Alguns dias depois, ao entrar em casa, Zoe sentiu o aroma delicioso de ervas e especiarias preenchendo o ar, e seguiu direto para a cozinha. Lá, viu Charles e Melissa preparando o jantar juntos, imersos em uma rotina que parecia cuidadosamente construída. Cada movimento era harmonioso, como uma dança silenciosa que eles dominavam. Charles cortava os vegetais com precisão, enquanto Melissa mexia a panela, ambos trocando olhares e sorrisos que revelavam uma cumplicidade que tocou Zoe profundamente. Desde que Amy tinha partido para se redescobrir, fazia um ano que não via Charles e Melissa tão serenos e em paz, como se, enfim, tivessem encontrado uma nova normalidade.Zoe ficou ali, encostada na porta, observando o casal com um pequeno sorriso. Estava tão absorta na cena que quase deu um pulo ao sentir uma mão repousar suavemente sobre sua cintura. Assustada, virou-se e viu Ethan ao seu lado, sorrindo divertido pela reação dela. Ele se aproximou da orelha dela e sussurrou, a voz baixa e
Enquanto Amy caminhava pelo mercadinho pequeno, os olhos correndo por prateleiras de produtos locais, ela se perguntava o que cada item realmente significava. Era tudo diferente ali, e esse novo ar de descoberta a empolgava. Ao sair do mercadinho, contudo, ela não notou a fina camada de gelo no chão, e antes que pudesse reagir, seus pés deslizaram, e ela foi ao chão, caindo com um pequeno grito.— Cuidado! — Uma voz masculina soou por perto, e, em segundos, um par de mãos a ajudava a se levantar. Amy se virou para ver quem era, e seus olhos encontraram um rapaz loiro, de pele clara e olhar atento, que aparentava ter a sua idade. Ele perguntou algo rapidamente, com uma expressão preocupada, mas Amy franziu o cenho, confusa. Ela sequer entendia o que ele estava falando.— Desculpa… eu… eu não entendo… — murmurou, envergonhada. O rapaz percebeu o mal-entendido e repetiu a pergunta em inglês, embora com um leve sotaque e um vocabulário que demonstrava ser um pouco enferrujado:— Você… est
Do lado de fora da mansão, Ethan se movia de um lado para o outro, olhando nervosamente para o buquê de rosas em suas mãos. Ele estava impecavelmente vestido, com uma camisa escura e um blazer casual, que combinavam com seu estilo descontraído, mas claramente cuidadoso para a ocasião. A cada poucos segundos, ajustava o buquê ou tentava endireitar a postura, como se buscasse a dose perfeita de descontração e charme para impressionar Zoe. Ele olhou para a porta, o coração acelerado ao pensar em como seria finalmente ter um encontro de verdade com ela.Então, finalmente, Zoe apareceu na entrada da mansão. Ela estava deslumbrante, usando um vestido preto longo, com um corte clássico e um toque de sofisticação, que moldava perfeitamente seu corpo. Uma fina corrente de ouro pendia do pescoço dela, complementando o brilho natural de sua pele. O cabelo ruivo, solto e cuidadosamente arrumado, caía sobre os ombros, e seu perfume, sexy e envolvente, se espalhava sutilmente pelo ar.Ao vê-la, Eth
O céu sobre Grímsey estava claro, um manto de azul infinito que tornava a paisagem ainda mais impressionante. Amy seguiu ao lado de Einar, observando os detalhes da pequena vila enquanto o jovem islandês explicava cada ponto com entusiasmo discreto, mas palpável. Era fácil perceber o orgulho que ele tinha de sua terra, e esse sentimento a contagiava.A primeira parada foi no píer da ilha. Einar mostrou onde os barcos de pesca atracavam diariamente, enquanto Amy observava o mar frio e as embarcações desgastadas, mas bem cuidadas. Ele explicava com calma, escolhendo cuidadosamente as palavras em inglês, contando sobre o modo de vida dos pescadores locais, como cada família tinha uma pequena participação no abastecimento da ilha.— Aqui, cada um ajuda no que pode. Fazemos o que é necessário para manter todos bem. — Einar gesticulou para o horizonte, com o olhar distante e cheio de respeito por aquele lugar. Amy sorriu, entendendo o que ele queria dizer. Ali, em Grímsey, a vida parecia g
