Aline percebeu a presença de um homem que parecia se destacar em meio à multidão. Ele não era apenas mais um cliente no bar; havia algo nele que a fez parar e observar por um momento mais longo do que deveria. Vestido com um terno impecável, ele caminhava com confiança e um sorriso de canto que parecia esconder algo sedutor. Seus olhos encontraram os dela, e Aline sentiu seu coração disparar. Sem entender o porquê, uma corrente de eletricidade a percorreu.
Ela tentou desviar o olhar, voltar a si, mas já era tarde. O homem se aproximava, seus passos firmes ecoando em sua mente. Quando ele parou em sua frente, o mundo ao redor deles pareceu sumir, como se tudo estivesse em câmera lenta.
— Eu estava ali sentado e notei que você está sozinha há um bom tempo — disse ele, sua voz suave e envolvente, como uma melodia. — Uma mulher tão linda não pode beber sozinha.
Aline piscou, surpresa. Antes que pudesse reagir, ele já havia se sentado ao seu lado, com uma naturalidade desconcertante. Ela tentou formular uma resposta, mas tudo o que conseguiu foi uma leve risada nervosa.
— Posso me sentar aqui, não posso? — ele perguntou, com um sorriso genuíno, seus olhos profundos cravados nos dela.
Aline, ainda sem saber o que dizer, assentiu levemente. Havia algo naquele homem que a deixava desconcertada, mas, ao mesmo tempo, fascinada. A maneira como ele a olhava, como se soubesse algo que ela não sabia, a atraía de uma forma inexplicável.
— Você estava esperando alguém? — ele perguntou, inclinando-se ligeiramente para mais perto.
— Não, estava indo para casa, mas... — respondeu Aline, tentando soar casual, embora sentisse o coração acelerado.
Ele sorriu de novo, aquele mesmo sorriso de canto que a deixava inquieta.
— Sorte a minha, então... — disse ele, brincalhão, mas com um toque de seriedade na voz.
A conversa fluiu surpreendentemente fácil. Em poucos minutos, eles estavam rindo, como velhos amigos, trocando histórias e comentários sobre a vida. Aline, que nunca se considerou o tipo de pessoa a se deixar levar por estranhos, percebeu que estava envolvida de uma maneira que não conseguia explicar. O tempo parecia ter parado, e nada além daquela conversa importava.
Então, sem que ela pudesse prever, seus lábios se encontraram. O primeiro beijo foi suave, mas carregado de uma intensidade quase palpável. Ela sentiu uma onda de eletricidade percorrer seu corpo, como se aquele simples toque tivesse acendido algo dentro dela que há muito tempo estava adormecido. Suas mãos começaram a explorar o rosto dele, enquanto os dedos dele traçavam um caminho lento e hipnótico pelas pernas dela.
— Talvez... devêssemos parar, — murmurou Aline entre os beijos, embora seu corpo dissesse o contrário.
Ele parou por um segundo, seus lábios a poucos centímetros dos dela, e sussurrou:
— Você quer que eu pare?
A pergunta, dita de forma tão direta e gentil, a deixou sem resposta. Ela sabia o que deveria dizer, mas não conseguia. Seu coração batia descontrolado, e seu corpo reagia antes mesmo que sua mente pudesse intervir. A resposta estava clara em seus olhos, e ele não precisou de mais palavras. O beijo se intensificou, e Aline se entregou por completo àquele momento, sem pensar nas consequências.
A próxima coisa que ela se lembrava era estar deitada em uma cama, no hotel onde ele estava hospedado. O ambiente ao seu redor era intimista, a luz suave e a tensão no ar quase palpável. Eles se beijavam com ainda mais fervor, e cada toque que ele dava parecia incendiar sua pele.
Ele era carinhoso e cavalheiro, sussurrava palavras excitantes em seu ouvido, e Aline sentia seu corpo responder com um desejo que nunca havia experimentado antes.
— Você é incrível... ele murmurava entre beijos, sua voz rouca e envolvente.
As palavras daquele homem arrebatador soavam como uma canção aos ouvidos de Aline, cada sílaba sendo como uma nota que a envolvia mais profundamente. Ela sabia que estava completamente entregue àquele momento e, com o coração acelerado, decidiu deixar aquela noite seguir sem qualquer preocupação. Suas defesas, tão meticulosamente erguidas ao longo dos anos, estavam desmoronando, e ela se viu imersa em um turbilhão de emoções e desejo que não poderia — ou talvez nem quisesse — conter.
Enquanto ele a beijava com intensidade crescente, suas mãos deslizavam pela pele de Aline, apertando-a suavemente. A cada toque, ela sentia uma onda de eletricidade percorrer seu corpo. Ele sussurrou, sua voz rouca e cheia de desejo:
— Você é muito gostosa, — murmurou ele, seus lábios roçando os dela enquanto seus dedos traçavam um caminho lento e sedutor pelo seu corpo.
— Eu... eu nunca me senti assim, — Aline respondeu, ofegante, tentando recuperar o fôlego entre os beijos.
