As manhãs em Grímsey eram silenciosas, banhadas pela luz pálida do sol de inverno. Amy começava cada dia em sua pequena hospedagem, envolta em camadas de roupas quentes, com uma caneca de chá nas mãos enquanto esperava pela chegada de Einar. Ele aparecia pontualmente, batendo levemente à porta com um sorriso tímido, uma pasta repleta de papéis e um dicionário islandês debaixo do braço. — Góðan daginn, Amy — cumprimentava ele, com um entusiasmo que sempre arrancava risadas dela. — Bom dia, Einar! — ela respondia, tentando imitar a pronúncia. Ele apenas ria e corrigia pacientemente. A pequena pousada onde Amy morava se transformava em uma sala de aula improvisada. Einar ensinava com paciência, apontando palavras e frases simples, repetindo até que Amy se sentisse confortável. — Ég er Amy Summers. Ég kenni tónlist. — Eu sou Amy Summers. Eu ensino música — repetia ela, lentamente. Einar sorria, encorajando-a. — Excelente! Mas tente isso: Ég er ekki Aurora, ég er bara Amy.Amy
Zoe nunca imaginou que viver um romance seria tão... público. Desde que assumira seu relacionamento com Ethan, os holofotes estavam mais brilhantes do que nunca. As manchetes pipocavam em todos os sites e revistas de fofoca: “Zoe Smith está namorando o gerente da melhor amiga! Veja detalhes do casal improvável que conquistou Hollywood”“Atriz é vista com namorado em clima descontraído: casamento à vista?”“Zoe Smith está grávida? Entenda por que ela decidiu assumir o relacionamento agora.”As especulações iam desde o fato de Ethan ser “fora do padrão” para Zoe — um gerente dedicado, mas sem o encanto da indústria cinematográfica — até teorias absurdas sobre como Zoe teria decidido namorá-lo para escapar dos paparazzi. Havia até fotos antigas, tiradas antes de eles se tornarem um casal, mostrando encontros casuais que, na época, não pareciam suspeitos. “Amigos ou algo mais?” era o que as manchetes questionavam agora, com a vantagem do retrospecto. No entanto, nada disso parecia a
Marcus definhou por um bom tempo após o término com Amy, ele não sabia para onde ir, o que deveria fazer, ou como deveria fazer, a única certeza que ele tinha era que havia uma pessoa que dependia dele, que precisava que ele lutasse contra todo aquele sentimento e que se recuperasse.Sophie voltara a ser fechada quando Marcus entrou no loop de depressão, e ver sua pequena filha voltar a ser fechada o fez acordar para vida. Sophie precisava de um pai, precisava de alguém que desse o que ela mais queria e precisava, amor.Um dia, logo após ver sua filha chegar em casa com os olhos úmidos por conta do choro, Marcus perguntou o que havia acontecido, então Sophie simplesmente gritou a plenos pulmões que era culpa dele, que sempre era.Tinha sido um dia de pais e filhos na escola, e ela era a única criança sozinha, a única que o pai sequer se importava se ela estava bem ou não. Sophie chorou, chorou como se aquilo doesse mais do que um enorme corte, chorou como se seu coração tivesse sido q
O sol refletia suavemente nas paisagens brancas de Grímsey, uma pequena ilha isolada que agora era o refúgio de Amy. Aos 24 anos, ela havia se tornado uma mulher diferente. Sua vida antes repleta de holofotes, grandes shows e turnês mundiais, agora era marcada pela serenidade e pelo som do vento cortando as montanhas geladas.Amy caminhava pela trilha que levava à casa do seu mais novo amigo e confidente, que ficava próxima ao mar. O aroma fresco de pinho e sal invadia seus pulmões enquanto ela sentia o casaco grosso proteger sua pele do frio cortante. Era difícil acreditar que já haviam se passado quatro anos desde que decidira largar tudo para se reencontrar.Ao longe, ela avistou Einar empilhando lenha perto da casa. Ele levantou o olhar e, ao vê-la, abriu um largo sorriso, o tipo de sorriso que aquecia até os dias mais frios. Einar, com seus cabelos loiros bagunçados e barba curta, agora falava inglês com uma fluência impressionante, e Amy, por sua vez, dominava o islandês com mae
