Climão

Chris

A reação dela foi completamente diferente do que eu estava acostumado. Ela quase correu daqui. 

Tudo bem, eu talvez tenha encarado ela demais, ou segurado a mão dela por mais tempo do que eu deveria? Mas, essa não era a reação que eu esperava. 

Normalmente as mulheres não saem de perto de mim, depois que tem a chance de se aproximar, e ela praticamente correu…

- Anna, a sua filha é solteira? - A pergunta da minha mãe me trouxe para o presente. 

- Infelizmente. - Ela olhou para a filha com um ar de decepção. - Duvido muito que ela queira se relacionar, ela começa a trabalhar logo, acabou de se formar… A minha esperança era a faculdade. 

- Eu entendo. - A minha mãe me deu uma olhada significativa. 

- Anna, por favor. Onde é o toalete? - Eu precisava sair de perto daquela conversa que logo se tornaria sobre mim. 

- Ali, segunda porta a esquerda, querido. - Caminhei até lá, e aproveitei para olhar a Isabella de costas.

Bela bund4!

Ela nitidamente não gostava de ser chamada de Bella, ou que a mãe dela comentasse sobre ela. O desconforto dela gritou naquelas feições lindas. 

Assim que passei por ela senti os olhos dela em mim, segurei um risinho. Então ela é descrente de relacionamento também, talvez por isso ela fugiu. Ou talvez ela não goste de homens. 

Se bem que eu senti uma tensão. Eu não posso ser tão carente assim. 

Depois que voltei, a Anna nos convidou para a mesa de jantar, que de forma impressionante, acomodou todos os 14 convidados. 

De propósito ou não, a Isabella acabou sentada de frente pra mim. 

Demos as mãos e a Anna fez uma oração e em seguida começamos a jantar. 

Não deixei de notar que a Isabella comia pouco, e a maioria do que estava no prato dela era composta por legumes. Analisei enquanto ela conversava com a prima, baixinho, e comia devagar. 

Enquanto ela ouvia a menina ao lado, ela apoiava o garfo na boca carnuda, completamente compenetrada no que ouvia. Algum tipo de tique. 

- Bella. Quando começa no jornal? - Um senhor perguntou, acho que chama Cadu. 

Imediatamente o corpo dela ficou tenso e ela desviou o olhar pro homem e me dei conta que a mesa ficou em silêncio, esperando pela resposta dela. 

- Tio, é natal. Não é dia de trabalho. - O irmão interviu, mas pela tensão da Isabella, eu sabia que ela ainda estava analisando se ia responder. 

- Cadu, é o tempo dela se instalar no ap novo, e ela deve começar… - O pai falou e ela suspirou e encarou o prato. - é o legado dela. 

- Pai, podemos falar disso depois? - Ela encarou o pai e consegui ouvir a Anna suspirando. 

- Sobre quando você vai começar? Claro! - O homem parecia animado, na verdade, só ele parecia animado. A mãe, o irmão e os primos estavam tensos. Tão tensos quanto ela. 

Ela não ia trabalhar no jornal do pai, percebi. 

- Lembram da vez que a Bella derrubou o pudim? - Um menino falou. Jonas, acho. 

As pessoas riram, mas ela apoiou as mãos no rosto e respirou fundo. 

Ela levantou o olhar e piscou de forma lenta, como se estivesse lutando contra os próprios pensamentos. 

- Esse ano ela ainda não caiu. - O Cadu falou rindo. 

- Ainda! - O irmão completou. 

Talvez ninguém a observasse com frequência, perdidos nas próprias piadas, para perceber o quão incomodada ela estava. Um rubor forte subiu pelo pescoço dela e tomou as maçãs do rosto, enquanto ela virava a taça de vinho de uma vez.  Linda e brava.

As risadas e alguns outros comentários seguiram e ela continuou em silêncio, não estava nem mesmo falando mais com a prima, que parecia se compadecer da situação dela. 

- Bella, já não tomou muito vinho, filha? - A pergunta atravessou a mesa. 

- Não mãe, me preparei para isso. - Ela respondeu com um tom um pouco irritado. 

- Só estou preocupada filha. - A mulher explicou. 

- Eu sei, mãe. - Ela respondeu e suspirou de novo. 

- Ninguém quer precisar te dar uma injeção na noite de natal. - Uma outra menina respondeu, e essa tem cara de esnobe. Quase corri depois que me apresentaram ela. 

- Podemos falar de qualquer outra coisa? - Ela parecia brava agora, respondendo de forma rude. 

- Pronto, a dodoizinha vai surtar! - A maldade tingiu cada palavra da resposta da menina. 

- Não é vergonha nenhuma ter diabete… - A mãe tentou ajudar, mas o estrago estava feito. 

A Isabella levantou, olhou ao redor e respirou fundo. 

- Com licença! - Ela saiu quase correndo da sala e por um segundo eu considerei ir atrás dela, falar que eu sentia muito, que eu entendi o que estava acontecendo e que ela tinha razão em se incomodar.

- Senti falta disso. - O Victor falou rindo e os demais riram também. 

Meus Deus. 

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