Chris
- Não é justo. - A minha mãe falou pela enésima vez. - O seu pai te vê todos os dias, eu não.
Respirei fundo e dei um gole no scoot na minha mão. Os meus planos esse ano deram errado, claro. Por isso estou nessa reunião de uma família, que eu não conheço. E mesmo que eu culpe diretamente a minha mãe aventureira, que largou o meu pai faz dois anos, eu não quero verbalizar isso. - Mãe, depois da ceia eu vou pra casa, tenho muito trabalho… - Mas, é natal Chris! - Teresa Hale não é conhecida por se dar por vencida com facilidade. - 2 da manhã é o meu limite. - O sorriso dela me diz que por enquanto ela se daria por satisfeita. Quando a minha mãe procurou a mim e ao meu irmão e disse que queria se separar do nosso pai o meu mundo quase explodiu. Claro que isso impactaria tudo o que eu conhecia, inclusive a empresa, mas depois que ela saiu de casa e começou a se dedicar a nova carreira, de escritora, ela parece muito mais jovem e feliz. E eu estou feliz por ela. Mesmo que eu continue assistindo ao meu pai definhar diariamente. E eu não sou o maior defensor do amor. Inclusive, quanto menos amor, melhor. Ser feliz de forma individual se tornou o meu objetivo de vida, desde que descobri no meu jantar de noivado que a minha noiva estava transad¢ com o meu padrinho. Dei mais um gole com a lembrança e passei os olhos na sala. A Anna, amiga da minha mãe, era uma excelente anfitriã e me deixou à vontade desde que eu cheguei, e nos poucos minutos que conversamos ela ressaltou que esse ano era especial. Finalmente a filha dela voltaria pra casa e passaria o natal com eles. Ela tinha algum problema com eventos assim, e vendo todas essas pessoas animadas e carinhosas eu realmente não entendia o porquê. - FELIZ NATAL! - Eles tinham um ritual para receber as pessoas, gritando a frase feliz natal assim que abriam a porta, e a frase me informou que alguém tinha acabado de chegar. - O Charlie está bem? - A minha mãe perguntou e eu respirei fundo. Diferente de mim, o meu irmão ficou muito chateado com a minha mãe depois do divórcio, e quando ele se deu conta que não seria uma crise passageira, ele simplesmente parou de falar com ela. Ele sempre foi time papai. - Sim, ele assumiu a parte financeira da empresa. - Respondi. - E ele ainda está com a Joana? - A minha cunhada é uma das pessoas mais iluminadas do mundo e a minha diretora de vendas, o que tornava a nossa relação fácil. Ela é time mamãe, mas não fala abertamente. - Sim, eles devem casar logo. - Ouço a minha mãe suspirar e me odeio imediatamente por isso. Preciso fechar a boca. - Acho que a Bella chegou. - Ela fala e eu procuro a menina que tanto a Anna comentou. Ela está nos braços do irmão, murmurando alguma coisa no ouvido dele, enquanto ele a mantém no alto. Assim que ele a coloca no chão, ela j**a o cabelo e vira.Ela é linda. Linda para uma caralh¢! Tem uma beleza natural e demonstra uma segurança quase tímida. - Nossa, que linda. - A minha mãe comenta. - Sim. - Eu respondo quase por reflexo, enquanto ela entra pela sala, olhando ao redor. Imediatamente me dou conta que estou encarando e desvio o olhar. Bebo mais um gole e encontro os olhos da minha mãe. - Você gostou dela. - Não é uma pergunta. - Ela é uma menina. - Eu sussurro. - Não invente moda, Teresa! Desde que assumi meu caso sério com a solteirice a missão de vida da minha mãe se tornou arrumar uma mulher para mim. Qualquer uma que eu olhe por mais de dois segundos ela considera uma candidata. Arrisco outro olhar para a tal da Bella. Os nossos olhares se cruzam e eu simplesmente não consigo desviar. Ela tem um olhar intenso, como se pudesse ver a minha alma, e está com um leve rubor no rosto, provavelmente do frio. Ela corre os olhos por mim e não evito fazer o mesmo. As botas altas valorizam as coxas grossas e a saia é quase curta demais, quase. O suéter dela é verde, o que faz os cabelos castanhos se destacarem no busto volumoso. Ela é baixa sim, mas tem a altura perfeita para que eu a levante no ar e a pressione contra a parede. - Gostou sim. - A minha