Capítulo 4
Giulia mal teve tempo de se acomodar atrás dele antes que o carro fizesse uma curva brusca e começasse a persegui-los. O motor roncava ferozmente, e a poeira subia no ar. O coração de Giulia batia descontroladamente enquanto ela se agarrava à cintura de Carlos, sentindo a dureza dos músculos dele sob as mãos. Sem perder tempo, Carlos sacou um de seus revólveres com uma mão, enquanto segurava as rédeas da égua com a outra. Com uma precisão surpreendente, ele virou o corpo para o lado, ainda trotando, e mirou no carro que se aproximava rapidamente. Sem hesitar, ele disparou. O som do tiro ecoou. O tiro foi certeiro, mas o vidro do carro era blindado. O projétil ricocheteou, e ele rosnou de frustração. — Droga! — Carlos rosnou, enquanto puxava as rédeas de Floco de Neve, fazendo a égua acelerar. — Segure firme! Giulia se apertou mais contra ele, o medo crescendo a cada segundo que passava. O carro estava se aproximando rápido demais. — Malditos... — resmungou, tentando ajustar sua mira novamente, mas antes que pudesse atirar de novo, outro carro surgiu de repente à frente deles. Floco de Neve relinchou alto, assustada com o carro que vinha em alta velocidade. A égua empinou, e em um movimento brusco, os dois foram jogados ao chão com força. Giulia gritou quando seu corpo bateu contra o chão duro, e a égua, tomada pelo pânico, disparou para longe. Carlos foi o primeiro a se levantar, ignorando a dor que irradiava pelo corpo. Ele pegou o chapéu que havia caído, colocando-o de volta na cabeça com raiva. Seu olhar focou no carro que se aproximava perigosamente rápido. Sem perder tempo, ele sacou sua arma novamente e mirou no pneu do carro. — Maldição! — ele rosnou antes de apertar o gatilho. Carlos disparou várias vezes seguidas até que, finalmente, um dos pneus explodiu. O carro derrapou violentamente, perdendo o controle e deslizando na direção de uma árvore próxima, antes de capotar e parar de vez. Sem perder tempo, ele mira nos pneus do outro carro atirando até estourar e derrapar tombando e deslizando pela terra. Giulia, ainda no chão, assistia tudo, o coração batendo acelerado no peito. Carlos olhou para ela preocupado. — Você está bem? — ele perguntou, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar. — Sim... eu acho que sim — ela respondeu com a voz trêmula, aceitando a ajuda dele. Ele a puxou com firmeza, ajudando-a a ficar de pé. O olhar dele se voltou para os carros agora parados e destruídos à distância. Recarregou a arma rapidamente. — Precisamos sair daqui, e rápido. Carlos mal teve tempo de reagir quando a porta de um dos carros destruídos se abriu, e um dos capangas saiu, segurando uma metralhadora. Seus olhos se estreitaram em alerta, e ele instintivamente empurrou Giulia para trás de uma árvore, buscando cobri-la do perigo iminente. — Fique abaixada! — ele ordenou, com a voz baixa. Sem hesitar, Carlos sacou o revólver novamente, percebendo que não havia tempo para perguntas. Ele sabia que aquele homem não estava ali para conversar, e a arma pesada nas mãos do capanga tornava claro o perigo. O capanga ergueu a metralhadora, mirando em Carlos, pronto para disparar. O tempo pareceu desacelerar enquanto Carlos, com a precisão de quem já havia lidado com situações de vida ou morte, mirou rápido e atirou antes que o capanga pudesse apertar o gatilho. O tiro de Carlos acertou o homem no peito, derrubando-o antes que ele pudesse disparar um único tiro. O capanga caiu no chão, a metralhadora deslizando de suas mãos, sem vida. Carlos abaixou a arma, respirando pesadamente por um momento. Ele se virou para Giulia, que observava tudo de olhos arregalados, ainda em choque. — Acabou? — ela perguntou, a voz trêmula. Carlos olhou