Amy sentou-se na beira da cama, o olhar perdido nas memórias que fluíam como um rio turbulento. Marcus ficou em pé, a poucos passos dela, os ombros tensos e os olhos fixos no rosto dela, como se cada palavra fosse uma ponte que ele temia atravessar, mas sabia que precisava.Marcus conseguia ouvir as batidas do seu coração pulsando como o tambor de uma guerra invisível, ecoando em seu peito com urgência. Não conseguia ler a expressão de Amy como antes e isso o deixava ansioso, eram quase cinco anos de diferença da doce menina de vinte anos.— Desculpe, — Amy começou, a voz baixa, quase um sussurro. Ela ergueu os olhos para ele, as lágrimas ameaçando cair. — Por ter sumido. Por não ter enfrentado tudo isso antes. Eu estava... com medo, Marcus.Ele franziu o cenho, prestes a interrompê-la, mas ela ergueu uma mão, pedindo silêncio.— Medo de não ser autêntica. De não saber quem eu era. — Ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. — Minhas músicas não eram minhas. Elas eram do
Marcus suspirou, passando a mão pelos cabelos bagunçados enquanto sentava na beira da cama. Seus olhos ganharam um brilho suave, misto de saudade e ternura.— Sophie sentiu muita falta de você, Amy. Ela falava de você quase todos os dias... até tentou me convencer a te procurar várias vezes. — Ele soltou uma risada fraca. — Agora que está prestes a fazer dez anos, ela já entende melhor tudo o que aconteceu. Desde a morte de Rose, até a sua repentina mudança de país.Amy sentiu um aperto no peito. Pensar em Sophie, doce e esperta, partia seu coração. Ela sabia o quanto a menina tinha se apegado a ela e como a ausência repentina poderia ter sido confusa.— Eu... sinto muito por ter desaparecido daquele jeito — disse Amy, a voz embargada. — Nunca quis machucar Sophie. Ela é uma garota incrível. Não merecia ter passado por essa turbulência com a gente.Marcus assentiu, a compreensão estampada em seu rosto.— Você foi importante para ela, e sempre será, se quiser.Amy respirou fundo, busca
A cantora pop ainda se sentia tomada por uma mistura de emoções após o reencontro com Marcus. Voltando para a mansão que dividia com seus pais e Zoe, ela foi recebida pela familiar tranquilidade daquele lugar que sempre parecia envolvê-la com um manto de segurança. Era tarde, mas o silêncio confortável da casa a acolhia, como se entendesse que ela precisava de um momento para respirar e assimilar tudo o que havia acontecido.Amy acordou com os primeiros raios de sol atravessando as cortinas finas do quarto. Ela se espreguiçou devagar, envolta da tranquilidade do amanhecer. Hoje era o dia do aniversário de Sophie, a quem ainda não tinha visto desde que chegara.Era o dia de passar um tempo significativo com a garotinha que não via a tanto tempo, embora ansiosa, sabia que esse momento era essencial para reconstruir o laço que havia sido interrompido pelos anos de ausência.O cheiro reconfortante de café fresco se espalhava pela casa. Após se vestir com algo simples — jeans confortável e
Dois dias após o aniversário de Sophie, a vida parecia retomar seu ritmo normal, mas ainda havia uma atmosfera de expectativa no ar. Quando o celular de Amy vibrou com uma ligação de Marcus, ela sorriu involuntariamente. Desde que tinham se reencontrado, havia uma tensão latente entre eles, algo não resolvido que pairava como uma promessa.— Quer jantar comigo hoje? — Marcus perguntou sem nem mesmo dar oi para Amy.— Oi para você também. — Amy riu quando Marcus murmurou um pedido de desculpas. — Claro. Algum motivo especial?— Sophie está na casa dos meus pais. Minha mãe e ela estão decidindo os últimos detalhes do vestido para a festa do fim de semana. Achei que seria uma boa oportunidade para termos uma noite tranquila.— Tudo bem, vou me trocar e vou até aí.A ligação terminou rapidamente e então a cantora correu para se trocar, não queria parecer desesperada com aquele jantar, mas não queria dar a impressão que fazia pouco caso de Marcus.Quando chegou à casa de Marcus, Amy foi re
