Capítulo 11Giulia subiu as escadas, ainda sentindo o toque de Carlos em seu rosto. Ao entrar no quarto, fechou a porta e se apoiou na superfície da penteadeira por um momento. A imagem no espelho refletia sua vulnerabilidade.Com um suspiro, ela começou a retocar a maquiagem, usando a base para cobrir a marca roxa sob seu olho e aplicando um pouco de rímel para realçar o olhar. Ao terminar, ela deu um passo atrás e se encarou, sentindo-se um pouco mais confiante, mas ciente de que os problemas ainda estavam longe de ser resolvidos.Depois de se sentir pronta, Giulia desceu até a sala, onde Vitória estava sentada no sofá, lendo um livro do Harry Potter. Assim que a viu, a menina levantou-se animada.- Giulia, vamos dar uma volta? - Vitória pediu, os olhos brilhando com expectativa.Giulia sorriu, tentando refletir a animação dela.- Claro, querida. Para onde você gostaria de ir? - Eu conheço um lago bonito! - Vitória exclamou, puxando Giulia pela mão. - Vem, é ali perto da colina!As
Capítulo 12Carlos entrou na cozinha da área gourmet e parou por um momento na porta. O cheiro de pão fresco no forno e o som de risadas preenchiam o ambiente. Ele observou sua filha, Vitória, radiante de felicidade enquanto brincava com Giulia e o cozinheiro Júlio.Ele ficou parado, contemplando aquela cena familiar e acolhedora. De repente, algo dentro dele despertou. Sentiu uma vontade imensa de fazer parte daquele momento. A felicidade no rosto de sua filha era algo que ele queria ver sempre, e ele percebeu que isso só era possível quando as pessoas ao redor estavam em harmonia.Sem pensar duas vezes, Carlos entrou na cozinha com um sorriso discreto.- Parece que estão se divertindo sem mim - brincou, fazendo Vitória rir e Giulia olhar para ele surpresa, com um brilho caloroso nos olhos.- Papai! - Vitória exclamou, correndo até ele com a massa ainda grudada nas mãos. - Estamos fazendo pizza e pães! Quer ajudar?Ele olhou para Júlio, que sorria de canto, claramente satisfeito em v
Capítulo 13Carlos olhou para Giulia por um momento, pensando nas inúmeras perguntas que rondavam sua mente. Ele queria entender melhor o que havia acontecido com ela, por que tinha fugido do país ao invés de procurar ajuda com a família. O que a levou a essa decisão tão drástica? No entanto, ele sabia que este não era o momento.Giulia estava magoada, e o roxo ainda disfarçado sob a maquiagem era um lembrete constante da dor que ela havia sofrido. Aquilo ainda o deixava profundamente irado. Se o marido dela realmente a amasse, jamais teria encostado a mão nela de forma tão cruel.Ele decidiu não tocar no assunto, pelo menos não naquela noite. Queria que o ambiente se mantivesse leve, então se levantou e pegou o controle da televisão.- Vou ligar a TV, procurar algo interessante para a gente assistir.Giulia assentiu levemente, ainda segurando a taça de vinho entre as mãos, os olhos vagando pelas chamas da lareira. Ela parecia tranquila, mas Carlos podia ver que o cansaço começava a p
Capítulo 14Ao entrar na área gourmet, Carlos observou Giulia enquanto ela se aproximava, o sorriso suave iluminando seu rosto. Ela era jovem, doce, e por mais que sua mente tentasse racionalizar o que estava acontecendo, algo em seu coração o puxava para ela de uma forma inexplicável.O sorriso dela o desarmava completamente, e a maneira como seus olhos brilhavam com genuína preocupação o fazia se sentir dividido entre o que considerava certo e o que desejava.- Está tudo bem? - Giulia repetiu, sua voz suave, enquanto olhava para ele com aquele carinho que ele não via há tempos, desde... desde que sua esposa se fora.Carlos piscou, tentando afastar o turbilhão de pensamentos. Ele respirou fundo, soltando o ar lentamente, e finalmente respondeu, a voz um pouco rouca.- Sim, Giulia... Está tudo bem. - Ele hesitou, mas a verdade que estava pesando em seu peito precisava ser dita. - Ou pelo menos, deveria estar.Giulia franziu levemente a testa, inclinando a cabeça de leve.- O que quer
