Amy fechou a porta do quarto com um suspiro profundo. Era o mesmo quarto que havia deixado anos atrás, mas parecia ao mesmo tempo familiar e estranho, como se fosse um retrato desbotado de outra vida. O espaço estava impregnado com resquícios de sua antiga identidade: prateleiras repletas de troféus, cadernos de anotações musicais, vestidos que usara em turnês, e fotografias que contavam uma história de sucesso e sacrifício. Cada canto daquele quarto parecia sussurrar fragmentos de memórias que ela não sabia se queria relembrar ou esquecer.Sentou-se na cama, deslizando os dedos pela colcha macia. Olhou para a parede oposta, onde ainda estava pendurado um enorme pôster da "Aurora" em uma de suas primeiras turnês mundiais. A imagem a encarava com um sorriso confiante e um olhar que agora lhe parecia distante. Amy Summers havia se tornado Aurora muito jovem, e na época, tudo parecia glamoroso e excitante. Mas agora, ela via outra coisa. Via a pressão, a dor e os anos de um peso insusten
Após a breve conversa com Zoe, a atriz saiu do quarto avisando que tomaria café e sugerindo que Amy fizesse o mesmo. Amy suspirou, tomou um gole de café na xícara que segurava, e então suspirou, esboçando um sorriso antes de seguir em direção à cozinha.— Bom dia, família! — saudou animadamente, colocando a xícara na bancada e abraçando sua mãe pelas costas.— Como você está? Escutamos o barulho vindo do seu quarto. Zoe comentou que você estava tirando coisas da parede. — Melissa afastou-se levemente do abraço para olhar a filha, dando-lhe um beijo carinhoso na bochecha.— Quero mudar o meu quarto, tirar a identidade visual da Aurora e deixá-lo mais com a minha cara. — Amy riu ao se sentar à mesa, enquanto Charles colocava um prato com panquecas à sua frente. — Obrigada, pai.Charles respondeu com um sorriso e um beijo no topo da cabeça dela antes de voltar a servir mais panquecas para Ethan e Zoe, que já estavam à mesa.— Podia ter deixado isso para a tarde — comentou ele, colocando
No jardim amplo e bem cuidado da mansão, a brisa fresca da noite acariciava suavemente os rostos de Amy e Ethan enquanto os dois caminhavam lado a lado. A luz da lua filtrava-se pelas folhas das árvores, lançando sombras delicadas no chão de pedra. Amy segurava uma caneca de chá, apreciando a sensação de estar em casa.— Você tem se sentido bem desde que voltou? — Ethan quebrou o silêncio, os olhos atentos observando o rosto de Amy enquanto ela parava para admirar as flores recém-plantadas.Amy assentiu, um pequeno sorriso nos lábios. — Sim, acho que sim. Estar aqui me dá uma sensação de conforto. É bom estar com minha família, mas, ao mesmo tempo, sinto que ainda estou me adaptando a tudo. Ainda sou... diferente de quem eu era antes.Ethan, sempre paciente, inclinou levemente a cabeça. — É compreensível. Você passou por muitas mudanças. E agora, voltar para um lugar tão familiar pode ser um desafio. Mas você parece mais forte, Amy. É visível o quanto a doce e frágil menina se torno
Marcus estava sozinho em seu quarto. A escuridão se fazia presente, interrompida apenas pela luz suave de um abajur no canto, que projetava sombras longas e inquietas pelas paredes. Ele se encontrava encostado na poltrona de couro próxima à janela aberta, sentindo a brisa fresca da noite em sua pele. Vestia apenas uma bermuda cinza, os pés descalços apoiados no chão frio. Na mão, um copo de whisky, o líquido âmbar refletindo a luz fraca.Ele inclinou a cabeça para trás, fechando os olhos por um instante. As imagens de Amy surgiram em sua mente como uma avalanche, impossível de conter. Seu coração ainda pulsava mais rápido do que o normal desde o momento em que a vira na cafeteria. A sensação de vê-la ali, tão próxima, após anos de ausência, o desestabilizara completamente.“Ela voltou… e nunca mais vai embora”, ele repetiu para si mesmo, as palavras de Amy ecoando em sua mente. Uma fagulha de esperança parecia querer se acender dentro dele, mas ele a apagava rapidamente, recusando-se
