Mellory Bragança
O dia de hoje foi agitado, mas muito produtivo. O melhor de tudo foi que Raylon entendeu por si só que precisa estar por dentro de tudo, já que herdará a empresa. Quando o expediente terminou, eu só queria ir para casa e dormir. Minhas amigas me convidaram para uma festa, mas optei por ficar em casa, estava cansada e só queria tomar um banho demorado, me jogar no sofá e comer besteiras. E foi exatamente o que fiz. Estava usando minha roupa velha, uma camiseta grande e rasgada que pertencia ao meu pai - eu a uso desde a adolescência - e um short minúsculo. A campainha tocou e fui correndo para atender. Nossa! O pessoal da pizzaria foi rápido desta vez, mas quando abri a porta, levei um susto ao ver Raylon parado lá.
“O que você quer, Raylon?” Droga! Esqueci que estava usando óculos de grau e os retirei rapidamente.
“Na verdade, nem eu sei.” Se nem ele sabe o que está fazendo em minha porta, o que dirá eu? O encarei, tentando entender o motivo de sua presença.
“Se você não sabe, então tchau.” Estava me preparando para fechar a porta quando ele pôs o pé na frente.
“Já que estou aqui, por que não me deixa entrar?” Ele pediu sorrindo, e eu lhe dei passagem.
Disse a ele que não queria passar minha noite em sua presença. Então, ele sorriu sarcástico e perguntou como eu gostaria de passar minha noite. Respondi que gostaria de relaxar, assistir a um filme, comer pizza e acabar com a garrafa de vinho que estava em cima da mesa. Ele sorriu e foi até minha cozinha. Quando voltou, estava animado com copos.
“Quem te disse que podia beber do meu vinho?”
“Mellorizinha, você não vai me negar uma taça de vinho.” Lembrei a ele que se bebesse, não poderia dirigir e, consequentemente, teria que dormir em minha casa.
“Pois é. Já que não posso beber e dirigir…” Revirei os olhos e enchi meu copo. Ninguém merece.
A campainha tocou e, dessa vez, era a pizza. Como Raylon decidiu ficar, pedi a ele para pagar o entregador, e assim ele o fez. Peguei um pedaço da pizza e comecei a comer.
“Eu achava que você era refinada.” Revirei os olhos.
“Estou em minha casa. Não preciso ser refinada.”
Raylon pegou um pedaço da pizza e sentou-se ao meu lado para comer. Começamos a conversar, e, apesar de sempre se mostrar um babaca, Raylon é bem legal. Ele começou a me olhar de um jeito estranho, e antes que alguma coisa acontecesse, liguei a televisão para escolher um filme. Acabei optando por "Idas e Vindas do Amor". Raylon reclamou da escolha do meu filme, dizendo que era um filme de menininha. Lembrei-o de que sou uma menina e de que ele não era um convidado e sim um intruso.
“Nossa! Que megera”, ele sorriu e dei de ombros. Passamos a noite conversando e assistindo filmes.
Quando me vi cansada, fui para o meu quarto dormir e disse a Raylon para dormir no mesmo quarto da última vez. Já estava de olhos fechados quando meu celular apitou.
“Amiga, a festa estava tão chata sem você”, Celina me enviou uma mensagem.
“Pensei que estava se divertindo?”, a resposta não demorou a chegar.
“Quem me dera, amiga. A melhor parte foi o carinha que peguei”, Celina é a pior de todas nós.
“A Mary não estava com você?”, o que é estranho, pois as duas sempre estão juntas. Ela me disse que nossa amiga havia saído com um cara e fico feliz por ela, pois o ex-namorado é um babaca. “Ai, amiga, ela está certa. Aquele cara é um embuste, traiu ela. Tem mais é que sair mesmo. Vai ficar chorando por macho? Achei pouco ela dar um tempo. Tinha que ter terminado de vez”.
“Você sabe que a Mary é apegada demais. Mas e você, dona Mell, vai continuar nessa de pegar sem se apegar?”, nem vou falar sobre Raylon estar aqui, pois já sei que ela vai fazer piadinha. “O filho da sua chefe é lindo demais. Por que não investe? Tenho certeza que ele fode bem”.