Amy estava deitada na cama do seu pequeno quarto alugado, segurando o telefone enquanto ouvia a voz suave de sua mãe. O frio lá fora contrastava com o calor que sentia ao ouvir Melissa do outro lado da linha. Ela tomou um fôlego profundo antes de iniciar a conversa.— Mãe, acho que... encontrei algo que talvez dê um propósito para a minha vida — disse Amy, com uma mistura de animação e incerteza.Do outro lado, Melissa fez uma pausa, como se estivesse tentando entender o que aquilo significava. — E o que é, querida? Conte-me tudo.Amy sorriu ao lembrar do dia anterior. — Ontem eu tive um pequeno acidente. Escorreguei no gelo enquanto fazia compras no mercadinho, e um jovem islandês chamado Einar veio me ajudar. Ele estava com um inglês bem enferrujado e usou um aplicativo para me sugerir trocar as botas escorregadias — ela riu, recordando o momento. — Foi um encontro engraçado e, ao mesmo tempo, tão genuíno.Melissa riu junto com a filha. — E o que houve depois?— Ele se ofereceu pa
As manhãs em Grímsey eram silenciosas, banhadas pela luz pálida do sol de inverno. Amy começava cada dia em sua pequena hospedagem, envolta em camadas de roupas quentes, com uma caneca de chá nas mãos enquanto esperava pela chegada de Einar. Ele aparecia pontualmente, batendo levemente à porta com um sorriso tímido, uma pasta repleta de papéis e um dicionário islandês debaixo do braço. — Góðan daginn, Amy — cumprimentava ele, com um entusiasmo que sempre arrancava risadas dela. — Bom dia, Einar! — ela respondia, tentando imitar a pronúncia. Ele apenas ria e corrigia pacientemente. A pequena pousada onde Amy morava se transformava em uma sala de aula improvisada. Einar ensinava com paciência, apontando palavras e frases simples, repetindo até que Amy se sentisse confortável. — Ég er Amy Summers. Ég kenni tónlist. — Eu sou Amy Summers. Eu ensino música — repetia ela, lentamente. Einar sorria, encorajando-a. — Excelente! Mas tente isso: Ég er ekki Aurora, ég er bara Amy.Amy
Zoe nunca imaginou que viver um romance seria tão... público. Desde que assumira seu relacionamento com Ethan, os holofotes estavam mais brilhantes do que nunca. As manchetes pipocavam em todos os sites e revistas de fofoca: “Zoe Smith está namorando o gerente da melhor amiga! Veja detalhes do casal improvável que conquistou Hollywood”“Atriz é vista com namorado em clima descontraído: casamento à vista?”“Zoe Smith está grávida? Entenda por que ela decidiu assumir o relacionamento agora.”As especulações iam desde o fato de Ethan ser “fora do padrão” para Zoe — um gerente dedicado, mas sem o encanto da indústria cinematográfica — até teorias absurdas sobre como Zoe teria decidido namorá-lo para escapar dos paparazzi. Havia até fotos antigas, tiradas antes de eles se tornarem um casal, mostrando encontros casuais que, na época, não pareciam suspeitos. “Amigos ou algo mais?” era o que as manchetes questionavam agora, com a vantagem do retrospecto. No entanto, nada disso parecia a
Amy olhava para as nuvens através da janela minúscula do avião e se perguntava o que exatamente estava fazendo de sua vida. Era estranho pensar que dois anos atrás tinha ido para Los Angeles apenas com uma bolsa de roupa, o violão de seu pai e uma promessa feita para si mesma.A garota havia saído de Oakland assim que fez 18 anos, sendo incentivada por seu padrasto e sua mãe. Foram longos meses treinando antes de finalmente colocar os pés em um palco, aos 19 anos. Ainda se lembrava da sensação de entrar em um palco para fazer a abertura do show de outra cantora que já estava no ramo há mais de 10 anos.Ser ovacionada após cantar uma música antiga dessa mesma cantora, seu coração saltava como se tivesse levado um susto. Seus pelos se arrepiaram e ela finalmente percebeu que ser cantora era algo que a deixava animada.Mas meses após lançar sua carreira, Amy se perguntava se ela gostava realmente de ser cantora, ou se aquilo era só fruto de uma promessa feita para seu pai.Após a morte d