Celina estava sentada no chão frio, do lado de fora da casa que um dia foi sua. Seu corpo estava ali, mas sua alma parecia ter sido arrancada. As lágrimas escorriam em silêncio, molhando sua pele pálida. Seus pertences estavam espalhados pela calçada como se fossem lixo, roupas misturadas com documentos, sapatos. O vento da noite passava por ela, mas Celina não sentia frio. Não sentia nada além do vazio dentro de si. "Não sou nada. Não tenho ninguém." As palavras de César ecoavam em sua mente, cortando como lâminas afiadas. "Você era um nada quando se casou comigo. E vai continuar sendo." Seus dedos tremiam ao apertar a barra da própria blusa. O que vou fazer? Pra onde vou? Ela não tinha família para acolhê-la. Nenhum porto seguro. Seu mundo, que já estava desmoronando, agora havia ruído por completo. O barulho de um carro se aproximando tirou-a , por um breve momento, do estado de choque. Os faróis iluminaram sua figura encolhida no chão, e Celina ouviu o motor desligand
Ao ouvir toda aquela conversa, Celina tapou a boca para conter o soluço que ameaçava escapar. Ela sentiu a alma se despedaçar. A tontura veio forte, e ela precisou segurar-se na parede. Se Thor descobrisse sobre o bebê… Ele a obrigaria a abortar também. Celina sentiu o pânico tomar conta de seu corpo. Ela não podia contar. Não podia deixar que ele soubesse. Seus olhos arderam, e as lágrimas voltaram a cair. Virou-se e saiu correndo pelo corredor, sentindo o coração esmigalhado dentro do peito. Seu filho nunca poderia saber quem era o pai. E, assim, a decisão foi tomada. Ela protegeria seu bebê. Mesmo que isso significasse carregar esse segredo pelo resto da vida. Ao entrar em sua sala apressada, fechou a porta atrás de si, encostando-se nela como se precisasse de apoio para não desmoronar. Seu corpo tremia. O peito subia e descia de forma descompassada. Então, como se uma represa tivesse rompido, as lágrimas vieram. Ela deslizou até o chão, cobrindo
Celina chegou à casa de Tatiana ainda abalada com tudo o que tinha acontecido naquele dia, sentindo o peso do mundo sobre os ombros. Assim que entrou, desabou no sofá da sala de estar, exausta emocionalmente. Tatiana percebeu o semblante abatido da amiga e se sentou ao lado dela, segurando suas mãos com carinho. — Amiga, me conta tudo. Como foi a conversa com Thor? — Tatiana perguntou, com preocupação. Celina respirou fundo, antes de começar a falar, tentando manter a compostura, mas era impossível. Seus olhos marejaram e sua voz saiu embargada. — Eu ouvi Thor e Isabela conversando hoje... — Ela fez uma pausa, sentindo um nó na garganta antes de continuar. — Ela disse que pode estar grávida. E sabe o que ele respondeu? Que se isso for verdade, ela deve abortar. Ele não quer esse filho, Tatiana. Ele disse isso com uma frieza, uma crueldade... como se estivesse descartando uma vida como se fosse lixo. Tatiana arregalou os olhos, chocada com o que ouvia. — Meu Deus, Celina... —
No outro dia, Celina despertou com um peso no estômago que a fez correr para o banheiro. O enjoo veio com uma força avassaladora, e ela vomitou tanto que precisou sentar no chão frio para se recompor. Sentia-se exausta, mas sabia que precisava levantar. Ligou o chuveiro e entrou debaixo da água quente, deixando-a escorrer pelo corpo. Enquanto a água levava embora o suor e os resquícios da noite anterior, flashes do que aconteceu no hotel voltaram com intensidade. Thor sobre ela, seus olhos fixos nos dela, e a pergunta que ele sussurrou com curiosidade genuína: — Por que você? Por que de todas as mulheres que já passaram pela minha cama, você é diferente? Celina sentiu o arrepio que percorreu sua pele naquela noite. Thor havia deslizado a mão pelo rosto dela, afagando-a com uma suavidade que contrastava com sua usual brutalidade. Depois, ele a beijou, um beijo que fez suas pernas tremerem, um beijo que queimou em sua pele e deixou sua respiração entrecortada. E então ele sussurrou