“Não fale besteira. Raylon é um idiota. Amiga, vou dormir. Beijos”. Estava quase dormindo quando ouço alguém bater na minha porta e me lembrei que Raylon estava aqui. Me levantei muito a contragosto. “O que você quer?”, pergunto entre bocejos. Ele me diz que precisa de mais dois travesseiros e o olho de braços cruzados. “Sério mesmo? Você não está em um hotel cinco estrelas não”. Inalei profundamente e fui até o meu guarda-roupa, peguei os dois travesseiros e joguei para ele, que sorriu.
“Até amanhã, Melzinha”, disse Raylon antes de eu bater a porta e ir para a cama.
No dia seguinte, o meu vizinho Pedro, muito gentil, trouxe pão de queijo quentinho para mim. Eu o agradeci pela gentileza, fechei a porta e vi Ray me encarando.
“Todos os seus vizinhos do sexo masculino são gentis com você?” perguntou Raylon, me assustando.
“Pedro é um cavalheiro. Ele é viúvo e tem dois filhos que são uma graça. Às vezes, quando precisa e estou em casa de bobeira, o ajudo tomando conta das crianças”, expliquei.
“Você é muito boazinha”, ele disse, e aquele olhar dele me causou algo estranho.
Me virei e fui para a cozinha terminar de preparar o café. Assim que estava pronto, chamei Raylon, que se sentou sorrindo.
“Posso me acostumar com isso”, ele disse.
“Não se acostume, pois nem sempre sou receptiva”, avisei.
Depois do café, Raylon foi para casa se trocar e eu me arrumei rapidamente. O que Meridiana vai pensar se souber que Raylon anda frequentando minha casa? Se bem que não posso chamar isso de frequentar, pois ele só veio aqui duas vezes. Ainda bem que hoje só trabalho até o meio-dia, assim posso chamar as meninas para sairmos juntas.
Assim que cheguei na empresa, Valentina me avisou que eu tinha problemas para resolver. Descobri que Meridiana também não viria hoje. Depois de tudo resolvido, fui para minha sala e encontrei Raylon sentado na minha cadeira, completamente à vontade.
“Por favor, pode ir para sua mesa.” Aponto para a mesa dele que fica do outro lado da sala.
“Calma, amor. Como você não estava aqui, decidi ficar um pouco à vontade. Já disse o quanto adoro sua cadeira?” E eu ainda pensei que ele estava mudando. Lembrei que a cadeira dele é idêntica à minha. “Mas a sua tem um toque especial”, ele sorria e aquilo estava começando a me irritar.
Peço a ele para sair mais uma vez e digo que tenho muitos assuntos para resolver. Realmente, minha lista está repleta e ter Raylon ocupando meu tempo com idiotices é complicado. Ele permaneceu sentado na minha cadeira e só se levantou quando perguntei se gostaria de sair por bem ou por mal. Quando Raylon levantou sorrindo, revirei os olhos.
“Se você fosse minha, não sentaria por uma semana.”
“Para começo de conversa, você não é o Christian Grey e eu não sou a Anastacia.”
“Não posso ser ele, mas posso agir como ele. E, se bem me lembro, você gemeu muito gostoso.”
“Estava bêbada, nem sabia que o cara era você. E, para ser sincera, nem gostei tanto assim.”
“Hum! E se não gostou, por que teve cinco orgasmos seguidos?” Ele perguntou e olhei para o grampeador, cogitando se jogava nele.
Valentina entrou e fiquei envergonhada ao ouvir o que Raylon dizia. Limpei minha garganta e pedi a ele para me contar o que estava acontecendo. Ela me informou que Lucélia, secretária de Meridiana, avisou que Ethan Lenox está à procura da minha chefe, mas como não conseguiu contatá-la, pediu para que eu o atendesse.
Como ela pode esquecer desse compromisso? Bom, essa é uma boa hora para começar a inserir Raylon nos negócios. Peço a Val que o encaminhe para a sala de reuniões e que faça companhia até que eu chegue. Olhei para Raylon e reprimi minha vontade de matá-lo, pelo menos por hora.