para os carros novamente, avaliando a situação. Ele percebeu movimento nos carros. Seus olhos rapidamente identificaram pelo menos seis homens saindo dos veículos, todos armados até os dentes. Ele praguejou baixo, ciente da gravidade da situação. Com um movimento rápido, correu até uma árvore próxima, buscando cobertura. Ele precisava agir com precisão, cada tiro tinha que contar. Seu revólver ecoou no ar, derrubando dois dos homens em uma sequência rápida, mas o alívio durou pouco. Um dos capangas, mais ágil que os outros, conseguiu chegar perto de Giulia, que estava distraída tentando se proteger. Antes que Carlos pudesse reagir, o homem agarrou Giulia pelos cabelos, puxando-a bruscamente para trás. — Ahhh! — Giulia gritou de dor e susto, seus olhos arregalados de pavor. Carlos, em pânico, tentou ajustar sua mira, mas o capanga era rápido e usava Giulia como escudo. — Larga ela! — Carlos gritou, sua voz carregada de raiva, mas antes que pudesse agir, o capanga a segurou mais firme, pressionando a arma contra a lateral de sua cabeça. — Dê mais um passo e eu estouro os miolos dela! — o homem ameaçou, seu tom cínico e cruel, desafiando Carlos. Carlos parou onde estava, com as mãos firmes em seu revólver, mas incapaz de atirar sem arriscar a vida de Giulia. Ele praguejou mentalmente, procurando uma saída. O suor escorria por sua testa enquanto a tensão aumentava. Giulia, agindo por instinto, pisou com força no pé do capanga, que gemeu de dor e afrouxou o aperto sobre ela. Carlos, sempre atento, não perdeu a oportunidade. Com a precisão que só anos de experiência podiam oferecer, ele mirou e atirou diretamente na testa do homem. O corpo do capanga caiu imediatamente, soltando Giulia, que cambaleou para o lado. Carlos olhou ao redor rapidamente. Restavam três. Eles não eram estrategistas; estavam se movendo de uma árvore para outra, tentando se aproximar, mas deixando brechas em suas ações. Carlos aproveitou o padrão previsível. Com um movimento rápido, ele se abaixou e rolou para a direita, disparando mais dois tiros certeiros. O primeiro atingiu um no peito, e o segundo homem caiu com um disparo no ombro, gritando de dor enquanto largava sua arma. Ainda ofegante, Carlos começou a avançar, sentindo que a situação estava sob controle. No entanto, em meio à tensão do tiroteio, Giulia não percebeu a aproximação do terceiro capanga. Ele se esgueirou por trás dela enquanto Carlos estava focado no outro que estava vivo ainda. Sem qualquer aviso, o homem ergueu a arma e acertou Giulia na cabeça com uma coronhada violenta. Ela soltou um gemido baixo antes de cair no chão, inconsciente. — Giulia! — Carlos gritou, o coração disparando ao vê-la desmaiar. A raiva ferveu em suas veias. Sem hesitar, ele virou o corpo e, com uma precisão letal, disparou contra o último capanga, que ainda tentava se esconder atrás de uma árvore. O tiro o acertou no peito, e ele caiu ao chão, sem vida. Carlos correu até Giulia, ajoelhando-se ao lado dela. Seu coração batia acelerado enquanto verificava se ela ainda estava respirando. — Giulia, está me ouvindo? — ele chamou, a voz carregada de preocupação. Ela não respondeu, mas sua respiração estava estável.Capítulo 5O som repentino de um tiro ecoou no ar. Ele se virou rapidamente e viu que o capanga que foi atingido no ombro estava tentando acerta-lo. Sem hesitar, Carlos sacou o revólver e, com um tiro certeiro, tirou a vida do homem, eliminando a ameaça de uma vez por todas.Ele respirou fundo, os olhos percorrendo a área ao redor. Ao longe, avistou Floco de Neve se aproximando. A égua, com seu instinto afiado, voltou para o local, pronta para ajudar. Carlos, sem perder tempo, levantou Giulia do chão, a colocou cuidadosamente sobre a égua e subiu logo em seguida, segurando-a firme enquanto cavalgavam de volta para casa.Quando chegaram à fazenda, Carlos desceu do cavalo e carregou Giulia para dentro. Ele a colocou gentilmente no sofá da sala. Vitória, que estava do lado de fora, viu seu pai chegando com Giulia nos braços e correu para dentro, preocupada.- Pai, o que aconteceu com ela? - perguntou Vitória, já ao lado de Giulia, visivelmente ansiosa.- Ela está bem, só tomou uma pancad