Os corpos deles se moldavam um ao outro como se fossem feitos para se encaixar. Os gemidos de Aline, antes contidos, tornaram-se mais intensos. Ele a olhou nos olhos, o desejo fervente refletido em seu olhar.
— Eu não consigo parar — disse ele, com uma sinceridade crua. — Você me faz perder o controle.
Quando ele a penetrou lentamente, Aline soltou um gemido alto e involuntário, sua cabeça inclinando-se para trás enquanto ela sentia a conexão entre eles se intensificar. Ele sussurrou ao seu ouvido:
— Eu quero te fazer sentir como nunca sentiu antes.
O mundo ao redor deles parecia desaparecer. A mente de Aline tentava, por breves momentos, trazê-la de volta à realidade. Ela sabia que aquilo não fazia parte de quem ela era, que jamais havia se permitido ser tão impulsiva.
— Eu nunca... faço isso. — disse ela, em um fio de voz, sua mente ainda lutando contra a avalanche de sensações.
Ele parou por um momento, olhando-a com uma mistura de ternura e desejo.
— Eu também não... mas com você... é diferente. — respondeu ele, com os olhos fixos nos dela.
A cada toque, cada palavra, as inibições de Aline desapareciam. Ela estava completamente entregue. Seu corpo respondia de maneiras que ela nunca tinha experimentado antes. O prazer era avassalador, e ela sabia que aquela noite ficaria marcada em sua memória.
Aline sabia que aquele desconhecido que a envolvia não seria apenas uma lembrança fugaz. Algo naquela conexão era mais profundo do que apenas uma noite de paixão. Mal sabia ela que aquela noite desencadearia uma série de eventos que mudariam sua vida para sempre.
— Você vai lembrar de mim? Perguntou ele, com uma mistura de curiosidade e desejo, enquanto a olhava profundamente.
Ela o encarou, o coração acelerado e as emoções à flor da pele.
— Eu nunca vou esquecer, respondeu Aline, sabendo, naquele momento, que sua vida estava prestes a tomar um rumo que ela jamais poderia prever.
A noite fora intensa, marcada por uma conexão silenciosa, um misto de desejo e mistério que dispensava palavras. Aline, deitada ao lado do desconhecido, sentia uma exaustão boa, o tipo que apenas momentos verdadeiros de entrega proporcionam. Ele, por sua vez, parecia igualmente satisfeito, mas não disseram nada. Não era o momento para perguntas ou trocas de histórias pessoais. O cansaço finalmente os venceu, e ambos adormeceram, embalados pelo calor um do outro. Quando o sol começou a invadir o quarto pelas frestas da cortina, o desconhecido despertou. Seu corpo se moveu lentamente, os olhos pesados pela noite mal dormida. Ele virou a cabeça e a viu. Aline estava ao seu lado, os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro, o rosto sereno como se o mundo lá fora não pudesse tocá-la. Ele não conseguiu desviar o olhar. Um sorriso discreto surgiu no canto de sua boca, quase como um reflexo involuntário. Durante longos minutos, permaneceu assim, admirando a beleza daquela mulher que parec
A batida leve na porta parecia um eco distante para Aline, ainda envolta no calor do sono tranquilo e da cama que parecia abraçá-la. Mas o som insistente logo trouxe-a de volta à realidade. Ela se remexeu lentamente, ainda lutando contra a preguiça que a mantinha imóvel, até que abriu os olhos. A luz suave que entrava pelas cortinas bem-posicionadas a fez semicerrar os olhos enquanto seu corpo despertava aos poucos. Por um breve momento, ela deixou-se relaxar, aproveitando a maciez dos lençóis e a calma daquele espaço. Mas, como uma corrente elétrica, as lembranças da noite anterior começaram a invadi-la, abruptas e intensas. Subitamente, ela pulou da cama, o coração disparado, enquanto agarrava o lençol para cobrir o corpo desnudo. O movimento brusco fez algo cair no chão com um leve som abafado. Aline olhou rapidamente na direção do barulho, mas antes que pudesse examinar o que havia caído, seus olhos foram atraídos para o pequeno sofá no canto do quarto. Lá estavam suas roupas, d
Ao sair do hotel, Aline foi imediatamente envolvida pelo vento fresco daquela manhã. O ar parecia mais leve, mas sua mente estava pesada, confusa. Enquanto caminhava, percebeu a realidade à sua frente: dividia o apartamento com Isadora, sua amiga e cúmplice por tantos anos. No entanto, depois do que havia acontecido, encará-la parecia impossível. "Como vou lidar com isso? Onde eu estava com a cabeça?", pensava enquanto seus passos a levavam, quase automaticamente, em direção ao apartamento. A cada esquina que se aproximava de seu prédio, sua mente formulava cenários diferentes, estratégias para uma conversa que sabia ser inevitável. Mas, na verdade, nenhuma solução parecia satisfatória. Quando chegou à entrada do prédio, avistou o porteiro, seu Alfredo, sentado em sua cadeira habitual. Ele a reconheceu de imediato, levantando-se com um sorriso amigável. — Bom dia, senhorita Aline! — cumprimentou ele, ajeitando o boné. Aline retribuiu o sorriso com gentileza, embora estivesse dist