“Vamos, Raylon?” Chamei-o, pegando as pastas das propostas que, por sorte, eu sempre tiro uma cópia extra e guardo para mim. “Quem é esse tal de Ethan Lenox?” Raylon perguntou curioso sem sair do lugar. “Ele é um possível investidor. Sua mãe não lhe contou que pretende expandir a empresa e levá-la para fora do país?” Perguntei a ele, que negou e pela primeira vez o vi sem resposta. “Hum! No meio do caminho te conto os detalhes. Na ausência da sua mãe, é meu trabalho resolver esses imprevistos e agora será nosso, então levanta logo.” “Está louca, Mel! Não faço a mínima ideia do que minha mãe está tratando com ele”, ele disse. Tranquilizei-o dizendo que seu trabalho é apenas observar e tomar notas mentais de tudo o que aconteceu. Perguntei a ele se conseguia fazer isso e ele me disse que sim. “Então, serei seu assistente?” Assenti, conferindo as pastas para ter certeza de que está tudo certo. “Já que é assim”, ele disse e se encaminhou até a porta e a abriu. “Por favor, vá na fren
Raylon Peres Cheguei em casa depois de mais um dia de trabalho na empresa e vi minha mãe conversando com Dadá. Assim que elas me viram, se calaram e ergui a sobrancelha, mas resolvi deixar as indagações para depois. Minha mãe estava um pouco abatida e perguntei se ela tinha ido ao médico. Ela disse que o doutor foi examiná-la e que eu não deveria me preocupar. “A Mellory conseguiu fechar o contrato para expandir a empresa para o exterior. Você deveria ligar para ela e parabenizá-la”, disse minha mãe. “Me esqueci completamente desse compromisso.” “Não acredito que Meridiana Peres esqueceu um compromisso. Acho que o mundo deve estar prestes a acabar”, brincou minha mãe. “Por que não me contou sobre a expansão da empresa? Fiz papel de palhaço perto da Mellory.” “Você nunca se interessou pelos assuntos da empresa. Seu negócio sempre foi ir para festas e se divertir”, lembrou Mellory. As palavras dela voltaram à minha mente. Até minha própria mãe me via como um cara fútil. Acho que já
Duas semanas haviam se passado e, incrivelmente, Mellory e eu estávamos nos dando bem juntos. Claro que optamos por não falar sobre aquele dia. Minha mãe andava cada vez mais estranha e toda vez que tocava no assunto, ela desconversava. Eu peguei um chá para mim e fui para a minha sala compartilhada. Ao chegar, ouvi Mellory marcando de sair com alguém. Eu me senti meio estranho com isso, mas decidi deixar de lado. Afinal, não tinha nada a ver com a vida dela. Quando ela desligou o celular, sentou-se em minha mesa. “Esse chá parece gostoso.” – Ela disse, cruzando as pernas e me deixando excitado. “Quer um pouco?” Eu ergui a xícara e ofereci a ela. Mellory pegou a xícara da minha mão e tomou um gole. Em seguida, passou a língua pelos lábios e puta que pariu que tesão fodido, essa mulher me mata. “Obrigada, realmente está uma delícia.” Mellory se ajeitou em minha mesa e eu me perguntei se ela sabia o efeito que estava causando em mim. “Pensei que gostasse de café.” “Gosto, mas since
Mellory Bragança Já na videoconferência, confesso que nem prestava atenção pois minha preocupação era Raylon, nunca o vi daquele jeito e nem sabia que ele gostava de criança quanto mais que apadrinhou uma. Liguei para Meridiana para saber do seu estado de saúde e ela me tranquilizou com sempre dizendo que estava bem melhor e que amanhã voltaria para a empresa, ela me perguntou sobre o seu filho e eu disse que estava trabalhando, ocultei a parte dele ter ido ver uma garotinha no hospital, pois isso é uma coisa que ele deve contar a mãe dele, não eu. Antes de sair da sala mandei mensagem para Raylon e quando saí Val me perguntou se eu voltaria hoje e disse que não, pedi que me ligasse caso aconteça algo sério, me despedi dela e partir para o endereço que Raylon me passou, andei um pouco e logo o encontrei sentado com olhar perdido e naquele momento mudei um pouco mais a minha opinião a seu respeito. Me sento ao seu lado e eu olhou-me. — Oi, Mel, que bom que veio. – Ele diz baixo e nã