Capítulo 6Carlos, depois de verificar que tudo estava tranquilo, voltou para a área gourmet para pegar uma bandeja com chá e pães caseiros. Ao retornar para a sala, seus olhos estavam atentos, ainda preocupado com o ataque. Ele sabia que aquilo não havia sido por acaso, e a tensão crescia dentro dele.Ao entrar na sala, observou as duas, e seu coração apertou por um segundo ao ver Vitória cuidando de Giulia com tanto carinho. Giulia, por sua vez, já parecia mais consciente, embora ainda visivelmente abalada.— Como está se sentindo? — Carlos perguntou, pousando a bandeja na mesinha de centro.— Melhor… acho que um dia me acostumo a levar coronhadas — ela tentou brincar, mas a dor no lado da cabeça não permitiu que continuasse rindo.Carlos sorriu de leve, mas seus olhos não esconderam a preocupação. Ele se abaixou ao lado dela, seus dedos passando pela lateral do rosto de Giulia, verificando o machucado.— Nós vamos aumentar a segurança na fazenda. Não posso permitir que algo assim a
Capítulo 7O som do telefone batendo com força contra a mesa ecoou pela sala luxuosa. Giovanni Moretti, o marido de Giulia, estava frustrado, seus olhos faiscando de raiva enquanto esfregava o rosto com as mãos. Mais uma vez, seus informantes haviam falhado em localizá-la.— Como é possível que uma mulher desapareça assim? — ele grunhiu, a voz pesada com a frustração acumulada.Seu braço direito, Paolo, observava o chefe com cautela, medindo suas palavras antes de falar.— Ela não quer ser encontrada, senhor. Fugiu para um país vasto como o Brasil, e os contatos de lá estão tendo dificuldade de rastreá-la após o sumiço de alguns capangas.Giovanni apertou os punhos com força, os dedos quase cravando na madeira da mesa.— Não é possível que eles sejam tão incompetentes! Ela não pode ir tão longe! Quero todos os meus homens em cada cidade daquele país. Ela não vai escapar.Paolo assentiu, hesitante.— Vou redobrar os esforços, senhor. Mas talvez seja melhor considerarmos outra abordagem
Capítulo 8Giulia piscou, ligeiramente envergonhada, ao perceber o quanto havia revelado. Tentando mudar de assunto, disse:— Eu não vi a Vitória.Carlos sorriu, relaxando um pouco mais na cadeira.— Ela está na escola. Meio dia e meia ela estará de volta — explicou ele, enquanto tomava outro gole de café. — Preciso que vá até a rua asfaltada buscar ela. Fica um pouco longe da entrada da fazenda. Você sabe dirigir?Giulia assentiu, mostrando interesse.— Sei. É só me mostrar onde fica, eu decoro fácil o caminho. Tenho uma excelente memória.Carlos arqueou uma sobrancelha, surpreso com a segurança dela.— Ótimo. Eu te mostro no mapa da fazenda. Confesso que é um alívio saber que pode ajudar. Vitória vai gostar de te ver lá.Carlos levantou-se e foi até uma moldura na parede, onde havia um mapa da fazenda e da região ao redor. Com calma e precisão, ele ensinou Giulia o caminho, apontando os pontos de referência, mas o que mais chamou a atenção dela foi a maneira como ele se guiava pelo
