As manhãs em Grímsey eram silenciosas, banhadas pela luz pálida do sol de inverno. Amy começava cada dia em sua pequena hospedagem, envolta em camadas de roupas quentes, com uma caneca de chá nas mãos enquanto esperava pela chegada de Einar. Ele aparecia pontualmente, batendo levemente à porta com um sorriso tímido, uma pasta repleta de papéis e um dicionário islandês debaixo do braço. — Góðan daginn, Amy — cumprimentava ele, com um entusiasmo que sempre arrancava risadas dela. — Bom dia, Einar! — ela respondia, tentando imitar a pronúncia. Ele apenas ria e corrigia pacientemente. A pequena pousada onde Amy morava se transformava em uma sala de aula improvisada. Einar ensinava com paciência, apontando palavras e frases simples, repetindo até que Amy se sentisse confortável. — Ég er Amy Summers. Ég kenni tónlist. — Eu sou Amy Summers. Eu ensino música — repetia ela, lentamente. Einar sorria, encorajando-a. — Excelente! Mas tente isso: Ég er ekki Aurora, ég er bara Amy.Amy
Zoe nunca imaginou que viver um romance seria tão... público. Desde que assumira seu relacionamento com Ethan, os holofotes estavam mais brilhantes do que nunca. As manchetes pipocavam em todos os sites e revistas de fofoca: “Zoe Smith está namorando o gerente da melhor amiga! Veja detalhes do casal improvável que conquistou Hollywood”“Atriz é vista com namorado em clima descontraído: casamento à vista?”“Zoe Smith está grávida? Entenda por que ela decidiu assumir o relacionamento agora.”As especulações iam desde o fato de Ethan ser “fora do padrão” para Zoe — um gerente dedicado, mas sem o encanto da indústria cinematográfica — até teorias absurdas sobre como Zoe teria decidido namorá-lo para escapar dos paparazzi. Havia até fotos antigas, tiradas antes de eles se tornarem um casal, mostrando encontros casuais que, na época, não pareciam suspeitos. “Amigos ou algo mais?” era o que as manchetes questionavam agora, com a vantagem do retrospecto. No entanto, nada disso parecia a
Amy olhava para as nuvens através da janela minúscula do avião e se perguntava o que exatamente estava fazendo de sua vida. Era estranho pensar que dois anos atrás tinha ido para Los Angeles apenas com uma bolsa de roupa, o violão de seu pai e uma promessa feita para si mesma.A garota havia saído de Oakland assim que fez 18 anos, sendo incentivada por seu padrasto e sua mãe. Foram longos meses treinando antes de finalmente colocar os pés em um palco, aos 19 anos. Ainda se lembrava da sensação de entrar em um palco para fazer a abertura do show de outra cantora que já estava no ramo há mais de 10 anos.Ser ovacionada após cantar uma música antiga dessa mesma cantora, seu coração saltava como se tivesse levado um susto. Seus pelos se arrepiaram e ela finalmente percebeu que ser cantora era algo que a deixava animada.Mas meses após lançar sua carreira, Amy se perguntava se ela gostava realmente de ser cantora, ou se aquilo era só fruto de uma promessa feita para seu pai.Após a morte d
Amy soltou uma risada nasalada lembrando-se da tarde de piquenique. De fato, boa parte de suas músicas eram as escritas por seu pai, e todas elas eram aclamadas e extremamente sentimentais. Posts em redes sociais elogiavam aquelas músicas e até mesmo eram usadas nas biografias de alguns perfis de fãs.A cantora saiu brevemente de seu devaneio ao ouvir o homem ao seu lado bufar. Ela olhou de canto de olho e o viu encarar o computador de forma irritada. O homem sentindo-se observado olhou para Amy, seus olhos se encontraram por um instante e a cantora se viu perdida no verde dos olhos alheio. Ela tinha a sensação de já o ter visto em algum lugar, mas não sabia ao certo onde.Quando ele franziu o cenho, Amy pigarreou e desviou o olhar sentindo-se envergonhada por encará-lo, mas logo esqueceu-se da situação e voltou a olhar para a janela.A cantora olhou para o celular e viu a data, novamente outra lembrança tomou conta de sua mente, uma das últimas lembranças felizes que tinha tido com
