O FILHO SECRETO DO CEO
O FILHO SECRETO DO CEO
Por: Fátima Souza
1. ALINE ROOTH

Quando Aline Rooth chegou ao mundo, o hospital inteiro parecia iluminado por uma luz especial.

— É uma menina linda! — exclamou o médico, entregando o pequeno e delicado pacote aos braços dos pais emocionados.

Seus cabelos ruivos, de um tom que lembrava as folhas do outono, formavam suaves ondas ao redor de seu rosto, e os olhos... ah, aqueles olhos eram um espetáculo à parte: verdes, intensos, como se neles se escondesse a profundidade do oceano e o frescor da natureza.

— Ela tem olhos de quem vê além, — comentou sua mãe, enquanto o pai sorria, com o coração transbordando de amor.

Desde o início, Aline trouxe consigo uma aura especial, algo que a fazia diferente. Os vizinhos diziam que aquela menina tinha um brilho no olhar, e logo se tornou a queridinha do bairro. Cada conquista era uma festa; o primeiro sorriso, o primeiro passo, a primeira palavra. E, com o tempo, seu charme e inteligência passaram a se destacar ainda mais.

— Aline, você tem o mundo nas suas mãos, sabia? — dizia o pai, orgulhoso, enquanto ela brincava de resolver problemas que outras crianças nem imaginavam.

A cada dia, ela mostrava uma curiosidade inata e uma inteligência que surpreendiam. Se havia algo que despertava sua atenção, Aline se jogava de cabeça, como uma exploradora em busca de tesouros escondidos. Não demorou muito para superar as crianças de sua idade, tanto nos estudos quanto nas atividades sociais.

Seus pais não escondiam o orgulho que sentiam.

— Nosso orgulho e alegria, — sussurrava a mãe, vendo Aline conquistar mais um prêmio na escola. O amor entre eles era um laço inquebrável, uma união que parecia transcender o tempo e o espaço. No entanto, a vida reservava um golpe que ninguém poderia prever.

Naquela noite fatídica, aos 17 anos, Aline viu seu mundo desmoronar. Seus pais não voltariam mais para casa. Um acidente de carro levou embora as pessoas que ela mais amava, e com elas se foi o aconchego, a segurança, o riso fácil que preenchia o lar. O vazio era indescritível, e o futuro parecia uma estrada sem rumo. Nos dias seguintes ao acidente, Aline ainda esperava acordar desse pesadelo, mas a dura realidade a golpeava todas as manhãs. Após alguns dias, veio uma verdade ainda mais amarga: ela teria de ir morar com sua única parente, a tia Margaret, irmã do seu pai.

Margaret não era, em nada, o tipo de pessoa acolhedora e amorosa que seus pais haviam sido. Rígida, de sobrancelhas sempre franzidas e com um olhar que parecia calculador, ela representava tudo o que Aline temia encontrar em alguém com quem tivesse de conviver.

— Espero que você saiba seguir as regras da minha casa.

Foi a primeira coisa que Margaret disse quando a menina entrou em sua nova morada. A voz era fria, cortante. E foi nesse ambiente que Aline foi forçada a se adaptar.

Margaret era exigente e mesquinha, cada gesto ou palavra parecia impregnado de amargura.

“— Nada de bagunça.”

“— Nada de gente estranha em minha casa.”

“— Nada de sair sem minha permissão.”

A cada ordem, parecia que um pouco mais do espírito alegre e cheio de vida de Aline se apagava. Mas, no fundo de seu coração, algo ainda brilhava: o amor e o legado de seus pais, a chama que, mesmo em meio às adversidades, ela sabia que jamais deixaria apagar.

Aline, que até então sentia sua vida se transformar em uma prisão com a tia Margaret, sabia que, se continuasse naquele ambiente sufocante, acabaria se perdendo de si mesma. Suas notas sempre brilhantes e sua inteligência excepcional abriram portas, e, aos 18 anos, ela foi aceita em uma universidade renomada. A notícia chegou como um raio de esperança.

— Eu não vou me prender a essa casa por mais tempo, — pensou Aline.

— Se eles me aceitaram na universidade, é porque há algo em mim que vale a pena. Tenho que agarrar essa chance com toda a força.

No entanto, para cobrir os custos de seu sonho de independência, Aline sabia que precisaria de um emprego. Tinha o conhecimento e a determinação, mas pouca experiência prática. Ainda assim, estava decidida a enfrentar o desafio de se manter financeiramente, longe das ordens rigorosas da tia Margaret.

Assim, em um dia ensolarado, ela saiu para a rua com o coração cheio de expectativa, pronta para procurar trabalho. Andou por várias lojas e escritórios, deixando seu currículo onde podia, mas sem muita esperança de retorno imediato. Ela já estava quase desistindo por aquele dia, quando ouviu uma voz familiar.

— Aline, é você?

 A surpresa na voz era inconfundível. Ela se virou e viu uma figura sorridente: Isadora Mesquita, uma amiga do colegial, que sempre fora sua fiel companheira nas travessuras da escola. Isadora também havia mudado muito desde os tempos de criança. Agora, com uma postura confiante e um olhar brilhante, parecia mais madura, alguém que havia também conquistado seus próprios espaços na vida.

— Isadora! Quanto tempo! — Aline exclamou, sentindo uma onda de alegria e nostalgia ao reencontrar a amiga.

Após alguns abraços e risos, as duas logo se encontraram sentadas em uma cafeteria próxima, compartilhando as histórias de seus últimos anos. Entre uma xícara de café e outra, Aline contou sobre a universidade e sua busca por independência, e Isadora, com um olhar compreensivo, fez uma pausa antes de dizer:

— Sabe, Aline, o destino realmente não brinca em serviço. Você sabia que eu estou trabalhando numa empresa que está com uma vaga temporária aberta? Não é exatamente a área em que você quer atuar, mas pode ser um começo. E você é a pessoa ideal para essa chance.

Aline ficou sem palavras por um momento. Parecia que, mesmo nos dias mais sombrios, a vida ainda sabia como trazer oportunidades e reencontros inesperados. Naquele instante, ela sentiu que reencontrar Isadora era o começo de algo novo e promissor.

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