mãe fala, dando uma risadinha. Desvio o olhar e mudo de assunto, sem conseguir deixar de acompanhar os movimentos da mulher que me fez pensar em sex¢ no natal.IsaDeus.Essa era a definição do homem que estava parado ao lado da imensa árvore de natal. Pela primeira vez na minha vida eu fiquei feliz com o natal, por quase um minuto inteiro. Eu simplesmente não consegui desviar o olhar. Ele estava distraído, conversando com uma moça em voz baixa, mas tudo nele gritava tesã¢!O cabelo dourado que estava bagunçado, mas que ficava completamente lindo nele. O queixo firme, a boca desenhada, o nariz reto e os olhos escuros. E quando eu decidi olhar o conjunto completo precisei prender a respiração. Ele não era só forte, ele era completamente perfeito. O ombro largo, o peitoral completamente demarcado no suéter vermelho e a calça preta ressalta as coxas grossas. Engoli em seco com a visão. - Você está babando maninha! - A voz do meu irmão me atingiu como se fosse um soco na cara e, felizmente, ninguém pareceu ouvir ou perceber que o meu mundo parou com a visão do homem. Ignorei o Victor e comecei a missão de beijar todos os presentes. Minha m
ChrisA reação dela foi completamente diferente do que eu estava acostumado. Ela quase correu daqui. Tudo bem, eu talvez tenha encarado ela demais, ou segurado a mão dela por mais tempo do que eu deveria? Mas, essa não era a reação que eu esperava. Normalmente as mulheres não saem de perto de mim, depois que tem a chance de se aproximar, e ela praticamente correu… - Anna, a sua filha é solteira? - A pergunta da minha mãe me trouxe para o presente. - Infelizmente. - Ela olhou para a filha com um ar de decepção. - Duvido muito que ela queira se relacionar, ela começa a trabalhar logo, acabou de se formar… A minha esperança era a faculdade. - Eu entendo. - A minha mãe me deu uma olhada significativa. - Anna, por favor. Onde é o toalete? - Eu precisava sair de perto daquela conversa que logo se tornaria sobre mim. - Ali, segunda porta a esquerda, querido. - Caminhei até lá, e aproveitei para olhar a Isabella de costas. Bela bund4! Ela nitidamente não gostava de ser chamada
IsaCortei o pudim antes da hora.FOD4-SE.Eu precisava de glicose, desesperadamente. Rápido demais o evento se tornou normal, logo quando eu estava começando a curtir. Primeiro, o tema jornal quase me fez desmaiar. Eu ainda não tinha contado ao meu pai que eu não iria trabalhar lá. O sonho dele era que eu fosse a primeira mulher a assumir o jornal depois de quase 80 anos, e em algum momento vou precisar comunicar pra ele que não vai rolar.Eu começo no meu novo emprego na segunda quinzena de janeiro, em uma empresa imensa de mkt, em um cargo ok, para alguém que acabou de se formar. Sim, eu fiz publicidade ao invés de jornalismo, e o meu pai não estranhou, afinal, comunicação é comunicação e pronto. Esse legado não deveria ser meu e sim do Victor. Esse era o sonho dele, não o meu. Ele estava fazendo jornalismo para isso, afinal.O assunto evoluiu rápido demais para o meu desequilíbrio para finalmente explodir na minha doença. Desmaiei uma vez no natal. Só uma. Logo que eu descobr
ChrisEu fiquei de p¢u duro! Ainda estava encarando o pudim enquanto as pessoas se serviam, pensando na boca dela, carnuda, vermelha e completamente deliciosa. Eu duvidei que poderia me sentir mais atraído por ela, e precisei pagar para ver. Ela é linda, mas quando sorri fica deslumbrante. E as reações dela são hipnotizantes. Eu deveria ter mordido aquela boca, assim que o biquinho surgiu. Deveria não, eu queria morder. Foi uma boa decisão me afastar, ela é o tipo de mulher encantadora que teria a capacidade de virar o meu mundo de ponta cabeça. - Vou pegar o pavê, antes que a Bella coma. - O Victor levantou. - Se ela desmaiar eu vou embora. - Ouvi a menina maldosa comentar. - Ela não vai desmaiar. - A prima defendeu, a que estava ao lado dela. - Ela se cuida, e você é muito maldosa Luiza. - Ela nunca superou ser trocada pela Bella. - O Jonas atacou. - Eu não fui trocada! - A menina rebateu. - Eu dispensei o Marco, ela pegou porque eu não quis. - Iludida! - A Pri fa
