Longe das Indústrias Parker, Olivia estava sentada em um consultório médico moderno, rodeada por catálogos de procedimentos estéticos. Seu olhar percorria as imagens de antes e depois de pacientes que haviam passado por cirurgias reconstrutivas, e a cada página folheada, seu desejo de mudar ficava mais forte. Ela não aceitava aquela nova aparência. As cicatrizes no rosto e no braço esquerdo eram uma lembrança constante do acidente que quase a matou. Olivia não suportava ver seu reflexo no espelho e sentir que estava irreconhecível até para si mesma. O médico à sua frente, um homem de cabelos grisalhos e olhar atento, observava sua expressão e decidiu intervir. — Senhorita, seu caso é delicado, mas nada impossível de ser tratado. Há algumas opções de cirurgia plástica e enxerto de pele que podem melhorar consideravelmente as cicatrizes. Olivia respirou fundo e cruzou as pernas, mantendo a postura confiante que sempre teve, mesmo que sua mente ainda estivesse envolta em sombras. — E
O ambiente luxuoso e impecável das Indústrias Parker refletia poder e elegância. No corredor principal, Aline caminhava com confiança em direção ao escritório do marido. Seus saltos ecoavam suavemente no piso de mármore polido enquanto sua mente estava ocupada com a sensação incômoda que a acompanhava desde cedo. Assim que se aproximou da recepção, foi recebida por Lessa, a assistente de Clark. A jovem estava atenta à tela do computador, organizando compromissos quando notou a presença de Aline. — Bom dia, Lessa! Onde está o Clark? — Aline perguntou educadamente, mantendo o tom sereno, mas com um leve toque de impaciência. Lessa ergueu os olhos e sorriu levemente. — Bom dia, senhora Johnson! O senhor Johnson saiu há pouco com o senhor Gusman, mas não deve demorar. Aline assentiu. — Obrigada. Vou esperar por ele na sala. Lessa apenas confirmou com um aceno, e Aline seguiu pelo corredor até o escritório de Clark. Ao entrar, acomodou-se no pequeno sofá de couro que ficava próximo à
As horas se passaram rapidamente, o tempo mudou trazendo nuvens acinzentadas, escurecendo a cidade de Nova Iorque, formando-se um temporal, quando Clark tomou uma decisão definitiva. Olivia estava viva, e isso significava apenas uma coisa: perigo. Ele não podia permitir que ela se aproximasse de sua família novamente. Naquele mesmo dia, Clark reuniu um grupo de homens de sua confiança e os enviou para vigiar o apartamento de Olivia. Se ela ainda estava na cidade, não demoraria muito para aparecer. Eles receberam ordens claras: descobrir seus passos, entender seus movimentos e, se necessário, agir antes que ela pudesse causar algum estrago.O que Clark não imaginava era que Olivia já estava um passo à frente. Em um apartamento alugado em outra parte da cidade, Olivia observava o reflexo no espelho. Seu rosto, mesmo após o tratamento inicial, ainda carregava marcas das queimaduras. Mas aquilo não importava agora. Seus olhos refletiam algo muito mais intenso do que vaidade. Ódio.Ela d
A cidade de Nova Iorque seguia seu ritmo frenético, mas para Clark Johnson, o tempo parecia ter parado. O telefone em sua mesa vibrou, e ele, sem muito interesse, atendeu distraidamente. No entanto, assim que ouviu a voz aflita do motorista de Dominic do outro lado da linha, seu corpo inteiro ficou tenso. — Senhor Johnson! Seu pai… Ele foi baleado! — a voz do motorista tremia. Era evidente que o homem estava em pânico. — Dois tiros! Ele está sendo levado para o hospital agora! Clark sentiu o sangue gelar. Um choque percorreu sua espinha, deixando-o sem ar por um instante. — O quê?! — Ele se levantou bruscamente da cadeira, quase derrubando alguns papéis da mesa. — Onde ele está? — Hospital Presbiteriano! A ambulância acabou de sair! Clark não precisou ouvir mais nada. Desligou o telefone e saiu da sala em disparada. A assistente, Lessa, que estava do lado de fora, o viu sair e percebeu o pânico em seu rosto. — Senhor Johnson, está tudo bem? — Não! Ligue para a Aline e avise qu