Capítulo 15Carlos terminou de tomar o café, levantou-se e olhou para Giulia, que o observava com aquele sorriso caloroso. Ele sentiu seu coração acelerar, e por um breve momento, seu autocontrole quase falhou.- Eu... preciso continuar a colheita das uvas hoje - disse ele, tentando manter um tom casual, mas a intensidade do olhar dela parecia desnortear seus pensamentos. Ele limpou a garganta, como se tentasse esconder qualquer emoção que pudesse transparecer.- Claro, eu entendo - Giulia respondeu com um sorriso gentil.Carlos ficou parado por alguns segundos, o sorriso dela parecia iluminá-lo de uma forma que ele não conseguia explicar. Era o tipo de sorriso que o deixava vulnerável, e por mais que tentasse, não conseguia evitar ser afetado. Ele inclinou a cabeça brevemente, despedindo-se.- A gente se vê mais tarde. - Sua voz soou mais suave do que pretendia.- Até mais tarde - respondeu ela, ainda sorrindo, seus olhos seguindo-o enquanto ele se afastava.Carlos saiu da cozinha e
Capítulo 16Ele saiu da casa, tentando se livrar da confusão em sua mente. Caminhava com passos largos e firmes, como se estivesse em fuga de seus próprios pensamentos.Ao passar pela área externa, passou por Benedito, que o observou com curiosidade. Carlos passou como um furacão, sem dizer uma palavra, mal notando o funcionário que ficou ali parado, olhando ao redor, sem entender o que havia acontecido.Benedito coçou a cabeça e recolocou o chapéu. Ficou se perguntando se uma alma penada havia passado por ele, pois não via ninguém ao redor. Suspirando profundamente, começou a murmurar:- Misericórdia, meu Pai... - Benedito fez o sinal da cruz.Enquanto isso, Carlos chegava ao estábulo. Sentiu o cheiro da palha e dos cavalos, um odor reconfortante para ele. Sabia que ali, ele podia encontrar um pouco de paz. Passou a mão pelos arreios e equipamentos, tentando se acalmar."Eu não posso... não devia...", murmurou para si mesmo, esfregando o rosto com força, como se pudesse apagar o que
Capítulo 17Com cuidado, Carlos e Giulia ajeitaram a toalha no chão e foram organizando a comida que Júlio havia preparado na cesta. Os sanduíches, frutas e bebidas estavam impecavelmente arrumados.Enquanto eles terminavam de preparar tudo, Vitória, pegou as varas de pesca. Ela colocou as iscas como seu pai a havia ensinado em outras ocasiões, e as deixou cuidadosamente nos suportes. Observando a filha, Carlos sorriu, orgulhoso.- Ela sabe fazer direitinho, não é? - Giulia comentou, encantada com a dedicação de Vitória.- Sim, ela tem uma facilidade incrível para essas coisas - Carlos respondeu, com um toque de orgulho na voz.Quando terminaram de arrumar tudo, Giulia pegou um copo de suco e entregou a Carlos.- Acho que isso é merecido por seu esforço em nos trazer até aqui - ela disse, sorrindo.Ele pegou o copo, um pouco surpreso com o gesto, e assentiu, levando o suco à boca.- Júlio realmente caprichou hoje. Parece até um banquete - ele brincou, relaxando aos poucos.Vitória, qu
Capítulo 18Carlos e Giulia continuaram conversando. Cada palavra trocada parecia aproximá-los ainda mais. Ele contava histórias sobre a fazenda e, vez ou outra, se pegava rindo ao ouvir Giulia reagir com curiosidade e entusiasmo a cada detalhe.- E então, certo dia, um dos bezerros resolveu fugir pelo pasto e só parou no meio do pomar olhando para os lados perdido. - Ele riu ao lembrar, e Giulia o acompanhou, divertida.- Aposto que foi você que teve que buscar ele de volta, não é? - ela perguntou, olhando-o com uma expressão encantada.- Claro - ele respondeu, tentando manter o tom leve. - Ninguém teria coragem de encarar a fúria de um bezerro teimoso como aquele.O riso de Giulia foi doce e cativante. O som dela rindo mexia com Carlos, e ele percebeu que não queria que aquela noite terminasse.Conforme as risadas se acalmaram, um silêncio confortável tomou conta. Carlos, impulsivamente, estendeu a mão e cobriu a de Giulia. Ela não se afastou; pelo contrário, apertou de leve seus de