”, nem vou falar sobre Raylon estar aqui, pois já sei que ela vai fazer piadinha. “O filho da sua chefe é lindo demais. Por que não investe? Tenho certeza que ele fode bem”.

 “Não fale besteira. Raylon é um idiota. Amiga, vou dormir. Beijos”. Estava quase dormindo quando ouço alguém bater na minha porta e me lembrei que Raylon estava aqui. Me levantei muito a contragosto. “O que você quer?”, pergunto entre bocejos. Ele me diz que precisa de mais dois travesseiros e o olho de braços cruzados. “Sério mesmo? Você não está em um hotel cinco estrelas não”. Inalei profundamente e fui até o meu guarda-roupa, peguei os dois travesseiros e joguei para ele, que sorriu.

“Até amanhã, Melzinha”, disse Raylon antes de eu bater a porta e ir para a cama.

No dia seguinte, o meu vizinho Pedro, muito gentil, trouxe pão de queijo quentinho para mim. Eu o agradeci pela gentileza, fechei a porta e vi Ray me encarando.

“Todos os seus vizinhos do sexo masculino são gentis com você?” perguntou Raylon, me assustando.

“Pedro é um cavalheiro. Ele é viúvo e tem dois filhos que são uma graça. Às vezes, quando precisa e estou em casa de bobeira, o ajudo tomando conta das crianças”, expliquei.

“Você é muito boazinha”, ele disse, e aquele olhar dele me causou algo estranho.

Me virei e fui para a cozinha terminar de preparar o café. Assim que estava pronto, chamei Raylon, que se sentou sorrindo.

“Posso me acostumar com isso”, ele disse.

“Não se acostume, pois nem sempre sou receptiva”, avisei.

Depois do café, Raylon foi para casa se trocar e eu me arrumei rapidamente. O que Meridiana vai pensar se souber que Raylon anda frequentando minha casa? Se bem que não posso chamar isso de frequentar, pois ele só veio aqui duas vezes. Ainda bem que hoje só trabalho até o meio-dia, assim posso chamar as meninas para sairmos juntas.

Assim que cheguei na empresa, Valentina me avisou que eu tinha problemas para resolver. Descobri que Meridiana também não viria hoje. Depois de tudo resolvido, fui para minha sala e encontrei Raylon sentado na minha cadeira, completamente à vontade.

“Por favor, pode ir para sua mesa.” Aponto para a mesa dele que fica do outro lado da sala.

“Calma, amor. Como você não estava aqui, decidi ficar um pouco à vontade. Já disse o quanto adoro sua cadeira?” E eu ainda pensei que ele estava mudando. Lembrei que a cadeira dele é idêntica à minha. “Mas a sua tem um toque especial”, ele sorria e aquilo estava começando a me irritar.

Peço a ele para sair mais uma vez e digo que tenho muitos assuntos para resolver. Realmente, minha lista está repleta e ter Raylon ocupando meu tempo com idiotices é complicado. Ele permaneceu sentado na minha cadeira e só se levantou quando perguntei se gostaria de sair por bem ou por mal. Quando Raylon levantou sorrindo, revirei os olhos.

“Se você fosse minha, não sentaria por uma semana.”

“Para começo de conversa, você não é o Christian Grey e eu não sou a Anastacia.”

“Não posso ser ele, mas posso agir como ele. E, se bem me lembro, você gemeu muito gostoso.”

“Estava bêbada, nem sabia que o cara era você. E, para ser sincera, nem gostei tanto assim.”

“Hum! E se não gostou, por que teve cinco orgasmos seguidos?” Ele perguntou e olhei para o grampeador, cogitando se jogava nele.

Valentina entrou e fiquei envergonhada ao ouvir o que Raylon dizia. Limpei minha garganta e pedi a ele para me contar o que estava acontecendo. Ela me informou que Lucélia, secretária de Meridiana, avisou que Ethan Lenox está à procura da minha chefe, mas como não conseguiu contatá-la, pediu para que eu o atendesse.

Como ela pode esquecer desse compromisso? Bom, essa é uma boa hora para começar a inserir Raylon nos negócios. Peço a Val que o encaminhe para a sala de reuniões e que faça companhia até que eu chegue. Olhei para Raylon e reprimi minha vontade de matá-lo, pelo menos por hora.

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