As ruas vibrantes de Tóquio eram um constante convite para Amy se perder no desconhecido. Em sua nova rotina, ela acordava cedo e partia em busca de algo que a fizesse se sentir mais viva, mais conectada consigo mesma. Suas manhãs começavam com uma caminhada tranquila pelos jardins de Shinjuku Gyoen, onde a paz e a quietude do lugar lhe ofereciam um tipo de serenidade que nunca havia sentido. Caminhava lentamente, absorvendo o cheiro das flores e o canto dos pássaros, a cada passo mais distante de tudo que a machucara.Quando saía dos jardins, Amy costumava se sentar num café local, um lugar pequeno e aconchegante, cheio de prateleiras de madeira e mesas dispostas junto a janelas amplas. As pessoas iam e vinham ao seu redor, mas ela sempre escolhia um canto tranquilo, onde podia observar sem ser vista. Sentada ali, com um caderno aberto, rabiscava pensamentos e ideias de músicas que, finalmente, vinham do seu próprio coração. Eram letras sem pressa, fragmentos de emoções que, aos pouc
Passaram-se meses desde que Amy partiu para sua viagem de redescoberta pessoal, e a ausência dela parecia crescer a cada dia, deixando em Marcus um vazio que ele não conseguia preencher. A casa, antes cheia de vida, agora era um espaço frio e silencioso, onde ele se isolava em seus próprios pensamentos. Sophie, sua filha, tentava se aproximar, mas os momentos com ela eram interrompidos pela constante melancolia do pai. Aos poucos, a energia vibrante e o sorriso de Sophie foram sendo substituídos por um silêncio que não passava despercebido por Benjamin e Charlotte Caldwell.Charlotte já havia conversado com Marcus algumas vezes, tentando alertá-lo sobre a maneira como ele estava se distanciando da própria filha. Mas todas as tentativas dela pareciam bater em uma parede de negação. Marcus alegava estar apenas "se recuperando", tentando processar a perda de Amy e de tudo o que ela representava. Porém, na prática, ele estava repetindo o mesmo padrão que adotara ao perder Rose há alguns a
A relação entre Zoe e Ethan florescia aos poucos, como uma amizade que se aprofundava devagar, mas de forma constante. A princípio, eram encontros casuais, esbarrões planejados e passeios sem compromisso, mas, com o tempo, essas pequenas saídas passaram a ser a parte favorita da semana para ambos. E, embora Zoe achasse que Ethan era um amigo leal e sempre presente, havia algo no jeito que ele a observava que passava despercebido. Um olhar cuidadoso, quase como se cada momento ao lado dela fosse algo a ser apreciado em silêncio.Era uma noite amena de sexta-feira quando Ethan propôs algo diferente.— O que acha de irmos àquela feira de rua no centro da cidade? — ele sugeriu, animado. — Disseram que tem música ao vivo e várias barracas de comida. Se você quiser, claro.Zoe sorriu, balançando a cabeça em sinal de aprovação.— Parece uma ótima ideia. Só me dá uns minutos para pegar minha jaqueta e uma máscara, assim evitamos qualquer fã atrapalhando nosso passeio.Pouco depois, estavam ca
Alguns dias depois, ao entrar em casa, Zoe sentiu o aroma delicioso de ervas e especiarias preenchendo o ar, e seguiu direto para a cozinha. Lá, viu Charles e Melissa preparando o jantar juntos, imersos em uma rotina que parecia cuidadosamente construída. Cada movimento era harmonioso, como uma dança silenciosa que eles dominavam. Charles cortava os vegetais com precisão, enquanto Melissa mexia a panela, ambos trocando olhares e sorrisos que revelavam uma cumplicidade que tocou Zoe profundamente. Desde que Amy tinha partido para se redescobrir, fazia um ano que não via Charles e Melissa tão serenos e em paz, como se, enfim, tivessem encontrado uma nova normalidade.Zoe ficou ali, encostada na porta, observando o casal com um pequeno sorriso. Estava tão absorta na cena que quase deu um pulo ao sentir uma mão repousar suavemente sobre sua cintura. Assustada, virou-se e viu Ethan ao seu lado, sorrindo divertido pela reação dela. Ele se aproximou da orelha dela e sussurrou, a voz baixa e