IsaO silêncio na cozinha era uma dádiva. Eu estava lavando os pratos cantando alguma música da Taylor e não me dei conta que não estava mais sozinha. - Acho que o seu lugar favorito nessa casa é a cozinha. - Eu estava torcendo para ele aparecer, depois da reação dele para o meu biquinho. Eu não ia deixar barato, depois que ele me fez perder totalmente o rumo, o que me colocou no modo desastre e ocasionou o banho do meu irmão. O biquinho foi proposital. - Onde está silêncio é o meu lugar preferido nessa casa. - Eu respondi sem olhar para ele.O único aviso da aproximação dele foi a reação do meu corpo. Eu estava sem suéter, mas o calor percorreu as minhas costas como se eu estivesse envolvida em um casaco de lã. - Desastrada e silenciosa? - A respiração dele bateu no meu pescoço e eu me dei conta que ele estava muito perto. - Sou silenciosa em situações especificas. - Virei o rosto e encarei o par de olhos escuros, pretos como carvão, e brilhantes. - Em algumas situações sou ba
ChrisEu preciso me afastar dela o mais rápido possível. Esse era o único pensamento que me permiti ter quando senti o gosto do ciúmes na minha boca.Eu senti esse mesmo impulso descontrolado só uma vez, e quebrei a minha cara e o meu coração. Ela é como um livro aberto, se dá conta do meu afastamento de imediato e eu vejo que isso será imperdoável. Qualquer chance que eu pudesse ter de tocá-la se esvai. Ela é encantadora e cheia de vida.E é um problema, imenso e intenso, que eu não estou disposto a lidar. Que eu não quero ter.Nem hoje e nem nunca. Se eu tivesse certeza que ficaríamos no campo sexu4l, eu a levaria embora agora. Só que eu me importei com ela antes de realmente desejá-la, e isso soou um alarme imenso em mim. Ela é o tipo de mulher que é fácil se envolver, se apaixonar e ajoelhar, propondo um compromisso para toda a vida. Certo, pensar em casamento é um sinal definitivo de que eu preciso ir embora. O caminho até a sala é rápido, mas não mais rápido do que a visão
IsaO fim do ano passa na velocidade de um furacão, e eu passo cada minuto livre pesquisando sobre materiais atuais de mkt e organizando o meu apartamento novo. O Ano Novo foi um borrão, passei por ele apenas por obrigação. A Pri praticamente me jogou na rua e me obrigou a ir na Times Square, e uma hora depois, eu estava na minha cama. Sóbria, cansada e frustrada. E eu não posso esperar mais, terei que encarar o meu pai e destruir o coração dele. E só penso nisso. Bem, nisso e em um certo cara frouxo demais. E mesmo que eu tenha voltado a lutar e descontado cada gota de frustração e carência em movimentos violentos, o meu corpo ainda vibra quando eu penso nele. A Pri falou que estou fascinada pela rejeição, e deve ser isso mesmo. Como é possível um cara que eu vi uma vez na vida, por poucas horas, possa ter causado efeitos fortes assim em mim?O dia amanheceu com uma forte nevasca e eu disse para mim mesma que era um sinal de Deus, que hoje não seria o melhor dia para conversar
ChrisFaz 40 minutos que estou em uma reunião sobre o planejamento do segundo trimestre dos meus principais clientes e não consigo prestar atenção. Simplesmente não consigo. - Chris, os novos funcionários iniciam na segunda, quer que eu assuma os clientes que eles vão tocar?- Perfeito. - Essa tem sido a minha resposta padrão nos últimos dias. O meu irmão já me perguntou 3 vezes se eu estou bem e na verdade estou. Apenas o meu orgulho está sangrando, constantemente.Frouxo! Bufo e os presentes olham para mim. Eu apenas ignoro. - Algum outro tema? - Eu sei que me tornei um saco nos últimos dias, e isso está refletido nos olhos da minha equipe, mas eu simplesmente não consigo me controlar. - Apenas algumas definições comerciais, mas tratamos depois da reunião. - A Joana fala com um sorriso no rosto. Por incrível que pareça, a única que não se assusta com o meu humor doentio é a minha cunhada, até mesmo o meu irmão fica me lançando olhares preocupados conforme o meu comportamento va