Era o dia do aniversário de Amy Summers. A cidade estava em polvorosa, com flashes de câmeras e jornalistas ocupando as ruas em frente ao luxuoso hotel onde aconteceria sua coletiva de imprensa. Amy estava sentada no camarim, vestindo um elegante vestido azul-celeste de alças finas que destacava sua nova imagem confiante e madura. Seu cabelo curto, que mal passava dos ombros, estava perfeitamente arrumado, e o brilho nos olhos refletia a mistura de ansiedade e determinação.Ethan entrou no camarim com um sorriso encorajador. Ele vestia um terno impecável, o semblante calmo transmitindo segurança.— Está pronta? — ele perguntou, observando-a com atenção.Amy respirou fundo, ajeitando a postura. — Acho que sim.Ethan segurou sua mão por um instante. — Você não está sozinha. Vamos enfrentar isso juntos.Ela assentiu, um sorriso grato escapando por seus lábios. — Obrigada, Ethan.A sala de conferências estava lotada. Câmeras de vídeo, microfones e celulares apontavam na direção de Amy
Marcus jogou o copo de whisky vazio na mesa, o som ecoando pela sala silenciosa. Seu peito estava apertado, e ele não podia ignorar a declaração de Amy na coletiva. Ela ainda o amava. Aquelas palavras ecoavam em sua mente como uma música que ele não conseguia parar de ouvir. Sem pensar muito, levantou-se, pegou o moletom jogado no sofá e calçou um par de tênis. O habitual terno impecável ficou de lado. Hoje, ele era apenas um homem desesperado.Com as chaves na mão, ele saiu de casa em passos rápidos, ligando o carro com uma urgência incomum. Enquanto dirigia pelas ruas iluminadas, sua mente corria ainda mais rápido. O hotel onde Amy estava parecia estar a um mundo de distância, mas ele não podia se atrasar. Não agora.No hotel, Amy terminava de assinar os últimos álbuns e fotos para os fãs que ainda aguardavam por ela. Seu sorriso era gentil, mas havia algo distante em seus olhos. As palavras que confessara sobre Marcus ainda pairavam em sua mente. Ela não esperava que as coisas foss
Amy sentou-se na beira da cama, o olhar perdido nas memórias que fluíam como um rio turbulento. Marcus ficou em pé, a poucos passos dela, os ombros tensos e os olhos fixos no rosto dela, como se cada palavra fosse uma ponte que ele temia atravessar, mas sabia que precisava.Marcus conseguia ouvir as batidas do seu coração pulsando como o tambor de uma guerra invisível, ecoando em seu peito com urgência. Não conseguia ler a expressão de Amy como antes e isso o deixava ansioso, eram quase cinco anos de diferença da doce menina de vinte anos.— Desculpe, — Amy começou, a voz baixa, quase um sussurro. Ela ergueu os olhos para ele, as lágrimas ameaçando cair. — Por ter sumido. Por não ter enfrentado tudo isso antes. Eu estava... com medo, Marcus.Ele franziu o cenho, prestes a interrompê-la, mas ela ergueu uma mão, pedindo silêncio.— Medo de não ser autêntica. De não saber quem eu era. — Ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. — Minhas músicas não eram minhas. Elas eram do
Marcus suspirou, passando a mão pelos cabelos bagunçados enquanto sentava na beira da cama. Seus olhos ganharam um brilho suave, misto de saudade e ternura.— Sophie sentiu muita falta de você, Amy. Ela falava de você quase todos os dias... até tentou me convencer a te procurar várias vezes. — Ele soltou uma risada fraca. — Agora que está prestes a fazer dez anos, ela já entende melhor tudo o que aconteceu. Desde a morte de Rose, até a sua repentina mudança de país.Amy sentiu um aperto no peito. Pensar em Sophie, doce e esperta, partia seu coração. Ela sabia o quanto a menina tinha se apegado a ela e como a ausência repentina poderia ter sido confusa.— Eu... sinto muito por ter desaparecido daquele jeito — disse Amy, a voz embargada. — Nunca quis machucar Sophie. Ela é uma garota incrível. Não merecia ter passado por essa turbulência com a gente.Marcus assentiu, a compreensão estampada em seu rosto.— Você foi importante para ela, e sempre será, se quiser.Amy respirou fundo, busca