Enquanto Amy caminhava pelo mercadinho pequeno, os olhos correndo por prateleiras de produtos locais, ela se perguntava o que cada item realmente significava. Era tudo diferente ali, e esse novo ar de descoberta a empolgava. Ao sair do mercadinho, contudo, ela não notou a fina camada de gelo no chão, e antes que pudesse reagir, seus pés deslizaram, e ela foi ao chão, caindo com um pequeno grito.— Cuidado! — Uma voz masculina soou por perto, e, em segundos, um par de mãos a ajudava a se levantar. Amy se virou para ver quem era, e seus olhos encontraram um rapaz loiro, de pele clara e olhar atento, que aparentava ter a sua idade. Ele perguntou algo rapidamente, com uma expressão preocupada, mas Amy franziu o cenho, confusa. Ela sequer entendia o que ele estava falando.— Desculpa… eu… eu não entendo… — murmurou, envergonhada. O rapaz percebeu o mal-entendido e repetiu a pergunta em inglês, embora com um leve sotaque e um vocabulário que demonstrava ser um pouco enferrujado:— Você… est
Do lado de fora da mansão, Ethan se movia de um lado para o outro, olhando nervosamente para o buquê de rosas em suas mãos. Ele estava impecavelmente vestido, com uma camisa escura e um blazer casual, que combinavam com seu estilo descontraído, mas claramente cuidadoso para a ocasião. A cada poucos segundos, ajustava o buquê ou tentava endireitar a postura, como se buscasse a dose perfeita de descontração e charme para impressionar Zoe. Ele olhou para a porta, o coração acelerado ao pensar em como seria finalmente ter um encontro de verdade com ela.Então, finalmente, Zoe apareceu na entrada da mansão. Ela estava deslumbrante, usando um vestido preto longo, com um corte clássico e um toque de sofisticação, que moldava perfeitamente seu corpo. Uma fina corrente de ouro pendia do pescoço dela, complementando o brilho natural de sua pele. O cabelo ruivo, solto e cuidadosamente arrumado, caía sobre os ombros, e seu perfume, sexy e envolvente, se espalhava sutilmente pelo ar.Ao vê-la, Eth
O céu sobre Grímsey estava claro, um manto de azul infinito que tornava a paisagem ainda mais impressionante. Amy seguiu ao lado de Einar, observando os detalhes da pequena vila enquanto o jovem islandês explicava cada ponto com entusiasmo discreto, mas palpável. Era fácil perceber o orgulho que ele tinha de sua terra, e esse sentimento a contagiava.A primeira parada foi no píer da ilha. Einar mostrou onde os barcos de pesca atracavam diariamente, enquanto Amy observava o mar frio e as embarcações desgastadas, mas bem cuidadas. Ele explicava com calma, escolhendo cuidadosamente as palavras em inglês, contando sobre o modo de vida dos pescadores locais, como cada família tinha uma pequena participação no abastecimento da ilha.— Aqui, cada um ajuda no que pode. Fazemos o que é necessário para manter todos bem. — Einar gesticulou para o horizonte, com o olhar distante e cheio de respeito por aquele lugar. Amy sorriu, entendendo o que ele queria dizer. Ali, em Grímsey, a vida parecia g
Amy estava deitada na cama do seu pequeno quarto alugado, segurando o telefone enquanto ouvia a voz suave de sua mãe. O frio lá fora contrastava com o calor que sentia ao ouvir Melissa do outro lado da linha. Ela tomou um fôlego profundo antes de iniciar a conversa.— Mãe, acho que... encontrei algo que talvez dê um propósito para a minha vida — disse Amy, com uma mistura de animação e incerteza.Do outro lado, Melissa fez uma pausa, como se estivesse tentando entender o que aquilo significava. — E o que é, querida? Conte-me tudo.Amy sorriu ao lembrar do dia anterior. — Ontem eu tive um pequeno acidente. Escorreguei no gelo enquanto fazia compras no mercadinho, e um jovem islandês chamado Einar veio me ajudar. Ele estava com um inglês bem enferrujado e usou um aplicativo para me sugerir trocar as botas escorregadias — ela riu, recordando o momento. — Foi um encontro engraçado e, ao mesmo tempo, tão genuíno.Melissa riu junto com a filha. — E o que houve depois?— Ele se ofereceu pa