Após o avião pousar em Los Angeles, Amy pigarreou e saiu logo atrás do homem de olhos verdes. Estava envergonhada, tão acostumada a ter fãs ao seu redor que uma interação com alguém que parecia não a conhecer a deixou desconcertada.Não sabia ao certo como poderia pedir desculpas, e sentia que não podia deixar aquele homem ir embora sem um pedido de desculpas realmente válido. Sentia que precisava falar com ele novamente, era como se o seu corpo estivesse sendo atraído para ele.Assim que saíram do avião, Amy, por um impulso segurou o braço do homem ainda a sua frente.— O quê? — Amy observou o olhar confuso e cansado do homem a sua frente que parecia ter pelo menos uns 35 anos. — O que está fazendo?— Ah! Desculpe. — Balbuciou as palavras sem saber ao certo o porquê de ter feito aquilo. — O lenço. — Pigarreou evitando o olhar dele. — O lenço que me emprestou. — Começou desajeitada, completamente sem graça. — Preciso devolvê-lo. Se me falar qual o seu nome e onde trabalha, posso pedir
— Ela só veio me perguntar onde era o banheiro. — Deu de ombros e voltou a caminhar rapidamente até o seu carro e então colocou sua mala no porta-malas. — Por favor, dirija o mais rápido possível. Minha filha está me esperando. E espero que pare de agir como se tivéssemos algo. — Claro, Senhor Caldwell. — Victoria mordeu a parte interna de sua bochecha e sentou no banco do motorista. Enquanto Victoria ligava o carro, Marcus procurava involuntariamente pela garota do avião novamente, mas não a viu, o que fez com que ele ficasse desapontado. Amy já estava na van a caminho de casa, ignorando completamente o que tinha acontecido no avião. Sabia que a chance de encontrar com o primogênito da família Caldwell era praticamente zero, além de que ele não parecia conhecê-la. — Amy? — Ethan a chamou pela segunda vez. — Está tudo bem? — Uh? — Amy o olhou e então sorriu. — Desculpe, Ethan, sei que está preocupado. Estou apenas cansada, nada mais. — Vou providenciar suas férias após o evento
Amy observava a cortina entreaberta nos bastidores, seu coração batendo descompassado no peito. Os gritos da multidão que clamavam pela famosa Aurora em expectativa a deixava ainda mais ansiosa. A fama, embora brilhante, ainda parecia distante e assustadora.Já fazia um ano desde que Amy mergulhara de cabeça no mundo da fama, impulsionada pela fé de seu gerente, Ethan. Ele, que enxergara o potencial de um astro em ascensão, apostara todas as fichas nela. A responsabilidade pesava nos ombros jovens de Amy, que agora se via no em um novo capítulo de sua vida, tão diferente dos anos tranquilos que viveu em Oakland.— Aurora? — A voz de Ethan rompeu o devaneio de Amy, trazendo-a de volta à realidade pulsante dos bastidores. — Está tudo bem? Está quase na hora de entrar.Amy piscou, forçando um sorriso trêmulo. O nervosismo a envolvia como uma brisa fria, fazendo-a tremer por dentro.— Ansiosa. — Balbuciou sentindo um leve tremor nas mãos. — Não consigo me acostumar com o fato de que há mi
— Sophie, eu tenho muito trabalho... — Marcus começou sentindo-se mentalmente cansado devido à montanha de papéis que ainda tinha para assinar. — Talvez a Grace possa te levar...Os olhos da pequena Sophie se encheram de lágrimas instantaneamente completamente desapontada pela recusa de seu pai.— Mas, papai... — Sua voz tremia, os soluços interrompendo suas palavras, os olhos e nariz ficando vermelhos. — Eu queria que o papai fosse comigo... Pelo menos uma vez ficasse a tarde toda comigo, fingisse que não tem trabalho.Marcus ficou completamente sem chão, a filha era uma cópia de Rose, e quando ela ficava chateada, ela franzia o cenho para segurar o choro igual à mãe.Aquela visão fez seu coração se quebrar, havia prometido que nunca faria a filha deles ficar triste, mas ali estava ele, sendo o motivo pelo choro desolado da pequena Sophie, mais uma vez.— Sophie, minha estrela... — Marcus saiu da cadeira e se abaixou para ficar na altura de Sophie, segurando delicadamente suas pequen