2 - O ENCONTRO NO BAR

Celina abriu a porta do escritório, e seu mundo desmoronou.

O ar sumiu dos seus pulmões. Seu coração deu um salto doloroso dentro do peito antes de despencar em um abismo de desespero.

Ali, diante de seus olhos, estava César, seu marido, o homem que prometeu amá-la e respeitá-la, entrelaçado no corpo de outra mulher.

Nicole estava jogada sobre a mesa, os cabelos loiros desarrumados, os lábios entreabertos em puro prazer. As pernas estavam enroscadas na cintura de César, as mãos cravadas em suas costas. A cena era crua, explícita, e Celina sentiu náuseas instantaneamente.

Seu corpo congelou. O sangue gelou em suas veias.

Ela queria gritar, mas a voz morreu em sua garganta. Queria correr dali, mas suas pernas não obedeciam.

Nicole foi a primeira a notar sua presença. Em vez de pânico ou constrangimento, um sorriso surgiu em seu rosto. Um sorriso de satisfação. De triunfo.

Celina sentiu o chão ceder sob seus pés.

Os olhos de Nicole brilhavam com malícia, como se já esperasse aquele momento, como se quisesse que Celina a visse ali, tomando o que era dela.

Foi só então que César percebeu sua esposa parada à porta. Ele se virou lentamente, sem pressa, sem susto. O olhar que lançou para Celina não demonstrava culpa. Não demonstrava arrependimento. Apenas frieza.

Como se nada tivesse acontecido.

Como se ela não significasse nada.

Celina sentiu o estômago se revirar. As lágrimas escorriam quentes pelo seu rosto, e a dor no peito se intensificava a cada segundo.

Ela queria que ele dissesse algo. Qualquer coisa. Queria que tentasse se explicar, que negasse, que mostrasse arrependimento.

Mas César apenas a encarou, sem emoção.

Aquilo foi pior do que qualquer traição física. Era o fim de tudo o que um dia eles foram.

Celina deu um passo para trás, sentindo que não suportaria mais um segundo ali.

Com os olhos ainda fixos nela, Nicole soltou uma risada baixa e disse:

— Bebê, você não vai atrás dela?

O coração de Celina parou.

O silêncio na sala foi cortante.

César ajeitou a camisa com calma e, sem desviar os olhos de Celina, respondeu:

— Tenho coisas mais importantes para fazer aqui.

A última esperança que restava dentro dela se desfez.

Celina virou-se e saiu.

Ela entrou no elevador em estado de choque. O peito subia e descia rapidamente, tentando puxar o ar que parecia não existir mais.

Quando as portas se fecharam, ela desabou.

Um soluço alto escapou de sua boca, e as lágrimas caíram sem controle. O espelho refletia seu rosto devastado, os olhos inchados, a expressão de alguém que acabara de perder tudo.

Quando o elevador chegou ao térreo, ela caminhou para fora do prédio como se estivesse flutuando, como se seu corpo já não pertencesse mais a si mesma.

Ela entrou no carro e, sem pensar, ligou o motor e acelerou.

As ruas de São Paulo passavam em borrões diante de seus olhos marejados. Celina dirigia sem destino, as mãos trêmulas no volante.

"Ele nem se importou."

A frase ecoava em sua mente como um mantra cruel.

"Ele não veio atrás de mim."

O choro aumentava.

"Ele não ligou."

As lágrimas cegavam sua visão, mas ela continuava acelerando.

O peito doía de um jeito que ela nunca sentiu antes. Uma dor descomunal, sufocante, que parecia rasgar sua alma de dentro para fora.

"Eu fui traída. Eu fui humilhada."

Ela não sabia se queria gritar ou simplesmente desaparecer.

O sinal à frente estava vermelho, mas Celina não percebeu.

De repente, uma buzina alta ecoou, e os faróis de outro carro iluminaram seu rosto.

Seu coração disparou.

Num reflexo rápido, ela pisou no freio.

O carro derrapou, os pneus cantaram no asfalto, mas, por um milagre, parou a tempo.

Celina ficou imóvel, com os dedos cravados no volante.

Ela respirou fundo, tentando se acalmar. Não podia continuar assim.

Ela precisava de um refúgio. De um lugar para afogar aquela dor.

Foi então que decidiu.

Ela dirigiu até o Hotel Unique.

O elevador do hotel subiu suavemente até o topo. Assim que as portas se abriram, Celina foi recebida pelo ambiente sofisticado do Skye Bar. O espaço era elegante e moderno, com luzes amenas e uma vista deslumbrante da cidade.

O local estava movimentado, mas não barulhento. O som ambiente era uma mistura sutil de conversas e uma música suave ao fundo, criando um clima envolvente e misterioso.

Sentou-se no balcão e pediu um drink forte.

O álcool desceu queimando sua garganta, mas não foi suficiente para anestesiar sua dor.

Ela pediu outro. E mais um.

Quando estava no terceiro copo, sentiu um olhar sobre si.

Um arrepio percorreu sua pele, e ela soube, sem precisar olhar ao redor, que alguém a observava.

Não era uma sensação incômoda.

Era intensa.

O tipo de olhar que se sente antes mesmo de ver.

Ela desviou a atenção do copo e olhou lentamente para os lados, tentando encontrar a origem daquela sensação.

E então, o viu.

Um homem misterioso, sentado alguns bancos à sua direita, a observava com um olhar enigmático.

Ele segurava um copo de whisky na mão e inclinava a cabeça levemente, como se a estudasse.

Era charmoso.

Extremamente charmoso.

O tipo de homem que parecia ter um magnetismo natural, alguém que atraía atenção sem precisar se esforçar.

Os traços marcantes, a barba bem aparada, o terno impecável que parecia feito sob medida para ele.

E aqueles olhos…

Olhos que diziam mais do que qualquer palavra.

Celina engoliu seco, mas não desviou o olhar.

Ele percebeu.

Um sorriso discreto e intrigante surgiu e ele levou o copo aos lábios, bebendo lentamente, sem pressa.

A tensão entre os dois parecia crescer a cada segundo que se passava.

Celina sentiu o peito subir e descer em um ritmo mais acelerado.

E então, ele se levantou.

Com passos firmes, caminhou em sua direção, sem tirar os olhos dela.

Celina sentiu o estômago revirar.

Ele parou ao lado dela e inclinou-se ligeiramente, aproximando-se de seu ouvido.

Sua voz era profunda, envolvente, carregada de uma confiança natural.

— Posso te pagar uma bebida?

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