Aline apertou o casaco ao redor do corpo enquanto o vento gelado cortava a manhã cinzenta. O parque florestal estava praticamente vazio, salvo por alguns corredores dedicados e um ou outro cão passeando com seus donos. Ela escolheu um banco de madeira desgastado pela umidade e se sentou, deixando a mala ao lado. Seus pensamentos estavam desordenados, como as folhas secas espalhadas pelo chão. "Para a casa da tia? Nem pensar," concluiu, cruzando os braços como se defendesse a ideia absurda de voltar para aquela prisão. A convivência com a tia sempre fora insuportável. Aline sabia que sua tia jamais permitiria que ela tivesse paz — cada erro, cada decisão seria questionada e julgada sem piedade. Ela suspirou, encarando os galhos nus das árvores. Precisava de um apartamento.— Tenho o suficiente para começar, — pensou, lembrando do dinheiro que conseguiu juntar com esforço ao longo dos anos.— Se eu economizasse, conseguirei me estabilizar em alguns meses. Pensava ela.Com a decisão fo
Naquela sexta-feira, Clark saiu do escritório com o semblante carregado, seus pensamentos fervendo após mais uma discussão amarga com seu pai. Dominic Johnson tinha o talento único de provocar nele um misto de raiva e frustração que parecia incontrolável. Era como se cada palavra entre eles fosse um duelo velado de egos, ressentimentos e expectativas não atendidas. Enquanto ajustava a gravata ao sair pela porta principal da empresa, ele resmungou para si: — Essa empresa não vai me engolir. Clark sabia que precisava de um escape, um lugar onde pudesse acalmar os ânimos antes que sua raiva transbordasse. Não queria ir a nenhum dos bares sofisticados que frequentava com seus colegas de trabalho ou clientes. Escolheu, ao invés disso, um bar discreto na cidade, um lugar onde poderia ser apenas mais um homem com um copo de uísque nas mãos, sem as pressões de ser Clark Johnson, o herdeiro de um império empresarial. O bar era acolhedor, iluminado de forma sutil e com uma música suave que
Assim que Clark entrou na sala de reuniões, o ambiente estava carregado de tensão. Dominic Johnson, seu pai, o encarava com uma expressão séria, como se estivesse esperando um movimento errático. Clark, no entanto, decidiu tomar as rédeas da situação antes que qualquer conflito ressurgisse. — Vamos esquecer a nossa conversa de ontem e focar no que realmente importa. — Clark disse com firmeza, aproximando-se da mesa de reuniões. — Estou disposto a ir para o Japão, se esse é o seu desejo. Dominic manteve o olhar fixo no filho, os olhos estreitados, avaliando cada palavra. Ele apoiou as mãos na mesa com calma, mas seu tom era carregado de autoridade quando respondeu: — Sobre a nossa conversa de ontem, confesso que não será esquecida. Mas falaremos sobre isso em outro momento. Dominic se acomodou na cadeira com a elegância de quem sabia que estava no controle da situação. Sem rodeios, ele continuou: — Partirá amanhã cedo para o Japão. E levará a Janine com você. Clark arqueou as sob
Quando Clark entrou no hotel, o ambiente elegante parecia contrastar com a inquietação que o dominava. O concierge, sempre atento, o cumprimentou com um sorriso caloroso. — Boa tarde, senhor Johnson! Como foi sua manhã? Clark, sem perder tempo, ignorou a cordialidade habitual e perguntou diretamente: — Fez o que pedi? O concierge, um homem de meia-idade com uma postura impecável, assentiu com um sorriso que parecia misturar profissionalismo e um toque de curiosidade. Aproximando-se discretamente, ele respondeu quase em um cochicho: — Sim, senhor. O café foi enviado como solicitado, mas... ela não tocou em nada. Clark franziu a testa, claramente frustrado. Antes que pudesse dizer algo, o concierge continuou: — Ah, e encontrei isso no chão do quarto. Com um movimento preciso, o homem retirou um pedaço de papel dobrado de seu bolso e o entregou a Clark. O bilhete parecia levemente amassado, como se tivesse sido descartado sem importância. Clark o pegou com certa hesitação e, ao
Estava anoitecendo quando o táxi parou diante da casa onde Aline havia passado uma infância repleta de alegria e momentos inesquecíveis ao lado de seus pais. O motorista olhou pelo retrovisor, curioso com o olhar distante da passageira. Aline pagou a corrida, agradeceu baixinho e saiu do carro, puxando a mala de rodinhas. Ela parou na calçada, encarando a fachada da casa. A pintura desbotada denunciava o tempo que havia passado desde a última vez que alguém cuidara do lugar. As janelas estavam fechadas, mesmo assim parecia que cada canto daquele lar ainda guardava os ecos de risadas e conversas. A rua, antes vibrante e cheia de vozes infantis, agora estava mergulhada em silêncio, com apenas o som distante de um cachorro latindo e as folhas balançando ao vento. Ela se lembrou de como costumava correr por ali com Carla, Beatriz e Jéssica, suas melhores amigas da infância. Lembranças de brincadeiras, risadas e aventuras preenchiam sua mente, e um sorriso involuntário surgiu em seus láb