Cheguei em casa, tomei um banho bem demorado e liguei para minhas amigas por chamada de vídeo.— Amigas, tenho uma novidade para contar e não sei como fazer isso. – As duas ficam olhando para o meu rosto por tempo demais.— Abre logo o jogo Mel, o que você fez? – Celina pergunta.— Não me diga que matou o Raylon e quer a nossa ajuda para limpar a bagunça e sumir com o corpo? – Mary é sempre a mais dramática.— Não é nada disso, não surtei, mas vou me casar. – As duas abrem a boca em um ó perfeito.— Com quem? – Celina estava perplexa.— Com Raylon.— Já chegamos aí. – As duas dizem em uníssono e desligam.Nossa! Elas devem estar chocadas mesmo, pois desligaram correndo. Enquanto esperava por elas, entrei na internet e comecei a procurar contratos pré-nupciais, estava salvando alguns modelos quando meu celular apitou."Uma pergunta Mel, onde vamos morar?" – Sério que Raylon está preocupado com isso."Podemos morar aqui mesmo." – Ele demorou a responder."Não acho que sua casa seja apro
Raylon olhou para mim por um bom tempo e depois encontrou a sua voz.— Mel, me diga que isso é uma brincadeira de primeiro de Abril. – Sabia que ele ficaria assim com as condições.— Não estou brincando, esse é o contrato e não estamos em Abril esqueceu? – A cara dele estava impagável e segurei a risada. — Sério mesmo que vamos dormir na mesma cama mais não vamos poder fazer sexo e também está proíbido sexo com outras pessoas, como você espera que eu viva? – Ele me pergunta e sorri de uma forma angelical.— Um ano de celibato vai fazer bem a você.— Você é mesmo uma megera, feitora de escravos. – Já ouvi isso tantas vezes que já me acostumei.— Essas são as condições, você pode aceitar ou recusar.— Sério que no final do contrato você não quer um real meu?— Estou entrando nessa para ajudar a salvar a vida de uma garotinha e não é por dinheiro.— Já te falaram que você é uma mulher estranha? – Ele pergunta e dou de ombros.— O tempo todo já estou acostumada, agora se você leu e conc
Acordei com meu telefone tocando quando olhei o visor eram meus pais.— Bença, mãe.— Deus te abençoe minha filha, ainda estava dormindo? – Não posso negar porque a minha voz já diz tudo.— Estava sim, mas eu já ia levantar.— Filha, você tem se alimentado direito? Sabe que seu pai e eu ficamos preocupados com isso.— Fique tranquila, mãe, estou me alimentando direitinho. – Raylon levantou e deu bom dia e eu mandei ele ficar quieto.— Seu noivo está aí com você? – Merda conheço a minha mãe, ela vai me dar um sermão daqueles, afirmo já esperando — manda um beijo para ele, te liguei porque quero saber se vocês vão vir no sábado. – Fiquei surpresa pela fala da minha mãe, ela realmente achava que teria uma filha encalhada. — Acho que se tudo der certo vamos chegar de madrugada.— Filha, as pistas à noite não são boas para dirigir. Tenham cuidado.— Pode deixar mãe – ela desligou o telefone e Raylon estava rindo, mas nem me dei ao trabalho de saber o motivo, enquanto ele tomava banho fui
— Dá pra você relaxar. – Raylon pede pela décima quinta vez.— Bem que gostaria, mas não dá – nunca fui assaltada na vida e estar dentro desse carro me faz pensar que a qualquer momento isso acontecerá.— Sei o que você está pensando e não, não seremos assaltados. Quer ouvir uma música para relaxar?— Não. Prefiro conversar com você é melhor do que nada. – Ele olhou para mim e balançou a cabeça sorrindo. — Não olha para mim, olha pra estrada.— Calma, minha futura esposa a levarei em segurança para o sítio dos meus pais. – Odeio quando ele zomba de mim.Fechei a cara e ele riu, como Ray consegue fazer isso? Por mais que eu tente não consigo, a minha cabeça está um turbilhão, não sei o que meus pais vão achar desse casamento repentino, não sei que sensações terei ao pisar na minha terra natal. Ah! Sinceramente não sei o que estou fazendo da minha vida.— Mel, conversa comigo, você ficou calada de repente. – Raylon cutuca meu ombro.— São apenas questões que rondam a minha mente. – Digo