A raiva queimava dentro de Clark como fogo devorando um campo seco. A morte de Dominic foi a última gota. Seu pai pode ter cometido erros, pode ter sido duro e ausente, mas ninguém o matava e saía impune. Olivia pagaria. Ele fechou os olhos por um momento, tentando controlar a fúria crescente. Sua mandíbula estava travada, os músculos do pescoço retesados. Com um movimento firme, pegou o telefone e discou um número que sabia de cor. A ligação foi atendida no primeiro toque. — Senhor Johnson.Clark não hesitou. Sua voz saiu fria, cortante. — Quero Olivia. Viva ou morta. Mas se for viva, quero que ela chegue até mim ainda respirando. Quero olhar nos olhos dela antes de acabar com tudo. Do outro lado da linha, houve um breve silêncio, seguido de uma resposta direta. — Entendido. Em breve teremos um paradeiro. Clark desligou o telefone e respirou fundo. Dessa vez, Olivia não escaparia. Enquanto isso, do outro lado da cidade, um jato particular pousava discretamente em uma pista pr
A noite estava pesada, sufocante. Clark não pregou os olhos. Seu corpo estava tenso, os pensamentos caóticos. A imagem do pai agonizando no hospital o assombrava. Ele sabia que Olivia tinha que pagar, principalmente agora que ele tinha certeza de sua culpa. Clark se levantou da poltrona, pegou o telefone e discou um número. A voz do outro lado atendeu em segundos. — JK, você sabe o que tem que fazer. Não a deixe escapar novamente. Do outro lado da linha, JK sorriu de canto. — Não se preocupe, eu a encontrarei e acabarei om isso.Clark apertou o telefone com força. Sua voz saiu fria, cortante. — Sem rastros, sem erros. Olivia precisa morrer esta noite. E qualquer um que tente protegê-la, morre também. JK assentiu, mesmo sabendo que Clark não podia vê-lo. — Pode deixar comigo, senhor Johnson.Clark desligou sem dizer mais nada. Ele confiava em JK. Se alguém poderia encontrar Olivia antes de Russo, era ele.Do outro lado da cidade, Olivia corria. Seu peito subia e descia rapidame
A manhã nasceu sombria. O céu estava carregado de nuvens pesadas, o sol parecia ter desistido de iluminar Nova Iorque, como se o próprio universo lamentasse a perda. Logo, uma chuva fina e constante começou a cair, criando um cenário melancólico e silencioso. O corpo de Dominic Johnson foi levado para Massachusetts em um voo particular. A família seguiu em silêncio, acompanhada por um grupo de amigos, funcionários e empresários que respeitavam e admiravam o falecido patriarca. O destino era o Cemitério da Capela do Rei, fundado em 1630, o mais antigo da cidade, localizado no coração da Trilha da Liberdade. O cortejo fúnebre avançava lentamente. O pequeno carro que carregava o caixão movia-se pelo caminho de pedras úmidas, enquanto os presentes caminhavam em silêncio. O único som era o da chuva fina caindo sobre os guarda-chuvas e as folhas das árvores antigas. Era um dia de despedida. Clark Johnson caminhava ao lado de Aline, segurando firmemente a pequena mão de Gabriel. O meni
O silêncio na mansão era profundo. Todos já haviam partido. A casa enorme, repleta de memórias, parecia maior e mais vazia do que nunca. Clark ficou ali, sozinho na sala de estar, observando a cidade através da grande janela de vidro. Na mão, um copo de uísque que ele nem tinha mais vontade de beber. Sua mente estava distante, vagando pelo passado. A infância ao lado da mãe, os momentos que passou tentando impressionar um pai que raramente demonstrava afeto… Agora, Dominic não estava mais ali. Ele suspirou, sentindo um peso no peito. Foi então que sentiu um toque suave em suas costas. Aline. Ela estava ali, tão linda como sempre, com aquele sorriso que parecia capaz de iluminar o mundo. — Não quero te ver assim, Clark. — Sua voz era suave, mas firme. Clark a olhou nos olhos e, pela primeira vez naquela noite, sorriu de verdade.Sem pensar duas vezes, ele a envolveu em um abraço apertado, buscando nela o conforto que precisava. Aline retribuiu o abraço, sentindo o coração dele b
