Einar nunca havia deixado sua terra natal por muito tempo. O frio cortante da Islândia sempre fora seu lar, um lugar onde ele conhecia cada estrada, cada montanha e cada cheiro do oceano. Mas agora, algo dentro dele queimava mais forte que qualquer lareira acesa em uma noite de inverno. Isabelle.Foi por ela que ele decidiu enfrentar a incerteza de um novo continente. Ele precisava vê-la novamente, precisava dizer a ela o que sentia. Com esse pensamento, embarcou na primeira parte de sua jornada: comprar roupas apropriadas e, o mais importante, tirar seu passaporte. O processo não foi tão complicado quanto ele imaginava, mas cada passo parecia um obstáculo entre ele e o momento de encontrá-la. Ainda assim, ele seguiu em frente, determinado.Com o passaporte em mãos e uma mala simples com suas novas roupas, Einar comprou a passagem para o destino que, ao mesmo tempo, o empolgava e o aterrorizava: Istambul, a cidade onde Isabelle estava. O voo parecia interminável, cada minuto uma etern
Einar segurou o telefone por alguns instantes antes de apertar o botão para ligar. Amy atendeu quase de imediato, sua voz carregando um tom de surpresa e animação ao reconhecê-lo.— Einar! Que surpresa! Como você está?— Melhor do que nunca. — Ele sorriu, trocando um olhar com Isabelle, que estava ao seu lado. — Encontrou-se com Isabelle? Me diz que sim. — Amy choramingou do outro lado. — Eu fiz o possível para encontrá-la. — Einar riu sentindo as bochechas corarem. — Nós visitamos alguns países e decidimos que é hora de ir até você. Nós estamos indo para Los Angeles e espero que tenha um espaço para mim e minha namorada.Amy riu, sentindo uma mistura de felicidade e nostalgia.— Eu vou perguntar para a minha mãe. Mas, claro, você sabe que sempre há um lugar para você aqui. — Amy disse animada. — Quando chegam?— Hum… se nenhum voo atrasar, amanhã a noite.— Certo, me avise se precisarem de algo, vou falar com minha mãe e organizar as coisas para vocês.— Obrigado Amy. — Einar disse
Amy estava sentada em frente ao enorme espelho iluminado de seu camarim, observando Ethan através do reflexo enquanto ele deslizava pelo celular, provavelmente verificando as últimas notícias da premiação anual de música. O ambiente estava carregado de expectativas e eletricidade no ar, os preparativos para a grande noite acontecendo ao redor como um balé coreografado de maquiadores, cabeleireiros e assessores.— Então… — Ethan começou, sem levantar os olhos da tela — Você acha que tem chances de ganhar esse ano? Depois do seu grande retorno.Amy sorriu, inclinando-se um pouco para frente, apoiando o queixo nas mãos.— Eu não sei, e honestamente? Nem estou pensando nisso. Mas se eu ganhar, quero que minha imagem reflita quem eu realmente sou agora.Ethan finalmente ergueu o olhar, arqueando uma sobrancelha.— E quem você é agora, Summers?Amy sorriu de canto e se levantou, indo até a arara de vestidos que sua estilista havia separado para a premiação. Ela correu os dedos pelos tecidos
O sol começava a se pôr no horizonte quando Amy encostou o telefone no ouvido e esperou Marcus atender. O coração dela batia acelerado, não de nervosismo, mas de excitação pelo que estava prestes a acontecer.— Oi, meu amor — a voz dele soou do outro lado, cansada, mas suave, trazendo um conforto automático para Amy.Ela sorriu ao ouvir o tom dele, imaginando-o sentado em sua mesa do escritório, provavelmente afrouxando a gravata e esfregando os olhos cansados após horas de trabalho.— Oi querido. Você já saiu do escritório?— Ainda não. Estou finalizando algumas coisas. Você precisa de algo?Amy hesitou por um segundo, mordendo o lábio. Não queria mentir para ele, mas também não queria revelar seu segredo. Ainda não. Precisava aguentar até a surpresa.— Na verdade, eu queria passar um tempo com a minha mãe hoje. Conversar sobre a premiação, pegar algumas dicas sobre roupas. Ela sempre foi boa nessas coisas, sabe?Marcus riu baixinho, e Amy podia praticamente ver o sorriso cansado del
