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5 - O REENCONTRO NO ESCRITÓRIO

Celina estacionou o carro na garagem da mansão e ficou ali por alguns instantes, respirando fundo. As mãos ainda tremiam no volante, e sua mente estava um turbilhão. A noite anterior parecia um borrão, um sonho — ou talvez um pesadelo.

Desceu do carro com passos incertos e entrou na casa em silêncio. A mansão estava mergulhada na escuridão, apenas algumas luzes de presença iluminavam discretamente o caminho até o quarto.

Subiu as escadas devagar, o coração acelerado. A cabeça martelava, reflexo da bebida e da falta de sono. Quando empurrou a porta do quarto e entrou, encontrou tudo escuro.

Suspirou aliviada, pensando que poderia deitar e tentar esquecer tudo.

Mas então, um clique suave ecoou no ambiente.

A luz do abajur ao lado da poltrona foi acesa, e Celina conteve um grito ao ver a silhueta de César sentado ali, à sua espera.

Os olhos dele estavam sombrios, o rosto rígido, uma expressão de puro ódio.

— Onde você passou a noite? — a voz dele cortou o silêncio como uma lâmina afiada.

Celina congelou. Seu peito subia e descia com a respiração acelerada.

Então, ergueu o queixo, tentando recuperar o controle da situação.

— Eu não te devo satisfações.

Ela virou-se para o banheiro, mas antes que pudesse dar mais um passo, sentiu uma mão forte agarrar seu braço com violência.

O impacto fez seu corpo girar bruscamente, e agora ela estava diante de César, vendo de perto a fúria nos olhos dele.

— Vou perguntar de novo, Celina. Onde você passou a noite?

A dor no braço era intensa, mas Celina se recusava a demonstrar qualquer fraqueza. Então, no puro deboche, ergueu as sobrancelhas e sorriu de lado.

— Ah, entendi… Só você pode se divertir com a amante, não é?

O maxilar de César se contraiu, e os dedos em seu braço apertaram ainda mais.

— Tá vendo este corpinho aqui? — ela continuou, provocando. — Outros homens também desejam.

Foi a gota d’água.

A mão dele se ergueu em um movimento rápido e brutal.

O tapa ecoou pelo quarto.

Celina sentiu o impacto rasgar sua pele e caiu sentada no chão, atordoada. Sua bochecha queimava, e os olhos se encheram de lágrimas involuntárias.

— Sua vagabunda! — César rosnou, a voz carregada de nojo e desprezo.

Ela levou a mão ao rosto, sentindo a pele latejar.

Os olhos se encontraram. Ele transbordava ódio. Ela, dor e incredulidade.

— Eu juro por tudo que só não te mato porque a minha carreira vale muito mais do que a sua vida — ele cuspiu as palavras, os olhos faiscando.

Celina prendeu a respiração.

— O sobrenome Brown tem peso demais para ser manchado por uma vadia como você.

Ela engoliu em seco, sentindo cada palavra cortá-la como uma lâmina afiada.

As lágrimas agora escorriam sem controle.

— Eu vou acabar com a sua vida — ele disse, dando um passo à frente. — Você não era ninguém quando te conheci. Apenas uma secretária sem família, sem futuro, sem nada. Tudo que você tem hoje é porque eu te dei.

Celina engoliu em seco, sentindo cada palavra cortá-la como uma faca.

César a puxou pelos braços, forçando-a a se levantar.

— Eu quero o divórcio! — ele gritou, cuspindo as palavras com ódio.

Em um movimento brusco, ele a soltou, e Celina caiu sentada na cama.

O som da porta batendo com força fez todo o quarto estremecer.

Ela ficou ali, imóvel, o rosto ardendo, o coração esmagado.

E, pela primeira vez desde que descobriu a traição, chorou até até não ter mais forças.

Celina passou o dia inteiro no quarto.

A fome não veio, o cansaço parecia não ser suficiente para fazê-la dormir, e tudo o que conseguia fazer era encarar o teto, revivendo cada palavra, cada golpe que recebeu naquela noite.

No final da tarde, sentiu o corpo pesado, como se carregasse o peso de todas as humilhações que sofreu nos últimos dias.

O que César fez com ela não era apenas uma traição. Ele a destruiu.

Ele lhe tirou tudo.

A autoestima. O orgulho. A dignidade.

Ela se olhou no espelho.

A imagem refletida não era dela.

Era de uma mulher quebrada.

Uma mulher que precisava se reconstruir.

No dia seguinte Celina mal sentiu a diferença entre a noite e o dia.

A dor no rosto ainda estava ali, um lembrete cruel do que havia acontecido.

Mas algo dentro dela mudou.

Deitada na cama, encarando o teto, percebeu que César estava certo sobre uma coisa: ela não tinha mais nada.

Mas isso não significava que ela não poderia recomeçar.

Então, respirou fundo, secou as lágrimas e se levantou.

Era hora de seguir em frente.

Pegou o notebook e começou a procurar empregos.

A primeira semana foi frustrante. Enviou currículos, fez contatos, mas sempre recebia a mesma resposta: retornaremos em breve.

Até que, completando duas semanas de procura, seu celular vibrou com um e-mail inesperado.

“Prezada Celina Bernardes, gostaríamos de agendar uma entrevista para o cargo de secretária-executiva na empresa T&R Enterprises. Aguarde na recepção no dia seguinte às 9h para ser conduzida até a presidência.”

O coração dela acelerou. Finalmente uma oportunidade.

Na manhã seguinte, Celina se arrumou com cuidado, escolhendo uma roupa sóbria, mas elegante. Amarrou os cabelos em um coque baixo e colocou um salto discreto.

Chegou à empresa pouco antes das 9h e se apresentou na recepção.

— Aguarde um momento, senhora Bernardes. O presidente já vai recebê-la.

Ela assentiu, sentindo um leve frio na barriga.

Poucos minutos depois, foi conduzida até uma grande porta dupla.

Quando a secretária abriu para que ela entrasse, Celina deu um passo à frente e ergueu o olhar.

E então, seu coração parou.

Sentado atrás da enorme mesa de mogno, olhando-a com um misto de surpresa e divertimento, estava ele.

O homem do bar.

Os olhos dele brilharam com algo que Celina não conseguiu decifrar.

— Senhorita Bernardes… — ele murmurou, cruzando os dedos sobre a mesa. — Que coincidência interessante.

Celina engoliu em seco, tentando disfarçar o choque.

O que ele estava fazendo ali?

Mais importante: o que ele sabia sobre ela?

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