2. A TRAIÇÃO

Aline sempre foi uma mulher determinada, mesmo que a vida nem sempre lhe desse as melhores cartas. Desde muito jovem, aprendeu a lutar pelo que queria, superando obstáculo que muitas pessoas sequer imaginavam. Após três anos de esforço intenso, ela se formou com honras em uma área promissora. Mas a realidade nem sempre corresponde às expectativas. Precisando pagar as contas, Aline continuou no trabalho fora de sua especialidade. 

— Eu só preciso de um tempo. Logo, logo estarei onde quero estar, — ela dizia para si, todas as manhãs, ao encarar o espelho. 

O que começou como um sacrifício temporário tornou-se uma oportunidade inesperada. Com dedicação e disciplina, Aline não só se destacou como foi promovida a um cargo efetivo na empresa.

Dividindo um apartamento com sua melhor amiga, Isadora, e vivendo um relacionamento aparentemente perfeito com Fred, Aline sentia que, enfim, estava encontrando a estabilidade que sempre buscou. 

— Você merece, Aline. Trabalhou tanto para isso! — Isadora comentou uma noite, enquanto tomavam vinho no sofá do apartamento. 

— Nem parece real às vezes, Isa. É como se eu tivesse... vencido. 

Nos últimos meses, Aline, Isadora e Fred formaram um trio inseparável. Bares, restaurantes, noites de filmes — cada momento compartilhado parecia uma celebração da vida que Aline tanto desejou. 

Porém, a vida nem sempre avisa quando vai virar de ponta-cabeça. 

Era uma sexta-feira à noite. Depois de uma semana exaustiva, Aline havia combinado com Isadora de encontrarem-se em um bar. Fred, por sua vez, disse que não poderia ir, justificando que teria que trabalhar até tarde. 

— Tudo bem, amor. Não se sobrecarregue, tá? Nos vemos amanhã, — disse Aline, beijando-o antes de sair. 

Enquanto se arrumava para encontrar Isadora, algo começou a incomodá-la. Após várias tentativas de ligação, todas indo direto para a caixa postal, Aline murmurou, frustrada: 

— Que estranho... Isadora sempre atende. 

Tentando manter a calma, ela decidiu passar na empresa onde ambas trabalhavam. Talvez Isadora estivesse presa em alguma tarefa de última hora. 

Chegando ao estacionamento, Aline foi tomada por um pressentimento estranho. O silêncio do local e as sombras lançadas pelas luzes do prédio criavam uma atmosfera inquietante. 

Foi então que ela os viu. 

Fred e Isadora estavam encostados em uma coluna, parcialmente escondidos pela penumbra, aos beijos. 

Por um instante, o mundo de Aline pareceu parar. Ela congelou, incapaz de acreditar no que via. O coração disparava, o ar fugia dos pulmões, e uma dor lancinante atravessava seu peito. 

— Que porra está acontecendo aqui?! Aline gritou, sua voz quebrando o silêncio. 

Fred e Isadora se afastaram, visivelmente chocados. Isadora tentou falar, gaguejando: 

— Aline, por favor... Eu posso explicar... 

— Explicar? Aline interrompeu, os olhos marejados e a voz embargada. — Você está aos beijos com o meu namorado, Isadora! O que mais você poderia explicar? 

Fred tentou intervir, em um tom defensivo: 

— Aline, não faça drama. As coisas não são tão simples quanto parecem. 

Essa frase foi a gota d’água. Aline sentiu como se uma faca atravessasse seu coração. 

— Drama? Você destruiu tudo, Fred! Tudo! 

Sem esperar mais explicações, Aline virou-se e saiu correndo, ignorando os chamados de Isadora. 

Já na rua, com lágrimas escorrendo pelo rosto, ela vagou sem rumo, a mente tomada pelo caos e a dor da traição. 

Após horas andando pelas ruas movimentadas da cidade, encontrou refúgio em um pequeno bar de esquina. Entrou, sem saber exatamente por que, apenas precisando de um lugar onde pudesse respirar. 

Sentou-se em um canto escuro, pediu algo forte e tentou, mesmo que por um instante, anestesiar a dor que a sufocava. 

Foi então que algo inesperado aconteceu.

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