Amy olhava para as nuvens através da janela minúscula do avião e se perguntava o que exatamente estava fazendo de sua vida. Era estranho pensar que dois anos atrás tinha ido para Los Angeles apenas com uma bolsa de roupa, o violão de seu pai e uma promessa feita para si mesma.A garota havia saído de Oakland assim que fez 18 anos, sendo incentivada por seu padrasto e sua mãe. Foram longos meses treinando antes de finalmente colocar os pés em um palco, aos 19 anos. Ainda se lembrava da sensação de entrar em um palco para fazer a abertura do show de outra cantora que já estava no ramo há mais de 10 anos.Ser ovacionada após cantar uma música antiga dessa mesma cantora, seu coração saltava como se tivesse levado um susto. Seus pelos se arrepiaram e ela finalmente percebeu que ser cantora era algo que a deixava animada.Mas meses após lançar sua carreira, Amy se perguntava se ela gostava realmente de ser cantora, ou se aquilo era só fruto de uma promessa feita para seu pai.Após a morte d
Amy soltou uma risada nasalada lembrando-se da tarde de piquenique. De fato, boa parte de suas músicas eram as escritas por seu pai, e todas elas eram aclamadas e extremamente sentimentais. Posts em redes sociais elogiavam aquelas músicas e até mesmo eram usadas nas biografias de alguns perfis de fãs.A cantora saiu brevemente de seu devaneio ao ouvir o homem ao seu lado bufar. Ela olhou de canto de olho e o viu encarar o computador de forma irritada. O homem sentindo-se observado olhou para Amy, seus olhos se encontraram por um instante e a cantora se viu perdida no verde dos olhos alheio. Ela tinha a sensação de já o ter visto em algum lugar, mas não sabia ao certo onde.Quando ele franziu o cenho, Amy pigarreou e desviou o olhar sentindo-se envergonhada por encará-lo, mas logo esqueceu-se da situação e voltou a olhar para a janela.A cantora olhou para o celular e viu a data, novamente outra lembrança tomou conta de sua mente, uma das últimas lembranças felizes que tinha tido com
Após o avião pousar em Los Angeles, Amy pigarreou e saiu logo atrás do homem de olhos verdes. Estava envergonhada, tão acostumada a ter fãs ao seu redor que uma interação com alguém que parecia não a conhecer a deixou desconcertada.Não sabia ao certo como poderia pedir desculpas, e sentia que não podia deixar aquele homem ir embora sem um pedido de desculpas realmente válido. Sentia que precisava falar com ele novamente, era como se o seu corpo estivesse sendo atraído para ele.Assim que saíram do avião, Amy, por um impulso segurou o braço do homem ainda a sua frente.— O quê? — Amy observou o olhar confuso e cansado do homem a sua frente que parecia ter pelo menos uns 35 anos. — O que está fazendo?— Ah! Desculpe. — Balbuciou as palavras sem saber ao certo o porquê de ter feito aquilo. — O lenço. — Pigarreou evitando o olhar dele. — O lenço que me emprestou. — Começou desajeitada, completamente sem graça. — Preciso devolvê-lo. Se me falar qual o seu nome e onde trabalha, posso pedir
— Ela só veio me perguntar onde era o banheiro. — Deu de ombros e voltou a caminhar rapidamente até o seu carro e então colocou sua mala no porta-malas. — Por favor, dirija o mais rápido possível. Minha filha está me esperando. E espero que pare de agir como se tivéssemos algo. — Claro, Senhor Caldwell. — Victoria mordeu a parte interna de sua bochecha e sentou no banco do motorista. Enquanto Victoria ligava o carro, Marcus procurava involuntariamente pela garota do avião novamente, mas não a viu, o que fez com que ele ficasse desapontado. Amy já estava na van a caminho de casa, ignorando completamente o que tinha acontecido no avião. Sabia que a chance de encontrar com o primogênito da família Caldwell era praticamente zero, além de que ele não parecia conhecê-la. — Amy? — Ethan a chamou pela segunda vez. — Está tudo bem? — Uh? — Amy o olhou e então sorriu. — Desculpe, Ethan, sei que está preocupado. Estou apenas cansada, nada mais. — Vou providenciar suas férias após o evento