Quando Aline Rooth chegou ao mundo, o hospital inteiro parecia iluminado por uma luz especial.— É uma menina linda! — exclamou o médico, entregando o pequeno e delicado pacote aos braços dos pais emocionados.Seus cabelos ruivos, de um tom que lembrava as folhas do outono, formavam suaves ondas ao redor de seu rosto, e os olhos... ah, aqueles olhos eram um espetáculo à parte: verdes, intensos, como se neles se escondesse a profundidade do oceano e o frescor da natureza.— Ela tem olhos de quem vê além, — comentou sua mãe, enquanto o pai sorria, com o coração transbordando de amor.Desde o início, Aline trouxe consigo uma aura especial, algo que a fazia diferente. Os vizinhos diziam que aquela menina tinha um brilho no olhar, e logo se tornou a queridinha do bairro. Cada conquista era uma festa; o primeiro sorriso, o primeiro passo, a primeira palavra. E, com o tempo, seu charme e inteligência passaram a se destacar ainda mais.— Aline, você tem o mundo nas suas mãos, sabia? — dizia o
Aline sempre foi uma mulher determinada, mesmo que a vida nem sempre lhe desse as melhores cartas. Desde muito jovem, aprendeu a lutar pelo que queria, superando obstáculo que muitas pessoas sequer imaginavam. Após três anos de esforço intenso, ela se formou com honras em uma área promissora. Mas a realidade nem sempre corresponde às expectativas. Precisando pagar as contas, Aline continuou no trabalho fora de sua especialidade. — Eu só preciso de um tempo. Logo, logo estarei onde quero estar, — ela dizia para si, todas as manhãs, ao encarar o espelho. O que começou como um sacrifício temporário tornou-se uma oportunidade inesperada. Com dedicação e disciplina, Aline não só se destacou como foi promovida a um cargo efetivo na empresa.Dividindo um apartamento com sua melhor amiga, Isadora, e vivendo um relacionamento aparentemente perfeito com Fred, Aline sentia que, enfim, estava encontrando a estabilidade que sempre buscou. — Você merece, Aline. Trabalhou tanto para isso! — Isado
Aline percebeu a presença de um homem que parecia se destacar em meio à multidão. Ele não era apenas mais um cliente no bar; havia algo nele que a fez parar e observar por um momento mais longo do que deveria. Vestido com um terno impecável, ele caminhava com confiança e um sorriso de canto que parecia esconder algo sedutor. Seus olhos encontraram os dela, e Aline sentiu seu coração disparar. Sem entender o porquê, uma corrente de eletricidade a percorreu.Ela tentou desviar o olhar, voltar a si, mas já era tarde. O homem se aproximava, seus passos firmes ecoando em sua mente. Quando ele parou em sua frente, o mundo ao redor deles pareceu sumir, como se tudo estivesse em câmera lenta.— Eu estava ali sentado e notei que você está sozinha há um bom tempo — disse ele, sua voz suave e envolvente, como uma melodia. — Uma mulher tão linda não pode beber sozinha.Aline piscou, surpresa. Antes que pudesse reagir, ele já havia se sentado ao seu lado, com uma naturalidade desconcertante. Ela t
A noite fora intensa, marcada por uma conexão silenciosa, um misto de desejo e mistério que dispensava palavras. Aline, deitada ao lado do desconhecido, sentia uma exaustão boa, o tipo que apenas momentos verdadeiros de entrega proporcionam. Ele, por sua vez, parecia igualmente satisfeito, mas não disseram nada. Não era o momento para perguntas ou trocas de histórias pessoais. O cansaço finalmente os venceu, e ambos adormeceram, embalados pelo calor um do outro. Quando o sol começou a invadir o quarto pelas frestas da cortina, o desconhecido despertou. Seu corpo se moveu lentamente, os olhos pesados pela noite mal dormida. Ele virou a cabeça e a viu. Aline estava ao seu lado, os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro, o rosto sereno como se o mundo lá fora não pudesse tocá-la. Ele não conseguiu desviar o olhar. Um sorriso discreto surgiu no canto de sua boca, quase como um reflexo involuntário. Durante longos minutos, permaneceu assim, admirando a beleza daquela mulher que parec