IsaEssa era uma conversa que eu deveria ter tido assim que decidi fazer publicidade e não jornalismo. E eu fui covarde demais, não queria magoar o meu pai e isso me trouxe até o momento presente. Estou na recepção do jornal, que vejo agora, está melhor do que eu imaginei. O meu irmão realmente está fazendo um bom trabalho aqui. - Bella? - A secretária geral me dá um abraço caloroso. - Kátia, meu pai tá ocupado? - Ela envolve o braço no meu. - Para você? Nunca! - Eu a acompanho e não demora para ela fazer o discurso que eu ouço faz anos.- Finalmente teremos uma mulher cuidando das coisas por aqui. Eu tenho tantas ideias, que apenas você vai entender. Não me entenda mal, eu admiro muito o seu pai, mas esse lugar precisa de um pouco de vida, você sabe disso… - Eu a deixo falar, até porque, não sei bem como interromper. Eu não sabia há 10 anos e não sei agora. Por isso, apenas assinto e me deixo conduzir até a sala do meu pai. Ele não está, e eu sento para esperar, recuso qualquer
ChrisA minha cunhada realmente tem poderes sobre mim.Ela conseguiu, em uma única conversa, me convencer que eu deveria lidar com a situação Isabella. Em poucos minutos eu descobri mais do que deveria sobre ela. Bastou uma ligação para a minha mãe para saber exatamente onde encontrá-la, e ela me enviou o número do celular dela e o endereço.Fiquei tentado em enviar uma mensagem, mas seja lá o que eu tenha para dizer para ela, precisa ser olho no olho. Então, estou sentado na minha moto, na porta do Blake Journal, que fica bem perto da minha empresa, esperando ela aparecer.Segundo a minha mãe, hoje ela teria uma reunião com o pai, por volta das 10 da manhã. Então, dispensei a minha agenda do dia e estou parado aqui para resolver tudo o que eu preciso com ela e voltar ao normal. 10:12 agora.Bem, a reunião deve demorar cerca de uma hora…Levanto os olhos e preciso segurar o queixo para a minha boca não cair. Assim que ela surge na porta de vidro, quase correndo. Talvez eu tenha esc
IsaEu não procurei entender, apenas aceitar, o fato de que eu estou me sentindo segura nos braços dele. Não tentei entender também como vim parar aqui, apenas aproveito o cuidado que ele toma em me acalmar, enquanto o meu coração doía intensamente. Eu magoei o meu pai e isso parece irreversível. Eu deixei que ele sonhasse com a minha presença aqui, para jogar um balde de água fria na cara dele. Eu poderia ter dito antes, poderia ter dito a anos atrás, mas a cada ano que passava eu tinha menos coragem. - Está mais calma? - Respirei fundo absorvendo aquela voz gostosa, e mesmo relutante, eu me afastei. - Sim, obrigada por… - Eu não sabia bem sobre o que eu deveria agradecer. - Enfim, obrigada.Eu levantei o olhar e finalmente estava no controle das minhas emoções o suficiente para observar a beleza dele. Deveria ser proibido ser tão lindo. - Eu preciso ir… - Falei e ele respirou fundo. - Na verdade, esperava conseguir conversar com você. - Acho que ele viu a dúvida na minha expres
Chris- Terra para Christopher??? - O estalo de dedos na minha cara me informou que o meu irmão tinha dito alguma coisa e eu não tinha prestado atenção. De novo.- Foi mal, Char. Eu to com a cabeça cheia. - Ele respirou fundo e continuou falando. Me forcei a prestar atenção, mesmo que os meus pensamentos continuassem voltando na porcaria da discussão que tive com a Isabella. A discussão que repassei na minha cabeça durante todo o final de semana, e que ainda estava me consumindo. Ela achou que eu estava, deliberadamente, dando em cima dela e que eu a ofendi. Ela distorceu tudo, ficou bravinha e me chamou de frouxo.De novo. - … Por isso quero uma transferência para a minha conta pessoal, de 1 milhão de dólares. - Pisquei e olhei para o meu irmão. Ele estava sorrindo. - Como disse? - Ele revirou os olhos. - Importa mesmo? Qualquer coisa que eu fale você não vai ouvir! - Ele bufou. - A recepção para os novos funcionários será em 20 minutos, tente organizar a sua cabeça até lá. To
IsaNada é capaz de abalar a minha alegria hoje. A minha roupa está perfeita. Um conjunto social cinza, não muito ousado e uma camisa branca. Saltos altos e o cabelo preso em um alto rabo de cavalo. A minha maquiagem está leve e profissional e eu não tropecei nenhuma vez, e graças aos céus, o chão é coberto com carpete, o que assegura que eu não escorregue em mim mesma. Quando recebi a confirmação que eu tinha sido contratada eu fiquei feliz e triste, mas depois de enfrentar o meu pai, hoje, estou radiante. E nenhuma frustração, raiva ou tropeço vai atrapalhar o meu dia. Estou em um auditório enorme, com capacidade para quase 100 pessoas e uma grande mesa de café da manhã está disposta no fundo. No telão está escrito um imenso bem vindo e eu não sou a única. Somos 12, 8 mulheres e 4 homens. E vejo mulheres por todos os lados, o que me diz que a empresa é diversa. Mais um ponto para eles. Depois de passar a sexta afundada no sofá eu decidi que assumiria os caminhos da minha vida.