Capítulo 9Benedito, sempre atento, observou o jeito acanhado de Giulia ao olhar para Carlos. Aquilo era mais do que simples gentileza. "Tem coisa aí", pensou, mas ficou em silêncio, apenas dando um sorriso discreto enquanto todos voltavam ao trabalho após o almoço.Vitória foi para o quarto fazer seu dever de casa, deixando Giulia com algum tempo livre. Ela decidiu voltar para a área gourmet, onde encontrou o cozinheiro ocupado, se desdobrando para adiantar o trabalho. Ele lavava panelas enquanto monitorava uma massa no fogão, visivelmente apressado.Giulia, ainda um pouco tímida, ficou observando por um momento antes de se aproximar.- Posso ajudar com algo? - perguntou, a voz suave, mas com um toque de determinação.O cozinheiro olhou para ela, surpreso e, de certa forma, aliviado.- A dona quer me ajudar? Não precisa, não, dona. Aqui é meu trabalho, mas... se quiser, não vou recusar. Só toma cuidado para não se sujar, hein?Ela sorriu, e logo o cozinheiro lhe indicou algumas taref
Capítulo 10No dia seguinte...Giulia caminhava pelo corredor da casa com o coração acelerado. Cada passo que dava parecia ecoar sua ansiedade, mas ela sabia que não podia mais adiar essa conversa. As lembranças do que aconteceu e a possibilidade de mais perigos se aproximando a atormentavam, especialmente o medo de algo atingir Vitória. Isso era inaceitável para ela. Já era hora de contar tudo a Carlos.Ao passar pela janela, viu Matteo e os outros homens instalando câmeras pela fazenda. Cada movimento deles parecia confirmar que a situação estava se tornando mais séria. Eles estavam se preparando para algo maior, e Giulia sabia que parte disso era culpa do seu passado. Respirou fundo, tentando reunir a coragem que precisaria para encarar Carlos.Quando chegou à porta do escritório, parou por um instante, sentindo uma onda de medo e dúvida. "Será que ele vai me entender? Será que vai me culpar?", pensou. Mas havia algo maior em jogo, e ela não podia se dar ao luxo de hesitar. Bateu n
Capítulo 11Giulia subiu as escadas, ainda sentindo o toque de Carlos em seu rosto. Ao entrar no quarto, fechou a porta e se apoiou na superfície da penteadeira por um momento. A imagem no espelho refletia sua vulnerabilidade.Com um suspiro, ela começou a retocar a maquiagem, usando a base para cobrir a marca roxa sob seu olho e aplicando um pouco de rímel para realçar o olhar. Ao terminar, ela deu um passo atrás e se encarou, sentindo-se um pouco mais confiante, mas ciente de que os problemas ainda estavam longe de ser resolvidos.Depois de se sentir pronta, Giulia desceu até a sala, onde Vitória estava sentada no sofá, lendo um livro do Harry Potter. Assim que a viu, a menina levantou-se animada.- Giulia, vamos dar uma volta? - Vitória pediu, os olhos brilhando com expectativa.Giulia sorriu, tentando refletir a animação dela.- Claro, querida. Para onde você gostaria de ir? - Eu conheço um lago bonito! - Vitória exclamou, puxando Giulia pela mão. - Vem, é ali perto da colina!As
Capítulo 12Carlos entrou na cozinha da área gourmet e parou por um momento na porta. O cheiro de pão fresco no forno e o som de risadas preenchiam o ambiente. Ele observou sua filha, Vitória, radiante de felicidade enquanto brincava com Giulia e o cozinheiro Júlio.Ele ficou parado, contemplando aquela cena familiar e acolhedora. De repente, algo dentro dele despertou. Sentiu uma vontade imensa de fazer parte daquele momento. A felicidade no rosto de sua filha era algo que ele queria ver sempre, e ele percebeu que isso só era possível quando as pessoas ao redor estavam em harmonia.Sem pensar duas vezes, Carlos entrou na cozinha com um sorriso discreto.- Parece que estão se divertindo sem mim - brincou, fazendo Vitória rir e Giulia olhar para ele surpresa, com um brilho caloroso nos olhos.- Papai! - Vitória exclamou, correndo até ele com a massa ainda grudada nas mãos. - Estamos fazendo pizza e pães! Quer ajudar?Ele olhou para Júlio, que sorria de canto, claramente satisfeito em v