A raiva queimava dentro de Clark como fogo devorando um campo seco. A morte de Dominic foi a última gota. Seu pai pode ter cometido erros, pode ter sido duro e ausente, mas ninguém o matava e saía impune. Olivia pagaria. Ele fechou os olhos por um momento, tentando controlar a fúria crescente. Sua mandíbula estava travada, os músculos do pescoço retesados. Com um movimento firme, pegou o telefone e discou um número que sabia de cor. A ligação foi atendida no primeiro toque. — Senhor Johnson.Clark não hesitou. Sua voz saiu fria, cortante. — Quero Olivia. Viva ou morta. Mas se for viva, quero que ela chegue até mim ainda respirando. Quero olhar nos olhos dela antes de acabar com tudo. Do outro lado da linha, houve um breve silêncio, seguido de uma resposta direta. — Entendido. Em breve teremos um paradeiro. Clark desligou o telefone e respirou fundo. Dessa vez, Olivia não escaparia. Enquanto isso, do outro lado da cidade, um jato particular pousava discretamente em uma pista pr
A noite estava pesada, sufocante. Clark não pregou os olhos. Seu corpo estava tenso, os pensamentos caóticos. A imagem do pai agonizando no hospital o assombrava. Ele sabia que Olivia tinha que pagar, principalmente agora que ele tinha certeza de sua culpa. Clark se levantou da poltrona, pegou o telefone e discou um número. A voz do outro lado atendeu em segundos. — JK, você sabe o que tem que fazer. Não a deixe escapar novamente. Do outro lado da linha, JK sorriu de canto. — Não se preocupe, eu a encontrarei e acabarei om isso.Clark apertou o telefone com força. Sua voz saiu fria, cortante. — Sem rastros, sem erros. Olivia precisa morrer esta noite. E qualquer um que tente protegê-la, morre também. JK assentiu, mesmo sabendo que Clark não podia vê-lo. — Pode deixar comigo, senhor Johnson.Clark desligou sem dizer mais nada. Ele confiava em JK. Se alguém poderia encontrar Olivia antes de Russo, era ele.Do outro lado da cidade, Olivia corria. Seu peito subia e descia rapidame
A manhã nasceu sombria. O céu estava carregado de nuvens pesadas, o sol parecia ter desistido de iluminar Nova Iorque, como se o próprio universo lamentasse a perda. Logo, uma chuva fina e constante começou a cair, criando um cenário melancólico e silencioso. O corpo de Dominic Johnson foi levado para Massachusetts em um voo particular. A família seguiu em silêncio, acompanhada por um grupo de amigos, funcionários e empresários que respeitavam e admiravam o falecido patriarca. O destino era o Cemitério da Capela do Rei, fundado em 1630, o mais antigo da cidade, localizado no coração da Trilha da Liberdade. O cortejo fúnebre avançava lentamente. O pequeno carro que carregava o caixão movia-se pelo caminho de pedras úmidas, enquanto os presentes caminhavam em silêncio. O único som era o da chuva fina caindo sobre os guarda-chuvas e as folhas das árvores antigas. Era um dia de despedida. Clark Johnson caminhava ao lado de Aline, segurando firmemente a pequena mão de Gabriel. O meni
O silêncio na mansão era profundo. Todos já haviam partido. A casa enorme, repleta de memórias, parecia maior e mais vazia do que nunca. Clark ficou ali, sozinho na sala de estar, observando a cidade através da grande janela de vidro. Na mão, um copo de uísque que ele nem tinha mais vontade de beber. Sua mente estava distante, vagando pelo passado. A infância ao lado da mãe, os momentos que passou tentando impressionar um pai que raramente demonstrava afeto… Agora, Dominic não estava mais ali. Ele suspirou, sentindo um peso no peito. Foi então que sentiu um toque suave em suas costas. Aline. Ela estava ali, tão linda como sempre, com aquele sorriso que parecia capaz de iluminar o mundo. — Não quero te ver assim, Clark. — Sua voz era suave, mas firme. Clark a olhou nos olhos e, pela primeira vez naquela noite, sorriu de verdade.Sem pensar duas vezes, ele a envolveu em um abraço apertado, buscando nela o conforto que precisava. Aline retribuiu o abraço, sentindo o coração dele b