Já dentro da casa, o cheiro de chocolate quente invadiu o ambiente aconchegante. A lareira crepitava suavemente, aquecendo o ar gelado que ainda escapava das frestas das janelas. Amy segurava a caneca quente entre as mãos, soprando levemente a superfície para esfriar a bebida. Einar se sentou ao seu lado, suspirando fundo, e olhou para o horizonte além da janela.— Em breve você fará 25 anos — comentou Einar, virando-se para ela com um sorriso discreto. — Já faz um tempo que você está aqui.Amy ergueu as sobrancelhas, surpresa com o lembrete. — Nem me fale. Parece que foi ontem que eu estava tropeçando na frente do mercado pela primeira vez. — Amy riu lembrando da primeira vez que viu Einar. — E pensar que anos depois, continuo escorregando.Einar deu uma risada baixa, assentindo. — Mas agora você anda como se fizesse parte deste lugar. Quase uma islandesa de verdade. — Einar sorriu ladino. — Apesar dos escorregões ainda frequentes.Os dois riram juntos, mas a alegria deu lugar a um
O shopping estava movimentado, o som de risadas, conversas e o tilintar de sacolas se misturava ao fundo enquanto Sophie e Marcus caminhavam lado a lado cercados por três seguranças. Ela segurava a mão dele com firmeza, olhando ao redor como se procurasse algo, mas o verdadeiro motivo de sua inquietação não estava à vista.— Está tudo bem, minha estrela? — Marcus perguntou preocupado com o devaneio da filha.— Huh? — Sophie piscou sem olhar diretamente para alguma coisa. — Está sim, papai. Estou pensando no que podemos fazer.— Quer ver alguma coisa específica, Sophie? — Marcus perguntou, observando a filha com atenção.— Hm... talvez alguns vestidos? — Ela respondeu rápido demais, os olhos castanhos evitando o olhar dele.Marcus ergueu uma sobrancelha, desconfiado, mas não questionou. Ele sabia que Sophie era transparente demais para conseguir esconder qualquer coisa por muito tempo.— Tudo bem. Vamos para a loja de vestidos, então. — Ele apertou levemente a mão dela, guiando-a para
Os meses passaram, e finalmente Amy decidiu voltar para Los Angeles. Ela não avisou ninguém de sua chegada, planejando fazer uma surpresa para todos. Quando o táxi parou em frente à mansão que um dia foi seu lar, Amy desceu com uma mala de rodinhas e uma mochila nos ombros. O ar quente de Los Angeles a envolveu, trazendo um misto de nostalgia e excitação. Seu coração batia acelerado enquanto ela subia os degraus da entrada. Com uma inspiração profunda, apertou a campainha.O som ecoou dentro da casa e, por um momento, tudo ficou em silêncio. Amy olhou para a porta com expectativa, seu peito apertado pela ansiedade. Passaram-se alguns segundos antes que o som de passos apressados se aproximasse do outro lado. A porta se abriu, revelando Ethan com os cabelos bagunçados e o rosto sonolento. Ele piscou algumas vezes, claramente tentando processar o que via diante de si.— Amy? — Ele disse, ainda pasmo, como se estivesse diante de uma miragem. Os olhos dele se arregalaram de incredulidad
Amy fechou a porta do quarto com um suspiro profundo. Era o mesmo quarto que havia deixado anos atrás, mas parecia ao mesmo tempo familiar e estranho, como se fosse um retrato desbotado de outra vida. O espaço estava impregnado com resquícios de sua antiga identidade: prateleiras repletas de troféus, cadernos de anotações musicais, vestidos que usara em turnês, e fotografias que contavam uma história de sucesso e sacrifício. Cada canto daquele quarto parecia sussurrar fragmentos de memórias que ela não sabia se queria relembrar ou esquecer.Sentou-se na cama, deslizando os dedos pela colcha macia. Olhou para a parede oposta, onde ainda estava pendurado um enorme pôster da "Aurora" em uma de suas primeiras turnês mundiais. A imagem a encarava com um sorriso confiante e um olhar que agora lhe parecia distante. Amy Summers havia se tornado Aurora muito jovem, e na época, tudo parecia glamoroso e excitante. Mas agora, ela via outra coisa. Via a pressão, a dor e os anos de um peso insusten