3 - A SURPRESA DO HOTEL

Celina arqueou uma sobrancelha, avaliando-o por um instante. Ele não era como os homens que geralmente tentavam abordá-la. Não parecia apressado. Não usava uma cantada barata. Apenas oferecia algo simples, com uma confiança desconcertante.

E, talvez pelo álcool, ou talvez porque precisava desesperadamente se sentir desejada depois de ser descartada como lixo, ela sorriu de canto.

— Aceito.

O homem inclinou levemente a cabeça, o sorriso de canto quase desafiador.

— Você não parece do tipo que aceita bebidas de estranhos.

Celina soltou um riso baixo, sem humor.

— Talvez hoje eu seja.

Ele a observou atentamente, os olhos escuros estudando cada detalhe de seu rosto.

— Então hoje é um dia atípico.

— Pode apostar que sim.

O homem ergueu uma mão, chamando o garçom, e sem nem precisar olhar o cardápio, pediu:

— O melhor drink do bar para esta senhorita.

Celina observou enquanto o garçom assentia e se afastava. O homem então puxou um banco e se sentou ao lado dela, casualmente, como se não houvesse dúvidas de que era ali que ele pertencia.

— Parece que sua noite não foi das melhores — disse ele, com uma voz profunda e envolvente.

Celina ergueu os olhos, estudando-o. Ele não perguntou o que aconteceu. Não demonstrou pena. Apenas a observava com um interesse genuíno.

— Digamos que foi a pior noite da minha vida — ela respondeu, amarga.

— Então talvez eu possa torná-la um pouco melhor.

Celina soltou uma risada sem humor.

— Difícil.

O homem inclinou a cabeça, os olhos intensos analisando cada detalhe de seu rosto.

— Eu aceito o desafio.

Ela o encarou por alguns segundos. Havia algo nele que a intrigava. Um magnetismo irresistível.

Talvez fosse a bebida.

Ou talvez fosse o desespero.

Mas, pela primeira vez naquela noite, ela sentiu algo além da dor.

O garçom retornou com o drink, e Celina pegou o copo, levando-o lentamente aos lábios. O sabor era exótico, um equilíbrio perfeito entre doce e amargo, e deslizou por sua garganta como seda.

— Impressionada? — ele perguntou, observando-a atentamente.

Celina pousou o copo sobre o balcão e inclinou-se levemente para frente.

— Um pouco.

Ele sorriu.

— Ainda posso te surpreender mais.

— Você é sempre assim? — perguntou, brincando com o canudo do drink.

— Assim como?

— Confiante.

Ele sorriu de canto.

— E você? É sempre assim?

— Assim como? — devolveu no mesmo tom.

— Perigosa.

Celina prendeu a respiração por um instante. Perigosa. Ninguém nunca havia usado essa palavra para descrevê-la. Mas, talvez, naquela noite, fosse exatamente isso que ela queria ser.

Ela sustentou o olhar dele, saboreando o momento.

— Acho que você gosta de perigo.

O homem ergueu o copo, brindando no ar.

— Apenas do tipo certo.

Celina fez o mesmo, e os copos se tocaram levemente antes de ambos beberem ao mesmo tempo.

— Está fugindo de algo?

Celina desviou o olhar por um instante, observando a cidade.

— Estou fugindo de mim mesma.

Um silêncio carregado de tensão surgiu entre eles.

Então, ele sorriu.

— Quer continuar essa conversa noutro lugar?

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Você nem sabe meu nome — murmurou.

— E você não sabe o meu.

Celina segurou o copo com força. Uma parte dela hesitava. Outra parte queria escapar da realidade a qualquer custo.

E, naquele momento, ceder parecia a única opção.

Ela pegou a bolsa, se levantou e olhou para ele.

— Vamos.

O homem segurou sua mão, e juntos caminharam em direção ao hotel.

Sem nomes. Sem perguntas.

Apenas um acordo silencioso de que, naquela noite, nada mais importava além do momento.

A porta da suíte presidencial se fechou atrás deles, abafando o som do mundo lá fora.

Celina caminhou lentamente até a grande janela redonda que dominava o cômodo, sentindo-se hipnotizada pela vista de São Paulo iluminada. A cidade parecia se estender infinitamente diante dela, mas nada ali fora importava.

Ela apoiou as mãos na vidraça fria, respirando fundo. Sentia o coração ainda acelerado, mas não pelo motivo que deveria.

O homem misterioso se aproximou sem pressa, parando logo atrás dela. Suas mãos firmes deslizaram suavemente pela cintura de Celina, puxando-a para mais perto.

Ele inclinou o rosto, seus lábios roçando a pele exposta de seu ombro em um beijo lento e quente.

— Tem certeza disso? — sua voz soou baixa, quase rouca contra sua pele.

Celina fechou os olhos e sorriu de canto.

— Pode ficar tranquilo — ela disse, girando levemente a cabeça para encará-lo de lado. — Eu sou adulta, não estou bêbada e sei exatamente o que estou fazendo.

Ele a observou por um instante, como se estivesse avaliando sua resposta, mas então sorriu satisfeito.

— Ótimo.

Seus dedos deslizaram pelo corpo de Celina até encontrarem o zíper do vestido. Lentamente, ele o desceu, deixando o tecido escorregar por suas curvas até cair em um círculo de seda ao redor de seus pés.

Ela não estava nua.

Sob o vestido, vestia a lingerie luxuosa que havia comprado naquela manhã — um conjunto de renda preta que delineava perfeitamente suas curvas.

Os olhos dele percorreram cada centímetro de sua pele exposta, como se estivesse diante de uma visão celestial.

— Você é linda

Celina sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele sabia exatamente o que dizer, como se cada palavra fosse meticulosamente escolhida para fazê-la se sentir desejada.

E funcionava.

Com um movimento firme, ele a puxou pela cintura, colando seus corpos. Então, sem aviso, tomou seus lábios em um beijo que fez sua estrutura tremer.

Era intenso, profundo, arrebatador.

Celina sentiu as pernas fraquejarem quando ele aprofundou o beijo, dominando cada espaço, cada sensação.

Os dedos dele percorreram suas costas nuas, segurando-a com firmeza antes de erguê-la no colo. Instintivamente, ela cruzou as pernas ao redor da cintura dele, sentindo a força e o calor de seu corpo contra o dela.

Ele sorriu contra seus lábios.

— Eu sei ser gentil — sussurrou.

Com passos firmes, ele a levou até a enorme cama no centro do quarto, deitando-a com cuidado sobre os lençóis macios.

Ali, sob a penumbra das luzes da cidade e embalados pelo desejo, eles se entregaram ao prazer com luxúria e intensidade.

Nada mais existia.

Nenhuma dor. Nenhuma traição.

Apenas o instante.

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