Sou informada, pouco depois do discurso, que fui convocada para o time comercial, eu e a Sarah. E que por conta disso, os horários da nossa reunião particular com o CEO mudaram. Serei a última. Isso é bom, terei tempo para me acalmar. No banheiro, escondida dentro de uma das cabines, eu respiro fundo algumas vezes e começo a programar a minha estratégia. É simples, na verdade. Vou apenas fingir que o conheci hoje, agir como se ele fosse um desconhecido e caso ele toque no assunto da nossa discussão, o que eu duvido, eu peço desculpas e afirmo que devemos ser profissionais. Simples. Ser profissional. Eu consigo. Esse não é o meu primeiro trabalho, se contarmos o jornal, que eu atuei antes da faculdade e precisei lidar com o meu pai como chefe. E depois o estágio da faculdade, que eu vivi de macarrão instantâneo e desaforo por um ano. Eu consigo. Quando eu retorno ao auditório, uma moça está conversando com a Sarah, e assim que ela me vê, abre um sorriso enorme. - Você deve ser
ChrisPeço 5 minutos para a Bia, antes de chamar a Isabella para a reunião individual, apenas para poder respirar fundo. Bebo água e coloco o ar-condicionado no 16º, enquanto tento controlar o meu pulso. Serei profissional, não tocarei no assunto do natal ou daquele dia infernal. Ela vai trabalhar no comercial, com a Joana, e eu não vou precisar lidar com ela. Vou manter distância e tudo ficará bem. Reforço esse discurso na minha cabeça, e quando percebo que não tem muito o que eu possa fazer, ligo pra Bia. - Pode mandá-la entrar. - Claro. - Bia? Não quero ser interrompido. - Quase consigo ouvir o cérebro dela trabalhando, mas não explico os meus motivos. A realidade é que uma pequena parte de mim tem esperanças de que eu posso conversar com ela, esclarecer a minha frustração com ela e finalmente tirar ela da minha cabeça. - Considere feito, senhor. - A Bia respondeu e eu desligo. Releio o currículo dela, e confesso que estou impressionado. Imaginei que ela não teria experiênc
IsaOs quase 10 minutos que estou nesta sala se tornaram insuportáveis. Ele parece estar brincando comigo e eu não consigo mais engolir cada pensamento afiado que vem na minha cabeça. Ele precisa que eu aja com naturalidade com ele? Pois bem, agirei com naturalidade. - Christopher? - Eu o chamo, esperando pela resposta da minha pergunta e ele se inclina na cadeira e passa a mão nos cabelos. Diferente das duas vezes que eu o vi, hoje o cabelo dele está meticulosamente alinhado, o que combina muito com o conjunto completo de CEO, com o terno e tudo mais. Ainda não sei qual versão eu prefiro…- Eu não sei bem, sendo honesto. - Ele fala e solta um pouco a gravata. - Nos desentendemos em duas ocasiões e eu nem mesmo entendi o motivo. - Eu aperto os olhos. - Não me diga que para você ficou claro, porque eu sei que é mentira. - Está bastante claro para mim. - O teatro que ele falou acabou, então me sinto à vontade para falar com firmeza. - O que não ficou claro para você?- Você explodiu,