A noite da premiação enfim chegou.O clima na suíte do hotel cinco estrelas era de correria e emoção, mas Amy permanecia quieta em meio ao caos. Sentada diante do espelho, ela passava a mão pela barriga em gestos delicados e repetitivos, como se tentasse transmitir segurança ao pequeno ser que carregava. A equipe ao redor, formada por maquiadores, cabeleireiros e etilistas, atribuía aquele comportamento à ansiedade pela premiação — afinal, Amy Summers era a favorita da noite.— Está tudo bem, Amy? — perguntou Layla, a maquiadora, enquanto finalizava os olhos da cantora com sombras em tons de vinho e dourado, com um delineado gatinho preciso que realçava seus olhos expressivos.— Está sim… só tentando manter a calma — ela respondeu, com um sorriso tímido. O batom, um tom profundo de vinho, completava o visual com sofisticação.Seu cabelo foi finalizado com ondas largas e soltas, mas no topo, uma delicada trança embutida formava uma espécie de coroa, adornada com pequenos cristais discr
Amy respirou fundo diante do microfone. A plateia silenciada esperava por suas palavras, mas ela ainda sentia o coração disparado, as mãos trêmulas e os olhos marejados.— Eu… — ela começou, e a voz saiu baixa, quase como um sussurro. — Eu estou extremamente honrada de ganhar este prêmio. Isso… isso não é só uma estatueta. Isso não é apenas um reconhecimento. Isso é um marco. Um símbolo de algo muito maior.Ela fez uma pausa, buscando forças dentro de si.— Durante anos, eu desejei poder olhar para o céu e dizer ao meu pai, John, que a gente conseguiu. Que tudo valeu a pena. Que todas as noites chorando no meu quarto, todas às vezes que pensei em desistir, me trouxeram até aqui. E agora eu posso dizer: conseguimos, pai.A plateia reagiu com um “awww” coletivo, e Amy levou a mão ao peito, segurando o prêmio com firmeza.— Quero agradecer a todos que caminharam comigo até aqui. À minha mãe, Melissa, por ter me ensinado a ser resiliente. Ao meu padrasto, Charles — ela sorriu emocionada —
As semanas que se seguiram após a premiação foram um sopro de paz na vida de Amy. A intensidade do anúncio da gravidez, o pedido de casamento, o prêmio consagrado… tudo parecia um sonho que, aos poucos, ia ganhando forma concreta, preenchendo os espaços antes vazios da vida dela com uma nova rotina repleta de amor, esperança e renovação.A mansão, antes silenciosa em muitos momentos, agora vibrava com vida. Pela manhã, o som do riso de Sophie ecoava pelos corredores, seguido pelo aroma delicioso do café da manhã que Charles preparava com dedicação quase cerimonial. O homem, sempre de avental e com um sorriso nos lábios, assumira com alegria o papel de cuidador e chef da família. Ele dizia que era sua forma de participar, de cuidar da filha e do neto que viria — um neto que, mesmo ainda invisível ao mundo, já transformava completamente a dinâmica da casa.Melissa, por sua vez, não passava um único dia sem aparecer por lá. Levava frutas frescas, revistas de noiva, histórias sobre gravid
O sol se despedia com suavidade quando os primeiros convidados chegaram à chácara escondida entre colinas verdes e árvores antigas, cercada por um pequeno lago que refletia os tons dourados do fim da tarde. A cerimônia de Amy e Marcus seria íntima, longe de flashes, câmeras ou sussurros da mídia. Só havia espaço para o amor e as pessoas que verdadeiramente importavam.Os Caldwell e os Summers estavam reunidos — com Charlotte controlando as lágrimas antes mesmo da cerimônia começar, e Benjamin organizando os últimos detalhes da mesa com flores brancas e lavandas, escolhidas a dedo por Sophie. Melissa conversava animadamente com Zoe, que estava deslumbrante num vestido azul suave, enquanto Charles, em seu terno bem alinhado, andava de um lado para o outro, testando mil vezes o percurso que faria ao lado de Amy.Ethan, é claro, estava quase histérico com a beleza do local, mas contido. Dessa vez, não como empresário, mas como amigo. Ao seu lado, estava Einar — o islandês de sorriso tímid