Celina ficou paralisada. Seu coração batia tão forte que parecia querer sair de seu peito. Arregalou os olhos, incapaz de desviar o olhar da cena que se desenrolava à sua frente.Thor estava ali, com a calça arriada, sua funcionária sentada sobre a mesa, o vestido levantado, as pernas envolvendo sua cintura. A mulher jogava a cabeça para trás, gemendo alto, enquanto Thor, em um tom rouco e carregado de desejo murmurava palavras picantes para ela. O toque possessivo dele, a maneira como a segurava com força, contrastava brutalmente com a lembrança que invadiu a mente de Celina.De repente, flashes de dias atrás a golpearam com violência. Ela viu César no escritório, entrelaçado com Nicole, seu toque lascivo, o riso sarcástico da amante. Viu também Thor no hotel, naquela noite, afagando seu rosto com um carinho inesperado, olhando-a nos olhos como se enxergasse algo além de sua fachada de arrogância e frieza. Como ele podia ser tão bruto e insensível agora, depois daquele momento que co
Celina estava concentrada digitando novos contratos e revisando o que Thor havia dito que estava errado. Passou a manhã inteira focada nisso e só percebeu o tempo passar quando seu estômago roncou, indicando que já era hora do almoço.O telefone em sua mesa tocou, interrompendo seus pensamentos. Ao atender, ouviu a voz autoritária de Thor:— Venha até minha sala imediatamente.Sem tempo para questionar, Celina se levantou e caminhou até a sala do chefe. Ao entrar, ele nem ao menos a olhou, apenas ordenou friamente:— Vá até o restaurante onde costumo almoçar e traga meu pedido.Celina ficou surpresa com a audácia dele e, sem pensar, retrucou:— Como é que é?Thor arqueou a sobrancelha e falou com muita frieza: — Você é surda?Celina respirou fundo para conter sua irritação e respondeu com firmeza:— Não sou surda, senhor. Mas não seria mais prático pedir pelo serviço de entrega?Ele se levantou e se aproximou, ficando a poucos centímetros dela. O olhar intenso de Thor a desafiava.—
As três horas da madrugada, Celina acordou e não conseguiu mais dormir. Estava inquieta, dividida entre duas decisões difíceis: viajar a trabalho ou ir à empresa de seu ex-marido assinar o divórcio. Queria ficar livre de César, mas, ao mesmo tempo, precisava do emprego. Mesmo sendo cada dia mais difícil conviver com Thor, ela sabia que não conseguiria outro trabalho estando grávida e precisava se sustentar. Não tinha família para ajudar e não queria depender totalmente de Tatiana, já estava dando trabalho demais por se hospedar em sua casa A lembrança da foto que viu na gaveta de Thor voltou à sua mente. Será que seu filho já teria um irmão ou irmã? Aquela mulher na foto poderia ser uma irmã de Thor? Movida pela curiosidade, pegou o celular e começou a pesquisar sobre ele. Encontrou vários sites exaltando Thor como um dos magnatas mais ricos do Brasil. Outros abordavam suas conquistas amorosas e noites de luxúria, além de enquetes especulando quem seria a mulher que finalmente prende
Thor entrou no prédio logo depois dela.Sentindo uma onda de ódio percorrer seu corpo, tomou uma decisão impulsiva. Em vez de usar seu elevador privativo, optou pelo elevador dos funcionários, causando assim, uma certa incredulidade aos que já estavam lá, pois ele nunca havia tomado tal atitude. Ele deu um bom dia seco para todos, sem sequer olhar para Celina. A proximidade involuntária, devido ao espaço reduzido, fez com que ela ficasse na frente dele, bem rente, e o perfume dela invadiu seus sentidos. Ele fechou os olhos por um breve momento, tentando controlar a raiva que sentia. Voltou a si quando o elevador abriu as portas saindo o primeiro funcionário. Conforme os andares passavam e as pessoas iam descendo, restaram apenas os dois.De repente, num impulso inesperado, Thor apertou o botão e parou o elevador.Celina o olhou assustada e disse:— O que você está fazendo?Thor a encarou com frieza, sua voz carregada de veneno.— Sua noite foi boa? — Ele perguntou, sem rodeios, sendo